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KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
Information Science: Research trends, vol. 17, publicação continua, 2023, e023017. DOI: 10.36311/1981-
1640.2023.v17.e023017.
PERIÓDICOS BRASILEIROS DE TURISMO:
Avaliação de sua estrutura intelectual, por meio do
método de acoplamento bibliográfico (autores e
documentos)
Brazilian tourism journals: evaluation of its intellectual structure, by means of bibliographic coupling
(authors and documents)
Andre Kohler (1), Luciano Antonio Digiampietri (2)
(1) Universidade de São Paulo, Brasil, afontan@usp.br. (2) digiampietri@usp.br
Resumo
O trabalho avalia a estrutura intelectual de 16 periódicos brasileiros de turismo, por meio da citação e
cocitação de 108.595 referências de 3.887 artigos (1990-2018). Busca-se traçar um panorama dessa
estrutura intelectual, apresentar rankings de autores e documentos mais influentes, e “mapear” a estrutura
intelectual (temas, subcampos etc.). Com o passar das décadas, a estrutura intelectual tem tornado-se,
crescentemente, mais complexa e robusta. O contínuo crescimento da média e mediana de referências por
artigo e aumento da importância dos artigos de periódico indicam, ceteris paribus, que as redes de
acoplamento bibliográfico tendem a revelar, mais apuradamente, essa estrutura intelectual, com seus
subcampos, temas e escolas de pensamento. Contudo, apesar desse aumento, há, ainda, poucos artigos de
periódico dentre os documentos mais influentes e cocitados. É patente a grande influência e centralidade
de livros didáticos e/ou introdutórios ao turismo, secundados por manuais de metodologia, os quais, em
conjunto, indicam certo predomínio da pesquisa qualitativa. Nos agrupamentos de ciências sociais, percebe-
se o domínio de livros, com a quase inexistência de artigos de periódico muito citados. marcada
influência da sociologia, antropologia e geografia. Nos agrupamentos de estudos de negócios turísticos,
predominam os trabalhos sobre destino turístico. Cumpre destacar que, nas redes de acoplamento
bibliográfico (autores e documentos), dado que seu centro é ocupado por autores e livros de ampla
utilização, os subcampos e principais temas da estrutura intelectual são observáveis, apenas, na
semiperiferia e periferia dessas redes.
Palavras-chave: Turismo; Ciência da informação; Periódicos brasileiros de turismo; Estrutura intelectual;
Redes de acoplamento bibliográfico.
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intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
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1640.2023.v17.e023017.
Abstract
We evaluate the intellectual structure of 16 Brazilian tourism journals, by means of the citation and co-
citation of 108,595 references from 3,887 articles (1990-2018). We aim to provide an overview of this
intellectual structure, to present rankings of the most influential authors and documents, and to “map” the
intellectual structure (themes, subfields, etc.). Over the decades, the intellectual structure has become
increasingly more complex and robust. The continuous growth of the average and median of references per
article and the increase in the importance of journal articles indicate, ceteris paribus, that bibliographic
coupling networks tend to reveal, more accurately, this intellectual structure, with its subfields, themes, and
schools of thought. However, despite this increase, there are still few journal articles among the most
influential and co-cited documents. The great influence and centrality of textbooks and/or introductory
books is evident, stepped up by manuals of research methodology, which, together, indicate a certain
predominance of qualitative research. In the social science clusters, the domain of books is evident, with
few highly cited journal articles. There is a marked influence of sociology, anthropology, and geography.
In clusters of tourism business, works centered on tourist destinations predominate. It should be noted that,
in the bibliographic coupling networks (authors and documents), given that their center is composed by
widely used authors and books, the subfields and main themes of the intellectual structure are only
observable in the semi periphery and periphery of these networks.
Keywords: Tourism; Information science; Brazilian tourism journals; Intellectual structure; Bibliographic
coupling networks.
1 Introdução
A publicação científica reúne o conjunto de teorias, metodologias de pesquisa, aplicações
e resultados de uma ciência, disciplina ou campo, e forma, dessa maneira, sua base de
conhecimento. Dentro da publicação científica, os periódicos são considerados vitais para a
criação, troca e circulação de conhecimento científico, ao reunir o tipo de trabalho visto como o
mais relevante e qualificado. Isso se deve, essencialmente, ao fato de os periódicos contarem com
uma política editorial bem definida e o sistema de avaliação duplo cega por pares (double blind
review), por meio dos quais os artigos publicados são vistos como conhecimento “qualificado” e
“certificado” (Tribe 1997; Pechlaner et al. 2004; Miranda e Rejowski 2013).
Via de regra, os autores não partem sua pesquisa do zero. É, crescentemente, difícil
encontrar artigos de periódico desprovidos de referências bibliográficas. Os autores costumam
citar trabalhos que foram importantes para sua pesquisa, os quais são listados nas referências do
artigo. Esse conjunto de citações permite verificar as bases teóricas, conceituais e metodológicas
e as principais influências da pesquisa, assim como seu tema e especialidade. Para uma ciência,
disciplina ou campo como um todo, a citação e cocitação das referências de um conjunto de
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publicações (por exemplo, artigos de periódico) permitem verificar sua estrutura intelectual e
principais áreas temáticas.
Uma área de conhecimento pode ser estudada por meio de diferentes abordagens. Pode-se
avaliar o que está sendo produzido (por exemplo, com a utilização das palavras-chave dos artigos),
a autoria (autores, instituições e países), os tipos de trabalhos publicados (artigos de periódico,
livros, capítulos de livro etc.) e o veículo da publicação, entre outros. Pode-se avaliar, também, o
impacto das publicações de determinada área (quais são os documentos que citam os artigos dessa
área), e ver, também, o que é referenciado por essas publicações, isto é, quais são os documentos
presentes em suas referências bibliográficas.
Como objeto de estudo, trabalha-se com o conjunto de 16 periódicos brasileiros de turismo,
mais especificamente suas referências bibliográficas. Foram contemplados, apenas, os artigos
completos publicados no período 1990-2018, em cada uma dessas revistas científicas, no total de
3.887. A pesquisa não contemplou outros tipos de documentos publicados em periódicos, a
exemplo de resenhas, editoriais e entrevistas.
três objetivos principais. Primeiro, busca-se caracterizar a estrutura intelectual dos
periódicos brasileiros de turismo (1990-2018), no que concerne à média e mediana de referências
por artigo e ao tipo de documento referenciado, a saber: a) artigo de periódico (campo de turismo);
b) artigo de periódico (outros); c) livro; d) capítulo de livro; e) monografia (mestrado/doutorado);
f) comunicação (artigo completo em anais de evento técnico-científico); e g) outros. Essa
caracterização é enriquecida com a trajetória dessa estrutura intelectual, a qual permite apontar
tendências nela presentes.
Segundo, apresentam-se rankings de autores e documentos, por meio das citações na
estrutura intelectual. Objetiva-se, com isso, verificar quais são os autores e obras mais influentes,
ou seja, mapear as principais influências intelectuais dos artigos sob análise. Para os principais
autores e documentos, observam-se pontos como, por exemplo, tipo de produção científica
(documentos) e área de atuação, a fim de compreender os padrões eventualmente existentes no
conjunto de elementos mais influentes.
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intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
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Terceiro, cumpre “mapear” a estrutura intelectual, por meio de citações e acoplamento
bibliográfico. Busca-se destacar as características dos autores e documentos mais citados e mais
centrais nas redes de acoplamento bibliográfico, assim como destacar e avaliar os principais temas
e escolas de pensamento presentes. Pretende-se, também, verificar a existência de eventuais
silêncios e lacunas na estrutura intelectual.
O presente trabalho permite o estudo do turismo como um campo de conhecimento,
centrando-se em sua estrutura intelectual. Por meio dele, é possível perceber o estado atual do
campo, com as obras e autores mais citados e os temas e escolas de pensamento proeminentes,
assim como eventuais lacunas e silêncios. Isso é de particular valor tanto para recém-ingressantes
no campo, os quais podem ter dificuldades para sua devida compreensão e conhecimento, quanto
para pesquisadores mais experientes, para os quais os resultados servem de objeto de reflexão.
2 Trabalhos relacionados
A epistemologia é o ramo da filosofia que estuda o conhecimento. Como bem sintetiza
Tribe (1997 p. 639, tradução nossa), a epistemologia do turismo ocupa-se com as seguintes
questões:
[…] as características do conhecimento em turismo, as fontes do conhecimento em
turismo, a validade e credibilidade das alegações de conhecimento do mundo
exterior do turismo, a utilização de conceitos, as fronteiras dos estudos turísticos e
a categorização dos estudos turísticos como uma disciplina ou campo.
Segundo Broadus (1987 p. 376, tradução nossa), a bibliometria é: “[...] o estudo
quantitativo de unidades físicas publicadas, ou de unidades bibliográficas, ou de substitutos de
ambos”. A bibliometria não é uma teoria; trata-se de um conjunto de métodos e técnicas, o qual
permite a descrição, análise e avaliação da publicação científica, em pontos como, por exemplo,
sua estrutura intelectual, estrutura social e autores com mais alta produção. Por meio de técnicas
estatísticas básicas e avançadas, a bibliometria consegue medir a produção e disseminação do
conhecimento feitas por meios formais de publicação científica (por exemplo, artigos de periódico)
(Andrade et al. 2014; Koseoglu et al. 2016; Mulet-Forteza et al. 2019).
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intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
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Kirilenko e Stepchenkova (2018 p. 1-2, tradução nossa) bem sintetizam a importância dos
estudos bibliométricos para o campo de turismo:
[…] [o] exame sistemático da publicação científica é utilizado para rastrear a
evolução da disciplina, identificar novas tendências e desenvolvimentos, apontar
lacunas no conhecimento e áreas de inconsistência nos resultados de pesquisa,
sugerir direções para pesquisas futuras, e, de forma geral, prover um panorama
atualizado do campo. Para uma disciplina tão ampla e diversa como o turismo, a
qual recebe contribuições de vários campos de investigação, a análise de suas
propriedades estruturais é de particular valor.
As técnicas e métodos bibliométricos podem ser divididos, de modo geral, em avaliativos
e relacionais. Os estudos avaliativos medem o desempenho de um artigo, autor, instituição ou
mesmo país, por meio de medidas de produtividade, de impacto e/ou híbridas. Os estudos
relacionais trabalham com as relações existentes entre os dados analisados, como, por exemplo, o
acoplamento bibliográfico de autores e documentos, a análise de cocitação de autores e
documentos e a coautoria de documentos publicados (autores, instituições e/ou países das
instituições) (Benckendorff e Zehrer 2013; Koseoglu et al. 2016).
Segundo González-Alcaide et al. (2016), há três métodos mais utilizados para a avaliação
das referências de um conjunto de documentos, a saber: a) citação; b) acoplamento bibliográfico;
e c) análise de cocitação. O primeiro refere-se ao impacto de determinado documento ou autor
(nesse caso, conjunto de suas publicações), e serve como indicador de sua influência e mérito no
processo de construção de conhecimento. É, também, comum o lculo do impacto de revistas
científicas.
O acoplamento bibliográfico e a análise de cocitação são métodos de análise relacional das
referências bibliográficas, os quais, segundo Grácio (2016 p. 84): “[...] [são] destinados a mapear
as proximidades temáticas, teóricas e/ou metodológicas entre artigos, autores, periódicos, países
ou outras unidades de análise: [...]”.
O método de acoplamento bibliográfico foi criado por Kessler (1963). Parte-se do princípio
de que se dois artigos incluem, em suas referências bibliográficas, um mesmo elemento (por
exemplo, documento, autor ou revista científica), eles guardam algum tipo de relação entre si, seja
o tema de pesquisa ou base teórica, conceitual e/ou metodológica (González-Alcaide et al. 2016;
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intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
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Grácio, 2016). O acoplamento bibliográfico é uma análise retrospectiva, e se baseia nas escolhas
de quem cita, ou seja, os autores do documento em questão. Outro ponto importante do
acoplamento bibliográfico é que ele considera todas as referências bibliográficas dos documentos
sob análise, ponto de distinção importante em relação à análise de cocitação (Grácio, 2016;
Glänzel, 2003).
A análise de cocitação foi proposta por Small (1977), tendo sido, inicialmente, aplicada
para mapear o então rápido crescimento da pesquisa sobre o colágeno. Segundo González-Alcaide
et al. (2016), a cocitação ocorre quando dois documentos estão presentes nas referências
bibliográficas de um terceiro documento. Logo, a análise de cocitação é baseada: “[...] na
identificação e quantificação da frequência com a qual pares de documentos aparecem,
conjuntamente, nas bibliografias de publicações científicas sob estudo(González-Alcaide et al.
2016 p. 711 tradução nossa).
A análise de cocitação é útil para mapear as principais linhas de pesquisa, assim como a
proximidade temática e de base teórica, conceitual e metodológica dos documentos a autores
cocitados. Trata-se de uma análise prospectiva, ao se basear não no que os autores colocam nas
referências bibliográficas de seu documento, como faz o acoplamento bibliográfico, mas sim por
quem esse documento é citado. Ou seja, a estrutura intelectual é definida pelos citantes, e não pelos
próprios autores na montagem de suas referências bibliográficas. Isso faz com que a análise de
cocitação acabe por se restringir aos documentos e autores mais citados, ao contrário do
acoplamento bibliográfico, o qual contempla todas as referências (González-Alcaide et al. 2016;
Grácio, 2016).
Para apenas um artigo, essa cocitação pode trazer carga considerável de ruídos e distorções,
dado que as referências são citadas por motivos diversos. Para um amplo conjunto de artigos, esses
ruídos e distorções são minimizados, já que se estudam as cocitações mais relevantes. Para mapear
a estrutura intelectual de uma ciência, disciplina ou campo, cumpre verificar tanto a frequência das
citações (autores e obras) quanto as cocitações mais relevantes (Otte e Rousseau 2002;
Benckendorff 2009; Benckendorff e Zehrer 2013). Por meio de um levantamento de 190 estudos
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KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
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bibliométricos em turismo, Koseoglu et al. (2016) apontam que há, apenas, três que contemplam
a análise de cocitação de referências.
Os dois métodos são úteis para a análise da estrutura intelectual dos periódicos brasileiros
de turismo, por mais que possam produzir resultados particularmente muito diferentes entre si.
Como será visto, na seção “3 Materiais e métodos”, a presente pesquisa é baseada no acoplamento
bibliográfico (autores e documentos), não realizando uma análise de cocitação.
Gilmet-Pagés et al. (2022) destacam a gradativa migração da importância, nas ciências
humanas, da publicação de livros para a publicação de artigos científicos. Os autores defendem a
realização de estudos que não contemplem, apenas, periódicos muito conhecidos e/ou com alto
fator de impacto, pois é importante conhecer a produção científica veiculada em revistas científicas
de alcance nacional ou regional.
Benckendorff e Zehrer (2013) estudam as referências de artigos dos Annals of Tourism
Research, Tourism Management e Journal of Travel Research, publicados em 1996-2010, com a
extração de dados por meio do Scopus. Segundo os autores, a estrutura intelectual é marcada por
um centro, o qual representa os temas centrais da literatura de turismo. Já a periferia concentra os
subcampos emergentes, assim como os autores e obras ligados a pontos consolidados na literatura
de turismo, porém muito especializados.
O centro é composto por três agrupamentos, a saber:
A análise fatorial identificou três agrupamentos claros de obras, as quais são,
frequentemente, citadas conjuntamente obras que representam, fortemente,
temas de sociologia, antropologia e psicologia, trabalhos que têm uma base de
geografia e planejamento, e obras com foco no comportamento do consumidor.
Dessa forma, a análise fatorial realçou a natureza interdisciplinar da pesquisa em
turismo. Evidente na análise dos autores [constantes nas referências] são três temas
claros: turismo como um fenômeno social; planejamento do turismo e percepção
dos residentes [locais]; e comportamento do consumidor e percepções do turista
sobre os destinos. Uma interpretação pós-disciplinar dos resultados pode sugerir
que um tema foca nos turistas, outro na oferta [turística] e planejamento do destino
e um terceiro na imagem do destino e marketing. (Benckendorff e Zehrer 2013 p.
140-141 tradução nossa)
Gusmão et al. (2010) analisam o consumo de informação do periódico Informação &
Sociedade: Estudos, por meio das referências de seus artigos. Os autores destacam que diferentes
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áreas de conhecimento possuem distintas abordagens de consumo; por exemplo, em física,
química, biologia e medicina, o consumo é centrado em artigos de periódico, ao passo que em
outras, caso de Ciência da Informação, há um consumo maior de monografias. Isto foi confirmado
para o periódico Informação e Sociedade: Estudos, dado que monografias correspondiam a 44,95%
dos documentos mais citados. O conjunto de referências não permitiu a identificação de um
referencial teórico básico compartilhado entre os artigos publicados.
Tribe (2010) aponta que o prestígio acadêmico deriva não apenas de medidas objetivas, a
exemplo de número de artigos publicados nos principais periódicos internacionais de turismo, mas,
também, do pioneirismo dentro do campo. Valene L. Smith é um caso emblemático, ao ter
defendido com sucesso que a antropologia, geografia, sociologia e economia podiam ser
reunidas e trabalhadas, conjuntamente, na pesquisa em turismo, por meio de novas abordagens e
aplicações.
Tribe (2010) aponta uma série de livros, os quais “inauguraram” novas linhas de pesquisa,
e ajudaram a definir o turismo como um campo, a exemplo de Smith (1989), Turner e Ash (1976),
MacCannell (1999), Urry (2002) e Cooper et al. (2001).
3 Materiais e métodos
O objeto de estudo do presente artigo é o conjunto de periódicos brasileiros de turismo, os
quais cumprem quatro requisitos. O primeiro é ter o sistema de avaliação duplo cega por pares
para a publicação de artigos, não se constituindo o periódico em um magazine. O segundo é a
revista estar ativa, com a publicação regular de novos números. Isso excluiu periódicos inativos, a
exemplo de Turis Nostrum, o qual conta com, apenas, um número publicado (2012). O terceiro é
a revista ser, apenas, de turismo, sem abordar outra ciência, disciplina ou campo, a exemplo de
lazer, esporte ou administração. Isso evitou a inclusão de artigos que não pesquisam o turismo, os
quais distorceriam os resultados da pesquisa. O quarto requisito é a revista estar avaliada, em
março de 2017, no Qualis Periódicos, Área Administração Pública e de Empresas, Ciências
Contábeis e Turismo, com, no mínimo, B5 nas classificações de periódicos (quadriênio 2013-
2016).
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A aplicação simultânea desses quatro requisitos resultou na seleção de 16 periódicos
brasileiros de turismo, a saber: i) Anais Brasileiros de Estudos Turísticos (Universidade Federal
de Juiz de Fora); ii) Applied Tourism (Universidade do Vale do Itajaí); iii) Caderno de Estudos e
Pesquisas do Turismo (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); iv) CULTUR Revista de
Cultura e Turismo (Universidade Estadual de Santa Cruz); v) Caderno Virtual de Turismo
(Universidade Federal do Rio de Janeiro); vi) Revista Acadêmica Observatório de Inovação do
Turismo (Universidade do Grande Rio); vii) Revista Brasileira de Ecoturismo (Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro e Universidade Federal de São Paulo); viii) Revista Brasileira
de Pesquisa em Turismo (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo); ix)
Revista Iberoamericana de Turismo (Universidade Federal de Alagoas); x) Revista Latino-
Americana de Turismologia (Universidade Federal de Juiz de Fora); xi) Revista Rosa dos Ventos
(Universidade de Caxias do Sul); xii) Revista de Turismo Contemporâneo (Universidade Federal
do Rio Grande do Norte); xiii) Revista Turismo: Estudos e Práticas (Universidade do Estado do
Rio Grande do Norte); xiv) Revista Turismo Visão e Ação (Universidade do Vale do Itajaí); xv)
Turismo em Análise (Universidade de São Paulo); e xvi) Turismo e Sociedade (Universidade
Federal do Paraná).
Para cada um dos 16 periódicos selecionados, foram descarregados os arquivos (.pdf) de
todos os artigos, diretamente de seus sítios eletrônicos, publicados entre 1990 (ano dos artigos
mais antigos, todos da Turismo em Análise) e 2018, inclusive. Trabalha-se, única e
exclusivamente, com os artigos completos, descartando-se editoriais, resenhas, entrevistas e outros
materiais. Com isso, segue-se o padrão presente em grande parte da literatura nacional e
internacional para estudos desse tipo (Jogaratnam et al. 2005; Xiao e Smith 2006; Zhao e Ritchie
2007; Benckendorff 2009; Racherla e Hu 2010; Benckendorff e Zehrer 2013; Santos et al. 2017;
Strandberg et al. 2018; Kumar et al. 2020).
Por mais que o objeto de estudo consista em 108.595 referências, optou-se pela coleta,
revisão e desambiguação manuais, sem a utilização de softwares de tratamento de dados para a
consolidação final do quadro de referências. Tratou-se de um trabalho hercúleo, mas que garante
fidedignidade ímpar de dados, assim como, por consequência, das métricas resultantes.
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KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
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1640.2023.v17.e023017.
A coleta foi feita em 2017, 2018 e primeiro trimestre de 2019, dentro de um projeto de
pesquisa mais amplo, o qual recolheu os dados de autoria, palavras-chave, referências
bibliográficas e citações (impacto). A verificação em si e a desambiguação de nomes foram feitas,
concomitantemente, à coleta de dados, da mesma forma que a classificação das referências
bibliográficas, por tipo de documento. Em abril de 2019, foi feito novo processo de verificação e
desambiguação de nomes, no que foi a última revisão dos dados coletados.
A coleta das referências foi feita, diretamente, nos arquivos dos artigos, descarregados dos
sítios eletrônicos dos 16 periódicos. Foram feitos os seguintes procedimentos e coletas: a) para
cada artigo, coletaram-se seus dados de identificação, com título, nome do periódico e ano de
publicação; b) para cada referência, houve a classificação por tipo de produção; e c) para cada
referência, foi reproduzida sua entrada completa, assim como as seguintes componentes isoladas,
em células à parte: i) título do trabalho; ii) nome do periódico, evento ou livro (quando pertinente);
iii) ano de publicação; e iv) autores (cada um em célula exclusiva).
Para algumas referências, foram consultados os documentos originais, se, e somente se,
avaliou-se que alguma componente estava em falta ou errada. Isso aconteceu, com particular
intensidade, no caso de capítulos de livro.
A revisão dos dados coletados foi feita, por meio de leitura transversal. A desambiguação
de nomes foi feita em duas etapas. Primeiro, para facilitar o agrupamento, todos os nomes foram
convertidos para letras minúsculas, os acentos e caracteres especiais foram removidos, os agnomes
(filho, neto, júnior etc.) foram convertidos, cada um, para uma forma única (por exemplo, “júnior”
e “jr.” foram convertidos para “junior”), e as preposições dentro dos nomes foram removidas (por
exemplo, “Maria da Silva” foi convertido para “maria silva”). O software utilizado para construir
a representação gráfica das redes de acoplamento bibliográfico foi desenvolvido pelos autores da
pesquisa, na linguagem de programação Java.
Segundo, utilizaram-se planilhas de MS-Excel, a fim de consolidar o quadro de referências,
por meio da reunião de múltiplas entradas de um mesmo autor ou obra. Foram feitos sucessivos
processos de desambiguação, até se chegar em planilhas nas quais novos processos demandavam
muito tempo, e geravam reduzido número de novas desambiguações.
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KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
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De posse dos dados coletados, revisados e desambiguados de autores e obras, foram feitos
três procedimentos, os quais forneceram os resultados da pesquisa. Primeiro, ano-a-ano, foram
calculadas a média e mediana de referências por artigo, assim como, para seu número total, a
composição por tipo de trabalho. Segundo, foram construídos rankings de autores e obras, por
meio do número de citações (frequência) (1990-2018). Para os autores, foram calculadas duas
métricas, a saber: a) frequência: quantidade de vezes que determinado autor é citado nas
referências; e b) presença: quantidade de artigos nos quais determinado autor é citado, pelo menos,
uma vez.
Terceiro, para a construção das redes (grafos), cada indivíduo ou nó da rede representa um
autor ou obra. A relação entre nós é dada por sua cocitação (coocorrência) em determinado artigo,
por meio do acoplamento bibliográfico. Ou seja, há uma aresta entre duas obras, se, e somente se,
elas forem referenciadas no mesmo artigo. As métricas calculadas para cada rede, bem como sua
visualização (grafo), foram calculadas e produzidas por meio de software próprio, desenvolvido
pelos autores do presente artigo. Apenas o agrupamento dos nós de cada rede foi calculado com a
utilização de software criado por terceiros, a saber: a função de agrupamento Multi-level disponível
no pacote igraph (https://igraph.org/r/) para o ambiente R. Essa função utiliza uma abordagem de
agrupamento hierárquico, na qual cada nó pertence, inicialmente, a um grupo diferente, e, a cada
iteração, dois agrupamentos são fundidos, de forma a maximizar a medida de modularidade dos
grafos (Blondel et al. 2008). A medida de modularidade é uma forma de medir a qualidade do
agrupamento.
Para as redes de acoplamento bibliográfico (autores e documentos), os pontos de corte
foram estabelecidos, a partir de nosso conjunto de dados; ou seja, para que permitissem uma
descrição e análise mais apuradas dessa estrutura intelectual. Carvalho et al. (2021) discutem quais
indicadores são mais úteis para selecionar pontos de corte, de modo a criar matrizes de cocitação
de autores. Trabalha-se, nesse caso, com a análise de cocitações. O presente artigo não utilizou
nenhum indicador presente na literatura; compararam-se os resultados de pontos de corte
diferentes, até se chegar naqueles mais propícios para a descrição e análise da estrutura intelectual.
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intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
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1640.2023.v17.e023017.
Os pontos de corte utilizados requisitos mínimos para visualização no grafo são os
seguintes: a) autores: citação (45) e/ou acoplamento bibliográfico (25); e b) documentos: citação
(25) e/ou acoplamento bibliográfico (15). Por exemplo, um autor aparece no grafo, se, e somente
se, ele é citado, pelo menos, 45 vezes, e/ou participa de uma cocitação com valor igual a, pelo
menos, 25.
Para a contagem das referências bibliográficas (autores e documentos) e das cocitações
(acoplamento bibliográfico), foram utilizados todos os autores que assinam cada documento.
Contudo, a coautoria não foi considerada uma cocitação.
Opta-se por não apresentar métricas de centralidade e de centralização. Segue-se o caminho
de Benckendorff (2009) e Benckendorff e Zehrer (2013), a saber: prioriza-se a análise qualitativa
dos grafos criados, de modo a identificar elementos centrais e influentes na estrutura intelectual,
seus principais agrupamentos e a periferia da rede.
4 Apresentação e discussão dos resultados
Os 16 periódicos brasileiros de turismo publicaram 3.887 artigos no período 1990-2018, os
quais têm 108.595 referências, das quais 69.022 únicas. A Tabela 1 traz os dados básicos da
estrutura intelectual (1990-1999, 1990-2009 e 1990-2018), ao passo que a Figura 1 apresenta a
trajetória (ano-a-ano) da média e mediana de referências por artigo e a Figura 2 aborda sua
composição (tipo de trabalho):
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KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
Information Science: Research trends, vol. 17, publicação continua, 2023, e023017. DOI: 10.36311/1981-
1640.2023.v17.e023017.
Tabela 1- Referências, média, mediana e composição (1990-1999, 1990-2009 e 1990-2018)
Fonte: Dados da pesquisa
Figura 1 Referências, média e mediana (ano-a-ano)
Fonte: Os autores
É nítido o adensamento das referências dos artigos, com o passar das décadas, assim como
a quase “extinção” de artigos sem nenhuma referência. Desde 2010, foram publicados, apenas,
seis artigos sem nenhuma referência de 67 (1990-2009) para 73 (1990-2018), como mostra a
Número % sobre total Número % sobre total Número % sobre total
Artigos 181 957 3.887
Referências bibliogficas 1.791 17.856 108.595
Referências bibliogficas nicas) 1.621 13.191 69.022
Artigos com referências bibliogficas 168 92,82% 890 93,00% 3.814 98,12%
Artigos sem referência bibliogfica 13 7,18% 67 7,00% 73 1,88%
Média (referências bibliográficas por artigo) 9,90 18,66 27,94
Mediana (referências bibliográficas por artigo) 7 16 25
Composição das referências bibliográficas
Artigo de periódico (campo de turismo) 142 7,93% 1275 7,14% 13.394 12,33%
Artigo de periódico (outros) 154 8,60% 2232 12,50% 19.583 18,03%
Capítulo de livro 105 5,86% 1750 9,80% 9.589 8,83%
Comunicação - art. completo anais evento 70 3,91% 771 4,32% 4.521 4,16%
Livro 694 38,75% 7658 42,89% 36.576 33,68%
Monografia (mestrado/doutorado) 63 3,52% 761 4,26% 4.733 4,36%
Outros 563 31,43% 3409 19,09% 20.199 18,60%
PERÍODO
1990-2018
1990-2009
1990-1999
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
199019921994199619982000200220042006200820102012201420162018
Média Mediana
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intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
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1640.2023.v17.e023017.
Tabela 1. Isso decorre, provavelmente, do reduzido espaço concedido para textos puramente
opinativos, normativos e ensaísticos nos periódicos brasileiros de turismo, atualmente.
Destaca-se o contínuo crescimento da média e mediana de referências por artigo. A média
passou de 7,91 (1990) para 36,54 (2018), tendo-se mantido acima de 30, desde 2014. Já a mediana
“saltou” de 7 (1990) para 33 (2018), tendo apresentado contínuo crescimento, desde 2004. Ceteris
paribus, isso indica que os autores preocupam-se, crescentemente, em apresentar a base teórica,
conceitual e metodológica de seu trabalho, assim como contextualizá-lo dentro do campo. Isso
tende a formar redes de cocitação mais complexas, como será visto, adiante.
Figura 2 Referências, composição (tipo de documento) (ano-a-ano)
Fonte: Os autores
Tem havido, também, nítidas mudanças na composição das referências.
Proporcionalmente, marcado avanço na citação de artigos de periódico (campo de turismo e
outros). Esses dois tipos chegaram, somados, à mais alta porcentagem sobre o total de referências,
em 2018 (5.085 de 12.498 40,69% do total). O campo tem mantido a “tradição” de citar mais
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018
Art. de periódico (campo de turismo) Art. de periódico (outros)
Capítulo de livro Com. - art. completo anais evento
Livro Monografia (mestrado/doutorado)
Outros
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KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
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1640.2023.v17.e023017.
artigos de periódicos de outras ciências, disciplinas e campos do que revistas de turismo a
diferença tem permanecido em torno de 7% a 8%.
Outra tendência marcante é a redução da importância dos livros na estrutura intelectual,
proporcionalmente. De 1990 (47,13%) a 2018 (26,85%), a proporção de livros citados foi cortada
quase pela metade. Isso não significa, contudo, que os autores deixaram de citar livros; na verdade,
eles nunca foram tão citados quanto nos últimos anos, em média. Para todos os sete tipos de
documento, houve aumento na média de citações por artigo, de 1990-1999 para 1990-2009 e para
1990-2018.
Por meio da Tabela 1 e das figuras 1 e 2, é possível afirmar que a estrutura intelectual tem
ficado, ceteris paribus, mais complexa e madura, inclusive por recorrer, crescentemente, a fontes
de conhecimento mais especializado e “certificado” – artigos de periódico. Continua a ocorrer, no
Brasil, um fenômeno verificado já para os principais periódicos internacionais de turismo (Annals
of Tourism Research, Tourism Management e Journal of Travel Research), a saber: mais
citações a artigos de periódico de outras ciências, disciplinas e campos do que a revistas de turismo,
fenômeno atestado por Benckendorff e Zehrer (2013).
A Tabela 2 traz parte do ranking dos autores citados mais influentes na estrutura intelectual,
por meio do número de citações totais (frequência). Listam-se, apenas, 20 autores, dado que o
vigésimo-primeiro (John Swarbrooke) tem presença igual a 234, muito abaixo da de John Urry
(vigésimo), cuja frequência igual a 281. Há, no total, 66.964 autores. A tabela apresenta, também,
os seguintes dados para cada autor: a) presença (número de documentos citantes); b) número de
arestas relevantes (iguais ou acima do ponto de corte); c) documento mais citado do autor em
questão nas referências, com número absoluto e porcentagem sobre o total; e d) tipo de documento
mais citado do autor, com número absoluto e porcentagem sobre o total:
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KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura intelectual, por meio do método de
acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of Information Science: Research trends, vol. 17, publicação continua, 2023, e023017.
DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023017.
Tabela 2- Ranking de autores na estrutura intelectual, 1990-2018
Fonte: Dados da pesquisa
Autor Freqncia Presença Arestas Produção mais citada Freqncia % sobre o total Tipo mais citado (sobre o total) % sobre o total
Brasil 4.037 1.605 0 Brasil (1988) 92 2,28% Outros 94,95%
Organização Mundial do Turismo 762 556 0 Organização Mundial do Turismo (2003a) 59 7,74% Outros 62,86%
Mario Carlos Beni 711 619 52 Beni (1998) 423 59,49% Livro 81,01%
Margarita Barretto 535 429 35 Barretto (1995) 113 21,12% Livro 72,71%
Doris Van de Meene Ruschmann 430 380 31 Ruschmann (1997) 217 50,47% Livro 77,91%
Philip Kotler 413 296 23 Kotler e Keller (2019) 84 20,34% Livro 92,25%
Milton Santos 411 255 14 Santos (2006) 113 27,49% Livro 89,29%
Colin Michael Hall 396 285 12 Hall (2001) 79 19,95% Livro 49,24%
Reinaldo Dias 369 328 27 Dias (2003) 70 18,97% Livro 92,14%
Luzia Neide M. Teixeira Coriolano 348 269 14 Coriolano (2006) 32 9,20% Livro 45,40%
J. R. Brent Ritchie 340 242 21 Goeldner e Ritchie (2011) 84 24,71% Art. periódico (campo de turismo) 41,47%
Alexandre Panosso Netto 320 233 17 Panosso Netto e Palhares (2008) 76 23,75% Livro 68,13%
Antonio Carlos Gil 312 293 13 Gil (2019) 158 50,64% Livro 96,47%
Ada de Freitas Maneti Dencker 309 292 19 Dencker (1998) 161 52,10% Livro 88,35%
Dimitrios Buhalis 299 162 8 Buhalis (2000) 60 20,07% Art. periódico (campo de turismo) 66,56%
José Manoel Gonçalves Gândara 287 186 8 Gândara (2009) 23 8,01% Art. periódico (campo de turismo) 64,46%
Mirian Rejowski 284 181 8 Rejowski (1996) 38 13,38% Livro 32,04%
Michael E. Porter 284 195 10 Porter (1986) 32 11,27% Livro 64,44%
John Urry 281 233 8 Urry (2002) 193 68,68% Livro 89,68%
66,78%
Livro
83,56%
Chris Cooper
292
265
15
Cooper, Fletcher, Wanhill, Gilbert e
Shepherd (2001)
195
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intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
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dois autores institucionais (Brasil e Organização Mundial do Turismo), cujas ausências
de arestas relevantes apontam a falta de consistência interna de sua produção. Para ambos,
predomina o tipo “outros”, particularmente para o Brasil relatórios governamentais, peças de
legislação, planos, programas, projetos etc. Antonio Carlos Gil e Ada de Freitas Maneti Dencker
são autores de manuais de metodologia de pesquisa populares no campo, o que explica, para
ambos, a baixa diferença entre sua frequência e presença.
Há cinco brasileiros com marcada atuação no campo, há décadas, na produção científica e
no ensino e orientação (graduação e pós-graduação) Mario Carlos Beni, Margarita Barretto,
Doris Van de Meene Ruschmann, Mirian Rejowski e Luzia Neide Menezes Teixeira Coriolano.
Pode-se afirmar, com certa segurança, que os quatro últimos “inauguraram” linhas de pesquisa e
subcampos no campo de turismo no Brasil, ao passo que Beni (1998) transformou-se na obra
particular mais citada e mais central de sua estrutura intelectual.
Dos autores estrangeiros, cinco com atuação destacada no turismo. Chris Cooper é o
primeiro autor de Cooper et al. (2001), volume considerado por Tribe (2010) como um dos
manuais mais influentes do campo, ao passo que Urry (2002) é um volume central e muito
influente na estrutura intelectual dos principais periódicos internacionais de turismo (Benckendorff
e Zehrer 2013).
Dimitrios Buhalis, J. R. Brent Ritchie e Colin Michael Hall têm produção mais eclética e
variada, cada uma a se estender por vários temas e linhas de pesquisa. Da Tabela 2, o primeiro é o
que tem a mais alta porcentagem de suas citações derivadas de artigos de periódico (campo de
turismo e outros) 224 de 299 (74,92% do total). Buhalis (2000) é o artigo de periódico (campo
de turismo) mais citado na estrutura intelectual; contudo, ele tem, apenas, duas arestas relevantes.
Milton Santos (geografia), Philip Kotler (marketing) e Michael E. Porter (administração)
são intelectuais renomados em sua ciência ou campo de atuação, mas nenhum deles tem atuação
particular no turismo, salvo por meio de obras pontuais. Com exceção dos autores institucionais,
eles são os que possuem, cada um, a mais alta diferença proporcional entre a frequência de citações
e a presença, o que indica uma mais alta tendência de citação conjunta de várias obras de um
mesmo autor, em determinado artigo.
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KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
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Por fim, três casos particulares. Alexandre Panosso Netto tem uma produção vasta e
eclética, porém suas citações concentram-se em seus trabalhos de filosofia e epistemologia do
turismo. José Manoel Gonçalves Gândara é o autor mais produtivo nos 16 periódicos selecionados;
não se estranha que 70,38% de suas citações derivem de artigos de periódico (campo de turismo e
outros). E Reinaldo Dias (2003; 2008) tem atuação centrada no campo de administração, mas é
autor de variada gama de livros introdutórios de turismo, os quais, mesmo passados muitos anos
de sua publicação, continuam a ser muito citados.
No caso das ausências e silêncios, esperava-se, pelo menos, um autor ligado à economia
do turismo, dada a importância dos estudos econômicos para o campo, desde pelo menos os anos
1960. Outra ausência notada foi a de, pelo menos, um autor influente em campos correlatos, a
exemplo de lazer e de hospitalidade. Nesse caso, a ausência mais sentida foi a de Luiz Octávio de
Lima Camargo.
A Tabela 3 traz parte do ranking dos documentos mais influentes na estrutura intelectual,
por meio do número de citações (frequência). No total, 69.022 documentos diferentes. É
apresentado, também, o título do documento e o número de arestas relevantes (iguais ou acima do
ponto de corte estabelecido na pesquisa):
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KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
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Tabela 3- Ranking de documentos na estrutura intelectual, 1990-2018
Fonte: Dados da pesquisa
Há 156 obras que cumprem, pelo menos, um dos pontos de corte. Desse conjunto, 124 são
livros (79,49% do total), seguidas por outros (14 8,97%), capítulos de livro (cinco 3,21%),
artigos de periódico (outros) (sete 4,49%) e artigos de periódico (campo de turismo) (seis
3,85%). Nesse último caso, todos foram publicados em periódicos internacionais Buhalis (2000),
Dwyer e Kim (2003), Baloglu e McCleary (1999), Gallarza et al. (2002), Tribe (1997) e Echtner e
Ritchie (1991) , e, com exceção de Tribe (1997), têm uma perspectiva aplicada a negócios
(planejamento, competitividade e marketing).
É perceptível o amplo domínio dos livros na estrutura intelectual. Todas as publicações
com mais de 100 citações são livros, sem exceção à regra. Do outro lado, , apenas, 13 artigos de
periódico, dos quais Barretto (2003) é o único publicado em revista nacional (Horizontes
Antropológicos). Ou seja, os periódicos brasileiros de turismo não possuem, rigorosamente,
nenhum artigo dentre os mais influentes de sua própria estrutura intelectual.
Referência Título do documento Freqncia Arestas
Beni (1998) Análise estrutural do turismo 423 38
Ruschmann (1997) Turismo e planejamento sustentável 217 17
Urry (2002) The tourist gaze 193 4
Dencker (1998) Métodos e técnicas de pesquisa em turismo 161 5
Bardin (2011) Análise de conteúdo 186 5
Gil (2019) Métodos e técnicas de pesquisa social 158 5
Yin (2010) Estudo de caso: planejamento e métodos 149 2
Gil (2002) Como elaborar projetos de pesquisa 129 2
Boullón (2002) Planejamento do espo tustico 114 3
Barretto (1995) Manual de iniciação ao estudo do turismo 113 7
Malhotra (2019) Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada 112 6
Andrade (2000) Turismo: fundamentos e dimensões 96 3
Cruz (2000) Política de turismo e terririo 94 1
Ignarra (2000) Fundamentos do turismo 93 5
Santos (2006)
A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e
emoção
113
2
Cooper, Fletcher, Wanhill, Gilbert e
Shepherd (2001)
Turismo, princípios e ptica
195
12
Krippendorf (2000)
Sociologia do turismo: para uma nova compreensão
do lazer e das viagens
161
6
20
KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
Information Science: Research trends, vol. 17, publicação continua, 2023, e023017. DOI: 10.36311/1981-
1640.2023.v17.e023017.
As 17 obras listadas na Tabela 3 são livros. Gil (2002, 2019), Dencker (1998), Yin (2010)
e Malhotra (2019) são manuais de metodologia de pesquisa, e Bardin (2011) trabalha com análise
de conteúdo. Em conjunto, indicam certo predomínio da pesquisa qualitativa nos periódicos
brasileiros de turismo. Indicativo disso é a ausência de Hair et al. (2009) manual de análise
multivariada de dados muito influente e central na estrutura intelectual de periódicos internacionais
de turismo (Benckendorff 2009; Benckendorff e Zehrer 2013; Guzeller e Celiker 2019) da Tabela
3. O livro tem, apenas, 71 citações e uma aresta relevante.
A Tabela 3 contém seis livros de caráter didático e/ou introdutório Ruschmann (1997),
Cooper et al. (2001), Barretto (1995), Ignarra (2000), Cruz (2000) e Andrade (2000). Por mais que
Ruschmann (1997) trabalhe com planejamento e sustentabilidade, a leitura transversal de várias
de suas citações deixa claro que o volume costuma ser citado logo no início dos artigos, para
sustentar afirmações gerais sobre o turismo e sua importância. Esse conjunto de livros não permite
caracterizar, apuradamente, a estrutura intelectual, salvo a prática (ainda) generalizada de citação
de manuais e livros de conteúdo didático e introdutório nos periódicos brasileiros de turismo.
Urry (2002), Krippendorf (2000), Santos (2006) e Boullón (2002) permitem verificar,
mais apuradamente, a estrutura intelectual. Os três primeiros são obras particularmente
importantes nas ciências sociais. Urry (2002) é muito central e influente na estrutura intelectual
dos principais periódicos internacionais de turismo (Benckendorff e Zehrer 2013), e, em conjunto
com Krippendorf (2000), aponta a importância da sociologia e da antropologia no campo de
turismo no Brasil. Santos (2006) é uma obra seminal da geografia brasileira, de repercussão
nacional e internacional, por mais que não tenha, particularmente, o turismo como objeto de
interesse. Nos estudos ligados a negócios turísticos, para usar o termo cunhado por Tribe (1997,
2010), há, apenas, um livro Boullón (2002) , o qual aborda o planejamento do turismo.
Por fim, há Beni (1998). Uma primeira leitura pode deixar a impressão de que seu Sistema
de Turismo (SISTUR) é amplamente aplicado na literatura de turismo, e/ou de que a teoria dos
sistemas tem larga utilização no campo. Contudo, a experiência profissional dos autores do
presente artigo, a importância de Mario Carlos Beni para a estruturação e consolidação do campo
de turismo no Brasil e a leitura transversal de 45 das 423 citações revelam que Beni (1998)
21
KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
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sustenta, na maioria das vezes, afirmações de cunho geral sobre o turismo como, por exemplo,
de que ele é importante, e tem crescido muito nas últimas décadas. A influência e centralidade de
Beni (1998) reflete a importância e pioneirismo do autor, mas diz muito pouco sobre a estrutura
intelectual dos periódicos brasileiros de turismo.
Chama a atenção haver muitas obras sem nenhuma aresta relevante (91 de 156 58,33%
do total), por mais que existam, dentro desse subconjunto (91), 11 publicações com, pelo menos,
50 citações cada uma. Com mais de dez arestas relevantes, temos, apenas, Beni (1998), Ruschmann
(1997) e Cooper et al. (2001), os quais, individualmente ou em conjunto, não possibilitam uma
análise mais apurada da estrutura intelectual.
O amplo predomínio de livros (citação e cocitação), a presença de muitos manuais de
metodologia de pesquisa e de livros didáticos e/ou introdutórios, e o fato de que mais da metade
das 156 obras não terem nenhuma aresta relevante são indícios de que os periódicos brasileiros de
turismo não têm, ainda, uma estrutura intelectual bem definida. Não é possível apurar, apenas por
meio dos rankings construídos, como se caracteriza essa estrutura intelectual, salvo por meio de
alguns pontos específicos, como, por exemplo, a importância de muitos autores e obras que
trabalham com planejamento, marketing e competitividade do destino turístico, assim como a
grande influência e centralidade de obras seminais nas ciências sociais, casos de Krippendorf
(2000), Urry (2002) e Santos (2006).
A análise de redes permite refinar a caracterização da estrutura intelectual, ao se centrar
nas cocitações mais relevantes. A Figura 3 mostra o grafo de cocitação de autores, ao passo que a
Tabela 4 lista todos esses autores, segregados por agrupamentos e com sua frequência, presença e
número de arestas relevantes. Seguindo a mesma lógica, a Figura 4 e a Tabela 5 contemplam as
obras elementos isolados não são mostrados nas tabelas nem sequer nos gráficos:
22
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Figura 3 Rede de cocitação de autores, 1990-2018
Fonte: Os autores
23
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DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023017.
Tabela 4- Cocitação de autores (agrupamentos), 1990-2018
Fonte: Dados da pesquisa
Autor(a) Agrupamento Frequência Presença Arestas Autor(a) Agrupamento Frequência Presença Arestas Autor(a) Agrupamento Frequência Presença Arestas
Mario Carlos Beni 1 711 619 52 Margarita Barretto 2 535 429 35 Milton Santos 4 411 255 14
Doris V. M. Ruschmann 1 430 380 31 C. Michael Hall 2 396 285 12 Luzia N. M. T. Coriolano 4 348 269 14
Reinaldo Dias 1 369 328 27 Alexandre Panosso Netto 2 320 233 17 Rita C. A. Cruz 4 228 189 6
Chris Cooper 1 292 265 15 Antonio Carlos Gil 2 312 293 13 Carlos A. C. Sampaio 4 213 93 2
John Swarbrooke 1 234 212 13 Ada de Freitas M. Dencker 2 309 292 19 A. B. Rodrigues 4 208 166 6
Jost Krippendorf 1 223 217 11 Mirian Rejowski 2 284 181 8 Marta de Azevedo Irving 4 185 141 7
David Gilbert 1 187 179 7 John Urry 2 281 233 8 A. C. Diegues 4 144 119 1
John Fletcher 1 184 179 7 Luiz Gonzaga Godói Trigo 2 214 177 9 Ivan Bursztyn 4 134 109 2
Stephen Wanhill 1 183 177 7 Laurence Bardin 2 199 198 7 Manuel Castells 4 131 121 1
Guilherme Lohmann Palhares 1 172 136 3 Robert K. Yin 2 192 188 6 Henri Lefebvre 4 127 82 1
Roberto C. Boullón 1 167 151 5 Eva Maria Lakatos 2 171 164 6 David Harvey 4 126 100 1
Ignacy Sachs 1 160 124 2 Susana Gastal 2 165 127 2 Davis Gruber Sansolo 4 116 106 2
Richard Butler 1 155 124 1 Marina de Andrade Marconi 2 156 149 6 Roberto Bartholo 4 89 72 2
Geraldo Castelli 1 147 123 1 Marutschka Moesch 2 146 116 4 R. L. Correa 4 59 48 1
Sérgio Molina 1 126 113 2 Zygmunt Bauman 2 140 111 1 Philip Kotler 5 413 296 23
Beatriz Helena Gelas Lage 1 113 106 3 Marilia G. dos Reis Ansarah 2 138 128 6 Valarie A. Zeithaml 5 185 110 8
José Vicente de Andrade 1 109 107 3 Erik Cohen 2 135 90 1 A Parasuraman 5 174 99 6
Mario Petrocchi 1 109 105 3 Donald Getz 2 128 101 1 L. L. Berry 5 157 92 5
Luiz Renato Ignarra 1 105 105 5 John Tribe 2 125 64 2 J. F. Hair Jr. 5 147 135 4
Rebecca Shepherd 1 101 99 1 Néstor García Canclini 2 122 104 2 Naresh K. Malhotra 5 143 140 7
Miguel Ángel Acerenza 1 99 89 2 Jafar Jafari 2 116 89 4 R. L. Oliver 5 94 52 3
Charles R. Goeldner 1 95 93 2 S. Hall 2 113 99 2 M. J. Bitner 5 88 62 2
Alan Fyall 1 93 90 1 A. Santana 2 92 72 1 W. C. Black 5 84 84 2
Paulo César Milone 1 90 83 1 S. C. Vergara 2 90 85 1 R. E. Anderson 5 78 78 1
Edegar Luis Tomazzoni 1 84 74 1 Dean MacCannell 2 87 65 1 C. Gronroos 5 71 60 3
S. Horner 1 79 76 2 Clifford Geertz 2 75 71 1 R. L. Tatham 5 58 58 1
R. W. McIntosh 1 76 75 2 J. R. Brent Ritchie 3 340 242 21 Luiz O. L. Camargo 6 167 126 6
Karina Toledo Solha 1 76 67 1 Dimitrius Buhalis 3 299 162 8 Alison Morrison 6 165 130 2
José M. Gonçalves Gândara 3 287 186 8 Joffre Dumazedier 6 108 77 2
Michael E. Porter 3 284 195 10 Conrad Lashley 6 93 74 1
Geoffrey I. Crouch 3 172 94 7 Nelson Carvalho Marcellino 6 85 54 1
John L. Crompton 3 104 76 1 Lucio Grinover 6 82 60 1
J. H. Gilmore 3 87 79 1
L. Dwyer 3 84 62 5
J. B. Barney 3 80 44 1
S. Baloglu 3 76 63 2
Charlotte M. Echtner 3 76 66 1
U. Gretzel 3 75 51 1
D. R. Fesenmaier 3 69 48 1
J. F. Valls 3 65 59 1
C. Kim 3 50 45 4
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KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
Information Science: Research trends, vol. 17, publicação continua, 2023, e023017. DOI: 10.36311/1981-
1640.2023.v17.e023017.
A rede de autores tem 206 elementos, dos quais 105 aparecem isolados, consequência dos
pontos de corte adotados na pesquisa. Pierre Bourdieu é o elemento isolado com mais alta
frequência (177) e presença (122), excluindo-se autores institucionais.
O Agrupamento 1 (vermelho) ocupa espaço central no grafo, e tem o mais alto número de
componentes (28). É dominado por Mario Carlos Beni, secundado por Doris Van de Meene
Ruschmann e Reinaldo Dias e, depois, por Chris Cooper, John Swarbrooke e Jost Krippendorf,
todos autores de livros didáticos e/ou introdutórios. Não é possível depreender um subcampo nem
sequer uma escola de pensamento desse agrupamento, inclusive por haver grande heterogeneidade
entre os demais elementos. O Agrupamento 1 atesta a centralidade e larga utilização de manuais e
de textos didáticos e/ou introdutórios na estrutura intelectual.
O Agrupamento 2 (verde) liga-se, principalmente, ao Agrupamento 1, por meio de várias
arestas externas. Apesar de seu elemento central (Margarita Barretto) ter, como obra mais citada,
um livro didático (Barretto 1995), sua atuação é voltada ao turismo cultural e às relações várias
entre cultura e turismo. a presença de vários autores de manuais de metodologia de pesquisa,
com viés qualitativo. O Agrupamento 2 é centrado nas ciências sociais, com clara divisão no
espaço ocupado por autores nacionais e estrangeiros. Os primeiros são mais centrais e influentes
dentro do agrupamento, e possuem arestas externas, principalmente com o Agrupamento 1.
Destacam-se Alexandre Panosso Netto, Luiz Gonzaga Godói Trigo e Susana Gastal. Os segundos
estão na periferia do agrupamento, e têm, via de regra, apenas uma ou duas arestas (só internas),
casos de Dean MacCannell, Nestor Garcia Canclini e Erik Cohen. Nesse caso, John Urry acaba
por ser a exceção à regra.
O Agrupamento 3 (violeta) tem 15 autores, com claro domínio de J. R. B. Ritchie,
secundado por Dimitrios Buhalis, Michael E. Porter e José Manoel Gonçalves Gândara. Com
exceção desse último, todos os autores são estrangeiros, e têm vasta produção de artigos de
periódico, cada um. Trata-se, claramente, de um agrupamento de administração e marketing, com
autores especializados em pesquisas sobre destino turístico (imagem, competitividade e gestão),
além de estratégia competitiva. É um agrupamento coeso, que bem delimita uma parte da estrutura
intelectual.
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KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
Information Science: Research trends, vol. 17, publicação continua, 2023, e023017. DOI: 10.36311/1981-
1640.2023.v17.e023017.
O Agrupamento 4 (marrom) tem 14 autores, sendo polarizado por Milton Santos e Luzia
Neide Menezes Teixeira Coriolano. Trata-se de um agrupamento centrado na geografia, com foco
em turismo de base comunitária, ecoturismo e questões ambientais relacionadas ao turismo. Assim
como ocorre no Agrupamento 2, os autores estrangeiros ocupam a periferia do Agrupamento 4,
inclusive com mais baixa frequência (David Harvey, Manuel Castells e Henri Lefebvre).
O Agrupamento 5 (azul) é, claramente, de marketing. Seu elemento central é Philip Kotler,
cujo domínio indica uma visão gerencial do marketing. V. A. Zeithaml e A. Parasuraman são
coautores em estudos importantes ligados à qualidade na prestação de serviços. Por fim, a presença
de J. F. Hair liga-se a Hair et al. (2009), o que indica a ampla utilização de técnicas quantitativas
de pesquisa.
Por fim, o Agrupamento 6 (amarelo) tem, apenas, seis elementos, e é o mais isolado e
periférico da rede. É bastante homogêneo, reunindo autores nacionais e estrangeiros consagrados
nos campos de lazer e de hospitalidade. Trata-se, também, de um agrupamento pouco denso, o
qual depende, essencialmente, de um único autor para existir Luiz Octávio de Lima Camargo.
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KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
Information Science: Research trends, vol. 17, publicação continua, 2023, e023017. DOI: 10.36311/1981-
1640.2023.v17.e023017.
Figura 4 Rede de cocitação de documentos, 1990-2018
Fonte: Os autores
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KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
Information Science: Research trends, vol. 17, publicação continua, 2023, e023017. DOI: 10.36311/1981-
1640.2023.v17.e023017.
Tabela 5- Cocitação de documentos (agrupamentos), 1990-2018
Fonte: Dados da pesquisa
A rede de cocitação de documentos é composta por 156 elementos, dos quais 91 estão
isolados. dez agrupamentos, dos quais apenas um tem mais de dez elementos. Ela tem baixa
densidade; há poucas arestas externas, e muitos agrupamentos encontram-se isolados.
O Agrupamento A (vermelho) tem 24 elementos, e é o mais central da rede. Guarda
paralelo com o Agrupamento 1, acrescido de manuais de metodologia de pesquisa. O domínio de
Beni (1998) é indiscutível, secundado por Sancho (2001) e Cooper et al. (2001). Assim como
ocorre no Agrupamento 1, a heterogeneidade dos elementos reforça a importância de livros
didáticos e/ou introdutórios e manuais de metodologia de pesquisa na estrutura intelectual. Dos 24
elementos, apenas Brasil (1988) não é livro.
O Agrupamento B (cinza claro) é polarizado por Bardin (2011) e Malhotra (2019). O
primeiro liga-se a três outros manuais de metodologia de pesquisa, os quais, conjuntamente,
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KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
Information Science: Research trends, vol. 17, publicação continua, 2023, e023017. DOI: 10.36311/1981-
1640.2023.v17.e023017.
indicam o predomínio da pesquisa qualitativa. O segundo liga-se a Hair et al. (2009) o que indica
a utilização de pesquisa quantitativa em marketing e a dois livros de marketing.
O Agrupamento C (laranja) é centrado em Ruschmann (1997) o livro participa de todas
as arestas. É possível verificar um ponto que não estava claro, por meio apenas dos dois rankings
e da rede de autores, a saber: a relação pouco marcada entre planejamento, sustentabilidade e
questões ambientais, dentro da estrutura intelectual, pois ela depende, em termos de arestas
relevantes, única e exclusivamente de um livro introdutório ao estudo do turismo e planejamento
sustentável Ruschmann (1997).
O Agrupamento D (cinza escuro) é composto por cinco documentos, das quais dois são
brasileiros e introdutórios ao turismo cultural Barretto (2000) e Brasil (2010) , e três consistem
em livros internacionais, todos considerados referências para estudos ligados à cultura, patrimônio,
identidade e memória, mas sem foco no turismo Hall (2019), Geertz (1981) e Choay (2006). Não
se esperava a ausência de obras com visão aplicada e mercadológica do turismo cultural, vendo-o
como um segmento do mercado turístico. Dada a presença de Barretto (2000) e, principalmente,
Brasil (2010), esperavam-se obras de Greg Richards e Bob McKercher. A forma do agrupamento
é “esquisita”; Barretto (2000) une, indiretamente, um texto técnico e normativo sobre o turismo
cultural Brasil (2010) a volumes de ciências sociais, sem aplicação prática nem sequer foco
em turismo.
O Agrupamento E (verde) centra-se em Urry (2002), o qual é, também, muito influente e
central na estrutura intelectual dos principais periódicos internacionais de turismo (Benckendorff
e Zehrer 2013). De um lado, ele liga-se (direta e indiretamente) a dois livros de geografia; do outro,
a Krippendorf (2000) e MacCannell (1999). Todos os elementos desse agrupamento são livros de
ciências sociais, com foco ou não no turismo. É útil comparar a influência de Urry (2002) com a
de MacCannell (1999), este último considerado um clássico do campo de turismo, o qual Urry
(2002) utiliza como contraponto, a fim de construir sua teoria das viagens e do turismo. Publicado,
originalmente, em meados dos anos 1970, suas 54 citações e, apenas, uma aresta relevante revelam
que MacCannell (1999) encontra-se, relativamente, “esquecido” na estrutura intelectual, apesar de
seu papel seminal no campo de turismo.
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KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
Information Science: Research trends, vol. 17, publicação continua, 2023, e023017. DOI: 10.36311/1981-
1640.2023.v17.e023017.
Os documentos de hospitalidade e de lazer encontram-se separadas em dois agrupamentos
(F [amarelo claro] e G [amarelo escuro]) diferentes, ao contrário do verificado na rede de autores.
Ambos têm poucos elementos, cada um, e estão isolados dentro da rede. O ponto em comum é
Luiz Octávio de Lima Camargo, presente tanto no agrupamento de lazer (Camargo 1986) quanto
no de hospitalidade (Camargo 2004). É marcante o amplo domínio da teoria e do pensamento de
Joffre Dumazedier nos estudos de lazer no Brasil (1973; 2008), inclusive por meio de um de seus
orientados e discípulos intelectuais Luiz Octávio de Lima Camargo.
dois agrupamentos de documentos que guardam paralelo com o Agrupamento 3. O
Agrupamento H (violeta escuro) é atípico dentro da estrutura intelectual, pois, de seus cinco
elementos, quatro são artigos de periódico, e apenas um é livro. Todos trabalham com a
competitividade do destino turístico, sem exceção. Os quatro artigos foram publicados em
periódicos internacionais de alto impacto, tanto os de turismo quanto os outros. A aresta entre
Crouch e Ritchie (1999) e Dwyer e Kim (2003) tem valor igual a 25, muito alto para dois artigos
de periódico, o que é um forte indicativo de que há um subcampo particularmente bem delimitado
de estudos sobre a competitividade de destinos turísticos, na estrutura intelectual dos periódicos
brasileiros de turismo.
o Agrupamento I (violeta claro) reúne três artigos de periódico (campo de turismo),
todos publicados em importantes revistas científicas internacionais. De modo similar ao verificado
para o Agrupamento H, o Agrupamento I é, particularmente, consistente, pois todos os elementos
trabalham com a imagem do destino turístico. E, também, uma aresta entre dois artigos de
periódico com alto valor (20), ligando Baloglu e McCleary (1999) a Gallarza et al. (2002). Ao
contrário de o que a rede de cocitação de autores faz esperar, não há nenhuma aresta externa entre
os agrupamentos H e I.
Por fim, o Agrupamento J (azul escuro) encontra-se isolado na rede, e contempla, apenas,
dois artigos de periódico, os quais trabalham com qualidade na prestação de serviços.
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KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
Information Science: Research trends, vol. 17, publicação continua, 2023, e023017. DOI: 10.36311/1981-
1640.2023.v17.e023017.
5 Considerações finais
Com o passar das décadas, a estrutura intelectual dos periódicos brasileiros de turismo tem
tornado-se, crescentemente, mais complexa e robusta. O contínuo crescimento da média e mediana
de referências por artigo e o aumento da importância dos artigos de periódico (campo de turismo
e outros) indicam, ceteris paribus, que as redes de cocitação (autores, obras e artigos de periódico)
tendem a revelar, cada vez mais, essa estrutura intelectual, com seus subcampos, temas de pesquisa
e escolas de pensamento. Apesar desse aumento de importância, há, ainda, poucos artigos de
periódico dentre os documentos mais influentes e presentes em cocitações relevantes. Não há,
rigorosamente, nenhum trabalho publicado em um dos 16 periódicos brasileiros de turismo. Ou
seja, essas revistas científicas (por meio de seus artigos) não têm nenhum trabalho muito influente
em sua própria estrutura intelectual.
Por meio dos rankings e das redes de cocitação, é patente a grande influência e centralidade
de livros didáticos e/ou introdutórios ao turismo, secundados por manuais de metodologia de
pesquisa. Apesar da diminuição (proporção sobre o total) da citação a livros na estrutura
intelectual, eles continuam a ocupar quase todas as primeiras posições no ranking de documentos
mais influentes.
Isso faz com que os grafos da rede de cocitação (autores e documentos) tragam, em seu
centro, o “ateste” da influência e centralidade de livros didáticos e/ou introdutórios, secundados
por manuais de metodologia de pesquisa. O conjunto de manuais de metodologia de pesquisa mais
influentes e centrais indica certo predomínio da pesquisa qualitativa nos periódicos brasileiros de
turismo. Beni (1998) citações e centralidade na rede é um ateste à importância e pioneirismo
de Mario Carlos Beni na construção e estruturação do campo de turismo no Brasil, mas pouco
revela sua estrutura intelectual. A fim de compreender os subcampos e principais temas da
estrutura intelectual, cumpre dirigir-se à semiperiferia e periferia das redes de cocitação.
Os resultados da presente pesquisa confirmam a separação do campo de turismo em dois
subcampos, feita por Tribe (1997, 2010) e confirmada por Benckendorff e Zehrer (2013) para a
estrutura intelectual dos principais periódicos internacionais de turismo (Journal of Travel
Research, Annals of Tourism Research e Tourism Management). É possível perceber essa divisão
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KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
Information Science: Research trends, vol. 17, publicação continua, 2023, e023017. DOI: 10.36311/1981-
1640.2023.v17.e023017.
entre estudos de negócios turísticos e estudos turísticos para além de seus negócios na estrutura
intelectual dos periódicos brasileiros de turismo, mas não tão bem delimitada como em
Benckendorff e Zehrer (2013).
Nos agrupamentos de autores e obras ligados às ciências sociais, percebe-se o domínio de
livros, com a quase inexistência de artigos de periódico. É perceptível a influência da sociologia,
antropologia e geografia, mas a psicologia encontra-se, estranhamente, ausente. Os autores e
documentos nacionais ocupam o centro dos agrupamentos, ao passo que os autores e documentos
estrangeiros estão na periferia John Urry e Urry (2002) são as exceções à regra.
Nos agrupamentos de autores e documentos ligados aos estudos de negócios turísticos,
predominam os trabalhos sobre destino turístico (imagem, competitividade e gestão). Da rede de
autores para a de documentos, os agrupamentos ficam mais especializados, e aumenta a proporção
de artigos de periódico. Isso demonstra a combinação de livros de conteúdo mais geral com textos
especializados, publicados em periódicos internacionais de alto impacto (campo de turismo e
outros).
Por meio das redes de cocitação de autores e documentos, é possível distinguir
agrupamentos centrados em sustentabilidade, turismo cultural e cultura, patrimônio, identidade e
memória, qualidade na prestação de serviços, lazer e hospitalidade e estratégia e vantagem
competitiva. Cada um deles tem seu nível de coesão interna e características particulares.
Há algumas lacunas e ausências sentidas na estrutura intelectual dos periódicos brasileiros
de turismo, além das já colocadas. A principal é o pouco espaço ocupado por áreas “abrigadas”
em três periódicos brasileiros de turismo, no caso a cultura (CULTUR Revista de Cultura e
Turismo), a inovação (Revista Acadêmica Observatório de Inovação do Turismo) e o ecoturismo
(Revista Brasileira de Ecoturismo). No primeiro caso, o Agrupamento D, mas, dada a existência
desse periódico e a importância do turismo cultural, esperava-se que ele fosse mais denso e coeso,
com a presença de documentos que trabalham com o turismo cultural como segmento de mercado.
Não se conseguiu identificar nenhum documento específico centrada na questão da inovação. Por
fim, o ecoturismo aparece dentro da questão da sustentabilidade, mas carece de um conjunto de
documentos influentes dentro da estrutura intelectual.
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KOHLER, Andre; DIGIAMPIETRI, Luciano Antonio. Periódicos Brasileiros de Turismo: Avaliação de sua estrutura
intelectual, por meio do método de acoplamento bibliográfico (autores e documentos). Brazilian Journal of
Information Science: Research trends, vol. 17, publicação continua, 2023, e023017. DOI: 10.36311/1981-
1640.2023.v17.e023017.
Outras ausências notadas são autores e documentos ligados à administração pública,
estudos de religião, ciência política, economia e, como colocado, psicologia. escassez de
artigos de periódico ligados às ciências sociais.
Não se tem conhecimento de pesquisa similar feita sobre os periódicos brasileiros de
turismo, com o nível de profundidade e solidez metodológica aqui presentes. Trata-se de uma
pesquisa pioneira, que avalia a estrutura intelectual presente nessas revistas científicas, por meio
do método de acoplamento bibliográfico. Contudo, como é de praxe, ela abre caminhos para novas
pesquisas, as quais podem enriquecer e colocar em perspectivas os resultados encontrados.
Por fim, cabe apontar três caminhos para o prosseguimento da pesquisa. Primeiro, cumpre
elaborar a rede de cocitação e o ranking de periódicos (frequência de citações e presença). Trata-
se de um complemento à análise da estrutura intelectual, por mais que sua principal utilidade seja
revelar as principais inscrições (inscriptions) do campo de turismo no Brasil, para utilizar o termo
de Tribe (2010). Segundo, cabe refazer a pesquisa, possivelmente para 2005-2024, a fim de
verificar a estrutura intelectual. Com o crescimento da média e mediana de referências por artigo
e o aumento da importância dos artigos de periódico (campo de turismo e outros), é possível que,
com a inclusão de novos dados (2019-2024) e a retirada do período 1990-2004, seja possível ter
uma visão mais clara da estrutura intelectual dos periódicos brasileiros de turismo. Terceiro, é
possível realizar uma análise multivariada dos dados, de forma a identificar o peso de cada uma
das variáveis utilizadas para se medir a importância dos principais autores e documentos da área.
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Dados da pesquisa
Os autores declaram que os dados da pesquisa estão disponíveis, mediante solicitação.
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Received: 19/02/2022 Accepted: 30/03/2023