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ARAÚJO, Joana Ferreira de; SILVA, Alzira Karla Araújo da; AUTRAN, Marynice de Medeiros Matos: TELMO,
Flávia de Araújo. Divulgação Científica e Podcast: disseminação do conhecimento científico na Ciência da
Informação. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023,
e023046. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023046
DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA e PODCAST:
disseminação do conhecimento científico na Ciência da
Informação
Scientific Dissemination and Podcast: dissemination of scientific knowledge in Information Science
Joana Ferreira de Araújo (1), Alzira Karla Araújo da Silva (2),
Marynice de Medeiros Matos Autran (3), Flávia de Araújo Telmo (4)
(1) Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Brasil, joanah028@gmail.com
(2) alzirakarlaufpb@gmail.com
(3) marynice.autran@gmail.com
(4) flaviaaraujo.t@gmail.com
Resumo
A divulgação científica viabiliza a popularização do conhecimento produzido na comunidade cientifica,
promovendo o acesso à informação. Soma-se a isso o aumento no consumo de serviços de streaming de
vídeo e áudio, estratégia que pode auxiliar na divulgação da Ciência da Informação. Este estudo propõe
uma reflexão a respeito da divulgação científica por meio de podcasts, observando o uso dessa ferramenta,
bem como seu caráter democrático e acessível. Tem o objetivo de mapear canais de podcast no Spotify, que
tratam da Ciência da Informação e tópicos relacionados (Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia), em
âmbito nacional, destacando as vantagens em utilizar-se destes canais e os conteúdos abordados.
Compreende uma pesquisa de natureza básica, com abordagem qualitativa, descritiva quanto aos objetivos,
bibliográfica e de levantamento quanto aos meios. Recuperou-se um total de 24 podcasts, voltados para a
Ciência da Informação, que versam sobre mercado de trabalho; perfil do profissional da informação; papel
social da Ciência da Informação; movimentos sociais; tendências contemporâneas; movimentos e entidades
de classe; cultura pop e nerd; competência em informação; aperfeiçoamento pessoal e profissional;
unidades de informação; pandemia e coronavírus. Por fim, destaca a adoção de podcasts como estratégia
ímpar da divulgação científica na referida área.
Palavras-chave: Divulgação Científica; Podcast; Spotify; Ciência da Informão; Comunicação Científica;
Podosfera.
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ARAÚJO, Joana Ferreira de; SILVA, Alzira Karla Araújo da; AUTRAN, Marynice de Medeiros Matos: TELMO,
Flávia de Araújo. Divulgação Científica e Podcast: disseminação do conhecimento científico na Ciência da
Informação. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023,
e023046. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023046
Abstract
Scientific dissemination enables the popularization of knowledge produced in the scientific community,
promoting access to information. Added to this is the increase in the consumption of video and audio
streaming services, a strategy that can help in the dissemination of Information Science. This study proposes
a reflection on scientific dissemination through podcasts, observing the use of this tool, as well as its
democratic and accessible character. It aims to map podcast channels on Spotify, which deal with
Information Science and related topics (Library Science, Archival Science and Museology), at the national
level, highlighting the advantages of using these channels and the content covered. It comprises research of
a basic nature, with a qualitative approach, descriptive in terms of objectives, bibliographical and survey in
terms of means. A total of 24 podcasts were retrieved, focused on Information Science, which deal with the
labor market; information professional profile; social role of Information Science; social movements;
contemporary trends; class movements and entities; pop and nerd culture; information literacy; personal
and professional development; information units; pandemic and coronavirus. Finally, it highlights the
adoption of podcasts as an important strategy for scientific dissemination in that area.
Keywords: Scientific Divulgation; Podcast; Spotify; Information Science; Scientific Communication;
Podosphere.
1 Introdução
Com o aumento da produção científica, observam-se discussões sobre os processos que
caracterizam a comunicação científica, entendida como a troca de informações que permite aos
pesquisadores estabelecer diálogos, ter acesso e desenvolver a produção das áreas do
conhecimento em que atuam; processo indispensável para a atividade científica, uma vez que
permite unir esforços de pesquisadores e estudiosos (Targino 2000).
A divulgação científica, por outro lado, consiste na utilização de recursos, estratégias,
técnicas, produtos e processos que viabilizam o alcance da informação científica derivada de
pesquisas científicas e inovações tecnológicas, não apenas para pesquisadores, mas o público em
geral, como o cidadão comum, tido como público leigo (Bueno 2009).
O aperfeiçoamento das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) tem
impactado e ampliado continuamente o processo de divulgação científica, por meio do uso de redes
sociais online como Instagram, Facebook e Twitter, dentre outros canais e formatos, a exemplo
dos serviços de streaming que apresentam a ferramenta de podcast.
O podcast consiste em um serviço de transmissão de conteúdo similar ao rádio, que oferta
informações sob demanda, comumente voltados para o tratamento de tópicos específicos, a
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ARAÚJO, Joana Ferreira de; SILVA, Alzira Karla Araújo da; AUTRAN, Marynice de Medeiros Matos: TELMO,
Flávia de Araújo. Divulgação Científica e Podcast: disseminação do conhecimento científico na Ciência da
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exemplo de podcasts sobre tecnologia, cultura nerd e astrologia (O que é podcast? 2017). Também
é possível encontrar podcasts sobre assuntos amplos de uma determinada área do conhecimento,
sendo uma ferramenta prática que busca democratizar o acesso as informações, via plataformas e
aplicativos de streaming como o Spotify, um dos mais utilizados no mundo.
Considerando a importância da divulgação científica para a sociedade, quer sejam
pesquisadores ou não, e o acesso a informação científica, elaborou-se a seguinte problemática:
Quais temáticas são abordadas e divulgadas em podcasts voltados para a Ciência da Informação
(CI) com hospedagem no Spotify? Como o podcast pode contribuir para disseminação das
informações científicas?
Com o objetivo de mapear canais de podcast voltados para a área da CI, pretende-se
distinguir conceitualmente os termos comunicação científica e divulgação científica; destacar os
benefícios do uso de podcast para a divulgação científica; e caracterizar os canais de podcasts que
tratam sobre CI e tópicos relacionados (Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia) no Spotify
quanto ao conteúdo abordado.
Espera-se contribuir com as discussões sobre divulgação científica e com isso incentivar a
democratização do conhecimento presente nesse processo de comunicação científica, viabilizando
o acesso e compreensão da sociedade, principalmente daquelas não vinculadas as universidades e
polos de pesquisas.
2 Comunicação científica e divulgação científica
A comunicação científica tem como abordagem a troca de informações e conhecimentos
entre pesquisadores e cientistas. Para Targino (2000), trata-se de um processo intrínseco ao fazer
ciência, pois permite a união de esforços para o desenvolvimento das áreas em que se inserem os
estudiosos, viabilizando a construção coletiva do conhecimento, a partir da permuta contínua de
informações e resultados de pesquisas científicas. Afere ao produto, neste caso, a produção
científica, e a seus produtores, credibilidade e visibilidade.
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e023046. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023046
Le Coadic (1996) apresenta reflexões a respeito da importância do compartilhamento de
informações para o desenvolvimento científico, tendo em vista que este processo desempenha
papel indispensável na construção de saberes.
Para a produção de conhecimento e manutenção do desenvolvimento teórico e
metodológico das ciências, é necessário estar atento aos processos e características que norteiam
a comunicação científica e os fluxos pelos quais perpassam as informações.
Chini e Blattmann (2018) apresentam os elementos existentes neste fluxo, são eles: os
atores, ou seja, indivíduos envolvidos na troca de informações; os canais, utilizados para
transmissão; as fontes de informação, divididas em primárias, secundárias e terciárias e, por fim;
as tecnologias, que acompanham as inovações que impactam o fluxo informacional, além de
otimizar sua eficiência e eficácia.
Faz-se salutar, ainda, a divisão categórica quando se trata do processo de comunicação
científica. Targino (2000) destaca dois tipos: formal e informal. Segundo a autora, a comunicação
formal da informação caracteriza-se por seu aspecto mais estruturado e planejado, a exemplo dos
artigos disponibilizados por meio de periódicos científicos.
Por outro lado, a comunicação informal está associada às experiências dos membros da
comunidade científica, entendida como recurso invisível e consiste, por exemplo, nas trocas de e-
mail entre pesquisadores, conversas em reuniões e palestras, cartas, entre outros.
Davenport e Prusak (1998) ao discorrerem a respeito das etapas que constituem a Gestão
da Informação associada ao processo de comunicação científica apresentam quatro estágios
fundamentais para sua concretização: definição das exigências, obtenção, distribuição e utilização.
Na distribuição das informações científicas, têm-se as discussões sobre divulgação
científica, em que é possível disseminar de forma estratégica e personalizada as produções
científicas, com o objetivo de popularizar as descobertas e os avanços na ciência, tecnologia e
inovação (Valerio e Pinheiro, 2008).
Bueno (2010) afirma que a divulgação científica compreende o uso de processos,
ferramentas e recursos técnicos, a fim de comunicar a informação científica e tecnológica para o
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público em geral. Neste sentido, a divulgação científica “[...] supõe a tradução de uma linguagem
especializada para uma leiga, visando atingir um público mais amplo” (Albagli 1996 p. 397).
É inegável o propósito democrático da divulgação científica, principalmente quando o
conhecimento científico é compartilhado para o público em geral. Além disso, fatores têm
proporcionado à criação e adaptação deste processo, dentre eles: a crescente valorização e
popularização do conhecimento científico; o desenvolvimento de novas ferramentas culturais; o
aumento da demanda por informações tecnológicas; e a necessidade da comunidade científica em
aproximar-se do cotidiano das pessoas com a intenção de gerar e disseminar novos saberes (Lima
e Giordan 2017).
Ao tratar dos conceitos de comunicação científica e divulgação científica, alguns
questionamentos podem surgir, tais quais: Os termos podem ser tratados como sinônimos? Caso
negativo, em que medida se diferenciam um do outro?
Pensando nisso, Bueno (2010) apresenta aspectos que diferem os termos entre si e melhor
caracteriza-os, conforme ilustra o Quadro 1.
Quadro 1 Diferenças entre comunicação científica e divulgação científica
ASPECTO
COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA
DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
Nível do
discurso
Adoção de linguagem formal, com base em
padrões, normalizações, língua e escrita
específicas, uso de termos técnicos e jargões
científicos. Discurso voltado para a comunidade
científica.
Linguagem menos formal, uso constante de
exemplos, metáforas, ilustrações e aplicações
para decodificação das informações científicas.
O discurso é voltado para o público em geral.
Exige mais atenção aos aspectos socioculturais
e linguísticos do público.
Natureza
dos canais
Periódicos científicos, eventos técnico-científicos,
repositórios (monografias, teses, dissertações,
relatórios técnico-científicos, etc).
Televisão, rádio, jornais, palestras, rodas de
conversa, histórias em quadrinhos, folders,
infográficos, músicas, campanhas publicitárias
ou educacionais, peças teatrais, entre outros.
Intenções
Busca disseminar as informações científicas entre
pesquisadores e seus pares, informando sobre o
desenvolvimento e resultado de pesquisas
científicas, com vistas a exprimir sobre os avanços,
novas teorias, conceitos e métodos e/ou refinar os
conhecimentos já existentes.
Visa democratizar o acesso às informações
científicas à todas as comunidades, de modo
que possam contribuir e beneficiar-se dos
desenvolvimentos científicos e tecnológicos,
incluindo os cidadãos em debates sobre
assuntos de seu interesse.
Fonte: Bueno (2010)
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A comunicação científica e a divulgação científica diferem-se quanto ao nível de discurso,
pois consideram o público ao qual se destinam e obedecem aos pressupostos, sendo a linguagem
e apresentação das informações científicas, de forma que os receptores compreendam a informação
transmitida.
Na produção científica, por exemplo, percebe-se o uso de normas e regras de apresentação
como os critérios de normalização e regras de submissão para publicação em periódicos
científicos. Além disso, a linguagem adotada inclui termos técnicos e jargões específicos de cada
área para compreensão da informação, uma vez que compartilham um vocabulário cnico e
background de conhecimentos da área. Entretanto, na divulgação científica, o discurso precisa ser
elaborado segundo critérios, atentando-se à configuração sociocultural desses indivíduos a que se
destinam, de forma que compreendam o conteúdo disseminado (Bueno 2010).
A natureza dos canais também é um fator que evidencia essa divergência. Na primeira,
tem-se o uso de canais formais restritos à comunidade científica, como por exemplo, os eventos
acadêmico-científicos que, comumente, buscam reunir pessoas (cientistas, pesquisadores,
docentes e discentes) de uma área ou disciplina, além dos periódicos científicos e repositórios de
trabalho de conclusão de curso.
Na segunda, observa-se a utilização de canais de comunicação de massa para divulgação
científica, para atingir o grande público, a exemplo da televisão e rádio com suas campanhas
publicitárias, assim como o uso de expressões artísticas como o teatro, música, debates, histórias
em quadrinhos, entre outros, para tratar de temas sobre ciência e tecnologia.
Por fim, as intenções da comunicação científica partem do interesse em compartilhar, entre
pesquisadores e seus pares, informações sobre o andamento e resultados de pesquisas,
comunicando sobre os avanços e/ou refinando o conhecimento disposto. Em contrapartida, na
divulgação científica o intuito é de democratizar o acesso às informações científicas, assim a
sociedade pode acompanhar e contribuir para as inovações em ciências e tecnologia (Bueno 2010).
Cabe destacar o papel das TDIC e seu impacto no âmbito da comunicação e divulgação
científica. Para Meadows (1999), os avanços tecnológicos nas áreas da informação e comunicação
atingiu um patamar na qual podia começar a competir com as produções impressas em papel,
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posteriormente configurando-se como principal meio de difusão das informações científicas,
mostrando-se uma possibilidade razoável e promissora.
3 Streaming e divulgação científica: a ferramenta podcast
Na seara da divulgação científica muito tem se falado sobre o uso de redes sociais online e
serviços de streaming para viabilizar o acesso a informação científica, anteriormente feito por meio
de canais de transmissão de massa como jornais, rádio e televisão.
O streaming de arquivos de mídia tem início ainda na década de 1990, mas na época o
acesso a esse tipo de serviço era raro, dada a escassez de funcionalidades e dificuldades de acesso
devido a tecnologia e os serviços de Internet que eram ofertados. Apenas com os avanços
tecnológicos que se concretizaram nos anos seguintes, associados às transformações da Internet
como o advento da web 2.0 , foi possível vislumbrar a possibilidade de aumento dos índices de
uso deste tipo de serviço (Silva Júnior 2016).
O streaming consiste na transmissão de dados por meio da Internet, sem que seja necessário
o download dos arquivos de mídia, mais frequentemente nos formatos de áudio e/ou vídeo, com
extensão variada entre arquivos mais curtos e mais extensos (Costa 2020).
Em relação ao streaming de vídeo, percebeu-se um aumento no consumo, principalmente
em 2020, período pandêmico do coronavírus. Segundo Mazzeto (2021), com as pessoas mantendo
o afastamento social e permanecendo em seus lares, o uso de serviços de streaming aumentou,
principalmente a partir do lançamento de novas plataformas de transmissão no território nacional,
da crescente ampliação/atualização dos catálogos e número de usuários. Desse modo, destacam-
se plataformas como o YouTube e a Netflix, mais utilizados pelos brasileiros, e presente nas listas
de mais populares em nível global, além da HBO, Amazon Prime e Disney+.
O streaming de áudio também tem alcançado maior visibilidade nos últimos tempos. Este
formato de transmissão oferece maior praticidade o que, por conseguinte, atrai mais usuários,
devido a facilidade de acesso, produção e edição; além de aumentar o fluxo de mídia (Scatamburlo
e Campos 2020).
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A cadeia de produção de podcasts envolvem atividades de criação de roteiros, pautas,
designs, edição audiovisual, montagem, equipe de integrantes, social media, trilhas sonoras e o
host (responsável pela apresentação). Recursos que se reúnem com o propósito de gerar o conteúdo
a ser disseminado, ofertado de forma rápida e simples (ABPOD 2020).
A Associação Brasileira de Podcasters (ABPOD 2020) realizou a pesquisa “PodPesquisa
Produtor” com foco exclusivo na produção de podcasts no âmbito nacional. Os resultados apontam
a Região Sudeste como a maior produtora deste tipo de conteúdo.
Em aspectos gerais, percebeu-se a preferência por plataformas de hospedagem gratuita,
além disso, a maioria dos podcasters (criadores de podcast) deu início a sua produção, a partir do
ano de 2018, com distribuição nas plataformas mais utilizadas, sendo os três mais usados: Spotify,
iTunes e Deezer, respectivamente (ABPOD 2020).
No contexto brasileiro, sua popularização ocorre a partir de 2019, tido como “o ano do
podcast no Brasil”, conforme pesquisa desenvolvida pela Voxnest (2019). O relatório apresenta
informações sobre o consumo no Brasil, com dados coletados até novembro de 2019. Ilustra o
desenvolvimento da podosfera universo dos podcasts ao longo do referente ano. Entre os
marcos trazidos, tem-se a menção a algumas empresas, organizações e figuras públicas que
passaram a criar conteúdo nesse formato, como a Rede Globo e canais do YouTube, a exemplo do
canal Jovem Nerd que idealizou o NerdCast.
Em 2020, durante a pandemia da COVID-19, o consumo deu-se em crescimento
exponencial no Brasil, considerado o país que mais produziu podcasts, segundo o relatório
Voxnest (2020); seguido da Grã-Bretanha e Canadá. Foram identificados cinco tópicos
proeminentes na criação de podcasts neste período, nos meses iniciais do ano 2020, são eles:
Educação; Artes; Cultura e Sociedade; Música e Saúde, respectivamente.
Concernente aos benefícios e as facilidades do uso de podcasts tem-se uma via de mão
dupla que favorece tanto o produtor quanto o consumidor deste formato. Isto porque, para o
produtor não é exigido grande conhecimento prévio sobre a edição de arquivos de áudio. Soma-se
a isso a disponibilização gratuita de ferramentas de gravação, edição, hospedagem e distribuição
dos podcasts (Anchor, Audacity, MP3 Skype Recorder, entre outros).
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Por se tratar de um arquivo de áudio, atende ao blico que possui deficiência visual, pode
ser acessado de forma gratuita, permite que os ouvintes acompanhem os conteúdos enquanto
realizam outras atividades, dissemina informações de forma rápida e prática em arquivos menores,
ou seja, não ocupam em demasia o espaço de armazenamento em dispositivos móveis, além de
que podem ser consultados via web, sem que seja necessário o download de aplicativos de
hospedagem e distribuição.
Também podem ser utilizados no âmbito educacional, com conteúdos de temáticas
estudadas em diversas disciplinas, proporcionando entretenimento enquanto educam com
informações relevantes, de modo descontraído e simplificado.
Nesse contexto, a divulgação científica realizada através de podcasts, viabiliza a ampliação
e democratização do alcance às informações científicas para a sociedade que dispõe dos recursos
necessários para uso deste formato, como o aparelho de transmissão (computador, tablet, celular)
e rede de Internet. Por esta razão, os podcasts também se constituem como uma fonte de
informação (Silva 2019).
Santos (2020) acredita que dentre as vantagens no uso de podcasts, estão a possibilidade
de discutir temas de interesse; compartilhar informações, leituras; divulgar serviços e produtos,
promover discussões; dar visibilidade aos profissionais em qualquer área de atuação; transparência
e democratização do acesso à informação, entre outros.
Uma das áreas que pode beneficiar-se da criação de podcasts para divulgação científica de
sua produção é a CI, direcionada aos estudos da informação, analisando os aspectos da produção,
seleção, tratamento, aquisição, uso e disseminação, além de tópicos que se desdobram nas
disciplinas de Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia, inseridas no escopo da área.
4 Responsabilidade social da Ciência da Informação
É inegável que, nos últimos anos, a informação tem desempenhado papel primordial na
sociedade para o desenvolvimento científico e tecnológico que impacta, sobremaneira, as esferas
sociais da política, cultura, educação, saúde e economia, tornando-se insumo valioso.
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Segundo Freire (2006 p. 10) “É nesse sentido que entendemos a emergência das atividades
de informação científica como um fenômeno de alta cultura [...]” que ganhou destaque durante a
Segunda Guerra Mundial, com investimentos em coleta, tratamento e disseminação de
informações, em esforços revertidos para vencer a guerra.
Desde então, passou-se a perceber o poder que a informação empregava àqueles que lhe
detinham. Ademais, com a crescente produção científica que marcou o desenvolvimento científico
e tecnológico após a Segunda Guerra Mundial, deram-se início aos movimentos que viriam a
constituir o nascimento da chamada Ciência da Informação que estuda fenômenos relacionados ao
seu objeto de estudo, a informação.
Araújo (2003) ressalta a natureza social da CI que, apesar de surgir inicialmente muito
ligada à computação, com o tempo passa a adotar o traço identificador das Ciências Sociais. Isso
se dá, principalmente, devido seu objeto de estudo que possui características singulares e se
constitui enquanto fenômeno social.
A fim de tornar mais claro este caráter social atrelado à CI, Freire e Araújo (1999 p. 8)
partem da premissa de que “Para além das necessidades do sistema produtivo, todos temos direito
à informação que possa diminuir nossa incerteza diante do meio ambiente, uma informação que
subsidie nossa ação no mundo [...]”.
Para as autoras, esse tipo de visão deve orientar a práxis dos profissionais da informação,
com vistas a contribuir para a criação de uma sociedade na qual os cidadãos se tornem mais
conscientes de sua responsabilidade social de facilitar o acesso à informação, comunicando o
conhecimento para aqueles que dele necessitam e assim, quiçá, contribuir para a criação de “[...]
um mundo onde o conhecimento ilumine igualmente a todos, fortalecendo as relações de
solidariedade necessárias para a evolução da humanidade” (Freire e Araújo 1999 p. 14).
De acordo com Santos e Cardoso Filho (2011 p. 36):
[...] a responsabilidade social da CI e sua práxis residem, também, no
oferecimento desse conjunto de capacidades como recurso legítimo para integrar
e coordenar a heterogeneidade dos recursos informacionais existentes em uma
sociedade para, por meio de políticas públicas, permitir ao ser humano construir
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a si mesmo e o seu mundo, de forma livre e autônoma, e transformar a realidade
na direção do desenvolvimento político, econômico e social [...].
Com o objetivo de sanar problemas relacionados à informação, compreendendo seu fluxo
desde a produção até o consumo, os profissionais da CI podem instruir a uma competência em
informação (information literacy) conjunto de habilidades e competências para buscar,
manipular, avaliar e utilizar a informação de modo ético e eficiente (Serafim e Freire 2012)
necessária a todos os indivíduos da sociedade, despertando criticidade e reflexão sobre as
informações consumidas.
Em conformidade aos autores, a instrução a uma competência em informação constitui uma
ação de responsabilidade social da CI, uma vez que o moderno profissional da informação não tem
suas ações direcionadas exclusivamente ao tratamento da informação em unidades de informação,
devendo atentar-se a responsabilidade social que ultrapasse essa seara e possa beneficiar o público
em geral.
Uma das estratégias que o profissional da informação pode se utilizar para disseminar o
conhecimento e contribuir para o desenvolvimento de uma competência em informação, é por
meio da divulgação científica, capaz de traduzir em linguagem simples e objetiva as informações
científicas produzidas na área.
O uso de podcasts, por sua vez, pode estender o alcance a esse público e aferir mais
eficiência e eficácia ao processo de divulgação científica, em especial, na área de CI.
5 Metodologia
Caracteriza-se como uma pesquisa de natureza básica, com abordagem qualitativa,
propondo uma reflexão acerca da temática da divulgação científica em CI por meio da ferramenta
de podcast. No que concerne aos objetivos, trata-se de uma pesquisa descritiva.
Quanto aos procedimentos técnicos, apresenta-se como bibliográfica, amparada na
produção científica existente. Para o alcance do objetivo proposto, empreendeu-se, em fevereiro
de 2021, o levantamento de canais de podcast voltados para a CI e tópicos relacionados à
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Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia no âmbito nacional, e sua caracterização quanto ao
número de reproduções e temáticas abordadas.
A busca se deu na plataforma de hospedagem do Spotify, uma vez que é o canal mais
utilizado para distribuição e consumo de podcasts no Brasil, conforme pesquisa da Comscore
(Scatamburlo e Campos 2020).
O Spotify é um serviço de streaming digital bastante utilizado em nível global, com milhões
de músicas e episódios de podcast. Vem apostando nesse formato nos últimos anos e constitui
um dos sites de hospedagem mais utilizados do mundo (Spotify 2021). Suas funções básicas
encontram-se disponíveis na modalidade gratuita, todavia, possui versão paga premium. Pode ser
acessado em dispositivos como celulares, computadores, tablets, carros e TV’s. Atualmente,
excede a marca dos 300 milhões de usuários ativos (Spotify 2021).
A estratégia de busca consistiu na adoção dos termos “Ciência da Informação”,
“Biblioteconomia”, “Arquivologia” e “Museologia” no mecanismo de pesquisa da plataforma
selecionada. Os podcasts disponíveis em língua portuguesa, com temática relacionada a área de
CI, abarcando tópicos de Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia e que possuíam pelo menos
um episódio já publicado, foram considerados para inclusão nesta pesquisa.
Por outro lado, podcasts transmitidos em línguas estrangeiras, que não apresentam relações
com a temática e/ou não possuíam nem mesmo um episódio publicado, foram descartados. A
escolha por podcasts em língua portuguesa, se deu por entender que as línguas estrangeiras podem
se configurar como uma barreira quando acessado pelo público brasileiro, foco deste estudo.
Outrossim, a publicação de pelo menos um episódio foi um critério estabelecido pensando
na menção de podcasts que estiveram e/ou permanecem ativos. A análise dos resultados deu-se
por meio da inferência crítica sobre o embasamento teórico utilizado e os dados obtidos após o
levantamento na plataforma do Spotify.
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6 Resultados e discussões
A partir do termo “Ciência da Informação” para busca no Spotify, foi possível recuperar 52
resultados. Destes, apenas sete se enquadravam nos critérios de inclusão pré-estabelecidos. Para
as buscas com os termos “Biblioteconomia”; “Arquivologia” e “Museologia” recuperaram-se 21,
10 e 16 resultados, sendo incluídos apenas sete, oito e dois podcasts, respectivamente. Com isso,
obteve-se o total de 24 podcasts, apresentados no Quadro 2.
Quadro 2 Mapeamento de podcasts no Spotify que tratam da CI e tópicos relacionados (fev. 2021)
Podcast/Início/
Vínculo
Conteúdo/Link
nº EP
Farol: conexões da
informação
(dez. 2020)
Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS)
Museologia, Biblioteconomia, Cibercultura, Alfabetização
Informacional, Iniciação Científica, Bibliotecas Comunitárias,
Cinemateca, Cibermuseologia, Pesquisa em Bibliotecas Universitárias,
Biblioteconomia e Racismo, Preservação Digital, Patentes e Propriedade
Intelectual, Gestão de Acervos, Produção Científica na Pandemia,
Memória, Biblioteconomia Social, Arquivologia, Ciência da Informação,
Museu e Memória LGBTQIA+, Ensino Emergencial Remoto em Tempo
de Pandemia, CI Durante a Pandemia, Ciência Aberta, Start Ups e CI.
https://open.spotify.com/show/3ZMv2Ez5f7hOHJuHIiDNiM
40
Biblioteco Podcast
(fev. 2020)
Liga Biblotecária
Biblioteca e Políticas Públicas; Formação Acadêmica e Docência na
Biblioteconomia; Pandemia e Coronavírus; o Papel das Bibliotecas em
Tempos de Pandemia; Filmes para a Quarentena; Decolonialidade;
Censura, Livros e Bibliotecas; Mulheres na Biblioteconomia; Leitura e
Ação Bibliotecária; Política, Antifascismo, Livro e Leitura; Memória;
Censura e Ditadura; Movimento Popular de Juventude; Mitos e Verdades
Sobre o Coronavírus; Biblioteconomia; Música; Bibliotecário e
Produção de Conteúdo; Biblioteconomia e CI; Taxa Sobre Livros;
Biblioteconomia e Maternidade; Legislação Trabalhista Brasileira;
Educação; Patrimônio e Identidade; Fake News; Literatura Negra e
Racismo; Informação e Memória.
https://open.spotify.com/show/7shBv8zMQr6auzlYHdP8wk
28
CImplifica
(mar. 2019)
Ciência da Informação, Informação, Ética na Organização do
Conhecimento; Informação, Cultura e Arte; Cinema e CI; Ansiedade de
Informação em Tempos de Pandemia; Fake News; CI e Solidariedade;
Linguagens Documentárias; Ontologias; Museus; Arte e CI; Política,
Informação e Direito; Dados Abertos; Ciência Aberta; Políticas de
Segurança em Unidades de Informação; Gestão e CI; Tecnologia
Paperless; Curadoria Informacional; Cultura Nerd e CI; Curadoria
Digital; Ciência da Informação e Ditadura; Feminismo e CI; Novas
Perspectivas da CI; Questões Contemporâneas da Informação.
https://open.spotify.com/show/1wsExvsO3gXmGwY8BHzozp
24
14
ARAÚJO, Joana Ferreira de; SILVA, Alzira Karla Araújo da; AUTRAN, Marynice de Medeiros Matos: TELMO,
Flávia de Araújo. Divulgação Científica e Podcast: disseminação do conhecimento científico na Ciência da
Informação. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023,
e023046. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023046
Biblioquê?
(jan. 2020)
Universidade Federal do
Amazonas (UFAM)
Instruções para Alunos Novatos do Curso de Biblioteconomia da UFAM,
Biblioteconomia, Bibliotecário e Astrologia; Áreas de Atuação do
Bibliotecário; Biblioterapia; Bibliotecário e Cultura Pop; COVID-19 e
CI; Saúde Mental na Pandemia; Bibliotecas Prisionais; Expectativa e
Realidade da Profissão Bibliotecário; Histórias Constrangedoras na
Biblioteca; Estudos Métricos da Informação; Relatos de Confinamento;
Biossegurança em Bibliotecas; Competência em Informação;
Universidade e Ciência; Leitura e Fanfics.
https://open.spotify.com/show/7st7lkuUTqy6xp8EyzmkJw
20
Além das Estantes
(fev. 2020)
AE Produtora
Biblioteconomia; Biblioteca Pública; Bibliotecário e Responsabilidade
Social; Bibliotecas Prisionais; Bibliotecas Escolares; Biblioteconomia
Social; Mulheres na Universidade; o Papel do Bibliotecário em Tempos
de Pandemia; Bibliotecários em Podcast; Produtividade; Ciência Aberta;
Movimentos Sociais dos Bibliotecários; Editoras; Tributação Sobre
Livros; Sindicatos; Audio Books; Ensino; Bibliotecas Comunitárias.
https://open.spotify.com/show/6vaW6ImHukpLcXPlqxVKFX
19
ECCOA: arquivologia fora
da caixa
(out. 2020)
Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS)
Apresentação do Podcast; Arquivologia; CI; Informação; Arquivologia e
Cinema; Arquivologia em Home Office; Acervos Pessoais; Fotografias e
Memórias; Princípios Arquivísticos; Consultoria em Arquivos; Políticas
Públicas Arquivísticas e Culturais; Lei Geral de Proteção de Dados
(LGPD); Arquivometria; Lei de Incentivo à Cultura; Rede Nacional de
Arquivistas.
https://open.spotify.com/show/4h7Q9BgYSd8rUHlUeXweBH
15
Foca na Info
(mar. 2020)
Coletivo de Bibliotecários
Design Thinking Para Bibliotecas, Biblioteca Escolar, Profissional
Bibliotecário, Conselho Regional de Biblioteconomia, Cultura em
Tempos de Pandemia, Bibliotecário e Home Office, Entidades de Classe,
Bibliotecários na Ficção.
https://open.spotify.com/show/0SBPtJQFEVqIRq80gqGrVR
13
Competência em
Informação Instrumental
(set. 2020)
Universidade Federal do
Amazonas (UFAM)
Confiabilidade da Informação; Plágio Acadêmico; Sistema de
Bibliotecas da UFAM; Currículo Lattes; ORCID; Ciência e Pesquisa
Científica; Bases de Dados; Normalização ABNT.
https://open.spotify.com/show/0mdg7ym11rM9UXPRANiaA2
08
Fragmentos relatados
(dez. 2020)
Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG)
Design Thinking para o planejamento da carreira do profissional
bibliotecário; Podcast e Design Thinking.
https://open.spotify.com/show/07HTgM6gFyuBz9lu3sovaC
06
Arquipodcast
(jan. 2020)
Arquivologia; Arquivos e Bibliotecas; Funções Arquivísticas do
Documento; Relato de Experiências em Arquivos.
https://open.spotify.com/show/3ks7u6uRyTP87qbhGyqt7E
05
DescompliCast
(nov. 2020)
Universidade Federal da
Paraíba (UFPB)
Apresentação do canal; Metodologia Científica; Saúde Mental e Vida
Acadêmica; Performance nos Estudos; Normalização ABNT.
https://open.spotify.com/show/1RkX0adlFUYzU3fkLQrumZ
05
15
ARAÚJO, Joana Ferreira de; SILVA, Alzira Karla Araújo da; AUTRAN, Marynice de Medeiros Matos: TELMO,
Flávia de Araújo. Divulgação Científica e Podcast: disseminação do conhecimento científico na Ciência da
Informação. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023,
e023046. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023046
PodCast LTI Digital
(dez. 2020)
Universidade Federal da
Bahia (UFBA)
Inteligência Artificial na Biblioteconomia; Usabilidade e Informação;
Tecnologias Digitais de Comunicação; Informação Sobre Medicamentos;
Paradigmas da Informação.
https://open.spotify.com/show/57qOeCn6CPSmT3FxqWUkTt
05
Bibliovagas, o mercado de
trabalho na
Biblioteconomia
(set. 2019)
Produção independente
Nelson Silva/RJ
Apresentação do Podcast; Emprego e Trabalho; Serviço e Valores.
https://open.spotify.com/show/6489IVUzWu2IorQ5FGo7CB
04
Pó de Arquivo
(jun. 2019)
Arquivo Nacional
Arquivologia; Arquivos; Memória.
https://open.spotify.com/show/6uD11dbs5d1VmB5Ea2XebV?si=035eb9
52b4734b43
04
Biblionautas
(set. 2020)
Universidade do Estado de
Santa Catarina (UDESC)
Biblioteconomia; Biblioteca Parque; Bibliotecas Comunitárias;
Bibliotecas Prisionais.
https://open.spotify.com/show/4pVIrnwOAPIffW2B2XkBNW
03
Museologia: introdução à
Museologia
(set. 2020)
Produção Independente -
Carlos
Museologia; Introdução à Museologia.
https://open.spotify.com/show/3XgNX5GGvu7MfcEDKZtidN?si=f3ce5
edadba24b4b
03
PodLer: o seu podcast de
Biblioteconomia
(mar. 2019)
Produção Independente
Fabiana Souza/MG
Biblioteca Física e Digital; Biblioterapia.
https://open.spotify.com/show/02B9F108BDtP7ZgILzEUVw
03
1573011 Podcast
(jun. 2020)
Senac Bahia
Arquivologia; Sustentabilidade; Adminstração; Tecnologia e
Arquivologia.
https://open.spotify.com/show/3DlZ4WuHf0IMfa4BkkZOIc?si=e6f563b
242c540f2
03
IbictCast
(dez. 2020)
Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e
Tecnologia (IBICT)
Informação, Ciência e Tecnologia.
https://ibict.br/ibictcast.ibict.br
02
A Arquivologia no Brasil
(abr. 2020)
Carolina Martins Saporetti
Universidade Federal de Juiz
de Fora (UFJF)
Arquivologia; Arquivologia no Brasil.
https://open.spotify.com/show/7jbeEBh5b8FPL54cHzdDK3?si=76613e2
68f064d5f
01
Arquivologia
Arquivologia; Teoria das Três Idades.
01
16
ARAÚJO, Joana Ferreira de; SILVA, Alzira Karla Araújo da; AUTRAN, Marynice de Medeiros Matos: TELMO,
Flávia de Araújo. Divulgação Científica e Podcast: disseminação do conhecimento científico na Ciência da
Informação. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023,
e023046. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023046
(nov. 2020)
Produção independente -
Diulia Fernandes
https://open.spotify.com/show/37FRBHPfHudSSdeCUHa6rZ?si=c7bc2e3
f195445ae
Cultura, Informação e
Biblioteconomia
(dez. 2020)
Universidade Federal do Rio
Grande (FURG)
Apresentação do Podcast.
https://open.spotify.com/show/4O5zJDaD2aBgJgQheIe4V8?si=fd49b46
68e1b4ec0
01
Imagens do inconsciente:
museu em tempos de
pandemia
(nov. 2020)
Instituto de Artes da
Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (UERJ)
Museologia; Museu em Tempos de Pandemia.
https://open.spotify.com/show/3a9kX41vx2TcXyDGa4zsX1?si=986416
9cbf24461a
01
Racismo, Informação e
Biblioteconomia
(dez. 2020)
Produção independente -
Ketelen
Introdução ao Racismo, Informação e Biblioteconomia.
https://open.spotify.com/show/1IIEK4DI7G2fAV7pIySYlS?si=565048a
6b5c84ac1
01
Fonte: Dados da pesquisa (2021)
Com base nos resultados, verificou-se que os podcasts relacionados à CI começaram a
surgir em 2019, idealizados pela comunidade acadêmica, bibliotecários e pesquisadores ligados a
instituições de ensino superior que compartilham conteúdos em formato de áudio.
Considerando-se os podcasts com maior quantidade de episódios produzidos e
disponibilizados até fevereiro de 2021, destacaram-se Farol: conexões da informação,
Biblioteco, Cimplifica e Biblioquê.
O podcast “Farol: conexões da informação” demonstrou maior índice de atividades, com
quarenta episódios disponibilizados em seu canal. Foi criado pelo Centro Acadêmico de
Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia (CABAM) e por professores do Departamento de
Ciência da Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O canal conta
com a mediação dos alunos do CABAM, em parceria com professores e pesquisadores convidados.
Dentre as temáticas, destacam-se as discussões sobre: Museologia, Biblioteconomia,
Alfabetização Informacional, Iniciação Científica, Bibliotecas Comunitárias, Cinemateca,
17
ARAÚJO, Joana Ferreira de; SILVA, Alzira Karla Araújo da; AUTRAN, Marynice de Medeiros Matos: TELMO,
Flávia de Araújo. Divulgação Científica e Podcast: disseminação do conhecimento científico na Ciência da
Informação. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023,
e023046. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023046
Pesquisa em Bibliotecas Universitárias, Patentes e Propriedade Intelectual, Gestão de Acervos,
Memória, Arquivologia e Ciência da Informação.
Também foram identificados episódios sobre temas contemporâneos como Cibercultura,
Cibermuseologia, Ciência Aberta, Start Ups e Preservação Digital. Durante o período de
pandemia, investiu em temas sobre a Produção Científica e Ensino Emergencial Remoto. Este fato
evidencia a preocupação em manter os conteúdos de podcast alinhados aos acontecimentos do
mundo. Aborda também assuntos sobre Movimentos Sociais na CI (LGBTQIA+, racismo).
O “Biblioteco Podcasttem seu conteúdo produzido pela Liga Bibliotecária e dispõe de
episódios a respeito de Bibliotecas; Políticas Públicas; Formação Acadêmica e Docência na
Biblioteconomia; Decolonialidade; Censura, Livros e Leitura; Memória; Bibliotecário e Produção
de Conteúdo; Taxa Sobre Livros; Biblioteconomia e Maternidade; Legislação Trabalhista
Brasileira; Educação; Patrimônio e Identidade; Fake News; Literatura Negra e Racismo;
Informação e Memória.
Assim como o podcast Farol, o Biblioteco adaptou as temáticas tratadas durante a
pandemia de forma a acompanhar as discussões que estão em proeminência na sociedade. Nesta
feita, publicou episódios sobre o Papel das Bibliotecas em Tempos de Pandemia; e mitos e
verdades sobre o Coronavírus. Em relação aos assuntos de caráter social, apresenta discussões
associadas ao Movimento Popular de Juventude; Mulheres na Biblioteconomia; Ação
Bibliotecária; Política, Antifascismo, Censura e Ditadura.
Um aspecto que se destaca é sua abordagem descontraída e interativa, a exemplo de
episódios sobre música e Recomendações de Filmes para Assistir Durante a Pandemia. Este tipo
de estratégia proporciona dinamicidade ao conteúdo, tornando-o atrativo; o que pode ampliar os
seguidores desses perfis.
Buscando instigar reflexões acerca da CI, Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia, o
podcast “Cimplifica”, primeiro do país sobre a temática, é um dos mais famosos e se empenha em
disseminar o conhecimento produzido da área de forma clara e dinâmica. Foi possível perceber a
produção com aspectos inerentes a Informação, Ética na Organização do Conhecimento; Cultura
e Arte; Cinema e sua Relação com a CI; Ansiedade de Informação em Tempos de Pandemia, Fake
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ARAÚJO, Joana Ferreira de; SILVA, Alzira Karla Araújo da; AUTRAN, Marynice de Medeiros Matos: TELMO,
Flávia de Araújo. Divulgação Científica e Podcast: disseminação do conhecimento científico na Ciência da
Informação. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023,
e023046. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023046
News; Solidariedade; Linguagens Documentárias; Ontologias; Museus; Arte; Política; Informação
e Direito; Dados Abertos; Ciência Aberta; Políticas de Segurança em Unidades de Informação;
Gestão da Informação; Tecnologia Paperless; Curadoria Informacional; Cultura Nerd; Curadoria
Digital; Ditadura e Feminismo.
É perceptível a diversidade temática explorada pelo podcast Cimplifica e seu andamento
conforme as tendências contemporâneas na CI, ao discutir, por exemplo, sobre Curadoria Digital,
Tecnologias, Dados e Ciência Aberta. Soma-se a isso o fato de aliarem assuntos relacionados ao
entretenimento, como a Cultura Nerd, relacionando-os com os interesses de pesquisa na CI,
propiciando uma nova visão sobre a amplitude e potencialidades dos estudos na área.
Criado pelos discentes de Biblioteconomia da Universidade Federal do Amazonas, o
podcast “Biblioquê?” emprega uma abordagem dinâmica sobre Biblioteconomia; Profissional
Bibliotecário; Biblioterapia; Covid-19 e CI; Saúde Mental na Pandemia; Bibliotecas Prisionais;
Estudos Métricos da Informação; Biossegurança em Bibliotecas; Competência em Informação;
Universidade e Ciência.
Destaca-se por apresentar um perfil mais voltado para o público jovem. Isto porque parte
da produção de conteúdo se relaciona aos assuntos de interesse desse tipo de público, como por
exemplo, Leitura e Fanfics; Bibliotecário e Cultura Pop; Expectativa e Realidade da Profissão
Bibliotecário; Histórias Constrangedoras na Biblioteca; e Intersecções entre Biblioteconomia e
Astrologia.
O uso de apresentações menos formais pode atrair mais ouvintes, principalmente o público
adolescente, a participarem de discussões sobre a CI, desmistificando e tornando-a compreensível
para a sociedade, esclarecendo quanto ao valor e responsabilidade social que desempenha.
Verificaram-se podcasts que produziram conteúdo acerca da Biblioteconomia, Museologia
e Arquivologia, introduzindo-as aos ouvintes quanto ao seu campo e objeto de estudo (“ECCOA:
arquivologia fora da caixa”; “Museologia: Introdução à Museologia”; “PodLer: o seu podcast de
Biblioteconomia”; “Imagens do Inconsciente: Museu em Tempos de Pandemia”; “A Arquivologia
no Brasil”; “Arquipodcast”; “Pó de Arquivo”; “1573011 Podcast”); tratando de questões sociais,
entidades de classe e mercado de trabalho (“Racismo, Informação e Biblioteconomia”; “Cultura,
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ARAÚJO, Joana Ferreira de; SILVA, Alzira Karla Araújo da; AUTRAN, Marynice de Medeiros Matos: TELMO,
Flávia de Araújo. Divulgação Científica e Podcast: disseminação do conhecimento científico na Ciência da
Informação. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023,
e023046. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023046
Informação e Biblioteconomia”; “Bibliovagas, o Mercado de Trabalho na Biblioteconomia”);
esclarecendo o papel dos profissionais da informação na sociedade (“Além das Estantes”); a
dimensão tecnológica (PodCast LTI Digital”); os aspectos da produção científica (“Competência
em Informação Instrumental”; “DescompliCast”); e órgãos nacionais de informação (“Ibictcast”).
Os resultados demonstram a diversidade de temáticas abordadas nos podcasts relacionados
à CI, bem como abordagem e linguagem empregadas para atrair usuários do serviço de streaming
de áudio.
7 Considerações finais
A comunicação científica é uma atividade basilar no cotidiano acadêmico e está
intrinsecamente relacionada ao desenvolvimento e inovação em ciência e tecnologia. Em paralelo,
a divulgação científica permite que os conhecimentos gerados sejam organizados, tratados e
disseminados para toda a sociedade, de maneira que os indivíduos possam compreender e
participar do fazer ciência.
As ferramentas de streaming, por sua vez, podem potencializar a divulgação científica, em
especial, a criação de podcasts, serviço de streaming de áudio, que vem crescendo nos últimos
anos e, após a pandemia do coronavírus, atingiu números consideráveis de produção e consumo,
particularmente no Brasil, visto como o país que mais produziu podcasts em 2020.
Os dados de produção e consumo desse formato reitera seu potencial como ferramenta de
divulgação científica. Muito além de um canal de entretenimento, é utilizado para trocar e
compartilhar saberes entre discentes, docentes, pesquisadores e público em geral, contribuindo
para democratizar o acesso à informação, por meio de um recurso disponível em modalidade
gratuita e paga, com interface dinâmica e consumo adaptável.
Destacaram-se algumas vantagens e benefícios em comparação com outros formatos
disponíveis no meio digital, dentre os quais, tem-se: o baixo consumo de espaço na memória de
smartphones, por se tratar de aplicativos que permitem a reprodução dos arquivos via web; curta
duração de episódios, podendo variar entre canais de podcast; o fato de não exigir que a tela do
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ARAÚJO, Joana Ferreira de; SILVA, Alzira Karla Araújo da; AUTRAN, Marynice de Medeiros Matos: TELMO,
Flávia de Araújo. Divulgação Científica e Podcast: disseminação do conhecimento científico na Ciência da
Informação. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023,
e023046. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023046
aparelho permaneça ativa para sua reprodução, possibilita ouvi-lo enquanto outras atividades são
executadas; a assinatura de canais com informações sob demanda, com foco em temáticas/públicos
específicos, aferindo possibilidade de personalização conforme interesses dos usuários; e baixo
custo de produção e consumo, dado que plataformas de edição e gerenciamento de podcasts podem
ser gratuitas.
Os resultados identificaram 24 podcasts na plataforma Spotify, que tratavam de temáticas
associadas à Ciência da Informação, Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia. Destacaram-
se os podcasts “Farol: conexões da informação”, “Biblioteco”, “Cimplifica” e “Biblioquê?”,
quanto ao número de episódios disponibilizados (40, 28, 24 e 20 episódios, respectivamente).
Quanto às temáticas abordadas, verificou-se: mercado de trabalho; perfil do profissional
da informação; papel social da CI; movimentos sociais (racismo, feminismo, LGBTQIA+);
tendências contemporâneas (ciência aberta, dados abertos, tecnologias); movimentos e entidades
de classe; cultura pop e nerd (astrologia, filmes, músicas, livros, fanfics); competência em
informação; aperfeiçoamento pessoal e profissional; unidades de informação; produção científica;
pandemia e coronavírus.
Destaca-se a diversidade temática explorada nestes podcasts analisados e disponíveis na
plataforma Spotify. Este dado demonstra o teor das informações compartilhadas, ampliando e
democratizando o acesso para quem delas necessitam; acadêmicos/pesquisadores e,
principalmente, a comunidade em geral.
Outro ponto relevante consiste na abordagem dos podcasts, produzidos de forma
descontraída e dinâmica, com diversidade temática, o que os tornam atrativos para o público.
Soma-se a isso, a associação de tópicos da CI com temáticas populares, ou em alta, a exemplo da
astrologia e cultura nerd.
O estudo contribui com discussões sobre divulgação científica, em especial, no formato de
podcast, com fins de incentivar a democratização do conhecimento e ampliação de acesso. Além
disso, permitiu mapear podcasts sobre a CI e identificar os temas disseminados nesta plataforma.
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ARAÚJO, Joana Ferreira de; SILVA, Alzira Karla Araújo da; AUTRAN, Marynice de Medeiros Matos: TELMO,
Flávia de Araújo. Divulgação Científica e Podcast: disseminação do conhecimento científico na Ciência da
Informação. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023,
e023046. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023046
Por fim, sugere-se que outros estudos sejam desenvolvidos para analisar diferentes
plataformas de streaming, dados de reprodução e alcance dos episódios, sendo este último uma
limitação desta pesquisa, visto que quantitativos de reprodução e acesso em países, por exemplo,
são visíveis apenas para os gerenciadores dos podcasts. Recomenda-se também uma checagem
que revele os podcasts que continuam produzindo e de outros que tenham surgido posteriormente
a essa pesquisa na área da CI.
Conclui-se que o podcast é um espaço propício para a divulgação científica de conteúdos
da Ciência da Informação, uma vez que a disseminação do conhecimento científico em plataformas
de streaming tem se mostrado útil e em constante crescimento/consumo.
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Dados da pesquisa
Os dados da pesquisa encontram-se disponíveis apenas mediante solicitação.
Copyright: © 2023 ARAÚJO, Joana Ferreira de; SILVA, Alzira Karla Araújo da; AUTRAN, Marynice de
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Received: 17/02/2023 Accepted: 24/10/2023