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SANTOS, Júlia Schettino Jacob dos; MATA, Marta Leandro. Práticas Educacionais Relacionadas à Competência em
Informação nas Bibliotecas das Universidades Federais Brasileiras. Brazilian Journal of Information Science:
research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023, e023033. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023033.
PRÁTICAS EDUCACIONAIS RELACIONADAS À
COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO NAS
BIBLIOTECAS DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS
BRASILEIRAS
Educational practices related to information literacy in libraries of brazilian federal universities
Júlia Schettino Jacob dos Santos (1), Marta Leandro da Mata (2)
(1) Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil, juliasjs@gmail.com
(2) martaleandromata@gmail.com
Resumo
Este estudo teve como objetivo analisar as práticas educacionais relacionadas à competência em informação
desenvolvidas pelas bibliotecas inseridas nas universidades federais brasileiras. Para tanto, realizou-se uma
pesquisa de cunho exploratório e documental com abordagem quali-quantitativa, utilizando-se a análise de
conteúdo. Identificou-se um quantitativo de 657 ações de cunho educacional. Observou-se que, apesar do
alto número de atividades identificadas, alguns conteúdos como caracterização e avaliação de fontes de
informação não são abordados na maioria das atividades. Além disso, identificou-se a necessidade de
integrar as práticas educacionais ao currículo dos discentes. Considera-se que este projeto contribuirá para
a criação de um programa de competência em informação aplicável, voltado para o contexto brasileiro em
que as bibliotecas e instituições de ensino superior terão como base um modelo teórico-prático para auxiliar
em ações de competência em informação.
Palavras-chave: Competência em informação; Práticas educacionais; Universidades federais; Biblioteca
universitária; Brasil.
Abstract
This study aimed to analyze the educational practices related to information literacy improved by libraries
incorporated in Brazilian federal universities. For that, an exploratory and documental research with a quali-
quantitative approach was carried out, using the content analysis. A number of 657 actions of an educational
nature were identified. Note that, despite the high number of identified activities, some content such as
characterization and evaluation of information sources are not observed in most activities. In addition, the
need to integrate educational practices into the students' curriculum was identified. Consider that this project
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Informação nas Bibliotecas das Universidades Federais Brasileiras. Brazilian Journal of Information Science:
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will contribute to the creation of an applicable information literacy program, aimed at the Brazilian context
in which libraries and higher education institutions will be based on a theoretical-practical model to assist
in information literacy actions.
Keywords: Information literacy; Educational practices; Federal universities; University libraries; Brazil.
1 Introdução
No contexto atual, permeado pela utilização de tecnologias que possibilitam a produção, a
apropriação e o compartilhamento de informações em larga escala, as instituições de ensino
constituem-se como entidades fundamentais para a construção de uma sociedade crítica e
reflexiva. Andriola e Araújo (2021 p. 459) afirmam que a educação contribui para a “[...]
edificação de uma nação forte, constituída de cidadãos conscientes e de ampla visão de mundo”.
Neste sentido, as instituições de ensino devem preconizar a formação integral do indivíduo, que
inclui a capacidade de reflexão sobre as principais questões que permeiam a sociedade, além da
formação técnica e profissional pautadas em questões éticas (Andriola e Araújo 2021).
Em âmbito universitário, Paula (2017) enfatiza a necessidade de as universidades federais
se reestruturarem internamente a partir do desenvolvimento de inovações pedagógicas,
propiciando tanto a manutenção do ensino dos discentes que se encontram no ambiente
universitário quanto o acolhimento de novos estudantes, principalmente os que fazem parte de
camadas historicamente excluídas do ensino superior. Acredita-se que a participação das
bibliotecas universitárias neste processo pode oferecer subsídios à plena formação dos discentes
no que se refere à disponibilização de atividades de cunho educacional com enfoque no
desenvolvimento de habilidades, conhecimentos e atitudes voltadas à interação com o universo
informacional, estimulando os indivíduos a refletirem sobre os processos de busca e uso da
informação, bem como em relação às questões éticas e legais relacionadas como propõe a
competência em informação.
Compreende-se que o trabalho educativo relacionado à competência em informação nas
bibliotecas universitárias contribui para a formação de toda a comunidade acadêmica, envolvendo
o aprendizado para lidar com a informação nos diferentes âmbitos da vida dos indivíduos (Nicolino
e Casarin 2021). Salienta-se que as ações de competência em informação devem ocorrer em todos
os níveis da educação formal (da educação básica ao ensino superior), sendo que no contexto
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universitário, estas atividades podem auxiliar estudantes, pesquisadores, colaboradores, entre
outros grupos a “[...] realizar trabalhos acadêmicos e pesquisas em nível de graduação, iniciação
científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado” (Gerlin, Matta e Nunes 2019 p. 496).
Com base no exposto, o objetivo geral deste estudo consiste em investigar as práticas
educacionais relacionadas à competência em informação nas bibliotecas das universidades federais
brasileiras. Os objetivos específicos são: a) identificar o tipo de atividade realizada pelas
bibliotecas universitárias federais; b) verificar para que público é direcionada; c) identificar quem
são os colaboradores envolvidos; d) descrever os recursos físicos e tecnológicos utilizados; e)
averiguar se as ações estão integradas aos currículos dos cursos de ensino superior das instituições;
f) identificar os conteúdos instrucionais ministrados; f) examinar as formas de avaliação do
programa (avaliação no todo e avaliação dos estudantes); g) verificar as formas de divulgação das
ações.
Ressalta-se que essa pesquisa faz parte de um projeto de âmbito maior ao qual pretende
desenvolver um programa de competência em informação em uma universidade de caráter público.
Essa investigação apresenta um panorama das ações voltadas para a competência em informação
desenvolvidas pelas bibliotecas de universidades federais brasileiras, fornecendo subsídios para o
planejamento, implementação e execução de programas e/ou ações de desta natureza em
instituições de ensino superior. Por sua vez, também, traz contribuições teórico-práticas no âmbito
das pesquisas que abordam a competência em informação no cenário brasileiro, contribuindo para
o amadurecimento do tema no cenário nacional.
2 Desenvolvimento da competência em informação por meio de ações em
bibliotecas universitárias brasileiras
Apesar da gênese da competência em informação, preconizada inicialmente por Paul
Zurkowski (1974) estar atrelada a uma concepção técnica relacionada ao ambiente de trabalho dos
indivíduos, observa-se a ampliação do conceito para uma perspectiva social nas últimas décadas
que inclui sua aplicação em diferentes âmbitos (profissional, acadêmico, pessoal, social, entre
outros), para distintas finalidades como, por exemplo, para a construção e validação de princípios
democráticos, capacidade crítica no que se refere à avaliação da informação, reconhecimento da
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desinformação em diferentes meios como redes sociais (Zurkowski 2014; Mata 2022). Essa
competência se refere às relações dos indivíduos com o universo informacional, sugerindo ações
para que os indivíduos consigam identificar/expressar suas necessidades informacionais do
cotidiano, buscar informações quando for preciso e/ou quando sentirem desejo, avaliar a
informação de forma crítica, utilizar e comunicar eticamente as informações disponíveis em
quaisquer meios, entre outras formas de interação com os processos informacionais. Belluzzo
(2005) conceitua a competência em informação como um:
[...] processo contínuo de interação e internalização de fundamentos conceituais,
atitudinais e de habilidades específicas como referenciais à compreensão da
informação e de sua abrangência, em busca da fluência e das capacidades
necessárias à geração do conhecimento novo e sua aplicabilidade ao cotidiano das
pessoas e das comunidades ao longo da vida (BELLUZZO 2005 p. 38).
Alguns autores compreendem a competência em informação como um processo de ensino-
aprendizagem visando à construção de competências digitais, comunicacionais e informacionais
(Uribe Tirado 2014; Mata 2018). Neste sentido, tem-se a produção de conteúdos que devem ser
disponibilizados aos indivíduos por meio de diversas ações em ambientes de ensino, informação e
cultura, incluindo as bibliotecas universitárias. A partir disso, a biblioteca universitária deve ser
vista como um local de destaque no sistema educacional, um espaço em que se encontram diversos
tipos de recursos, produtos e serviços informacionais que podem contribuir para o alcance dos
objetivos educativos nas instituições de ensino.
A Association of College & Research Libraries (ACRL) disponibiliza um documento que
visa a estruturação de ações de competência em informação no contexto do ensino superior. São
apresentadas as estruturas conceituais, contendo práticas de conhecimento e disposições que se
relacionam aos posicionamentos que os indivíduos devem adotar diante do universo
informacional, como examinar a origem da informação e o contexto em que ela foi produzida,
compreender que a informação pode ser criada e disponibilizada a partir de diferentes meios e para
diversas finalidades, entender que a informação possui valor econômico, social e/ou educativo,
considerar que os processos de busca e avaliação da informação são complexos e que precisam de
estratégias diversificadas, entre outras questões (ACRL 2016). Recomenda-se que as atividades de
competência em informação abarquem o Framework proposto pela ACRL, por exemplo, e outros
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modelos e/ou conteúdos que possam ser adequados às necessidades informacionais dos indivíduos
que fazem parte dessas ações.
Em âmbito internacional, destacam-se os programas de competência em informação
implementados oficialmente nas instituições de ensino superior, como nos Estados Unidos, Nova
Zelândia, Austrália e Espanha. No contexto espanhol, Santos e Mata (2021) realizaram uma ampla
investigação a fim de compreender como estes programas se estruturam naquele país, identificando
um número expressivo de ações que estão consolidadas no contexto universitário, sendo
incorporadas à cultura organizacional das instituições.
No Brasil, conforme levantamento realizado por Mata e Alcará (2016), através da análise
dos trabalhos apresentados no Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias (SNBU) e no
Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação (CBBD), existem poucas ações desta
natureza sendo realizadas pelas instituições de ensino superior no país e, a maioria tem foco no
treinamento e/ou educação de usuários. Paralelamente, ao realizar um levantamento na Base de
Dados Referencial de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (Brapci), verifica-se uma
quantidade ínfima de trabalhos relacionados a programas de competência em informação nas
instituições de ensino superior brasileiras.
Destaca-se o estudo desenvolvido por Santos, Simeão e Nascimento (2016) em que são
relatadas as ações bibliotecárias e docentes ligadas ao Programa de Formação para a Competência
em Informação da Universidade de Brasília (UnB), no contexto da disciplina de “Tópicos
Especiais em Biblioteconomia e Ciência da Informação: Competência em Informação para a
Iniciação Científica”, disponibilizada no campus da Faculdade UnB Planaltina (FUP). A pesquisa
demonstrou que apesar de as ações carecerem de aperfeiçoamento, notou-se uma melhoria com
relação aos trabalhos científicos produzidos pelos discentes no que se refere às habilidades de
busca, recuperação e uso da informação de forma ética.
Santos et al. (2017) também contam a experiência do Grupo de Trabalho de Capacitação
de Usuários da Superintendência de Documentação da Universidade Federal Fluminense (UFF),
em que descrevem as ações voltadas à educação e à capacitação de usuários. Os autores relatam
como o programa auxilia seus usuários a aprimorar suas habilidades informacionais, tornando-os
cada vez mais autônomos nos processos de busca, recuperação e uso da informação no contexto
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acadêmico. Um dos principais objetivos das ações é permitir que a comunidade acadêmica
expanda suas possibilidades de acesso, interação, assimilação e uso da informação, impactando na
formação acadêmica, profissional e pessoal dos estudantes.
o trabalho de Peres, Miranda e Simeão (2016) objetiva criar um programa de
competência em informação para os estudantes da UnB, promovendo a qualificação para o acesso
e uso criativo da informação. Os autores pretendem implementar atividades de modo a fortalecer
as habilidades informacionais destes indivíduos para que se tornem multiplicadores no processo
de capacitação para pesquisa e busca de informações em atividades com estudantes da rede
pública, principalmente das escolas que se localizam nas proximidades da universidade. Assim,
além de contribuir para a formação acadêmica e social dos indivíduos vinculados à instituição, o
programa também almeja auxiliar no processo de ensino-aprendizagem dos estudantes das escolas
públicas.
Gerlin, Matta e Nunes (2019) compartilharam um processo de planejamento de programas
de competência em informação e competência leitora no âmbito universitário, com a atuação de
bibliotecários, docentes e discentes envolvidos em ações educacionais e culturais. A pesquisa
contempla objetivos referentes ao diagnóstico estrutural da instituição e da biblioteca universitária,
ações voltadas para os usuários da biblioteca, capacitação dos bibliotecários envolvidos na rede e
prevê a formação de multiplicadores. As autoras entendem que as universidades podem trabalhar
por meio de redes colaborativas, pois tendem a receber a contribuição de profissionais de diversas
áreas, facilitando o planejamento, implementação e execução de programas de competência em
informação.
Maia e Santos (2022) apresentaram um relato de experiência acerca do denominado
Programa de Formação de Competência em Informação para bibliotecários do Sistema Integrado
de Bibliotecas da Universidade Federal de São Carlos (SIBi-UFSCar) cuja atuação se relaciona à
capacitação profissional da equipe de colaboradores do sistema de bibliotecas da referida
universidade, bem como à criação de eventos, de atividades e de materiais voltados para a
satisfação das demandas da comunidade acadêmica.
O relato das experiências referentes às ações educacionais promovidas pelas bibliotecas é
fundamental para que se possa compreender os procedimentos de planejamento e execução de
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ações de competência em informação. Além disso, as instituições devem publicar (divulgar)
informações relativas às atividades em seus sites para que os estudantes possam participar dessas
práticas educacionais. Considera-se importante que as bibliotecas universitárias que não possuem
programas estruturados tenham acesso a informações que podem auxiliá-las como, por exemplo,
“consultar sites de bibliotecas com perfil semelhante que tenham um programa consolidado para
conhecer as ações realizadas de forma a buscar opções que sejam viáveis para a sua instituição”
(Nicolino e Casarin 2021 p. 16). A seguir são apresentados os procedimentos metodológicos da
presente pesquisa.
3 Procedimentos metodológicos
Trata-se de um estudo exploratório e documental com abordagem quali-quantitativa.
Primeiramente, acessou-se o site do Ministério da Educação (MEC), identificando-se 69
universidades federais. Adentrou-se nos sites oficiais dessas instituições, buscando-se pelas
homepages das bibliotecas centrais e setoriais, verificando-se a existência de 640 unidades de
informação.
A partir do acesso ao site institucional dessas bibliotecas, buscou-se pela seção relacionada
às ações de competência em informação, verificando-se a utilização de termos como
“treinamento”, “formação”, “capacitação”, “orientação de usuários” e, com menor recorrência,
“competência em informação” para designar tais seções. A exploração das páginas referentes a
estes serviços possibilitou a identificação de 657 práticas educacionais, incluindo as de cunho
presencial e virtual. Posteriormente, os dados relacionados à estrutura destas atividades foram
coletados com base nas categorias contidas no Quadro 1, no período compreendido entre abril e
maio de 2021.
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Quadro 1 Componentes estruturais das práticas educacionais relacionadas à competência em informação
Componentes estruturais das
atividades
Descrição
Modalidade
Atividade presencial, virtual ou híbrida
Tipo
Caráter de cada atividade (cursos, treinamento,
oficinas, etc)
Público-alvo
Indivíduos ou grupos de indivíduos aos quais o
programa é destinado
Colaboradores
Profissionais e/ou setores que atuam nas atividades
Recursos físicos e tecnológicos
Local onde os programas são ministrados (biblioteca,
salas de aula, etc) e quais os recursos tecnológicos
utilizados (plataformas de aprendizagem, sites, etc).
Integração curricular
Forma de integração das ações com os cursos e/ou
currículos
Conteúdos
Conteúdos abordados durante as atividades
Avaliação da aprendizagem dos
participantes e do programa no todo
Formas e tipos de instrumentos utilizados para
avaliar a aprendizagem dos estudantes e a qualidade
das ações
Divulgação das ações
Meios em que ocorre a divulgação das atividades
Fonte: elaborado pelas autoras (2023).
Com relação à análise dos dados coletados, utilizou-se a proposta de análise de conteúdo,
a qual pressupõe a categorização e subcategorização dos dados. A partir das categorias
mencionadas no Quadro 1, tornou-se possível compreender como se estruturam as atividades
educacionais disponibilizadas por bibliotecas inseridas nas universidades federais brasileiras.
4 Resultados e discussão
Esta seção apresenta os resultados obtidos por meio da verificação dos sites oficiais das
bibliotecas das universidades federais do Brasil. Das 640 unidades de informação identificadas,
25,31% (162) mencionam em seus sites a existência de ações educativas relacionadas à
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competência em informação. Em 74,69% (478) bibliotecas não foi possível identificar atividades
educacionais relacionadas à competência em informação. Conforme mencionado anteriormente,
verificou-se a disponibilização de 657 atividades/práticas educacionais realizadas por 162
instituições.
Cabe colocar que, entre as instituições que mencionam a existência de atividades em seus
sites, observou-se duas abordagens de descrição das ões. Na primeira forma de descrição, as
bibliotecas detalham cada uma das práticas oferecidas, informando o conteúdo específico da ação,
os colaboradores envolvidos, os recursos utilizados, etc. No segundo tipo de descrição, tem-se a
exposição das práticas de maneira geral, com breve apresentação dos serviços educacionais
oferecidos, sem descrevê-los de forma individual.
Desta forma, pode-se inferir que o número de atividades encontradas nos sites das
bibliotecas não representa o valor total das ações existentes, uma vez que algumas delas não
especificam o número de atividades as quais dispõem. Portanto, pressupõe-se que há uma
quantidade maior de atividades do que as encontradas neste estudo. Os outros resultados foram
apresentados conforme as subseções que seguem.
4.1 Modalidade das atividades
No âmbito das 162 bibliotecas que divulgam ações de competência em informação,
verificou-se a modalidade das atividades, com ações presenciais (que geralmente ocorrem nos
espaços físicos das instituições) e virtuais (que são realizadas por meio de plataformas de
aprendizagem ou outros recursos disponíveis na web). A Tabela 1 demonstra o quantitativo de
atividades e suas respectivas modalidades.
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Tabela 1 Modalidade das atividades relacionadas à competência em informação disponibilizadas pelas
bibliotecas das universidades federais do Brasil
Modalidade
Em bibliotecas centrais
Em bibliotecas setoriais
Total
Virtual
210
101
311
Presencial
109
49
158
Não mencionam
133
55
188
Total
452
205
657
Fonte: elaborado pelas autoras (2023).
A maior parte das ações é oferecida por meio das bibliotecas centrais e, em sua maioria,
disponibilizada de forma virtual. Das 657 atividades identificadas, 47,34% (311) são virtuais,
24,05% (158) são presenciais e em 28,61% (188) das atividades não foi possível identificar a
modalidade devido à escassez de informações nos sites institucionais das bibliotecas pesquisadas.
Salienta-se que as atividades virtuais têm ganhado destaque no cenário educacional nos
últimos tempos. No ambiente web, destacam-se as possibilidades de criação de conteúdos com a
utilização de técnicas tradicionais de ensino ou a elaboração de ações de caráter lúdico, além do
aprimoramento de estratégias de aprendizagem, fazendo com que os educadores responsáveis pela
elaboração de materiais interajam com os discentes, possibilitando também que criem desafios
cognitivos no processo de ensino-aprendizagem utilizando, por exemplo, metodologias baseadas
na resolução de problemas (Oliveira, Cortimiglia e Longhi 2015).
Entretanto, recomenda-se o oferecimento de atividades presenciais e híbridas pois, embora
muitos indivíduos se relacionem com a informação por meio do acesso virtual (Uribe Tirado 2014)
é necessário considerar as especificidades individuais, seus modos e seus tempos de aprendizagem,
bem como suas formas de lidar com as ferramentas que mediam este processo. Os indivíduos
possuem experiências prévias e fatores sociais que influenciam na aquisição de conhecimentos,
que devem ser considerados durante a elaboração e implementação das ações de competência em
informação (IFLA 2007).
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4.2 Tipo de atividades
Das 657 ações educacionais disponibilizadas por 162 bibliotecas inseridas nas
universidades federais brasileiras, verificou-se a existência de 27,85% (183) tutoriais, 17,96%
(118) treinamentos, 12,18% (80) cursos, 10,51% (69) visitas guiadas, 5,63% (37) capacitações,
3,35% (22) guias, 3,04% (20) manuais, 1,37% (9) lives, 1,22% (8) webinar, 1,07% (7) oficinas,
1,07% (7) palestras, 0,30% (2) eventos, 0,15% (1) aula, 0,15% (1) conferência e 0,15% (1)
atividade incluída em disciplinas. Contudo, em 14% (92) das atividades não foi possível identificar
suas tipologias, visto que alguns sites não apresentam este tipo de informação.
Com relação aos tutoriais, são as ações mais expressivas entre as bibliotecas e possuem a
finalidade de auxiliar os usuários a realizar, principalmente, os processos de busca da informação
em bases de dados e a demonstrar como utilizar ferramentas que auxiliem em questões acadêmicas.
Foram encontrados materiais elaborados pelos próprios bibliotecários ou importados de sites de
empresas desenvolvedoras de ferramentas de gestão bibliográfica e de portais (bases de dados)
relacionados à disponibilização de textos científicos.
No que se refere aos guias e manuais, estes são desenvolvidos com o propósito de indicar
as principais bases de dados, artigos, livros, entre outros materiais de diversas áreas do
conhecimento, além de facilitarem a compreensão sobre normas técnicas como, por exemplo, as
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), da American Psychological Association
(APA) e da Vancouver. Ressalta-se que os tutoriais, os guias e os manuais são considerados
materiais de apoio/autoformação no processo de ensino-aprendizagem (Santos e Mata 2022).
No que tange aos treinamentos, estes são caracterizados pela oferta de conteúdos
relacionados às habilidades informacionais, ministrados em um curto espaço de tempo. Com
finalidade similar, os cursos e capacitações também se destacam nas bibliotecas. Entretanto, estes
últimos possuem uma carga horária maior se comparados aos treinamentos. as visitas guiadas
se relacionam à apresentação dos principais recursos, produtos e serviços da unidade de
informação, bem como de sua estrutura física. Neste caso, o intuito é que os usuários estabeleçam
o primeiro contato com a biblioteca.
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Identificou-se, ainda, a realização de lives e webinars, em que ambas possuem finalidade
educativa, propiciando a abertura de debates entre os palestrantes e os espectadores,
principalmente por meio dos chats dos ambientes em que estão inseridos. No mesmo sentido,
detectou-se uma atividade do tipo “conferência”, na qual se caracteriza como uma exposição de
determinada temática e os indivíduos podem interagir com perguntas e diálogos. Cabe mencionar
a existência de palestras, que possuem características equivalentes das atividades supracitadas.
Contudo, averiguou-se que elas ocorrem preferencialmente de forma presencial.
as oficinas são ações práticas acerca de determinado tema, ministradas com curta
duração e que abrangem um amplo grupo de usuários. No que concerne aos eventos, as instituições
não detalham informações acerca dos mesmos. Porém, observou-se que eles são direcionados à
apresentação de temáticas específicas e costumam mobilizar uma parte considerável da
comunidade acadêmica. Observou-se, ainda, a disponibilização de aula e de atividade incluída em
disciplina. Nestes casos, a biblioteca oferta ações para disciplinas específicas dentre os variados
cursos de graduação e pós-graduação das instituições a partir da demanda do corpo docente e
discente.
4.3 Público
O público ao qual as ações são destinadas é composto pela comunidade acadêmica e, em
algumas instituições, pela comunidade externa. Fazem parte desta comunidade os discentes de
graduação e pós-graduação, servidores docentes e técnico-administrativos das universidades. Já a
comunidade externa é constituída por indivíduos que não possuem vínculo formal com as
universidades.
Santos e Mata (2021), quando discorrem sobre as práticas de competência em informação
implementadas nas instituições de ensino superior espanholas, destacam que naquele país há uma
preocupação em estabelecer atividades de competência em informação que estejam em
conformidade com as características específicas de seus usuários. Dessa forma, as instituições
espanholas dividem seus usuários em categorias (estudantes que estão ingressando na instituição;
estudantes que estão na metade de seus cursos; estudantes finalistas; docentes, etc).
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De acordo com as autoras, este tipo de divisão contribui para que as atividades avancem
com relação à complexidade e temática, além de ocorrerem durante todo o período dos cursos de
graduação e pós-graduação (Santos e Mata 2021). Entretanto, no Brasil, não foi observada a
mesma estratégia entre as universidades federais. Nota-se que a maioria das atividades são
oferecidas a todos os públicos, independentemente de seu nível de formação.
4.4 Colaboradores e integração com outros setores
Com relação aos colaboradores, notou-se que os bibliotecários são os profissionais que
mais participam das ações, seja na elaboração e/ou desenvolvimento das atividades. No entanto, a
depender do tipo de ação, os profissionais da área de tecnologia da informação também fornecem
apoio, auxiliando com os recursos tecnológicos como computadores, internet e outros dispositivos.
Ainda, identificou-se a participação de palestrantes externos às bibliotecas como professores e
colaboradores de outras instituições.
Ressalta-se que a participação engajada de profissionais internos e externos à biblioteca é
fundamental para a consolidação de programas de competência em informação. A IFLA (2007)
indica que o êxito destes programas depende de um compromisso firmado em âmbito institucional,
envolvendo o diálogo e o apoio entre as lideranças institucionais e os profissionais que planejam
as ações, visando à composição de “[...] um esquema acadêmico de colaboração com professores
e docentes universitários, outros bibliotecários, coordenadores de tecnologia, administradores,
responsáveis pelo planejamento de currículo e facilitadores de aprendizagem” (IFLA 2007 p. 19).
Constatou-se que os sites institucionais das bibliotecas das universidades federais brasileiras não
trazem detalhamentos sobre como ocorre a integração com outros setores das universidades.
4.5 Recursos físicos e tecnológicos
Com relação aos recursos físicos, constatou-se que as atividades presenciais, geralmente,
ocorrem nas próprias bibliotecas. Laboratórios de informática, salas de aula e auditórios também
são utilizados, contudo, com menor frequência. Por meio das informações disponibilizadas nos
sites das bibliotecas, não foi possível identificar salas nas unidades de informação que possuam
finalidade exclusiva de atender à formação dos usuários.
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SANTOS, Júlia Schettino Jacob dos; MATA, Marta Leandro. Práticas Educacionais Relacionadas à Competência em
Informação nas Bibliotecas das Universidades Federais Brasileiras. Brazilian Journal of Information Science:
research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023, e023033. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023033.
No que concerne aos recursos tecnológicos, observou-se que as atividades virtuais utilizam
os seguintes recursos: apresentações na plataforma Prezi, vídeos disponibilizados no Youtube,
compartilhamento de documentos no Google Drive, arquivos em formato PDF disponibilizados
no próprio site institucional, plataformas virtuais de aprendizagem e de serviço de conferência
como Moodle e MConf, respectivamente. nas atividades presenciais são demandados projetores
de slide, computadores e internet.
4.6 Integração curricular
No que concerne à integração das atividades relacionadas à competência em informação
com o currículo dos discentes, constatou-se que maioria das bibliotecas não apresenta informações
em seus sites acerca de como ocorre a inserção e/ou participação no currículo dos cursos, sejam
eles de graduação ou pós-graduação. Entretanto, observou-se que algumas atividades podem ser
solicitadas por professores, coordenadores de curso ou grupos de estudantes interessados em
temáticas específicas, ou que apresentem dúvidas sobre algum produto, recurso ou serviço da
biblioteca, vinculando-se as ações às necessidades informacionais dos indivíduos.
O ideal, conforme alguns documentos importantes para a consolidação da competência em
informação, como a Declaração de Havana e as “Diretrizes sobre desenvolvimento de habilidades
em informação para a aprendizagem permanente”, da IFLA (2007; 2012), é que os programas
educacionais relacionados à aprendizagem acerca dos processos informacionais façam parte do
currículo em todas as fases do ensino formal (educação básica e superior). Ressalta-se que as
bibliotecas podem desenvolver atividades curriculares (somando créditos e/ou carga horária ao
currículo) ou extracurriculares (sem a obrigatoriedade de oferecimento de tais créditos), como
ocorre nas bibliotecas universitárias espanholas (Santos e Mata 2021).
4.7 Conteúdo das atividades
Os conteúdos ministrados nas atividades das bibliotecas universitárias brasileiras em nível
federal foram detalhados conforme disposto no Quadro 2. Tal divisão segue a mesma linha de
raciocínio de Santos e Mata (2021), que elaboraram um quadro com as mesmas categorizações
(conteúdo, sub-conteúdo e descrição) para analisar atividades de competência em informação no
contexto universitário espanhol.
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SANTOS, Júlia Schettino Jacob dos; MATA, Marta Leandro. Práticas Educacionais Relacionadas à Competência em
Informação nas Bibliotecas das Universidades Federais Brasileiras. Brazilian Journal of Information Science:
research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023, e023033. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023033.
Quadro 2 - Conteúdos das atividades educacionais voltadas à competência em informação nas
universidades federais brasileiras
Conteúdo
Descrição
Biblioteca
Apresentação dos recursos, produtos e serviços da
biblioteca
Busca da informação
Busca da informação através de operadores
booleanos, filtros, entre outras estratégias. Realização
de buscas simples e avançadas
Uso ético da
informação
Utilização da informação de maneira ética em
trabalhos acadêmicos, respeitando-se a indicação de
autoria
Bases de dados
Utilização de bases de dados científicas em diversas
áreas do conhecimento, utilizando seus recursos de
busca e recuperação da informação
Gestão da
informação
Gestão das informações necessárias para a produção
de trabalhos acadêmicos e científicos
Normalização
Estruturação e utilização das principais normas para
trabalhos acadêmicos
Comunicação
científica
Criação de perfis para divulgação de currículos
através da Plataforma Lattes
Fonte: elaborado pelas autoras (2023).
Com relação ao conteúdo referente à biblioteca, observou-se a disponibilização de
atividades, sobretudo presenciais, em que os profissionais apresentam os principais produtos,
serviços e recursos da unidade de informação. Os produtos se referem aos livros, periódicos
impressos, entre outros materiais. Os recursos dizem respeito às ferramentas, como catálogos e
bases de dados etc., oferecidas pelas bibliotecas. os serviços estão relacionados às ações
oferecidas pelas bibliotecas para contribuir com o processo de ensino-aprendizagem dos usuários
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SANTOS, Júlia Schettino Jacob dos; MATA, Marta Leandro. Práticas Educacionais Relacionadas à Competência em
Informação nas Bibliotecas das Universidades Federais Brasileiras. Brazilian Journal of Information Science:
research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023, e023033. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023033.
sobre o universo informacional como, por exemplo, as próprias atividades ligadas à competência
em informação (Santos e Mata 2021).
A busca da informação diz respeito à indicação de sites de pesquisas acadêmicos, a
elaboração de estratégias de busca através da utilização de operadores booleanos e filtros para uma
recuperação mais precisa, que seja condizente com as necessidades informacionais. Com relação
ao uso ético da informação, as atividades estão direcionadas, principalmente, a instruir os usuários
sobre a importância de citar, referenciar e indicar a autoria das fontes utilizadas em trabalhos
acadêmicos, evitando-se o crime de plágio, entre outros problemas relacionados aos direitos
autorais. Aponta-se a relevância de atividades que abordem questões éticas que as bibliotecas
têm um “[...] papel potencial a desempenhar na conscientização sobre como usar os dados de forma
ética, a fim de apoiar pesquisas eficazes e novos insights científicos” (IFLA 2021).
No que tange ao conteúdo sobre as bases de dados, as bibliotecas se dedicam a desenvolver
treinamentos e/ou disponibilizar tutoriais para demonstrar como utilizar tais bases em variadas
áreas do conhecimento visando à autoformação. Observou-se o fornecimento de diversos materiais
com o objetivo de explicar como acessar o Portal de Periódicos da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). No que tange à gestão da informação,
têm-se a apresentação, sobretudo por meio de tutoriais, acerca dos denominados “gestores
bibliográficos” como Endnote e Mendeley.
No que concerne à normalização, as unidades de informação apresentam normas para
redação de trabalhos acadêmicos como as da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
e Vancouver, demonstrando como utilizá-las e interpretá-las. com relação à comunicação
científica, as instituições disponibilizam materiais a respeito de como criar e utilizar perfis para
divulgação de pesquisas e trabalhos acadêmicos a partir da Plataforma Lattes, que consiste em um
sistema para armazenamento e disseminação de currículos virtuais.
De modo geral, notou-se que a maioria das atividades propostas pelas unidades de
informação têm seus conteúdos voltados à dimensão técnica da competência em informação, teoria
fundamentada por Vitorino e Piantola (2009), focando-se em estratégias de busca e recuperação
da informação, utilização de bases de dados e compreensão sobre a estrutura física, recursos,
produtos e serviços disponibilizados pela biblioteca. Contudo, observou-se que as instituições de
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SANTOS, Júlia Schettino Jacob dos; MATA, Marta Leandro. Práticas Educacionais Relacionadas à Competência em
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ensino superior federais brasileiras, em sua maioria, não abordam com frequência a caracterização
de fontes de informação e a avaliação da informação que, por sua vez, auxiliam no entendimento
e desenvolvimento da competência em informação
Cabe apontar a necessidade de desenvolvimento de outros conteúdos relacionados às
dimensões estética, ética e política da competência em informação. Uma das temáticas a serem
abordadas, por exemplo, é a avaliação da informação para a compreensão da desinformação e
detecção de fake news. Alguns estudos em âmbito internacional demonstram resultados positivos
no que tange à realização de atividades sobre a desinformação, permitindo que estudantes de
variados níveis acadêmicos tenham acesso a aulas, apostilas, kits de aprendizagem entre outros
recursos para que possam detectar informações falsas, propiciando a produção, a apropriação e o
compartilhamento da informação de forma ética, seja em trabalhos acadêmicos ou em contextos
pessoais (Antunes, Lopes e Sanches 2021; Nygren et al. 2021; Gil 2021).
Para que as bibliotecas universitárias elaborem os conteúdos das atividades, é necessário
que se atentem para as reais necessidades de seus usuários, investigando as características,
especificidades e comportamento informacional do público-alvo das ações. Mata (2022) realizou
uma pesquisa para compreender as relações entre os estudos de usuário e as ações de competência
em informação, verificando que as investigações acerca do comportamento informacional dos
indivíduos podem contribuir para o planejamento de programas de competência em informação,
uma vez que estes estudos estão ligados à verificação das necessidades de informação [...]
conforme o contexto em que os indivíduos estão inseridos, observando-se as potencialidades e
fragilidades em referência aos processos informacionais, de maneira a elaborar conteúdos mais
direcionados” (Mata 2022 p. 48).
4.8 Avaliação da aprendizagem dos usuários e das atividades
Belluzzo, Santos e Almeida Júnior (2014) colocam que a avaliação deve ser realizada
durante todo o processo de aprendizagem e não apenas ao final das atividades educacionais. Os
autores afirmam que a avaliação é “[...] uma forma de melhorar a aprendizagem e o desempenho
das pessoas durante as atividades de competência em informação, como também de acusar lacunas
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SANTOS, Júlia Schettino Jacob dos; MATA, Marta Leandro. Práticas Educacionais Relacionadas à Competência em
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e apontar melhorias em programas de desenvolvimento da competência em informação”
(Belluzzo, Santos e Almeida Júnior 2014 p. 69).
No contexto das bibliotecas universitárias das universidades federais, constatou-se a
escassez de informações sobre como ocorrem as avaliações ou se elas são aplicadas, seja da
aprendizagem dos estudantes ou da qualidade das ações no todo. Entretanto, observou-se que
algumas das atividades são oferecidas por meio da plataforma Youtube. Neste caso, os indivíduos
que assistem aos vídeos disponibilizados por essa plataforma podem escrever comentários e
demonstrar que gostaram ou não do conteúdo disponibilizado através dos recursos do próprio
Youtube como a opção “Gostei” e “Não gostei”. Porém, por meio dos dados coletados não
como definir explicitamente se as bibliotecas utilizam esse dispositivo como forma de avaliação.
Algumas instituições, embora seja a minoria, informam a disponibilização de certificados
de participação aos usuários que responderem a questionários avaliativos. Tais instituições não
apresentam mais informações a respeito de como estes questionários são estruturados. Acredita-se
que a avaliação é parte fundamental no processo de implementação/execução de ações de
competência em informação, visto que, por meio desta etapa, os profissionais terão base para
modificar, ampliar ou excluir práticas conforme as necessidades dos usuários, bem como poderão
identificar se as ações estão sendo suficientes para contribuir com o processo de ensino-
aprendizagem dos indivíduos.
4.9 Divulgação das atividades
No que se refere às formas de divulgação das atividades disponibilizadas pelas bibliotecas
das universidades federais brasileiras, verificou-se a utilização de perfis das próprias bibliotecas
em diversas redes sociais com ênfase no Youtube, Facebook, Instagram e Twitter, além dos
próprios sites institucionais que foram as fontes de informação escolhidas para a realização da
presente pesquisa.
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SANTOS, Júlia Schettino Jacob dos; MATA, Marta Leandro. Práticas Educacionais Relacionadas à Competência em
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3 Conclusões
As práticas educacionais relacionadas à competência em informação podem contribuir para
a promoção da educação de qualidade com vistas à formação integral dos indivíduos, propiciando
o desenvolvimento das habilidades técnicas de busca, recuperação e uso, bem como a avaliação
crítica e reflexiva das informações. No contexto das universidades federais do Brasil, observou-se
que as atividades ocorrem de forma presencial e virtual, sobressaindo-se a
produção/compartilhamento de materiais de autoformação (tutoriais, guias e manuais), além da
realização de cursos, oficinas, entre outros tipos de atividades. Os principais colaboradores
envolvidos são os bibliotecários. Verificou-se conteúdos voltados aos recursos, produtos e serviços
das bibliotecas, busca e uso ético da informação, acesso às bases de dados, gestão da informação,
normalização e comunicação científica.
Os sites das bibliotecas não apresentam muitas informações a respeito de como/e se ocorre
a integração das atividades com o currículo dos cursos e não detalham como/e se acontece a
avaliação da aprendizagem dos participantes, bem como a avaliação da qualidade das ações. As
principais formas de divulgação são o Youtube, o Instagram, o Facebook, e o Twitter, além dos
próprios sites institucionais. Aconselha-se que ao desenvolver as atividades educacionais, as
bibliotecas universitárias divulguem informações detalhadas acerca das práticas que realizam em
seus sites oficiais e em suas redes sociais, possibilitando que outras unidades de informação
possam se inspirar, além de propiciar o acesso a estas informações para os próprios participantes
das atividades.
Considera-se que o objetivo geral e os objetivos específicos deste estudo foram alcançados
uma vez que foi possível identificar como ocorrem as práticas educacionais relacionadas à
competência em informação, proporcionando a visualização de um panorama das ações no
contexto universitário brasileiro. Acredita-se que mais estudos teóricos e práticos devem ser
realizados, de modo a ampliar as temáticas trabalhadas nas ações, sobretudo no que se refere aos
aspectos éticos, críticos e responsáveis de produção, apropriação e disseminação da informação.
Esta investigação, especificamente, contribui para a realização de um programa de competência
em informação no âmbito universitário, trazendo alguns subsídios referentes às ações realizadas
nas instituições de caráter federal brasileiras.
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SANTOS, Júlia Schettino Jacob dos; MATA, Marta Leandro. Práticas Educacionais Relacionadas à Competência em
Informação nas Bibliotecas das Universidades Federais Brasileiras. Brazilian Journal of Information Science:
research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023, e023033. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023033.
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Received: 04/02/2023 Accepted: 08/08/2023