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REGLY, Tainá; PIMENTA, Ricardo Medeiros; SALES, Luana. Convergências Emergentes: ensaios interseccionais
entre informação, memória e campos conexos como a Organização do Conhecimento, a Preservação e a
Curadoria Digital. Brazilian Journal of Information Science: Research trends, vol. 17, publicação contínua,
2023, e023020. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023020.
CONVERGÊNCIAS EMERGENTES:
ensaios interseccionais entre informação, memória e
campos conexos como a Organização do
Conhecimento, a Preservação e a Curadoria Digital.
Emerging Convergences: intersectional essays between information, memory and related fields such as
Knowledge Organization, and Digital Preservation and Curation
Tainá Regly (1), Ricardo Medeiros Pimenta (2) Luana Sales (3)
(1) Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, Brasil, taina.regly@gmail.com,
(2) ricardo.pimenta@gmail.com,
(3) luanafsales@gmail.com
Resumo
Propõe uma análise conceitual com o intuito de elucidar a relação convergente entre as atividades que se
caracterizam pelo fazer científico, crítico e técnico das práticas da Organização do Conhecimento; da
Preservação Digital e da Curadoria Digital e dos estudos da Memória. Tem como objetivo discutir questões
referentes à identificação da Organização do Conhecimento dentro das atividades de curadoria digital,
entendendo suas possíveis implicações para com a preservação e o acesso à memória institucional e
científica, que por sua vez, do ponto de vista aplicado, acaba por requerer a existência de um repositório
para a salvaguarda de objetos digitais. A metodologia é classificada como a materialização inicial de um
esforço coletivo calcado em um método dedutivo, onde partimos das características básicas dessas
atividades já listadas para o particular que se traduz na perspectiva de natureza convergente entre elas e se
faz presente por meio de uma pesquisa de ordem básica, qualitativa e exploratória a partir de um
levantamento, seguido de debate, bibliográfico. Conclui-se que não é possível pensar na salvaguarda de
objetos digitais sem que também haja uma reflexão crítica sobre os critérios utilizados para sua descrição e
sobre o vocabulário que viabiliza sua posterior recuperação. Em meio a tantas nuances, ainda é necessário
pensar na proposição de políticas que fundamentam a construção de um repositório voltado não
para o armazenamento dos objetos digitais, como também para a disposição do acesso e para o
gerenciamento pleno por todo o seu ciclo de vida.
Palavras-chave: Memória; Curadoria Digital; Sistemas de Organização do Conhecimento; Repositório
institucional.
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Abstract
It proposes a conceptual analysis in order to elucidate the convergent relationship between the activities
that are characterized by the scientific, critical and technical practices of Knowledge Organization, Digital
Preservation and Digital Curatorship and Memory studies. It aims to discuss issues related to the
identification of Knowledge Organization within digital curatorial activities, understanding its possible
implications for the preservation and access to institutional and scientific memory, which in turn, from an
applied point of view, ultimately requires the existence of a repository for the safeguarding of digital
objects. The methodology is classified as the initial materialization of a collective effort based on a
deductive method, where we start from the basic characteristics of these activities already listed for the
particular that is translated into the perspective of a convergent nature between them and is present through
a basic, qualitative and exploratory research from a survey, followed by a debate, of the bibliography. It
concludes that it is not possible to think about safeguarding digital objects without also reflecting critically
on the criteria used for their description and on the vocabulary that enables their subsequent retrieval.
Amidst so many nuances, it is still necessary to think about the proposition of policies that support the
construction of a repository focused - not only - on the storage of digital objects, but also on the provision
of access and the full management of their life cycle.
Keywords: Memory; Digital Curation; Knowledge Organization Systems; Institutional repository.
1 Introdução
A Organização do Conhecimento (OC) é, desde seus modelos classificatórios aos meios de
representação, calcada na quase ingênua vontade de organizar tudo que se conhece com o intuito
de garantir categorizar ideias e/ou tornar tangíveis recursos à manutenção de uma memória social
(Guimarães e Dodebei 2012).
Tais recursos são tanto de natureza técnica como tecnológica. Ou seja, a prática da
Curadoria Digital ou a ferramenta na forma de um repositório são respectivamente fundamentais
para uma gestão ativa, que representa um cuidado mais detido em observância ao ciclo de vida de
dados (Higgins 2011) e de informação, e para preservar, recuperar e compartilhar o que se deseja
garantindo sustentabilidade dos dados para emprego futuro (Sayão and Sales 2012) no tocante à
produção contínua de conhecimento no âmbito científico.
Organizar, preservar, curar e lembrar são ações que representam técnicas, teorias e práticas
aparentemente distintas, mas extremamente complementares. Uma “cultura da convergência”
(Jenkins 2009), cada vez mais presente na vida social e cultural da sociedade global, também vem
sendo mais e mais reproduzida no âmbito da ciência e da tecnologia, assim como em sua dimensão
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política. E é nesse contexto que queremos chamar a atenção para um fenômeno crescente de
aceleração das dinâmicas implícitas nesses espaços.
Em vista da crescente aceleração da vida, conforme já asseverou Hartmut Rosa (2019) ao
apontar o paradoxo entre a aceleração social moderna, ligada às formas de velocidade
materializadas pelas tecnologias de transporte, informação e comunicação; e a tardia, onde sua
respectiva escalada nos leva a intermitente ocupação do tempo por mais ações e informações e,
portanto, à percepção de que não há tempo suficiente; o rol de ações humanas lato sensu enfrenta
um grande desafio em termos de acompanhamento das informações, práticas, aprendizagem,
comunicação e seus respectivos processos de produção de conhecimento. Isso para se ater somente
às práticas cujos fenômenos sociais aqui dispostos se relacionam com certas técnicas ligadas direta
ou indiretamente ao fazer científico.
A condição entrópica da informação, ou seja, de sua expansão desordenada, tem seu pivô
no desenvolvimento tecnológico e no incremento de uma cultura cada vez mais marcada pelos
recursos digitais, sejam eles materiais, estéticos e/ou discursivos. Curiosamente, é também a partir
deste cenário que se torna possível o aperfeiçoamento dos recursos sociotécnicos ligados à
produção científica. Com efeito, estamos diante de um paradoxo entre o desenvolvimento ou
mesmo a aceleração do conhecimento científico e o crescente desafio de gerenciá-lo ou seja,
de conter seu potencial entrópico em face da crescente aceleração de dados, informação e de seus
respectivos meios de processamento de modo a garantir sua sustentabilidade na cena social
contemporânea. E é nesse contexto que nos cabe ressaltar o quanto formas de análise críticas e
técnicas de organização do conhecimento foram tão urgentes para o cenário informacional atual.
Não obstante, sinalizar a convergência possível entre a OC e seus respectivos sistemas, a
Preservação Digital e a Curadoria Digital, é fundamental para se compreender que cada um
compõe formas de organização, gestão e execução da informação e direta ou indiretamente
materializam, via suportes da informação, a memória em suas dimensões social, cultural,
institucional. São por meio destas que a memória científica não apenas se encontra tangível, como
também acessível, transmissível e se integra a parte do conhecimento humano.
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A OC serve, a priori, de arranjo para recuperação e controle dos domínios, mas sozinha
não considera necessariamente aspectos ligados à sua preservação, apesar de implicitamente
necessitar dela que o ato da recuperação pressupõe a preservação. Em outras palavras, apenas
armazenar ou "entulhar" dados e informações via suportes detentores de conhecimento não é
suficiente para garantir uma vida longa à informação. Assim, podemos afirmar que preocupações
com a preservação do conhecimento a fim de evitar perdas têm grande auxílio, principalmente
quando os suportes podem ser um repositório de dados, por exemplo, nos Sistemas de Organização
do Conhecimento (SOC), principalmente em nossa atualidade cuja velocidade com que se cobra a
comunidade científica aproxima a produção, as próprias universidades e centros de pesquisa a uma
ótica produtivista neoliberal de atuação (Rotenberg e Lima Carlos 2018).
E é nesse sentido que atestamos a urgência de um exercício de convergência de olhares
sobre os aspectos da preservação digital e da curadoria digital para discutirmos o papel dos SOC
como recursos tecnológico-digitais essenciais para a preservação de tudo que em face da
exponencial aceleração da produção de dados e informação, constitui nosso conhecimento no
campo científico e infocomunicacional.
Consideremos, portanto, o seguinte postulado: a explosão informacional na primeira
metade do século XX, impulsionada pelo crescente investimento em pesquisa e experimentações,
que envolvem cenários que vão do pós-guerra até a ordem econômica vigente, somente ratificou
o princípio do caos no universo científico. Esse caos é representado pela expansão desordenada da
informação a reboque do desenvolvimento tecnológico. Sua variedade, volume e velocidade (3V)
tem exigido cada vez mais recursos de ordem técnica, cognitiva e material com o intuito de dirimir
esse mesmo caos. Para evitar que o “incêndio”, muito inflamado pelas tecnologias da informação
e comunicação, se espalhasse, medidas para cercear a desordem tornaram-se necessárias, tal como
a implementação de sistemas que dessem conta de organizar o conhecimento. Nada de novo ao
considerarmos o aspecto sobre o qual debruça-se a OC. Sua natureza é, portanto, alicerçada na
ambivalência do conhecimento que se organiza pela existência crua da entropia que lhe precede.
A entropia da produção de dados e de informação, encampada pela velocidade e volume com que
estas se desenrolam. Essa relação paradoxal é bem sintetizada por Adelaide Pacheco (2021) ao
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considerar a dualidade homem versus técnica na obra de Bernard Stiegler, filósofo da cnica
falecido em 2020.
Este ponto de nossa argumentação é importante. Já ao trazermos à baila a OC e a questão
da memória é mister considerar para esta última sua perspectiva de memória transgeracional ou
comunicacional (Assmann 2008), portanto calcada nos suportes da informação. Esta organiza,
acumula, transmite. E se também transmite, possui ordem; sentido; remetente. O que conhecemos
como memória transgeracional é, nada mais, que o produto da cultura material. Repleta de
informação, seja pelos artefatos que se preservam, seja pelos meios de exercício das práticas de
curadoria que garantem uma melhor gestão e recuperação.
Assim, o que se pretende elucidar por meio desse artigo trata da relação, que inicialmente
a compreendemos como primária e convergente, entre as atividades que se caracterizam pelo fazer
científico, crítico e técnico das práticas da OC; da Preservação e da Curadoria Digitais e dos
estudos da Memória. Ou seja, o objetivo do presente trabalho consiste em discutir questões
referentes à identificação da OC dentro das atividades de curadoria digital, entendendo suas
possíveis implicações para com a preservação e o acesso à memória institucional e científica, que
por sua vez, do ponto de vista aplicado, acaba por requerer a existência de um repositório para a
salvaguarda de objetos digitais.
Tal abordagem nos parece original, e necessária, uma vez que essas mesmas práticas são
claramente fundamentais para o acesso e manutenção do que entendemos ser a memória
institucional e científica. Contudo, na literatura científica tal perspectiva de convergência
aparentemente não se faz tão presente.
Nesse sentido podemos classificar este artigo como a materialização inicial de um esforço
coletivo calcado em um método dedutivo, onde partimos das características básicas dessas
atividades já listadas para o particular que se traduz na perspectiva de natureza convergente entre
elas e se faz presente por meio de uma pesquisa de ordem básica, qualitativa e exploratória a partir
de um levantamento, seguido de debate, bibliográfico. Não obstante, a título de esclarecimento, a
pesquisa aqui realizada faz parte de um conjunto de ações investigativas que compõem um projeto
de pesquisa maior, onde a abordagem se configura como de pesquisa-ação, ligado à
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reflexividade de práticas de um laboratório de pesquisa voltado às Humanidades Digitais. Neste
escopo, o que nos detém neste artigo é parte do alicerçamento dos fundamentos críticos
empregados nesse projeto maior e que aqui nos circunscreve.
A partir disso, buscaremos refletir sobre a importância das ações do ciclo de vida dos
documentos digitais presentes nos repositórios com vistas a garantir seu uso e acesso a longo prazo.
A adoção de uma postura exploratória consiste em maior flexibilidade (Gil 2017) para avaliar e
compreender essas atividades descritas que, de uma forma ou de outra, tratam da manutenção do
conhecimento, seja pela sua organização, gestão, armazenamento, seja por sua representação e
evocação na vida social e cultural.
Dessa forma, intentamos dar um primeiro passo nessa direção analítica com fins de
aprofundar o conhecimento de uma determinada realidade, relacionando diferentes hipóteses a
partir de material publicado sobre as temáticas escolhidas (Lakatos e Marconi 2003). Sendo
assim, com o intuito em se adentrar mais na relação entre Memória, suas abordagens e implicações,
com a OC e suas principais premissas, este trabalho foi organizado em três seções conceituais e
descritivas.
Na primeira seção, apresenta-se o campo da Memória e sua capacidade de estabelecer uma
ponte de aproximação entre passado e presente por meio dos registros do conhecimento e sua
preocupação com a preservação dos mesmos. Conclui-se o segmento introduzindo a memória
institucional e sua principal finalidade: preservar os diversos registros do conhecimento em
variados campos do conhecimento.
Na segunda seção, introduz a necessidade do controle dos domínios de conhecimento por
meio de sistemas de organização e, por causa disso, aprofunda-se mais a preocupação com a
preservação dos suportes de produção do conhecimento, sobretudo na atualidade, apresentando os
repositórios institucionais como ambiente que viabiliza as ões para curadoria digital. Por fim,
descreve-se como a OC atua de modo ptico para preservação dos documentos depositados nos
repositórios institucionais por meio do ciclo da vida do documento e orienta ações que visam tornar
os registros acessíveis para que possam servir de fontes de dados que venham a subsidiar pesquisas
futuras e fortalecer a ciência.
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2 Uma breve digressão sobre memórias: coletivas e institucionais
Ao buscar compreender a importância da memória institucional e sua relação com a
curadoria digital para manutenção dos elementos a serem preservados, é relevante considerar duas
abordagens que versam sobre sua conceituação antes de sua definição de maneira mais geral. O
primeiro viés filosófico data o final do século XIX com as discussões levantadas por Henri Bergson
a respeito da memória e percepção, enquanto o segundo viés emerge em meados do século seguinte
século XX mediante estudos realizados por Maurice Halbwachs a respeito da concepção de
memória coletiva.
Para Bergson (1999 p.80), a memória estabelece uma relação estrita com a percepção na
medida em que a primeira “intercala o passado no presente, condensa também, numa intuição
única, momentos múltiplos da duração, e assim, por sua dupla operação, faz com que de fato
percebamos a matéria em nós, enquanto de direito a percebemos nela”. Sendo assim, a percepção
de uma dada realidade é feita através de lembranças de uma certa duração, onde percepção e
memória se complementam e dão forma às imagens de recordação. Para o autor, esse processo de
rememoração é posto a partir de “gatilhos”, ou insights, ocorridos no presente que o úteis a ações
realizadas pelo corpo, este, o qual, não armazena lembranças, mas escolhe trazê-las à consciência
apenas de maneira fragmentada, criando uma espécie de reserva de memórias que habitam naquilo
que Bergson chamaria de “espírito”.
Halbwachs (2004) crê que a memória não emerge do interior do indivíduo, tal como
Bergson. Para o referido autor da vez, ao rememorar algo o indivíduo o faz tendo como referência
elementos simbólicos, discursivos, políticos e culturais coletivos. E que ao serem confrontados em
face de fatos ocorridos no presente, promovem sua impressão por meio de uma memória que
jamais é dissociada dos fatores sociais, coletivos que a fundamentam. A ideia de uma memória
coletiva é construída tendo o âmago de um grupo como referência para sua existência. Sendo
contraposta a uma perspectiva individual onde a memória do “indivíduo não é apenas sua, mas
também é uma dimensão adquirida que ultrapassa o plano individual e, uma vez que nenhuma
memória acontece fora da sociedade, toda memória passa a ser coletiva” (Soares et al. 2013 p. 10).
Nesse sentido,
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nossas lembranças permanecem coletivas, e elas nos são lembradas pelos outros,
mesmo que se trate de acontecimentos nos quais só nós estivemos envolvidos, e
com objetos que só nós vimos. É porque, em realidade, nunca estamos sós. Não
é necessário que outros homens estejam lá, que se distingam materialmente de
nós: porque temos sempre conosco e em nós uma quantidade de pessoas que não
se confundem. (Halbwachs 2004 p. 30).
Portanto, apesar de a memória ser elaborada no núcleo de grupos sociais, elas são passíveis
de influências pelo que lhe é externo, sendo então formadas pela combinação e interação das
diversas experiências dos sujeitos com o contexto no qual está inserido. Entendendo que a memória
coletiva também pode ser chamada de social por ser constituída por conhecimentos comunitários
relacionados à cultura, costumes e crenças de um povo, consideramos a memória como um
fenômeno social, pois é através dela que fatos são rememorados, é construída uma identidade e a
cultura é vivenciada. Assim como é, o conhecimento, preservado e transmitido.
É a partir da memória que são produzidos hábitos e costumes através das experiências
vividas, transpassando aspectos individuais e abarcando grupos sociais onde o sujeito está inserido,
fomentando a construção de sua identidade (Soares et al. 2013; Felipe et al. 2020).
Para Crippa (2010), a memória permite o resgate do que está no passado de forma a
comparar com o que está localizado no presente, além de preservar informações que são essenciais
para a experiência dos sujeitos e do conhecimento. A partir dessa afirmação há uma observação a
fazer: não existe resgate do que está no passado pois ele não é tangível. O que é a possibilidade,
tangível sim, de rememoração, de “dar sentido” a uma reminiscência, com base naquilo que se
preservou, se manteve, mas a construção é sempre uma construção do presente, tendo elementos
do presente como fundamentais à forma que essa ou aquela memória tomará, e isso é sempre
direcionado para o futuro. Dito isso, ratificamos sua segunda afirmação de que informações
preservadas são, portanto, essenciais para o conhecimento. Ademais, para a autora, a memória é o
único instrumento através do qual as ideias e palavras podem ser reunidas e impressas com direção
do tempo e continuidade social. A memória se configura como princípio para a transmissão
cultural pois, sem ela, desapareceriam os elos sociais, a noção de sociedade, as identidades
individuais e coletivas e a possibilidade de construção do conhecimento.
No mais, a memória é uma construção social, produzida pelos homens a partir de
suas relações, de seus valores e de suas experiências vividas. Ela sofre
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transformações à medida que o tempo passa, a história dos indivíduos toma um
novo rumo. Assim, pode-se dizer que a memória não se restringe apenas um
registro dos fatos, mas uma combinação de construções sociais do passado, que
se agregam a fatores significantes da vida social de um presente, sendo
permanentemente reconstruída. (Farias e Bizello 2016 p.104).
A memória também está relacionada à ideia de recordação”, uma vez que traz consigo
discussões acerca do armazenamento e organização da informação inscrita em determinado
suporte com fins de recuperação para uso futuro. A memória pode ser encarada como mecanismo
que nos permite registrar, conservar e restituir fatos ocorridos em um momento do passado
(Almeida et al. 2017). Mas não é essa a condição que reside na base do germe da OC? A fundação
da “arte da memória” (Yates 2007 p.17-18) nos remete ao mito de Simônides de Ceos cujo talento
em rememorar ordens, nomes e lugares foi fundamental para identificar Scopas e seus convidados,
mortos que estavam à mesa, em um banquete, quando do desabamento do prédio onde se
encontravam. Tal “arte” marca a condição classificatória e indexadora dos parâmetros que regem
também a OC e sua respectiva ars.
autores como Fentress e Wickham (1992) e Farias e Bizello (2016) entendem que a
memória se manifesta como o conhecimento construído por uma comunidade e suas práticas,
vivências e hábitos, além de considerar contexto onde esse conhecimento é produzido, organizado
e comunicado.
Por ser, a memória, um recurso ou um mecanismo produtor de registros, hábitos e
respectivos costumes nele calcado; é também um meio de conservação e atualização da
informação, proporcionando sua guarda e sua transmissão. Todas essas possíveis ações fazem
parte da ação mnemônica e, portanto, são também ações tangíveis da prática que ao pensarmos
nos dados e informações de ordem digital conhecemos como preservação digital. Segundo
Miguel Ferreira (2006), a preservação digital atua como ponte entre emissor e receptor em um
contexto espaço-temporal longo, não imediato. Esta característica converge mais uma vez à
natureza transgeracional que marca o conceito de memória comunicativa de Jan Assmann (2008),
mas que também nos abre a oportunidade de discutir sobre as ações e técnicas que compõem tal
condição de memória quando não somente se extrapola o campo do individual, como também dá-
se outra forma, mais política, organizacional, aquele do coletivo: a memória institucional.
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Ou seja, a memória pode ser considerada um meio de comunicação quando está inserida
em grupos cujo intuito consiste em compartilhar seus conhecimentos com outrem. Nessa
perspectiva, manifesta-se o conceito de memória institucional, definido por Moura e Araújo (2017
p. 16) como um
conjunto de informações reunidas dentro de uma instituição. E dentro de uma
organização, é comum que haja um agrupamento de documentos, denominados
arquivos. São características vitais da memória institucional: recolher, tratar,
transferir e disseminar as informações contidas em cada material, independente
do seu suporte.
A memória institucional detém uma vasta variedade de coleções de documentos que se
mostra como integrante fundamental para a performance das instituições, pois é através dela que
as organizações reproduzem o que na sociedade na qual estão inseridas e levam apenas as
informações que lhes são relevantes para manter suas atividades (Moura e Araújo 2017; Thiesen
2013). Assim, para Molina e Santos (2019 p. 95), “a memória de uma organização envolve todo
seu ambiente, perpassando por sua cultura organizacional, de recursos humanos, estrutura
organizacional, estrutura tecnológica, e toda a documentação que ela produz mediante sua
atuação”. Essas características fazem com que a memória institucional esteja em constante
movimento e evolução, gerando grandes volumes documentais e informacionais cuja recuperação
se torna difícil e morosa. Isso ocorre pelo fato de que, muitas vezes, as organizações o detêm
sistemas estruturados eficientes que facilitam o acesso e permitem o tratamento e recuperação de
documentos e informações de maneira concisa.
Para as autoras, buscando sanar questões relativas à gestão e acesso desse montante
documental, muitas instituições fazem uso de repositórios, considerando-os ambientes de memória
que administram, organizam e tornam acessíveis as informações ali contidas. Informações essas
que passam a ter um viés mais coletivo do que individual, posto que mais pessoas passam a ter
acesso aos registros documentados e aos saberes do corpo institucional.
Em uma instituição científica, a memória ganha ainda mais relevância para a sua
comunidade pois, segundo Siebra et al. (2013), o armazenamento de documentos em repositórios
institucionais contribui para além de sua guarda e preservação. Nesse cenário, os elementos
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informacionais contribuem, de maneira indispensável, para a construção e avanço do pensamento
científico e tecnológico da área onde estão inseridos.
4 A convergência entre a curadoria digital e a organização do conhecimento
Do ponto de vista do conhecimento científico, tanto produção como acesso e gestão da
informação passam a ter um viés cada vez mais coletivo do que individual graças ao papel
fundamental dos repositórios institucionais. Ao passo que cada vez mais pessoas passam a ter
acesso aos documentos ali depositados, também começam a ser discutidas demandas relacionadas
às responsabilidades das ões referentes à criação, manutenção e preservação dos objetos digitais
contidos nos repositórios pois, sem que as devidas atividades sejam executadas, esses mesmos
documentos tem a maior probabilidade de se tornarem obsoletos e inutilizados.
Na conjuntura de salvaguarda de documentos, destaca-se a curadoria digital como nova
área de pesquisa dotada de uma abordagem voltada para o gerenciamento de objetos digitais,
incluindo ações que dão cabo de todo o seu ciclo de vida. A curadoria digital deve ser considerada
pelas instituições encarregadas da criação e manutenção dos repositórios institucionais que essas
organizações são diretamente responsáveis pela gestão de seus conteúdos de modo a mantê-los
acessíveis por um longo período de tempo através do planejamento, gerenciamento, financiamento
e do suporte à sua gestão por todo ciclo de vida do objeto.
Com isso, podemos considerá-la “como um fator fundamental para a constituição da
memória, visto que pressupõe oferecer diferencial, agregar valor, aprimorar relacionamentos,
rememorar histórias, pois quando falamos de memória, lembranças e esquecimentos, evolução e
aprendizagem são constantes” (Molina e Santos 2019 p. 96). É possível vislumbrar a importância
e relevância da implementação de uma política de curadoria digital para a manutenção da memória
de uma instituição e acesso à longo prazo pois ela propicia flexibilização, uma vez que a maior
parte das informações hoje são produzidas/geradas nos computadores e o desafio de preservá-las,
manter, agregar valor e recuperar a informação digital é enorme” (Siebra et al. 2013).
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De acordo com o Digital Curation Center (Abbott 2008) a curadoria digital tem como
objetivo de manter e agregar valor aos dados digitais de forma que esses possam ser utilizados e
reusados de forma segura tanto no presente quanto no futuro através da gestão ativa em todo o
ciclo de vida dos dados. Para Abbott (2008), a curadoria digital envolve atividades relacionadas à
gestão de dados, indo desde seu planejamento e criação, passando pelos procedimentos
recomendados de digitalização, seleção de formatos e documentos, até alcançar a garantia de que
os dados estão aptos a serem descobertos pelos usuários e acessíveis no futuro.
O valor despendido para produzir tais objetos tem como retorno o
compartilhamento dos dados, o que reduz a duplicação de esforços na criação
destes e tornando-os disponíveis para extração de novos conhecimentos. Portanto,
a Curadoria Digital permite: manter o documento íntegro e acessível, enquanto
este possuir valor jurídico (evidência); extrair novos conhecimentos (valor
informacional e de pesquisa); preservar a memória da sociedade (valor histórico);
e evitar o retrabalho de recriar os dados produzidos anteriormente. (Molina e
Santos 2019 p. 93).
Sayão (2016) afirma que as memórias digitais terão êxito a partir do momento em que for
reconhecido que essas não serão bem sucedidas sem intervenções concretas e ininterruptas que se
iniciam no momento da criação, seguindo por todo o ciclo de vida do objeto.
Segundo o autor, a curadoria digital fornece arcabouços para uma gestão dinâmica desses
objetos e, portanto “viva” como apresentado por Ricardo Pimenta (2017) ao se remeter às
práticas de preservação digital , o que amplia seu potencial de reuso e reafirma as vantagens dos
objetos digitais referentes ao armazenamento de massa, facilidade de cópia, transmissão e
reformatação e a facilidade de pesquisa e análise do conteúdo disponibilizado pelos repositórios.
Destacamos aqui a necessidade e importância de levar em consideração o ciclo de vida da
curadoria digital para manutenção do conteúdo do repositório e preservação da memória
institucional. Segundo Sayão e Sales (2015), existem diversos modelos de ciclo de vida que variam
em objetivo e na orientação por diferentes domínios do conhecimento. Um ponto em comum
presente nesses modelos é sua estrutura que representa as ações que deverão ser realizadas nos
dados ao longo de seu ciclo de vida, ações essas que garantirão seu uso e acesso à longo prazo.
Dentre outros modelos, os autores citam o Digital Curation Centre (DCC) Curation
Lifecycle Model, o Dataone Data Lifecycle, o DDI Combined Lifecycle Model e o UK Data
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entre informação, memória e campos conexos como a Organização do Conhecimento, a Preservação e a
Curadoria Digital. Brazilian Journal of Information Science: Research trends, vol. 17, publicação contínua,
2023, e023020. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023020.
Archive Data Lifecycle. Para o propósito deste artigo, elucidamos e tomamos como referência o
modelo de ciclo desenvolvido pelo pelo DCC, apresentado na figura 1, que demonstra e sintetiza
os fluxos das atividades que compõem a curadoria digital.
Figura 1 - Modelo do ciclo de vida da curadoria digital.
Fonte: Higgins (2008).
O ciclo de vida da curadoria digital foi desenvolvido com o objetivo de assegurar a
preservação e continuidade dos objetos digitais depositados em repositórios. A gestão baseada
nesse modelo garante a manutenção de sua autenticidade, confiabilidade, integridade e usabilidade
ao oferecer uma visão geral dos estágios e ações necessários para dar continuidade a um efetivo
processo de salvaguarda do conteúdo informacional (Siebra et al. 2013).
Segundo Higgins (2008), no centro do modelo de vida do ciclo de vida apresentado na
figura 1 estão os dados, que consistem em informações codificadas em formato binário; os objetos
digitais simples e complexos, que podem variar de um único arquivo até a combinação de diversos
objetos digitais que formam uma unidade discreta; e a base de dados, que se manifesta como
coleções estruturadas de dados ou registros armazenados em um dado sistema. O modelo também
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entre informação, memória e campos conexos como a Organização do Conhecimento, a Preservação e a
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2023, e023020. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023020.
traz as ações que devem ser desenvolvidas no processo de curadoria. Sayão e Sales (2012) elencam
os três tipos de ações da seguinte forma:
Ações para todo o ciclo de vida - compreendem atividades que abrangem todo o ciclo
de vida da curadoria digital. Dentre essas atividades temos a Descrição e
representação da informação que coleta e atribui informações de representação
necessárias para compreender e processar tanto o material digital quanto os metadados
associados; o Planejamento de preservação que estrutura a preservação durante todo
o ciclo de vida da curadoria de material digital; a Vigilância e participão da
comunidade onde deve manter-se atento às atividades comunitárias apropriadas e
participar do desenvolvimento de padrões compartilhados, ferramentas e software
adequado; e a Curadoria e preservação que consiste em estar ciente e realizar ações
de gestão e administrativas planejadas para promover a curadoria e preservação
durante todo o ciclo de vida da curadoria.
Ações sequenciais - consistem em etapas que devem ser cumpridas repetidamente, de
forma contínua e cíclica, durante todo o tempo em que o dado estiver sob curadoria
para assegurar que esse permaneça recebendo as melhores práticas do processo. Essas
ações consistem em: Conceituar para conceber e planejar a crião de dados,
incluindo método de captura e opções de armazenamento; Criar e receber para gerar
dados incluindo metadados administrativos, descritivos, estruturais e técnicos, além de
receber dados, de acordo com políticas de coleta documentadas, de criadores de dados,
outros arquivos, repositórios ou centros de dados e, se necessário, atribuir metadados
apropriados; Avaliar e selecionar os dados para preservação e curadoria de longo
prazo; Ingerir ao transferir dados para um arquivo, repositório, centro de dados ou
outro custodiante; Ação de Preservação que realiza atividades de preservação devem
garantir que os dados permaneçam autênticos, confiáveis e utilizáveis, mantendo sua
integridade. As ações incluem limpeza de dados, validação, atribuição de metadados
de preservação, atribuição de informações de representação e garantia de estruturas de
dados ou formatos de arquivo aceitáveis; Armazenar os dados de maneira segura,
respeitando os padrões relevantes; Acessar, usar e reutilizar para certificar-se de que
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os dados estejam acessíveis para usuários designados e reutilizadores, diariamente;
Transformar ao criar novos dados a partir do original seja através da migração para
um formato diferente ou da criação de um subconjunto de dados, por seleção ou
consulta, para criar resultados recém-derivados, talvez para publicação.
Ações ocasionais - referem-se a atividades executadas de maneira eventual que
interrompem ou reordenam as ações sequenciais diante do desdobramento de uma
decisão. Essas ações podem ser resumidas em: Descarte dos dados que não foram
selecionados para curadoria e preservação de longo prazo de acordo com as políticas
documentadas, orientações ou requisitos legais; Reavaliação dos dados que falham
nos procedimentos de validação para avaliação posterior e nova seleção; Migração
dos dados para um formato diferente. Isso pode ser feito de acordo com o ambiente de
armazenamento ou para garantir a imunidade dos dados de obsolescência de hardware
ou software.
As etapas de descrição e representação da informação, localizadas no centro do modelo de
ciclo de vida da curadoria digital nos remetem ao campo da OC que, por sua vez, viabiliza o uso
de SOC, utilizados para retratar o conteúdo presente nos documentos que a curadoria se propõe a
preservar e manter acessível e recuperável a longo prazo. Além disso, de acordo com Almeida et
al. (2017 p.16), a ação de armazenamento pode ser traduzida em organização e pode ser realizada
através do “uso de estruturas classificatórias e do processo de indexação em repositórios, bancos
ou bases de dados, ou ainda, em unidades de informação físicas”. Assim, a utilização de linguagens
padronizadas, tais como as taxonomias, tesauros e ontologias auxiliam no avivamento e
recuperação das informações e memórias armazenadas e disponibilizadas nos repositórios
institucionais.
Para Gomes (2009 p.1), a OC “é uma área que procura estabelecer suas bases teóricas,
incluindo as diversas abordagens epistemológicas com suas implicações na elaboração de sistemas
de organização do conhecimento, em que releva o papel da classificação”. Por ser uma área
multidisciplinar a OC conta com o conhecimento de outros campos para fomentar técnicas e teorias
voltadas para a organização de sistemas e a recuperação das informações ali contidas.
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Uma vez que a OC lida com o mapeamento e representação de um dado domínio do
conhecimento, o armazenamento e descrição dos documentos em repositórios institucionais
podem ser realizados através do processo de indexação mediado pelos SOCs que impulsionam a
recuperação da memória registrada. Assim, independentemente de sua forma, os objetos digitais
tratados e descritos contribuem para o resgate e produção de memórias da instituição, trazendo à
tona dados e informações que, sem o devido tratamento, ficariam perdidas no caos informacional
do mundo digital.
Através da utilização de SOC, cujo objetivo consiste na padronização terminológica de
modo a facilitar a indexão de documentos e sua recuperação pelos usuários, os repositórios
ganham maior autonomia e disposição para comunicar e preservar sua memória institucional e
científica. De acordo com Carlan e Medeiros (2011 p. 54), os SOC consistem em “sistemas
conceituais semanticamente estruturados que contemplam termos, definições, relacionamentos e
propriedades dos conceitos” cujos produtos o voltados para a descrição e indexação de
documentos.
Dentro deste rol de linguagens de representação de conteúdos temos as mais utilizadas por
repositórios, tais como as taxonomias, estruturas de ternos que permite a categorização da
informação e suporte à construção de esquemas que organizam conteúdos de modo que a
navegação pelas informações se torne mais aprazível ao usuário; os tesauros, instrumento de
controle terminológico formado por listas estruturadas de termos relacionados importantes para o
tratamento e recuperação da informação; e as ontologias formadas por termos, definições e
relações estruturadas de modo que proporcionem semântica e interoperabilidade entre sistemas de
informações.
Com isso, somos remetidos aos padrões de metadados tal como o Dublin Core, que
oferecem subsídios para o intercâmbio de dados através da consistência entre bancos de dados que
viabilizam o compartilhamento mútuo de informações. Os padrões proporcionam coerência entre
os dados e elementos através da semântica e sintaxe, facilitando a recuperação e promovendo a
interoperabilidade entre objetos digitais e recursos informacionais (Alves 2010).
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Para que a recuperação da informação e salvaguarda da memória sejam efetivas, a
utilização dos SOC deve estar apoiada nos metadados uma vez que, para Triques et al. (2020), os
metadados configuram-se como elementos voltados para descrição e contextualização dos
sistemas de informação justamente por proporcionar a identificação do elemento informacional
com fins de preservação e recuperação. Com o intuito de atingir ao propósito citado, os metadados
desempenham papéis de
identificação e descrição da informação; busca e recuperação; e localização dos
documentos, eles ainda passam a ter papéis emergentes originados pelas
necessidades do atual cenário informacional, como: autoria e propriedade
intelectual; formas de acesso; atualização da informação; preservação e
conservação; restrição de uso; valoração do conteúdo; visibilidade da informação;
acessibilidade dos conteúdos. (Triques et al. 2020 p. 11).
Portanto, segundo as autoras, o acesso, localização, entendimento, uso e reuso dos objetos
digitais será possível através da incorporação de informações que forneçam o contexto e as
ferramentas necessárias para utilizar os conteúdos disponibilizados pelos repositórios.
As convergências presentes entre a curadoria digital e a OC buscam endossar a manutenção
e armazenamento dos objetos digitais de forma correta, bem como a acessibilidade e recuperação
desses objetos através de uma descrição efetiva e coerente. Com isso, não é garantida apenas a
preservação do que um dia foi produzido pela instituição, mas também é assegurada a utilização e
conhecimento no presente e no futuro da memória produzida pela comunidade da organização.
A partir de tal inferência é possível perceber as reais implicações e suas problemáticas nos
processos que tangem a administração de objetos digitais, principalmente quando são pensados
com fins de memória. Não é possível pensar na salvaguarda desses objetos sem que também haja
uma reflexão crítica sobre os critérios utilizados para sua descrição e sobre o vocabulário que
viabiliza sua posterior recuperação. Em meio a tantas nuances, ainda é necessário pensar na
proposição de políticas que fundamentam a construção de um repositório voltado não
para o armazenamento dos objetos digitais, como também para a disposição do acesso e para o
gerenciamento pleno de seu ciclo de vida.
Dessa maneira, parece acertada a afirmação de que todos processos que tangem a gestão,
preservação e recuperação de objetos digitais, ou seja, de dados e informações, devem ser
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compreendidos como prática sociotécnica e cultural de memória. De acordo com a figura 2 a
seguir, se os campos da preservação digital, assim como da curadoria digital se encontram,
majoritariamente, nas práticas aplicadas ao uso de repositórios; em considerando os recursos
tecnológicos, computacionais, dos sistemas de organização do conhecimento, presentes nos
repositórios com fins indexadores; sabemos que o campo da OC não se encontra à parte. Muito
pelo contrário, constitui pilar conceitual e epistemológico para a existência dos outros dois campos
e seus respectivos modus faciendi. Ainda conforme a imagem, sugere-se que a memória permeia
grande parte dessas dinâmicas aqui elencadas pois ela é, enquanto fenômeno sócio cultural da
sociedade da informação contemporânea, dependente desses “suportes da memória” (Assmann
2011).
Figura 2 - Diagrama de convergências sobre campos da CI e seus respectivos recursos.
Fonte: Elaborado pelos autores.
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Compreende-se também que a preservação e curadoria digitais são atividades que podem
e devem ser pensadas enquanto práticas de memória. a organização do conhecimento, mesmo
que em grande medida detenha forte ligação, por meio do que seu campo produz de conhecimento,
com a transgeracionalidade da memória contemporânea, seja ela científica ou não, aplicações
de ordem mais pragmática e efêmeras em relação às suas ações e, por isso não a circunscrevemos
integralmente ao campo da memória.
5 Considerações finais
Essa topografia sugerida propõe um exercício de olhares em torno das possíveis
convergências que buscamos identificar e refletir ainda que não exaustivamente, neste artigo. O
registro permite a possibilidade da recuperação tardia. Uma forma de assessoramento à lembrança,
pelo acesso ao documento, à informação; mas também é o armazenamento capaz de promover sua
recuperação. A materialidade representada pela estrutura computacional que torna possível um
repositório é a materialidade que marca a externalidade da memória. Permitindo a ligação entre
eras de acúmulo de saber e a atualidade. Não obstante, instituições fazem uso de repositórios
institucionais com fins de administrar, organizar e tornar acessíveis as informações produzidas no
âmbito organizacional; mas isso não se torna viável sem boas práticas de curadoria digital que
acompanhem tais execuções. Em uma instituição científica a preservação dos documentos
elaborados viabiliza seu reuso e facilita a construção da ciência. Como dito anteriormente,
nenhuma área do saber sobrevive sem a memória e o registro de suas ações e avanços.
Com efeito, as informações presentes em um repositório institucional passam a ter um viés
cada vez mais coletivo e se torna indispensável a busca por intervenções relacionadas à criação,
migração, descrição e armazenamento dos documentos. A curadoria digital é então considerada
pelas instituições para a gestão de seus conteúdos, de modo que esses possam ser preservados e
disponibilizados para acesso por um longo período de tempo através de atividades que vão desde
todo o ciclo de vida do objeto digital até ações pontuais.
A localização, entendimento e uso dos objetos digitais será viabilizado mediante a inserção
de informações que descrevam esses objetos e seu contexto de uso. Os SOC propiciam um
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2023, e023020. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023020.
vocabulário para realizar essa descrição, de modo que o conteúdo seja indexado e recuperado com
mais eficácia e precisão. Diante disso, além de preservar o que foi produzido no ambiente
organizacional, a utilização de SOC contribui para que a memória produzida pela comunidade
possa ser resgatada num ambiente centralizado, planejado e dotado de critérios voltados para a
manutenção da longevidade desses objetos de memória.
Parece acertado identificar aqui, para fins conclusivos dessa elucidação, que a preservação
digital, a OC e a curadoria digital são pharmakóns das práticas científicas contemporâneas. E suas
respectivas técnicas são hypomnematas: repositórios, SOC e ferramentas que auxiliam na
descrição de conteúdos. Ou seja, são elas, tanto meios como técnicas, responsáveis pela
manutenção e propagação do conhecimento assim como pela exteriorização da memória e por
organizá-la, preservá-la e transmiti-la.
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Received: 09/09/2022 Accepted: 30/03/2023