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GOMES, Henriette Ferreira. A Mulher na Sociedade e na Ciência da Informação. Brazilian Journal of Information
Science: research trends, vol.17, publicação contínua, 2023, e023043. DOI: 10.36311/1981-
1640.2023.v17.e023043.
A MULHER NA SOCIEDADE E NA
CNCIA DA INFORMAÇÃO
Women in Society and in Information Science
Henriette Ferreira Gomes (1)
(1) Universidade Federal da Bahia (UFBA), Brasil, henriettefgomes@gmail.com
Resumo
Trata das contribuições das mulheres na sociedade e na Ciência da Informação, a partir das abordagens da
literatura da área e de outras áreas afins, considerando que a discussão e tomada de consciência dessa
questão social é urgente. Colaborar com este debate relevante foi o objetivo da elaboração deste texto, como
registro da palestra realizada em 2022 no VI Fórum de Discentes e Egressos do PPGCI (FDECIN). Aborda
lutas históricas das mulheres; as contribuições de algumas das mulheres referenciais da Ciência da
Informação e as lutas e os desafios postos às mulheres na sociedade contemporânea e no campo científico
da Ciência da Informação. Destaca os direitos sociais historicamente negados, como o acesso à educação e
o exercício do voto, que foram objeto de resistência e luta para a conquista do respeito à condição da mulher
de sujeito social e, portanto, sujeito de direitos. Em síntese o texto busca demonstrar que as lutas das
mulheres são históricas, perpassando os séculos e os campos científicos, e que todas essas lutas representam
a resistência resiliente às barreiras que visam conter as mudanças sociais revolucionárias em favor da
inclusão social.
Palavras-chave: Mulheres lutas históricas; Mulheres Sociedade. Mulheres - Ciência da informação;
Mulheres - Ciência da Informação - Brasil.
Abstract
It deals with the contributions of women in Society and in Information Science, based on the approaches
of the literature in the area and other related areas, considering that the discussion and awareness of this
social issue is urgente. Collaborating with this relevant debate was the objective of preparing this text, as a
record of the lecture held in 2022 at the VI PPGCI Students and Graduates Forum (FDECIN). Addresses
women’s historical struggles; the contributions of some of the leading women in Information Science and
the struggles and challenges posed to women in contemporary society and in the scientific field of
Information Science. It highlights historically denied social rights, such as access to education and voting,
which were the object of resistance and struggle to gain respect for women as social subjects and, therefore,
as subjects of rights. In summary, the text seeks to demonstrate that women’s struggles are historical,
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spanning centuries and scientific fields, and that all these struggles represent resilient resistance against
barriers that aim to contain revolutionary social changes in favor of social inclusion.
Keywords: Women historical struggles; Women Society; Women - Information Science; Women
Information Science Brazil.
1 Introdução
Na atualidade, a discussão sobre as mulheres na sociedade e na Ciência da Informação é
uma questão urgente, tanto pelo entendimento de que a contribuição delas reforça a luta contra a
exclusão social, quanto pelo reconhecimento de que o processo de apagamento e silenciamento
das vozes das maiorias subalternizadas, entre as quais estão as próprias vozes femininas, precisa
ser interrompido.
Historicamente as mulheres têm resistido e lutado, nas mais diferentes sociedades, pela
conquista do respeito a sua condição de sujeito de direitos. Dentre suas resistências, situa-se a luta
pelo direito à educação, que se configurou uma reivindicação fundamental por igualdade e
equidade de oportunidades e participação nos mais diversos âmbitos sociais.
Tais lutas são históricas e perpassaram séculos, mantendo-se até o nosso tempo. Quando
atentamente analisadas, revelam conquitas que refletem avanços marcantes, mas também
evidenciam a persistência de deficits decorrentes das barreiras que têm sido impostas, no sentido
de conter mudanças revolucionárias em todas as camadas e esferas sociais.
No debruçar sobre essas barreiras, observa-se que a discriminação contra as mulheres e o
cerceamento de seus direitos cidadãos sempre enfrentaram o embate das contradições que
escancaram ao mesmo tempo, a tentativa histórica de manter a subalternização feminina e o
processo de resistência das mulheres, este último com a potência de quebrar o círculo de
silenciamento das suas vozes e o apagamento da força interveniente das mulheres na construção
do social.
Com consciência da importância de se discutir essa problemática no universo científico da
Ciência da Informação, a Comissão Organizadora do VI Fórum de Discentes e Egressos do PPGCI
(FDECIN), evento organizado no âmbito dos discentes do Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), nos
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fez o convite da para ministrar em outubro de 2022 a palestra que recebeu o título deste artigo. A
palestra tomou como referência estudos dispostos na literatura da área e de áreas afins que abordam
as questões de gênero, referencial que foi alargado na produção deste texto.
Dessa intervenção dialógica se conformou as quatro dimensões do presente artigo,
apresentadas nas seções subsequentes à esta introdução, para tratar de alguns aspectos que se
considera marcantes das lutas históricas das mulheres; das contribuições de algumas mulheres
referenciais da Ciência da Informação e sobre as lutas e os desafios postos na sociedade
contemporânea.
2 As mulheres e suas lutas históricas
Ao tratar da participação das mulheres na sociedade e na Ciência da Informação, deve-se
inicialmente pontuar que essa abordagem focaliza a questão de gênero, compreendendo que,
conforme Scott (1995), gênero caracteriza-se como uma categoria pautada nas percepções quanto
às diferenças entre os sexos, sendo estruturante das relações de poder na sociedade.
Em períodos de maior domínio de perspectivas obscurantistas e segregacionistas, as
sociedades patriarcais, mercantilistas, imperiais e capitalistas impuseram a condição de
subalternização às mulheres, disseminando uma concepção de que estas têm características que
evidenciam diferenças que as posicionam em patamar de competências inferiores às dos homens.
As teses defendidas nesse sentido consistem em elementos sociológicos e culturais de cunho
ideológico, que sedimentaram a subjugação secular do papel social das mulheres, impedindo-as
de acessar a educação formal, do agir de ordem política e de atuações sociais determinantes.
Mesmo os saberes históricos, produzidos por mulheres no extramuros da educação formal,
carregados de simbologias tradutoras das competências femininas produzidas nas experiências
ancentrais de resistência às adversidades impostas pelas sociedades opressoras, foram censurados
e tomados como objeto de retaliações severas. Durante muito tempo os saberes produzidos e
compartilhados pelas mulheres foram objetos de interdições, discriminações e violências, a
exemplo do ocorrido entre os Séculos XV e XVII sob a ordem do movimento de Caça às Bruxas.
(Tosi, 2012).
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Esse movimento se voltou incisivamente contra mulheres consideradas detentoras de
saberes ancestrais, que foram perseguidas, demonizadas e queimadas vivas. Mas ao rememorar
esse contexto histórico, é preciso analisar que tal movimento se deu no contexto geopolítico de
consolidação dos estados modernos, de estruturação e consolidação do sistema capitalista e da
chamada revolução científica. Uma análise nessa perspectiva desvela o caráter ideológico da
opressão contra as mulheres e o papel dessa subalternização na edificação de uma estrutura social
excludente.
Para se estabelecer, o sistema capitalista protagonizou o enraizamento do patriarcado, do
racismo, da subalternização da maioria da população, da desvalorização e do apagamento das
heranças culturais, geradas em contextos sócio-históricos dissonantes dos interesses das classes
dominantes, que a manutenção dessas culturas colocaria em risco a base ideológica necessária
à estruturação e manutenção da sociedade capitalista.
O enraizamento da lógica da exploração e subalternização das maiorias sociais (com forte
presença da mulher) teceu um plano ideológico que se consolidou hegemônico, no qual o feminino
foi associado à fraqueza física, intelectual e moral, impondo-se às mulheres um lugar de
silenciamento e anulação social, afastando-as do acesso ao conhecimento e à cultura letrada.
(Bandeira, 2008; Tosi, 2012). Contudo, nessa travessia e em todas as partes do mundo, as mulheres
protagonizaram ações de resistência, tanto nas esferas individuais quanto coletivas.
Do final do Século XVII até o início do Séc. XIX, o Iluminismo contribuiu para a
substituição do movimento de caça às bruxas por outro movimento de constrição da vida social da
mulher, cuja violência adquiriu um caráter mais simbólico, circunscrevendo sua atuação aos
cuidados maternos, familiares, com doentes e idosos. (Tosi, 2012).
Até o final do Século XVIII, a maioria das mulheres esteve confinada aos ambientes
familiares. Mas, no início do Século XIX a luta feminista inaugura um patamar de resistência que
leva à conquista de direitos essenciais como o direito ao letramento, que as habilitou ao domínio
da leitura e escrita. A luta por esses direitos pautou-se na compreensão de que somente pela via da
educação as mulheres poderiam acessar o espaço público e nele atuar. Como afirma Duarte (2009),
foi pela tomada de posição das próprias mulheres que, por meio da organização de lutas
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conscientes, elas puderam se impor como sujeitos sociais capazes de atuação no espaço público,
conquistando representações na sociedade.
A partir do Século XIX as mulheres seguiram obtendo conquistas derivadas da sua
organização e resistência política, ampliando seus espaços de atuação na esfera pública,
conquistando maior visibilidade e aceitação à sua condição de sujeito da ação social. Mas esses
avanços beneficiaram mais intensamente as mulheres vinculadas às elites econômicas, políticas e
culturais, em razão de que estas foram privilegiadas pela maior possibilidade de acesso à educação
formal. Ainda assim, essa inserção se restringiu às atividades ligadas aos processos de
escolarização, de mediação da leitura, de cuidados com enfermos, crianças e idosos, e, em certa
medida, também associados à guarda e conservação dos objetos de cultura. Na estruturação da
sociedade capitalista, tais tarefas eram secundárias e não deveriam ocupar os homens, aos quais
caberiam ações de dominação. Tais fatos históricos permitem inferir que essa mudança limitada
parece representar o momento embrionário de ligação das mulheres ao trabalho com a informação,
a cultura e a educação.
Essa inferência sugere ainda que, provavelmente, a concepção então vigente de
subvalorização dessas atividades destinadas às mulheres deve ter sido a base de tecitura da
percepção coletiva dessas áreas de atuação como socialmente secundárias. Esse movimento foi
consolidando o engendramento da ideologia capitalista na estrutura social que, para priveligiar
poucos em detrimento das maiorias, estabelece um ethos orientado por princípios e critérios
seletivos, meritocráticos e excludentes, sempre establecidos pelos interesses do capital.
No entanto, a resistência das mulheres operou transformações nessa formulação ideológica.
Elas acolheram esse espaço social que lhes fora reservado, construíram experiências relacionadas
ao cuidar e, mesmo sob a força do silenciamento que as oprimia, atuaram na transformação das
percepções sociais quanto ao poder da educação e da cultura.
Por outro lado, essas restrições seguiram sempre intensas e sem alterações em relação às
mulheres negras e de etnias subalternizadas, repercutindo sobre suas experiências de resistência e
de conquistas. Ao abordar as condições sociais das mulheres pretas, Ribeiro (2017) argumenta que
a localização social dessas mulheres faz com que elas experimentem de modo distinto, até mesmo
as questões relacionadas ao gênero. Em consequência, seguiram sendo impressas marcas nas
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percepções das mulheres pretas quanto à sua condição de vida e à sociedade na qual estão inseridas,
tornando suas concepções de mundo distintas daquelas produzidas pelas mulheres brancas,
produzindo interferências em suas lutas e conquistas. Para essa autora, quando as mulheres pretas
são interditadas do acesso à educação, aos espaços de comunicação e de exercício da política,
ficam impedidas do livre pensar, do pensamento crítico, de construção e fortalecimento do seu
espaço identitário e do seu espaço de voz.
De qualquer modo, pode-se admitir que as mulheres de todas as etnias sofreram e sofrem
restrições quanto à sua localização social, vetando-se a todas elas, mesmo que de modo mais
intenso às mulheres pretas, a expansão da sua participação na esfera pública.
Mesmo no âmbito das gradações delimitadas por essas diferenças, as mulheres seguiram
ampliando as ações de resistência, o que tem gerado resultados que vêm proporcionando a elas um
campo de experimentação de lutas e vivências coletivas, construtoras de oportunidades de
constituição do seu protagonismo social, compreendido na perspectiva defendida por Perrotti
(2017), Gomes (2017, 2019a, 2019b, 2020a, 2020b, 2021a, 2021b, 2021c, 2022a, 2022b), assim
como por Gomes e Cortês (2020).
A experiência de construção da luta coletiva tem sido transformadora, em especial porque
através dela as mulheres têm alcançado melhores condições de ampliar sua localização social, em
uma perspectiva mais promissora de expansão da sua inclusão e das suas oportunidades de ação
na sociedade. Esse espectro de experiências de resistência, de construção de uma consciência
social e política, e de conquistas que seguem imprimindo novas conformações da localização
social das mulheres também pode ser observado na trajetória histórica delas no campo da Ciência
da Informação.
3 Contribuições da mulher na Ciência da Informação
No campo da Ciência da Informação é possível destacar profissionais e pesquisadoras que,
mesmo “apagadas” no âmbito de disputas acadêmicas e científicas em seus respectivos tempos
históricos, marcaram o processo de construção de uma compreensão mais profunda e promissora
do fenômeno informação e das atividades dirigidas ao seu acesso, uso e apropriação.
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Na impossibilidade de falar de todas elas, destaca-se algumas cujas contribuições podem
ser consideradas como uma representação da produção feminina no nosso campo científico. Muitas
são as mulheres que atuaram e atuam no âmbito profissional e nas esferas relacionadas à formação
e à pesquisa no campo da Ciência da Informação, assim como nas especialidades que trabalham
com informação como a Arquivologia, a Biblioteconomia e a Museologia. Contudo, diante das
restrições editoriais quanto à extensão física deste artigo, destaca-se apenas uma parte dessas
valorosas mulheres. Em nome delas, se reverencia a todas que têm cumprido papel de relevância
na história da área.
Para tanto, optou-se pela adoção dos métodos bibliográfico e documental. A pesquisa
bibliográfica, realizada em 2022, permitiu selecionar textos, sem um recorte temporal específico,
mas que focalizam as contribuições teóricas e profissionais de mulheres de relevo no campo, tendo
sido adicionados também textos que abordam essas contribuições no âmbito brasileiro, relatando
e analisando a história da área ou fatos históricos marcantes do seu desenvolvimento no País. Neste
sentido, a análise foi pautada na identificação das contribuições dentro do próprio tempo histórico
de cada uma delas, o que permitiu encadear uma apresentação/discussão independente do país de
origem, na tentativa de evidenciar as múltiplas interveniências das problemáticas enfrentadas nos
respectivos contextos históricos e geopolíticos como fatores de impulsionamento dessas
contribuições que, de algum modo, se interligam na missão de fazer avançar nosso campo
científico.
Para análise e apresentação do grupo brasileiro, associou-se o método documental que
possibilitou a realização de leituras cruzadas a partir da consulta a informações disponíveis em
sites institucionais relevantes como os da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em
Ciência da Informação (ANCIB), da Associação Brasileira de Ensino em Ciência da Informação
(ABECIN), do Conselho Federal de Bibliotaconomia (CFB) e da Federação Brasileira de
Associações de Bibliotecários (FEBAB).
No que diz respeito aos destaques pontuais de outras mulheres mais ao final desta seção e
na seção 4, que tiveram como objetivo demarcar, de algum modo, o processo contínuo das
contribuições femininas que seguem crescendo na contemporaneidade. No caso brasileiro foram
realizadas breves consultas a Plataforma Lattes, apenas para exame confirmatório de informações,
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sem de extrair referências para leitura e menção de suas produções científicas, evitando a
expansão do volume de páginas desta comunicação. A intencionalidade majoritária desta etapa foi
a de não deixar de mencionar mulheres que têm colaborado com atuações que articulam o exercício
profissional, o exercício da docência, da pesquisa científica, a constituição e/ou gestão significativa
de instituições de ensino e pesquisa, a gestão de entidades representativas do campo, ou então a
representação da área junto às agências de fomento. A motivação foi a de selecionar um grupo de
mulheres que permitisse sublinhar a força científica e gestora do corpus feminino do campo, em
caráter de homenagem e também de representação de todas as demais que, embora não tenham
sido diretamente abordadas neste artigo, marcaram e seguem marcando o desenvolvimento e o
fortalecimento da Ciência da Informação no Brasil.
Assim, partindo agora para as apresentações dessas mulheres relevantes da Ciência da
Informação, destaca-se inicialmente Louise Noëlle Malclès; Suzanne Briet, Margaret Mann,
Margaret Egan, Lenyra Fraccaroli, Denise Tavares, Lydia Sambaquy, Jannice Monte-Mór, Laura
Russo, Célia Zaher, Ingetraut Dahlberg, Cordélia Robalinho de Oliveira Cavalcanti, Neusa Dias
de Macedo, Nice Menezes de Figueiredo e Hagar Espanha Gomes.
Louise Noëlle Malclès foi uma bibliotecária francesa que, entre o final do Século XIX e o
início do Século XX, se dedicou ao estudo do papel da bibliografia, tendo sido uma das pioneiras
na defesa desta como a primeira experiência de organização e representação da informação. Por
sua vez, Suzanne Briet, outra bibliotecária francesa que, nesse mesmo período, aprofundou as
reflexões em torno do objeto documento ampliando sua conceituação, também traçou um histórico
da evolução das “casas de cultura”, que hoje denominamos dispositivos de mediação cultural e
informacional, contribuindo assim com a formulação de uma nova perspectiva conceitual em torno
desses ambientes.
No Século XX, a partir de 1950, no período posterior à Segunda Guerra Mundial, a
sociedade ocidental foi marcada pelo grande e acelerado avanço científico, tecnológico e de
fortalecimento do sistema capitalista, contexto no qual a informação passou a ser compreendida
como elemento fundamental no cenário da competição entre as nações pelo poder hegemônico no
mundo.
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Nessa ambiência inicia-se a formulação de uma nova percepção quanto ao fenomêno
informação, assinalando sua importância tanto para o desenvolvimento científico e tecnológico,
quanto para a consolidação do poder daqueles que a produzem e controlam. Desse modo, adentrou-
se em um período histórico no qual a informação passou a ser considerada essencial, sendo
introduzida nos planos imperialistas como um elemento a ser articulado às estratégias e táticas
favoráveis ao exercício do poder.
Para aceitação e penetração dessa percepção em um plano ideológico, em condições de
consolidar a naturalização do reconhecimento da informação como elemento de poder, foi
estabelecida a estratégia de construção da chamada “sociedade da informação”, relacionando-a a
um ideário, no mínimo questionável, de socialização do conhecimento e das condições de
produção e circulação das informações.
Nesse processo histórico do Século XX foram construídas frentes de desenvolvimento da
infraestrutura de armazenamento, recuperação e circulação da informação, onde pesquisadores/as
atuaram nos marcos da institucionalização da Ciência da Informação. Ao se analisar as abordagens
registradas na literatura da área, observa-se que, de modo subliminar, parte significativa dos relatos
e das narrativas acerca dos episódios que marcam esse período importante da área, tende ao
apagamento das personalidades femininas que participaram e atuaram nesse processo.
Nas discussões amplamente divulgadas na literatura, são evidenciados os estudos sobre a
recuperação da informação e as tecnologias da informação e comunicação, sem realce equivalente
a outras problematizações importantes relacionadas à informação, cuja contribuição das mulheres
foi historicamente fundamental, a exemplo daquela produzida por Margaret Mann, que discutiu a
função social da biblioteca, ponderando sobre o caráter de fonte de informação do seu catálogo,
defendendo que não se deveria tratá-lo como mero instrumento de busca e recuperação da
informação, assinalando sua característica fulcral de comunicação com o público, por meio de uma
linguagem própria para descrever o conjunto de informações disponíveis em determinado acervo.
O debate posto por Mann representou a busca pela superação da visão utilitarista da
informação, intrínseca à ideia de recuperação veloz e eficaz. A mesma investiu na ampliação do
entendimento da biblioteca como um espaço de cultura, defendendo que esse ambiente
informacional representa muito mais do que um centro depositário da memória da humanidade e
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de estoque dos conhecimentos registrados. Seu pensamento se voltava ao fortalecimento da
biblioteca como um espaço social destinado ao pensamento, à criação, expressão e construção do
conhecimento, ideia que se caracterizou como um contraponto à concepção que se instalava de
associação da informação a uma perspectiva utilitarista.
Percebe-se que, implicitamente, Mann assinalou o caráter de dispositivo de mediação
implícita (indireta) dos produtos de representação destinados ao acesso à informação, com função
cooperativa aos atos de mediação explícita da informação. Esse pode ser considerado um passo
em direção do reconhecimento de uma zona de interseção entre a mediação implícita (indireta) e
a mediação explícita (direta) da informação. Essa perspectiva sustenta a sua concepção de que a
biblioteca é um espaço de cultura e contribui para a demarcação de uma tendência que compreende
e aborda os ambientes e agenciamentos relacionados à informação em uma perspectiva social.
Nessa mesma direção, Margaret Egan, em parceria com Jesse Shera, formulou em 1952 a
proposição de uma epistemologia social da área, exposta à comunidade no artigo intitulado
Foundations of a theory of Bibliography.
No Brasil, essa trajetória seguiu o padrão internacional advindo da geopolítica constituída
nas disputas por hegemonia entre as maiores potências econômicas do mundo e que deu
capilaridade à ideologia capitalista e à visão utilitarista da informação. Tais condições foram
determinantes tanto da localização social das mulheres brasileiras, quanto da institucionalização
do campo da Ciência da Informação no País.
Durante os períodos colonial e imperial, a localização social das mulheres foi
excessivamente reduzida no Brasil. E quando elas conquistaram algum acesso à educação, este foi
mais estrito às mulheres brancas, reduzindo-se à educação feminina, cujo objetivo era de prepará-
las para se tornarem esposas e mães.
Mais adiante, as escolas normais se caracterizaram como núcleos da formação profissional
feminina. Eram formadoras de mulheres aptas à atuação no nível primário, hoje fundamental, da
educação formal. Somente no final do Século XIX, mais precisamente em 1881, um decreto
imperial passou a autorizar a matrícula de mulheres em cursos superiores. Ainda assim, como
afirma Almeida (1998), essa conquista somente se tornou efetiva a partir da instauração da
República em 1889.
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A luta pelo direito de acesso à educação de nível superior se somou à luta pelo voto
feminino, que foi travada pelas mulheres brasileiras ainda no período imperial, no âmbito da
formulação da Constituição de 1824. Conforme Marques (2019), os debates no parlamento pelo
direito ao voto feminino ocorreram no processo de formulação da Carta Magna outorgada por D.
Pedro I. No entanto, a Constituição de 1824o representou um avanço, já que seguiu impedindo
o voto feminino, mantendo a influência francesa, cuja legislação classificava as mulheres na
categoria de “cidadãos passivos”. Se por um lado o texto constitucional brasileiro de 1824 não
adotou formalmente essa categorização, por outro manteve as mulheres fora do rol dos cidadãos
aptos à manifestação de suas opções e escolhas políticas por meio do exercício do voto. No texto
constitucional de 1824 as mulheres brasileiras conquistaram reduzidos direitos civis, a exemplo
do direito de herdar patrimônio. (Marques, 2019).
No processo constituinte de 1891, alguns parlamentares se posicionaram a favor da luta das
mulheres pelo voto, contudo enfrentaram forte resistência por parte dos representantes das classes
dominantes, em especial dos deputados de tendência liberal, o que segundo Marques (2019)
resultou na manutenção da exclusão das mulheres do processo eleitoral no Brasil. O direito das
mulheres de se manifestarem pelo voto no País se concretizou na década de 1930, mais
especificamente quando em 24 de fevereiro de 1932, passou a vigorar o Decreto-Lei do Presidente
Getúlio Vargas que regulamentou o voto feminino.
Mesmo com a consolidação do direito ao voto na primeira metade do Século XX, ainda se
considerava imprópria a participação das mulheres nas universidades e na ciência. Além disso,
como assinalam Beltrão e Alves (2009 apud Gomes; Côrtes, 2020), poucas foram as mulheres
brasileiras que tiveram oportunidade de acessar cursos superiores, que este foi um direito
acessado especialmente por mulheres brancas, com maiores oportunidades de se tornarem letradas.
De acordo com Chassot (2004), somente na segunda metade do Século XX teve início a
participação feminina no mundo acadêmico e científico, motivada por políticas de indução da
participação das mulheres, contudo priorizando o âmbito de profissões reservadas a elas pelo
capitalismo.
Nesse contexto, nosso campo científico e profissional no Brasil contou com a atuação
fundamental das bibliotecárias Lenyra Fraccaroli e Denise Tavares. Ambas idealizaram, criaram,
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desenvolveram e fortaleceram as primeiras bibliotecas infantojuvenis do Brasil: a Biblioteca
Infantojuvenil Monteiro Lobato na Cidade de São Paulo, que foi inaugurada em 1936 por meio do
trabalho da Lenyra Fraccaroli, e a Biblioteca Infantil Monteiro Lobato na Cidade de Salvador,
inaugurada em 1950 por Denise Tavares, como resultado de um primoroso trabalho especializado
que também articulava ações de ordem política para o envolvimento da comunidade no
fortalecimento da biblioteca pública destinada ao público infantojuvenil. (Freitas, 2001; Aragão;
Freitas, 2008; Perez, 2021).
Ambas valorizaram a mediação da leitura e a biblioteca enquanto um dispositivo de
mediação. Ainda que não tenham assim denominado essa ação e esse ambiente informacional,
explicitaram claramente a compreensão quanto à responsabilidade de a biblioteca atuar em favor
da leitura, realizando um trabalho potente voltado à construção de um processo de emancipação
dos leitores desde a infância. Tanto Lenyra Fraccaroli quanto Denise Tavares entendiam que a
mediação da leitura potencializava o desenvolvimento de sujeitos emancipados e atuantes na
sociedade. Nesse sentido, pode-se entender que, implicitamente, as bibliotecárias Lenyra
Fraccaroli e Denise Tavares trabalharam e contribuíram para a formação de protagonistas sociais
no Brasil. Essas bibliotecárias marcaram a história das bibliotecas brasileiras e da mediação da
leitura no País, apresentando o ambiente informacional biblioteca como um virtuoso dispositivo
de mediação em favor da inclusão social.
No segundo governo de Getúlio Vargas, entre os anos de 1951 e 1954, o País experimentou
um período de maior abertura democrática, marcado pelo estabelecimento e fortalecimento da
soberania nacional. Nesse contexto, emerge na área da informação a bibliotecária Lydia Sambaquy,
que atuou no Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), dando grande visibilidade
à biblioteca. Conforme Corrêa e Oliveira (2018), Sambaquy introduziu inovações importantes na
representação da informação, apresentando proposições no âmbito da mediação implícita da
informação, no que tange aos processos de catalogação e classificação e aos processos de gestão
que envolvem a administração e organização de bibliotecas. Do mesmo modo, pode-se considerar
que ela também desenvolveu contribuições no âmbito da mediação explícita, formulando
inovações quanto aos serviços bibliográfico e de referência. O impacto das contribuições da
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bibliotecária Lydia Sambaquy foi significativo e fortaleceu a concepção de uma nova
Biblioteconomia brasileira.
Lydia Sambaquy estabeleceu uma importante parceria com Jannice de Mello Monte-Mór,
outra bibliotecária que posteriormente viria a dirigir a Biblioteca Nacional e que, conforme Fujita
(2015), colaborou significativamente com a produção da área sobre Documentação, processos de
informatização no tratamento da informação, controle bibliográfico e cooperação bibliográfica,
Nessa parceria, Monte-Mór e Sambaquy obtiveram apoio da Unesco e da Fundação Getúlio
Vargas para, por um ano, percorrerem diferentes países. Assim puderam visitar as principais
bibliotecas e centros de documentação, tanto da Europa quanto dos Estados Unidos da América.
Nesse empreendimento tomaram contato com o que havia de mais recente na área do tratamento
bibliográfico. Os conhecimentos gerados nessas visitas foram decisivos para que, em 1951,
Sambaquy passasse a defender a catalogação cooperativa, tendo sido decisiva para a criação do
Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD) em 1954. Instituto vinculado ao
CNPq que Lydia Sambaquy dirigiu por onze anos. (Corrêa; Oliveira, 2018).
Esses primeiros passos serviram para estabelecer, não ainda a Ciência da Informação
brasileira, mas uma Biblioteconomia ressignificada e mais fortalecida em um contexto de
crescimento das lutas por ampliação de direitos sociais, de políticas para o desenvolvimento
científico e consolidação de campos profissionais. Esse período histórico, de acordo com Almeida
(1998), desencadeou na década de 1960 o fortalecimento de movimentos de acesso à cidadania e
por inclusão de diversos grupos sociais, inclusive de mulheres. Foi nesse contexto de lutas por
mudanças que a categoria bibliotecária passou a se organizar pelo reconhecimento profissional,
que foi estabelecido pela Lei 4.084 de 1962. Conquista que instituiu a regulamentação da
profissão de bibliotecário/a e criação do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) e o sistema
por ele gerido de Conselhos Regionais, com a responsabilidade social de regular e fiscalizar o
exercício da profissão. Nesse movimento se envolveram vários/as bibliotecários/as, tendo se
destacado a bibliotecária Laura Russo, que atuou incisivamente nesse processo, tendo sido a
primeira presidenta do CFB.
Como registra Castro (2000), Laura Russo também elaborou a proposta de criação da
Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários (FEBAB), apresentando-a à comunidade
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GOMES, Henriette Ferreira. A Mulher na Sociedade e na Ciência da Informação. Brazilian Journal of Information
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da área no II Congresso de Biblioteconomia e Documentação, realizado em 1959 na Cidade de
Salvador, quando a proposta foi aprovada por concordância quanto a importância de uma entidade
social capaz de agregar entidades representativas distribuídas pelo País, com o objetivo de
desenvolver projetos de aperfeiçoamento e fortalecimento da profissão. Em associação a esta
decisão, a comunidade presente também elegeu Laura Russo como primeira presidenta da FEBAB.
Vale assinalar que esse desenvolvimento da especialidade da Biblioteconomia no Brasil se
deu em um contexto de grande movimentação social no País por conquistas de direitos e espaços
de participação social, política, acadêmica e científica, movimentos nos quais a presença feminina
foi relevante e marcante. Porém, como afirmam Melo e Rodrigues (2018, p. 44), “A participação
feminina nas carreiras universitárias e científicas acentuou-se no país a partir dos anos 1970, depois
que as mulheres venceram a luta para entrar no ensino superior.” Esse destaque das autoras permite
assinalar com maior enfase o valor das lutas e conquistas dessas mulheres da área em períodos que
antecederam a década de 1970. Pode-se considerar que suas contribuições foram fundamentais
para os avanços da área nos anos que seguiram.
O Século XX, em especial no período do pós II Guerra Mundial, foi marcado por diferentes
fatos que propiciaram, tanto o avanço dos estudos e atividades relacionadas à informação quanto
a inserção feminina no mercado de trabalho, o que foi fundamental para a ampliação do ingresso
de mulheres nas universidades e o desenvolvimento das áreas de atuação relacionadas à
informação.
Entre 1970 e 1995, em decorrência de transformações sociais, políticas, econômicas e
culturais no Brasil, as mulheres conquistaram avanços fundamentais no que tange à participação
no ensino superior, no mercado de trabalho e no espaço público. (Melo; Lastres, 2004).
Tais avanços também se interligam àqueles que ocorreram em nível mundial, período no
qual se destacaram as contribuições de Ingetraut Dahlberg, profissional da informação formada
em Filosofia e Documentação, que também atuou como bibliotecária e tomou como foco de estudo
a formulação de proposições científicas na esfera da organização e representação da informação.
Na década de 1970 do Século XX, Dahlberg, tomando como referência a Teoria da
Classificação de Ranganathan, formulou a Teoria do Conceito que, conforme Campos e
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GOMES, Henriette Ferreira. A Mulher na Sociedade e na Ciência da Informação. Brazilian Journal of Information
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Guimarães, L. (2015), volta-se ao referente. Sua proposição científica apresenta orientações mais
consistentes quanto ao estabelecimento das relações no interior dos tesauros, do ponto de vista das
relações tanto hierárquicas quanto associativas, conformando a proposição de um método
analítico-conceitual.
Nesse contexto de desenvolvimento do campo científico da Ciência da Informação, em
1970, Célia Zaher estabelece no Brasil um convênio entre o IBBD e a Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ) para implantação do primeiro Curso de Mestrado em Ciência da
Informação no País e na América Latina. Como destaca Souza (2015), suas contribuições também
foram de relevância na Bibliografia e Documentação, que foram fundamentais ao desenvolvimento
da Biblioteconomia e Ciência da Informação no Brasil e em instituições internacionais como a
Unesco.
A atuação da Célia Zaher foi singular no âmbito do desenvolvimento científico no Brasil
em razão da sua qualificação e experiência profissional, assim como na docência. Sua experiência
e expertise levaram-na a colaborar com o CNPq desde a sua criação em 1951, o que foi
fundamental para a criação do IBBD em 1954, o qual presidiu entre 1968 e 1972. Como assinala
Souza (2015), ela foi a principal articuladora da criação do IBBD como instituição integrante do
CNPq e parceiro do Estado brasileiro no que tange ao desenvolvimento da informação em ciência
e tecnologia. Conforme essa autora (2015), o IBBD foi criado com a atribuição de assegurar
relações com instituições nacionais, estrangeiras e internacionais, para promoção do intercâmbio
da produção técnico-científica, colocando em evidência a importância da documentação científica
para o desenvolvimento científico no Brasil e no mundo.
Além do grande feito da criação da primeira pós-graduação da área no País, Célia Zaher
atuou como docente ministrando o Curso de Documentação Científica, tendo sido Presidenta da
Fundação Biblioteca Nacional e dirigente da Biblioteca Regional de Medicina (BIREME),
instituição de excelência e relevância para a pesquisa e o desenvolvimento científico brasileiro e
da América Latina. (Souza, 2015; Corrêa; Oliveira, 2018).
Na transição entre as décadas de 1950, 1960 e 1970 destacaram-se outras mulheres
brasileiras da área, como as bibliotecárias Cordélia Robalinho de Oliveira Cavalcanti, Neusa Dias
de Macedo, Nice Menezes de Figueiredo e Hagar Espanha Gomes, que produziram contribuições
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científicas acerca de várias atividades informacionais que hoje categorizamos como de mediação
indireta e direta de informação, fortalecendo a perspectiva inclusiva do usuário no espectro
temático da área.
Cordélia Robalinho de Oliveira Cavalcanti, bibliotecária graduada na Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), Curso no qual atuou como docente e gestora acadêmica,
produziu contribuições importantes no que tange a representação temática e descritiva da
informação, assim como a organização da informação e da biblioteca. Contribuiu, na década de
1960, com a criação do primeiro currículo mínimo dos Cursos de Biblioteconomia no Brasil. Foi
docente fundadora do Curso de Bibliotceonomia da Universidade de Brasília (UnB) e diretora do
Centro de Documentação e Informação da Câmara dos Deputados, onde colocou em foco a
importância do tratamento e organização das publicações oficiais. Foi também pioneira no Brasil
em trabalhar com abordagens acerca dos tesauros e da indexação, tendo elaborado e publicado, em
parceria com o Prof. Murilo Bastos da Cunha, o Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia.
(Silva; Sabbag, 2015).
Neusa Dias de Macedo foi docente da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da
Universidade de São Paulo (USP) lecionando as disciplinas de Bibliografia Geral e Especializada,
Orientação Bibliográfica e Referência, experiência que lhe conferiu condições de formular
proposições para transformar as dificuldades e limitações dos estudantes de nível superior em
desenvolver pesquisas na literatura científica dos seus campos do conhecimento, assim como de
explorar seus conteúdos de modo a efetivamente ampliarem seus domínios de conhecimento.
Na consolidação da sua experiência de pesquisa e docência, agregadas à experiência
profissional, Neusa Dias de Macedo marcou a produção científica da área sobre orientação
bibliográfica, serviços de referência e de informação. Segundo Ferreira (2015, p. 131), na sua
atuação profissional e docente cresceu, por um lado, a
[…] preocupação com o papel educacional da biblioteca e sua necessária interface
com os usuários da informação de modo a fomentar a apropriação de
conhecimentos; e de outro lado, a necessidade de formação de trabalho em
equipe, integrado, visando o maior desenvolvimento da biblioteconomia, ao
mesmo tempo que o amadurecimento e fortalecimento de massa critica da classe.
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Nessa perspectiva, Neusa Dias de Macedo realizou atividades junto ao movimento
associativo no Brasil e no mundo. Atuou na Associação Paulista de Bibliotecários (APB), na
FEBAB, assim como na International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA),
sempre com especial atenção à produção de materiais bibliográficos que pudessem contribuir com
as reflexões e o desenvolvimento científico e profissional da área. Como destaca Ferreira (2015),
foi a partir dessas atividades que ela produziu um legado na produção dos Boletins da APB e na
edição da Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, à qual presto grande
contribuição nos períodos: de 1978 a 1980; de 1987 a 1989 e de 1999 a 2001. Motivada pelo
objetivo de disseminar entre os/as profissionais brasileiros/as informações relevantes e referenciais
para o campo, “[…] produziu várias traduções livres e comentadas de distintos documentos
normativos da ALA, IFLA, UNESCO sobre diretrizes e caracterizações das bibliotecas públicas e
escolares.” (Ferreira, 2015, p. 133).
Tomando como referência o Manifesto da Unesco/IFLA para Biblioteca Escolar, Neusa
Dias de Macedo realizou a pesquisa que intitulou de Forum “A biblioteca escolar brasileira em
debate”, cujos resultados foram divulgados no seu livro Biblioteca Escolar Brasileira em debate:
da memória profissional a um fórum virtual, publicado pelo Senac em 2005.
Por sua vez, Nice Menezes de Figueiredo contribuiu como bibliotecária e docente,
focalizando as temáticas ligadas aos estudos de usuários, serviço de referência e desenvolvimento
de coleções, produzindo obras referênciais sobre elas, e, segundo Castro Filho (2015), foi a
primeira doutora brasileira em Biblioteconomia, titulada em 1975 pela Flórida State University,
experiência que lhe possibilitou o aprofundamento das reflexões acerca das relações entre questões
sociais com o trabalho informacional, introduzindo Jesse Shera nos estudos brasileiros da área. Da
mesma maneira,
[…] Nice Figueiredo trouxe aos bibliotecários brasileiros, por meio da literatura
científica, estudos de pesquisadores internacionais como Bunge (1967), que foi
um dos primeiros investigadores a fazer uso das questões de referência como
método científico’. Outros estudos apontados por Nice foram os de Crowley e
Childers (1971), que pesquisaram o serviço de referência com problemas de
qualidade na resolução de respostas de questões efetuadas por usuários. (Castro,
2015, p. 122).
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Nice Menezes de Figueiredo atuou ainda como bibliotecária no Serviço Social da Indústria
(SESI); na Biblioteca da Escola Politécnica da USP; na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
da UNESP de Araraquara e na Fundação Biblioteca Nacional. Também foi pesquisadora e docente
do IBICT, ministrando as disciplinas Serviço de Referência e Informação, Desenvolvimento e
Avaliação de Coleções, Usuários da Informação, Gerência de Sistemas de Informação, Ensino e
Pesquisa em Biblioteconomia e Ciência da Informação, tendo ainda contribuído para a criação do
Mestrado em Biblioteconomia da UnB. (Castro, 2015).
No que diz respeito ao desenvolvimento de coleções, Nice de Figueiredo abordou os
aspectos técnicos dessa atividade, procurando sempre apresentar como princípio as necessidades
dos usuários.
Pode-se afirmar que tanto Neusa Dias de Macedo quanto Nice de Figueiredo firmaram
contribuições que acentuaram a perspectiva educativa da biblioteca, acentuando a compreensão
quanto à importância do usuário, trazendo-o para a centralidade da responsabilidade social da área.
Hagar Espanha Gomes, outra grande presença e inteligência feminina do campo da Ciência
da Informação, foi docente, gestora, pesquisadora e fundadora do Curso de Biblioteconomia e
Documentação da Universidade Federal Fluminense (UFF). Desenvolveu e fortaleceu a docência,
os estudos e a produção científica brasileira acerca da temática da organização e representação da
informação, com grande experiência no ensino da disciplina de indexação. Mas, uma característica
marcante do seu trabalho docente e de pesquisa consistiu em explorar e desvelar eixos de
interseção entre a Biblioteconomia e a Ciência da Informação. Tornou-se uma das mais
importantes referências brasileiras nos estudos da Teoria da Classificação; da terminologia,
linguagens documentárias e recuperação da informação. Como afirmam Campos e Guimarães, L.
(2015, p. 169),
a Profa Hagar inaugura no campo da Ciência da Informação no Brasil,
fundamentalmente nas atividades relacionadas à Organização e Representação da
Informação e do Conhecimento, uma forma de trabalhar a modelagem de domínio
que privilegia uma abordagem onomasiológica.
No que diz respeito à organização e representação da informação, a Profa. Hagar Espanha
Gomes teve um relevante papel na introdução das contribuições de Ranganathan no Brasil, com
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especial atenção para a sua Teoria da Classificação, sempre assinalando a importância do princípio
da categorização.
Na década de 1990, Hagar Espanha Gomes coordenou trabalhos na Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) para a tradução e adaptação da Norma Internacional de
Terminologia, atividade que fez avançar os estudos sobre organização do conhecimento,
classificação e linguagens documentárias.
A partir da década de 1960, até meados da década de 1980, o Brasil passou a enfrentar o
período sombrio de vigência da ditadura militar, no qual muitos/as pesquisadores/as e profissionais
da informação lutaram e fortaleceram as abordagens sociais, sempre buscando relacioná-las à
informação. Entre estes/as, várias foram as mulheres da área que seguiram trabalhando pelo campo
e para representar muitas delas, destaca-se neste texto as professoras e pesquisadoras como Leilah
Santiago Bufrem, Nair Yumico Kobashi, Solange Puntel Mostafa, Johanna Wilhelmina Smit, Lena
Vânia Ribeiro Pinheiro, Regina Maria Marteleto, Vera Dodebei, Regina Célia Baptista Belluzzo,
Marta Lígia Pomim Valentim e Mariângela Spotti Lopes Fujita, que atuaram e atuam na docência,
na pesquisa e nas representações institucionais da área. Dentre tantas outras mulheres do campo,
estas atuaram e seguem atuando, tanto no processo de instituicionalização da Ciência da
Informação no Brasil, quanto no seu desenvolvimento científico, contribuindo com estudos,
pesquisas e docência na área. Muitas outras seriam merecedoras de menções neste texto, mas em
nome de todas elas, encerra-se esta seção com uma homenagem especial a Profa. Dinah Aguiar
Poblacion, cuja contribuição profissional, docente e de pesquisa foi exemplar e irretocável. Uma
mulher visionária da área, que foi capaz de aglutinar outros/as pesquisadores/as no
empreendimento de fundação da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência
da Informação (ANCIB), da qual foi sua primeira Presidenta.
Muitas foram as lutas travadas e vencidas, muitas são as lutas ainda em curso, mas em
todas elas a presença das mulheres na Ciência da Informação e nas áreas especializadas do trabalho
com informação como a Biblioteconomia, a Arquivologia e a Museologia, sempre foi e será
fundamental.
Em síntese, tanto em nível internacional quanto no âmbito nacional, as mulheres da área
seguem avançando e fazendo avançar o seu desenvolvimento científico e o trabalho informacional
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nas diversas especialidades que integram o campo, a exemplo da experiência concebida por
bibliotecárias de Nova Iorque, que têm realizado, conforme Hodge (2011 apud Passos; Blattmann,
2018), um trabalho inclusivo com seus usuários. Elas têm se juntado aos seus usuários na
realização da Marcha das Bibliotecárias Lésbicas. Em 2017, com sua comunidade de usuários,
essas bibliotecárias participaram da Marcha LGBT de Nova Iorque, posicionando a biblioteca
como um espaço de acolhimento e pertencimento dos diferentes grupos sociais. O relato dessa
experiência sinaliza para a importância do movimento contínuo do exercício da reflexão crítica em
torno do contexto social no qual se pesquisa e trabalha com a informação, aceitando e enfrentando
um processo contínuo de conscientização que enseje a tomada de posição capaz de sustentar novas
proposições científicas e profissionais, sempre em favor do desenvolvimento do protagonismo
social.
4 Lutas em curso e por vencer: desafios persistentes para as mulheres na
sociedade e na Ciência da Informação
Apesar das conquistas alcançadas no Século XX, o número de mulheres que tem ocupado
os níveis mais altos das carreiras acadêmicas ainda é inferior àquele ocupado por homens.
Observa-se que as mulheres têm ampliado seus espaços no mundo acadêmico e científico, contudo
permanecem sofrendo discriminação e cerceamentos, ainda que estes não sejam claramente
anunciados.
Quando se analisa resultados de pesquisas sobre o tema ou até mesmo quando se consulta
os portais institucionais, verifica-se a permanência de um quadro de desigualdade de oportunidades
entre mulheres e homens nas carreiras acadêmicas e científicas. Segundo Gomes e Cortês (2020),
na Academia Mundial de Ciência, na Academia Brasileira de Ciências, nas reitorias das
universidades, na categoria de professores titulares, as mulheres seguem sendo minoria.
Por outro lado, no contexto da Ciência da Informação brasileira, constata-se um número
importante de mulheres docentes que ocupam ou já ocuparam altos cargos na gestão acadêmica, a
exemplo da Profa. Dra. Nadina Moreno, que foi Reitora da Universidade Estadual de Londrina
(UEL) e atual Reitora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR Campus
Londrina); da Profa. Dra. Bernardina Maria Juvenal Freire de Oliveira, que foi Vice-Reitora da
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Universidade Federal da Paraíba (UFPB); da Profa. Dra. Bruna Silva do Nascimento, atual Vice-
Reitora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO); da Profa. Dra. Evelyn
Goyannes Dill Orrico, atual Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação da UNIRIO; da
Profa. Dra. Mariângela Spotti Lopes Fujita, que foi Diretora da Faculdade de Filosofia e Ciências
da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP - Campus Marília) e Pró-
Reitora de Extensão Universitária da UNESP; da Profa. Dra. Martha Suzana Cabral Nunes, atual
Diretora do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e
da Profa. Dra. Maria Cleide Rodrigues Bernardino, Secretária de Ações Afirmativas da
Universidade Federal do Cariri (UFCA).
Ainda no contexto brasileiro conta-se com um número significativo de professoras titulares
nas universidades públicas, inclusive entre aquelas que passaram a integrar essa categoria docente
por aprovação em concurso público de provas e títulos. Dentre as várias professoras titulares da
Ciência da Informação brasileira, homenageia-se neste texto todas elas em nome da Profa. Dra.
Maria Aparecida Moura, Professora Titular concursada da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), uma mulher preta que rompeu barreiras e fez o enfrentamento necessário ao
racismo estrutural no Brasil, com a excelência da sua carreira docente, de pesquisa e produção
científica. E, manifestando desculpas aos leitores, pede-se licença para incluir ainda entre essas
mulheres construtivas esta autora, Henriette Ferreira Gomes, por também ser Professora Titular
concursada da Universidade Federal da Bahia (UFBA), tendo sido Presidente da ANCIB no biênio
2016-2018 e, desde 2021, também é Acadêmica Titular da Academia de Ciências da Bahia (ACB),
que a selecionou em rigoroso processo de composição do seu corpo de pesquisadores/as.
Esse dado da realidade acadêmica da área no Brasil permite a inferência de que esse
patamar reflete a forte presença feminina no estabelecimento das especialidades científicas que
trabalham com informação e que atuaram no processo de institucionalização do campo da Ciência
da Informação no Brasil.
Essas conquistas da área no Brasil tornam-se um convite, ou uma provocação a
investigações futuras que possam confirmar essa percepção da realidade que nos leva a inferir
sobre a significativa atuação das mulheres na Ciência da Informação brasileira. Faz-se necessária
a expansão de pesquisas a partir das quais se possa analisar o quadro nacional e internacional,
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gerando-se registros na literatura acerca da participação relevante das mulheres na Ciência da
Informação, trazendo à luz evidências científicas quanto a real localização social dos quadros
femininos, rompendo com o habitus de situar seu lugar como coadjuvante, demonstrando os
avanços das lutas e conquistas de ampliação dos seus espaços de atuação e representação no
campo.
Essas ressalvas justificam-se em razão de que, apesar da forte presença feminina na
construção da Ciência da Informação, observa-se que ainda são poucos e pontuais os registros
dessa presença na história oficial do campo, particularmente quando se compara àqueles existentes
em relação às contribuições dos homens. Não se trata de negar as contribuições dos quadros
masculinos, mas sim de não permitir mais o “apagamento” dos feitos das mulheres na área. Na
literatura é visível a ênfase aos nomes masculinos que a protagonizaram, com poucas e diminutas
menções às contribuições das mulheres, embora sejam muitas as personalidades femininas que
atuaram no estabelecimento e desenvolvimento deste campo científico, o que impôs as escolhas
feitas neste breve texto.
De outro lado, deve-se ressaltar a existência de pesquisadoras que já tomaram para si esse
desafio. Algumas delas, além da militância acadêmica e científica no campo para a geração de
novos conhecimentos, passaram a pautar o tema e abraçaram investigações sobre as questões de
gênero na perspectiva da Ciência da Informação. Portanto, está em curso um fazer científico
problematizador em torno da temática sob o enfoque da informação e uma colaboração para o
imprescindível resgaste da história das mulheres na área.
Desde a década de 1990, encontramos trabalhos na área, realizados por mulheres, que
tratam da questão de gênero sob diferentes enfoques e que conseguem colocar em pauta essas
problemáticas. Entre essas pesquisadoras da Ciência da Informação, merece menção a Profa.
Mirian Aquino, que realizou vários estudos sobre gênero e raça na área, entre os quais estão os
resultados publicados por ela em 2015, demonstrando a presença reduzida de professoras negras
no ensino superior do campo no País, não obstante parte importante das mulheres tenha rompido
as barreiras macroestruturais, se estabelecendo nos diversos domínios acadêmicos, integrando o
corpo docente de universidades, criando grupos de pesquisa, contemplando novas temáticas de
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estudo e inovando na formulação de novas camadas de investigação e de metodologias
alternativas.
Na mesma perspectiva de Mirian Aquino, outras pesquisadoras têm realizado estudos sobre
as interfaces entre as questões de gênero e o fenômeno informacional. Dentre elas destacam-se
Maria Mary Ferreira; Patrícia Espírito Santo; Giulia Crippa; Gilda Olinto; Jacqueline Leta;
Gisele Rocha Côrtes; Leyde Klebia Silva; Mariana Xavier; Nair Yumico Kobashi e Ana Lúcia
Tavares Oliveira.
Entre as várias pesquisas realizadas, cujos resultados tratam diretamente da presença
feminina na pesquisa da área ou que ao abordar a comunidade e produção científica da área acabam
revelando essa presença, destaca-se aquelas produzidas por Santos Neto (2019), Passos e
Blattmann (2018), Luciano, Cortês, Cardone, Cardoso e Martins (2022) e Carla Viola (2023).
Esses resultados demonstram, explícita ou implicitamente, a presença feminina no alargamento do
escopo temático da Ciência da Informação, em uma tendência para abordagens inclusivas que
questionam:
a. as concepções de neutralidade da informação e do trabalho com ela;
b. a manipulação da informação como elemento de poder;
c. a mediação da informação e mediação da leitura;
d. a competência crítica em informação;
e. bibliotecas escolares, públicas e prisionais como ambientes de mediação da
informação;
f. formação acadêmica das profissionais da área;
g. mulheres na literatura da área;
h. sociologia da informação étnico-racial;
i. desigualdades no mercado de trabalho;
j. o trabalho em bibliotecas como espaços de sociabilidades.
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GOMES, Henriette Ferreira. A Mulher na Sociedade e na Ciência da Informação. Brazilian Journal of Information
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No âmbito brasileiro, vem crescendo as pesquisas sobre as questões de gênero relacionadas
à informação, o que se evidencia nos trabalhos apresentados nos Encontros Nacionais de Pesquisa
em Ciência da Informação (ENANCIB’s). Os resultados das pesquisas realizadas pelos membros
do Grupo de Pesquisa GeMinas, sob a coordenação da Profa. Gisele Cortês, mostram que até 2021
os estudos que abordam essas questões foram majoritariamente apresentados no GT3 - Mediação,
Circulação e Apropriação da Informação da ANCIB. Conforme Gomes e Côrtes (2021, p. 167),
os/as pesquisadores/as da mediação da informação assumiram a intencionalidade de entrecruzar
em seus estudos
[...] as questões e os estudos de gênero e de raça que problematizam as
informações históricas, ressignificam nossa compreensão quanto aos entraves
criados nas estruturas e nas superestruturas sociais da construção do processo
libertador que respeita, inclui e assegura o espaço de voz, da ação e da criação
para todos os sujeitos sociais.
Esse entrecruzamento foi e tem sido fundamental para o desenvolvimento da mediação
consciente da informação, a única capaz de promover o encontro problematizador com a
informação.
Até a criação do GT 12 Informação, Estudos Étnico-Raciais, Gênero e Diversidades,
historicamente o GT3 se constituiu em uma espécie de congregação de pesquisadores/as que
buscaram fazer avançar o enfoque da informação como um fenômeno social. Entre os estudos
realizados observa-se que aqueles realizados por mulheres do campo têm interferido nas
concepções de informação como elemento central no processo de inclusão social, produzindo
camadas de conhecimento fulcrais ao projeto de humanização do mundo.
Por fim, na caminhada de expansão e valorização das contribuições das mulheres na
Ciência da Informação brasileira, também merece destaque as pesquisas, as produções e o trabalho
editorial que tem sido realizado pelas jovens pesquisadoras Franciéle Carneiro Garcês da Silva e
Nathália Lima Romeiro. Ambas pesquisam e produzem sobre a temática, mas, particularmente,
foram e são intervenientes a partir do empreendimento do Selo Nyota, que tem sido relevante para
a visibilidade das pesquisas e produções científicas das mulheres no nosso campo científico. Essas
duas pesquisadoras, além de integrarem o corpus de pesquisa da área, têm colaborado com os
avanços das reflexões e proposições acerca da participação feminina na Ciência da Informação.
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GOMES, Henriette Ferreira. A Mulher na Sociedade e na Ciência da Informação. Brazilian Journal of Information
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1640.2023.v17.e023043.
Estas têm buscado estimular a expansão dos estudos e das publicações sobre temáticas mais
inclusivas, enfatizando a necessidade de um olhar sobre a interseccionalidade, para afirmação de
uma perspectiva que considera a complexidade dos fenômenos sociais, resistindo ao apagamento
e às abordagens isoladas e reducionistas de dimensões identitárias como o etarismo, o gênero, a
etnia entre outras, que desconsideram as interações entre esses fenômenos e o impacto social delas.
Desse modo, Franciéle Carneiro Garcês da Silva e Nathália Lima Romeiro têm colocado
em evidência dimensões sociais que interferem, em interação complexa, nas instituições, nas
sociablidades e constituição dos sujeitos sociais, anunciando suas próprias perspectivas de estudo,
que focalizam mais intensamente o feminismo e a luta antiracista. Enfim, Franciéle e Natháliao
aqui citadas em representação a várias outras jovens mulheres que têm assinalado a força e a
tomada de posição política de uma nova geração de pesquisadoras do campo da Ciência da
Informação.
5 Considerações finais
A promoção do debate sobre o papel e a localização social das mulheres na sociedade e na
constituição, institucionalização, crescimento e fortalecimento da Ciência da Informação é uma
tarefa científica e social de grande importância, para que se faça justiça às mulheres da área, mas
também para contribuir socialmente com o cessar do processo de enquistamento de uma
perspectiva ideológica que nega o direito da mulher de estar onde ela quiser estar, assim como se
possa cessar a encrustação de uma concepção que entende como secunda a colaboração da mulher
na sociedade, com a intencionlidade de manter o patriarcado, o sexismo e o racismo na regência
da estrutura mantenedora do sistema politico que impede a verdadeira justiça social.
Esta é uma questão urgente do trabalho investigativo, para que a realidade seja desvelada
e analisada criticamente, evidenciando a contribuição das mulheres na contracorrente que insiste
em colocá-las em condição de subalternização. Quando a potência feminina é revelada,
compreendida e reconhecida, de algum modo se reforçam outras lutas contra a exclusão social, o
que colabora para a construção da inflexão necessária ao processo de humanização do mundo.
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Science: research trends, vol.17, publicação contínua, 2023, e023043. DOI: 10.36311/1981-
1640.2023.v17.e023043.
Por séculos as mulheres resistem e insistem em lutas pelo respeito a sua condição de sujeito
de direitos. Suas vitórias marcaram os avanços sociais, assim como foram reveladoras das barreiras
edificadas no processo contencioso estabelecido pelo sistema político vigente no enfrentamento
aos movimentos revolucionários de diversas camadas e esferas sociais.
A tomada de posição, a reflexão e atuação crítica dessas mulheres protagonistas que,
conscientemente, desafiaram os limites e os antagonismos impostos pela estrutura machista, racista
e classista da sociedade capitalista, pavimentaram e seguem sustentando a ampliação dos caminhos
geradores de mudanças substantivas em todos os setores da vida em sociedade.
Em colaboração com o debate proporcionado pelo VI Fórum de Discentes e Egressos do
PPGCI (FDECIN), a produção deste texto buscou compartilhar o nosso dialógo, que colocou em
pauta aspectos marcantes das lutas históricas das mulheres, destacando algumas contribuições
importantes de mulheres referenciais da Ciência da Informação, colocando em relevo alguns
exemplos que, de algum modo, representam as experiências, os estudos e as transformações
fecundadas por elas no nosso campo científico, assinalando ainda os desafios que seguem postos
na sociedade contemporânea.
As experiências das mulheres nas esferas profissionais, assim como suas pesquisas e
abordagens teóricas, históricas e contemporâneas, marcaram e marcam o desenvolvimento de
instrumentos, processos e produtos informacionais, a constituição e a gestão de ambientes
informacionais, demarcando-os como espaços de sociabilidades. Os impactos dessa atuação têm
sido de relevância e de abertura para consolidação do campo científico da Ciência da Informação
e das especialidades que atuam diretamente no trabalho com o fenômeno informacional.
Em todas as partes do mundo, as mulheres têm protagonizado lutas pela inclusão e justiça
social, assim como protagonizam avanços políticos e científicos importantes. Dentre elas estão
situadas as mulheres que fizeram e fazem acontecer o crescimento e o fortalecimento do campo da
Ciência da Informação. Essas mulheres contribuíram e contribuem para colocar em cena novas
vozes coletivas, para impulsionar processos de transformação social, abrindo espaços a partir dos
quais outras mulheres possam potencializar o empoderamento que as firmam e fortalecem na busca
de uma sociedade mais justa, humana e alteritária, onde a informação e a sua mediação cumprem
um papel fundamental à inclusão das maiorias subalternizadas.
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Received: 22/02/2023 Accepted: 05/10/2023