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SILVA, Daniele Augusta dos Santos; PARRELA Ivana Denise. Documentos Arquivísticos como Base para a
Construção da Memória Institucional: uma revisão de literatura nas teses brasileiras entre 2009 e 2018.
Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023, e023024. DOI:
10.36311/1981-1640.2023.v17.e023024.
DOCUMENTOS ARQUIVÍSTICOS COMO BASE
PARA A CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA
INSTITUCIONAL:
uma revisão de literatura nas teses brasileiras entre
2009 e 2018
Archival documents as a basis for the construction of institutional memory: a review of literature in
Brazilian theses between 2009 and 2018
Daniele Augusta dos Santos Silva (1), Ivana Denise Parrela (2)
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Brasil, danitsbh@gmail.com,
(2) ivanaparrela@ufmg.br
Resumo
Este trabalho teve por objetivo apresentar resultados encontrados na revisão de literatura feita sobre a
construção da memória institucional a partir dos documentos arquivísticos. A busca foi realizada no banco
de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (capes), pelos termos:
“arquivo” + “memória institucional”; “arquivo” + “memória organizacional”; “arquivo” + “memória
empresarial”. O recorte delimitou o período entre 2009 e 2018 as duas grandes áreas do conhecimento:
ciências sociais aplicadas e ciências humanas; e área do conhecimento de ciência da informação,
comunicação e história. Dos resultados encontrados foram selecionados quinze trabalhos para a leitura e
análise, e o resultado apontou para as questões de disputa e poder, memória e esquecimento, manipulação
e imposições ideológicas que permeiam a construção da memória. Além do caráter interdisciplinar da
pesquisa, percebeu-se que os documentos arquivísticos foram fundamentais para a produção das teses lidas.
Contudo, ainda são necessários mais estudos para aprofundar o tema salientando o caráter interdisciplinar
da memória. E, ainda para o desenvolvimento de metodologias, que utilizem os documentos arquivísticos
como parte fundamental para a construção da memória institucional.
Palavras-chave: Comunicação e informação. Arquivologia. Memória institucional. Memória
organizacional. Memória empresarial.
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Abstract
This study aimed to make a bibliographic analysis regarding construction of institutional memory from
archival documents. The search was carried out in the database of the Coordination for the Improvement of
Higher Education Personnel (capes), using the terms: "archive" + "institutional memory"; "archive" +
"organizational memory"; “archive” + “corporate memory”. The time frame delimited the period between
2009 and 2018 the areas of applied social sciences and humanities and the areas of knowledge of
information science, communication and history were selected. From the results found, fifteen papers were
selected for reading and analysis, and the result pointed to the matters of dispute and power, memory and
forgetfulness, manipulation and ideological impositions that permeate the construction of memory. In
addition to the interdisciplinary nature of the research, it was noticed that the archival documents were
fundamental for the production of the theses read. However, more studies are still needed to deepen the
theme, highlighting the interdisciplinary character of memory. And, moreover for the development of
methodologies, that use archival documents as a fundamental part for the construction of institutional
memory.
Keywords: Communication and information. Archival Science. Institutional memory. Organizational
memory. Corporate memory.
1 Introdução
O uso e produção dos documentos estão atrelados ao desenvolvimento da escrita e dos
suportes utilizados para a conservação das informações produzidas. Eles são os produtos das
atividades cotidianas de uma instituição e têm por função cumprir obrigações jurídicas e legais e,
num segundo momentos, após cumprirem sua função primária legal, podem servir como fonte de
prova, de pesquisa e, ainda, refletirem sobre a trajetória e costumes sociais (PAES, 2004;
CAMPOS, 2015).
Considerando essa premissa, a discussão a respeito do fazer arquivístico no âmbito
institucional e no que diz respeito a memória institucional se faz necessária e pertinente. Dentro
da área da ciência da informação essa temática já figurava como objeto de algumas pesquisas. Com
a ampliação e reestruturação dos programas de pós-graduação no Brasil desde a criação do Reuni
em 2007, mais pesquisas foram desenvolvidas englobando o universo dos documentos
arquivísticos e a memória institucional. Em virtude disso, as relações interdisciplinares da
arquivologia com outras áreas do conhecimento também passaram a ficar mais evidentes, sendo
que as discussões interdisciplinares são fundamentais para o desenvolvimento de novos
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conhecimentos, ampliação e aplicação de conceitos e teorias em áreas correlatas (MARQUES;
TOGNOLI, 2016).
A partir desse cenário, esse trabalho teve por objetivo realizar uma revisão de literatura
tendo os documentos arquivísticos como elemento central para a construção da memória
institucional. Considerando as caraterísticas interdisciplinares supracitadas da área, além da
Arquivologia e da Ciência da Informação também foram abordados estudos de Comunicação e
História. Ademais, a última revisão bibliográfica sobre memória institucional é o texto de RUEDA,
FREITAS E VALLS de 2011 (1), além do distanciamento temporal e da ampliação dos estudos
ligados à arquivologia é pertinente a realização de uma nova revisão bibliográfica almejando o
desenvolvimento de novas vertentes de estudo sobre o tema, incluindo e correlacionando também,
novas áreas do conhecimento, como a história e a comunicação.
Por tudo isso, o mote foi pesquisar os aspectos da construção da memória institucional
centrada no documento arquivístico, através da revisão da literatura da produção científica
brasileira, a partir dos anos 2000. O objetivo geral buscou compreender como os documentos
arquivísticos podem qualificar a construção da memória institucional a partir das teses publicadas
no banco de teses da CAPES, entre 2009 e 2018. Além disso, discutir o entendimento dos
elementos que permeiam esse tema como: arquivo, documento arquivístico em âmbito público e
privado e sua contribuição para a construção da memória institucional. Discutir questões relativas
à construção da memória, as relações de disputa e poder, em teses produzidas nas áreas de ciência
da informação, comunicação e história.
2 Fundamentação Teórica
Essa discussão está dividida em dois assuntos: documentos arquivísticos e memória
institucional. O primeiro tópico será dedicado a caracterizar o que é o documento arquivístico,
suas características e sua importância dentro de uma estrutura administrativa. A segunda parte será
composta pela apresentação do conceito de memória, memória institucional, a construção da
memória nacional e individual e as relações de disputa e poder que envolvem a construção da
memória social.
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Para iniciar esta discussão, tomamos como base que os documentos são produtos das
atividades administrativas de uma instituição a fim de cumprir obrigações legais e jurídicas.
Segundo a teoria arquivística, após o cumprimento de seu papel legal, os documentos podem ser
instrumento de pesquisa refletindo a rotina dos atos administrativos e nos informando sobre os
atores que atuavam na organização e seu trabalho junto à comunidade na qual se insere (CAMPOS,
2015). Para considerar um documento como arquivístico é necessário que ele seja produzido ou
recebido em função dos trâmites administrativos de uma pessoa, seja ela física ou jurídica, e deve
ser “dotado das seguintes características diplomáticas: forma fixa, conteúdo estável, relação
orgânica, contexto identificável, ação e cinco pessoas (autor, redator, destinatário, originador e
produtor)” (RONDINELLI, 2011, p. 257). Neste trabalho serão consideradas as definições de
Campos (2015) e Rondinelli (2011) como norteadoras, elucidando o lugar do documento
arquivístico dentro da produção documental de uma entidade.
Durante o período pós-guerra, ocorreu a expansão acelerada na produção de documentos,
necessitando, assim, estabelecer critérios para racionalizar sua produção. Para isso acontecer foi
preciso submeter os documentos ao processo de avaliação, visando à seleção daqueles que serão
guardados permanentemente. No que tange o processo de avaliação, é importante compreender o
funcionamento do ciclo de vida documental, que se divide em três idades, sendo elas: corrente,
intermediária e permanente (SCHELLENBERG, 2006).
A fase corrente abrange o uso jurídico-administrativo dos documentos relativo à sua
utilização e tramitação. Já a fase intermediária é iniciada ao final do uso administrativo e jurídico,
não é mais necessário ficar junto de seu produtor, podendo ser encaminhado a um arquivo central.
O processo de avaliação é realizado, comumente, nesta etapa, indicando a destinação final do
documento, eliminação ou guarda permanente. Por fim, a última idade, o arquivo permanente, é
instituída após o recolhimento dos documentos, também é nela que se dá o uso histórico, social e
científico dos documentos (BELLOTTO, 2006, p. 23-24).
Após compreender as definições das idades documentais o papel da avaliação é elucidado,
e a partir dela é possível qualificar o valor dos documentos, assim indicando o período de guarda
e sua passagem de uma idade a outra ou sua eliminação (CAMARGO, 2001). A avaliação é um
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processo fundamental na arquivologia, pois por meio deste é possível definir os documentos
permanentes que serão preservados, passíveis de compor o patrimônio documental de uma
sociedade (JARDIM, 1995). Desta maneira, considera-se a formação do arquivo a partir
cumulatividade da produção documental, sendo que esta deve refletir a estrutura administrativa de
seu produtor (NASSAR, 2004). "O arquivo de uma unidade administrativa armazena tudo o que
ela produz normas, objetivos, documentos decorrentes de suas funções , servindo à informação
e à gestão" (BELLOTTO, 2006 p. 25). Vale ressaltar que quanto mais organizada e complexa é
uma sociedade maior sua produção documental, tanto para pessoas físicas quanto para as jurídicas
públicas ou privadas (DELMAS, 2010).
Sendo assim, a preservação dos documentos arquivísticos beneficia toda a sociedade de
maneira geral ao permitir que a administração possa se alicerçar nos atos precedentes para a
tomada de decisão e aos cidadãos que utilizarão os documentos na pesquisa histórica, científica e
na garantia de seus direitos. Além disto, estes documentos serão um pilar para a construção da
memória de um grupo social (BELLOTTO, 2006), direcionamento que será adotado por esta
pesquisa: a construção da memória social.
No entendimento de Hedstrom, (2016, p. 240) a memória coletiva é normalmente definida
como a representação que um grupo cria de seu passado e, termos de origens, valores e
experiências compartilhadas”. Utilizaremos também a abordagem de Le Goff (1990) que em seus
estudos explicou que um ponto crucial na história dos arquivos é a mudança da sociedade oral para
a escrita. A partir do registro dos atos as pessoas puderam acessá-los posteriormente, e por
consequência rememorar suas atividades, costumes e tradições.
Considerando a necessidade de registro das atividades humanas e a cumulatividade dos
documentos de arquivo ao longo do desenvolvimento da sociedade, Pollak (1992, p.4) ressalta que
em função do volume de registros gerados nem tudo o que é produzido é possível conservar e,
tampouco pode ser lembrado em sua totalidade. Partindo dessa premissa, Pollak (1989, p. 2-7),
discorre sobre o conceito de memória e esquecimento, consequentemente, o controle de uma
narrativa para memória social. Defende, também, que a memória é resultado de um processo de
construção ou seleção ao considerar que nem todos os fatos registrados possam ser relembrados.
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Outro ponto reiterado por Pollak (1989) são os esforços feitos para a construção de uma memória
oficial, estes estão diretamente ligados aos interesses (sociais, políticos, culturais, entre outros
aspectos) de grupos dominantes, não sendo, necessariamente, o Estado contra a sociedade civil.
Mas sempre a narrativa a ser prevalecida será de um grupo social em posição privilegiada de poder,
seja ele social, financeiro, político, religioso e/ou todos juntos.
Existe uma diferença entre o esquecimento natural, que é quando não há a possibilidade de
rememorar tudo o que foi registrado, em função da quantidade de registros produzidos, para o
esquecimento seletivo, àquele que tem a intenção de selecionar pontos que são, ideologicamente,
interessantes para a narrativa buscada. Estes esquecimentos ainda podem ser atribuídos como um
mecanismo de poder e disputa na construção de uma memória oficial, onde são ressaltados
aspectos de grupos socialmente dominantes em detrimento a grupos marginalizados (POLLAK,
1989).
Em outros aspectos, a construção social da memória também se encarrega em preservar
características sociais e culturais de um povo. Hedstrom (2016, p. 240-241) complementa que a
memória deve recriar uma narrativa composta por símbolos, datas, celebrações dentre outros
aspectos culturais importantes para um grupo social, devendo criar um senso de pertencimento e
identidade nos indivíduos. É importante ressaltar a dualidade que esse aspecto da memória pode
apresentar. Por um lado, é possível preservar as características de um grupo, ressaltando suas
especificidades e todo esse conjunto se traduz na memória de uma nação. Por outro lado, existem
questões de poder e disputa da narrativa na construção de uma memória nacional.
POLLAK (1992, p.4) explica que a memória organizadíssima, que é a memória nacional,
constitui um objeto de disputa importante, e são comuns os conflitos para determinar que datas e
que acontecimentos vão ser gravados na memória de um povo.”. Le Goff (1990) ainda destaca que
a construção da memória deve ser considerada como uma conquista para um grupo social, e mais
que isso, ela também é utilizada como um instrumento de poder, que está diretamente ligada à
identidade dos indivíduos. Para Pollak (1992), ao construir uma memória nacional é necessário
mais do que a organização dos atos oficiais, é fundamental que ela contenha características
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culturais, sociais e políticas dos povos que a constitui, portanto, deve-se acrescentar aos fatos do
Estado a história das instituições e dos indivíduos.
Pensando nessas condicionantes que devem ser compreendidas na construção da memória
de um Estado Nacional, vamos delinear, neste estudo, alguns aspectos da memória no âmbito
público e privado jurídico. Contudo, serão utilizados alguns trabalhos sobre arquivo pessoal
apresentando a contribuição dos indivíduos para a memória de uma nação.
Inicialmente, como o tema central desta pesquisa são os documentos arquivísticos, se faz
importante pontuar sua utilização dentro do processo de construção da memória institucional. Para
isso, Jardim (1995) destaca o trabalho do arquivista como agente imprescindível no tratamento
documental, ressaltando o processo de avaliação para construção do patrimônio documental de um
país, que é a partir do acesso aos documentos que se torna possível a seleção memorial. Os
estudos de Bellotto (2006) acrescentam que a construção da memória vai além dos documentos,
valendo-se de outros tipos documentais que compõe o patrimônio de uma instituição, dentre eles
os documentos provenientes de biblioteca e centros de documentação, entre outros. Vale ressaltar
que essa pesquisa também considera a memória nacional como um tipo de memória institucional,
uma vez que o Estado (detentor da narrativa oficial da memória nacional) faz as vezes de
instituição.
A construção da memória das instituições, para Totini e Gagete (2004), não deve ser feita
apenas com os pontos positivos vividos pela entidade. Parrela e Nascimento (2019) complementam
que para a memória institucional atingir a eficácia esperada deve ser fruto de um estudo minucioso,
debruçando-se nas características históricas da instituição, deixando de lado propriedades
meramente celebrativas. Nessa direção, o tratamento arquivístico é imprescindível para embasar a
construção da memória institucional.
Camargo e Goulart (2015) explicam que mudanças ocorreram nas organizações a partir do
século XX, quando o capital intelectual de uma entidade passou a ser considerado como um bem
da instituição, o no setor privado, como no público também. Nesse contexto, torna-se
imprescindível que a entidade se relacione com o ambiente a qual ela está inserida, como é
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composto seu público interno, externo e como ela é percebida por esses públicos (RUEDA;
FREITAS; VALS, 2011).
No âmbito privado, além do entendimento do grupo social no qual a empresa está inserida,
ainda é necessário entender o mercado e se posicionar diante dele para se sobressair em relação a
outras instituições de mesmo seguimento. Para isso é necessário contar sua história, apresentando
sua jornada, refletindo sobre os pontos negativos, expondo as particularidades e características
marcantes que trouxeram a instituição até o ponto em que ela se encontra. Contudo, é preciso ter
tempo e técnica para executar (NASSAR, 2004), porque quanto mais complexa for a instituição,
mais informações são necessárias para construir a memória institucional. Além dos documentos
arquivísticos (atas, relatórios, folhas de pagamento, projetos, entre outros), também é adequado o
uso de outros tipos documentais, como os de apoio a atividade administrativa, pesquisas de
satisfação, relatos de história oral, livros, entre outros (CAMARGO; GOULART, 2015).
Após discussão desses aspectos dos documentos arquivísticos e da constituição da
memória, é importante compreender como essa teoria é abordada e aplicada nas pesquisas que
envolvem o tema. Sendo assim, o ponto de análise será feito a partir da compreensão da abordagem
dos temas relativos à memória a partir do uso dos documentos arquivísticos como fonte primária
de pesquisa.
2 Metodologia e resultados
A metodologia utilizada nessa pesquisa foi a revisão de literatura. Esta metodologia foi
escolhida visando conhecer a produção científica existente no Brasil, relativa ao uso dos
documentos arquivísticos para a construção da memória. Foi divida em duas etapas, o
levantamento e revisão da teoria buscando compreender a formação da memória institucional a
partir dos documentos arquivísticos, suscitando a importância dos documentos para a construção
da memória.
A segunda etapa, foi realizada no banco de teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES), o recorte temporal utilizado foi do ano 2009 a 2018 e
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ressaltando as características interdisciplinares do tema, foram selecionados trabalhos relacionados
a três áreas do conhecimento (ciência da informação/arquivologia, comunicação e história).
Devido à abrangência nacional das publicações, as referências utilizadas nesse escopo estão todas
em formato on-line com o objetivo de facilitar o acesso a pesquisas bibliográficas desta natureza.
As etapas de pesquisa foram estruturadas a partir do processo sugerido por Bento (2012),
que é: 1) estabelecer as palavras-chave ou descritores para balizar a busca; 2) rever as fontes
secundárias para compreender um cenário inicial sobre o tema; 3) recolher e levantar as fontes
primárias classificando-as a partir de sua importância para o estudo; 4) ler criticamente e resumir
a literatura após levantar todos os estudos importantes para o trabalho, pois é necessário ter
conhecimento e resumir os pontos identificados como relevantes para o trabalho.
Seguindo a metodologia proposta por Bento (2012), o progresso do trabalho se deu da
seguinte maneira:
1. Seleção de palavras-chave que caracterizaram o escopo de pesquisa, os termos
utilizados foram: “arquivo”; “memória organizacional”; “memória institucional” e
“memória empresarial”.
2. Na segunda etapa foram levantadas as fontes secundárias para conhecer, de maneira
geral, o problema estudado, recapitulados anteriormente, apresentando as questões
iniciais sobre os documentos de arquivo, os tópicos sobre a construção da memória, a
memória nacional, as contribuições sociais para a memória de grupos ou pessoas e a
memória empresarial.
3. Escolha do banco de teses da CAPES para o levantamento das fontes primárias. O
pleito foi feito em razão da importância da instituição para o desenvolvimento da
ciência no Brasil e pelo fato de a maior parte das produções científicas brasileiras serem
depositadas nesse repositório.
3.1 Dentro do repositório da CAPES foram selecionados alguns filtros
disponibilizados pela própria plataforma.
No campo “Tipo” foi selecionado o item “Tese”
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No campo “Ano” foram selecionados itens de 2009 a 2018
Nos campos “Autor”, “Orientador” e “Banca” não foram selecionados nenhum
item
No campo “Grande área do conhecimento” foi selecionado os itens “Ciências
sociais aplicadas” e “Ciências Humanas”
No campo “Área do conhecimento” foi selecionado os itens “Ciência da
Informação”, “Comunicação” e “História”
Nos campos “Área de avaliação”; “Área de concentração”; “Nome do
programa”; “Instituição” e “Biblioteca” não foi selecionado nenhum item.
3.2 Após a seleção dos filtros supracitados foram realizadas três buscas dentro da
plataforma: “arquivo” + memória institucional”; “arquivo” + “memória
organizacional” e “arquivo” + “memória empresarial”
Após a inserção dos filtros supracitados foi encontrado um total de 503 resultados, como é
possível ver no quadro abaixo. Foram realizados três tipos de buscas com palavras-chave,
mencionadas no item 3.2.
Quadro 1 - Resultados da pesquisa utilizando os filtros na busca
Resultados encontrados após os filtros:
Tipo: Doutorado
Ano: 2009 a 2018
Grande área do conhecimento: Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas
Área do conhecimento: Ciência da informação; Comunicação; História
“arquivo” + “memória institucional”: 173 resultados
“arquivo” + “memória organizacional”: 166 resultados
“arquivo” + “memória empresarial”: 164 resultados
Total encontrado das buscas: 503 resultados
Fonte: elaborado pelas autoras.
Ao chegar ao quantitativo de 503 resultados foram excluídos todos os trabalhos em
duplicidade, sendo selecionadas ao fim deste corte 175 teses. O próximo passo foi ler todos os
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resumos destes 175 textos. Como o objetivo deste trabalho foi pesquisar a discussão sobre a
memória institucional a partir dos documentos arquivísticos, os trabalhos que não tinham essa
abordagem foram cortados da amostra selecionada. Muitos dos resumos lidos apresentavam algum
ponto de contato entre a memória institucional e/ou com os documentos arquivísticos, contudo,
não apresentavam a construção da memória institucional a partir dos documentos arquivísticos,
seja no âmbito público ou privado, portanto não se enquadravam na amostra pretendida neste
estudo.
Ao final, foram selecionadas 16 publicações que se encaixavam no escopo deste projeto,
entretanto, uma das publicações (2) selecionadas não estava disponível para leitura ou download
na base de dados da Capes ou da biblioteca depositária da instituição de defesa, com isso ela
também foi excluída da análise, restando para serem analisadas 15 teses. Todos estes trabalhos
foram lidos em sua totalidade e incluídos na análise feita nesta pesquisa.
Como mencionado anteriormente, optou-se por estender a busca em outras áreas do
conhecimento, buscando abranger os aspectos de interdisciplinaridade pertinente à ciência da
informação. Em função disso, o quadro 2 apresenta uma distribuição percentual das áreas de
pesquisa dos textos da amostra selecionada. o quadro 3, apresenta a divisão percentual do âmbito
das pesquisas, público ou privado.
Quadro 2 - Áreas de Pesquisa
Áreas de Pesquisa
Ciência da Informação
20%
Comunicação
20%
História
60%
Fonte: elaborado pelas autoras.
Quadro 3 - Tipo de instituições pesquisadas
Instâncias de Pesquisa
Público
47%
Privado
53%
Fonte: elaborado pelas autoras.
Ao concluir a fase de cortes da amostra e chegar ao quantitativo final de 15 trabalhos, todo
o material foi lido em sua totalidade, além de ter sido listado os principais pontos de interesse para
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esta pesquisa. No quadro 4 são apresentas todas as teses que compuseram a amostra deste trabalho.
O quadro descreve o autor, título, ano da publicação e área do conhecimento em que o trabalho foi
defendido. Sua finalidade é de facilitar o entendimento do que será analisado, retratando as obras
escolhidas e como apoio à compreensão do quadro 5.
Quadro 4 - Fontes utilizadas para análise de dados
Autor
Título
Ano de
Publicação
Área do
conhecimento
Barbosa, A. A.
Ambiências Memoriais no Ciberespaço: portais
corporativos como lugar de memória
2015
Comunicação
Social
Barros, N. C.
S.
Arquivos da vida, arquivos da história: as
experiências intelectuais de Joaquim Inojosa e
os usos da memória do Modernismo
2012
História Social
Constante, S.
E.
Narrativa Jornalística e Memória Institucional:
a Universidade Federal de Santa Maria no
jornal A Razão
2018
Comunicação
Social
Cordeiro, F. L.
Outras histórias sobre poder e memória: as
instituições arquivísticas e o(s) lugar(es) de
memória(s) em Montes Claros, MG - 1980 a
2012
2013
História
Costa, E. A.
Arquivo, poder, memória: Hermam Hugo
Graeser e o Arquivo Fotográfico do IPHAN
2015
História
Gonçalves, E.
F.
A fotoautobiografia como espaço de
recordação: fragmentos em álbuns de memória
sobre a Universidade Federal da Paraíba no
Arquivo Afonso Pereira
2016
Ciência da
Informação
Molina, L. G.
Memória organizacional e a constituição de
bases de conhecimento
2013
Ciência da
Informação
Molina, T. S.
Arquivos privados e patrimônio documental: o
programa de preservação da documentação
histórica - pró - documento (1984-1988)
2018
História
Nharreluga, R.
S
O estado e a construção da ordem arquivística
em Moçambique (1975-2010)
2014
História,
Política e Bens
Culturais
Sousa, A. C.
M.
Nos acordes do quinteto da Paraíba: Memórias
e Escritos de um Acervo
2018
Ciência da
Informação
Souza, P. V.
Comunicação, Modernidade, Religião: relações
culturais na história e produção do Centro
Áudio Visual Evangélico - cave (1951-1971)
2014
Comunicação e
Cultura
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SILVA, Daniele Augusta dos Santos; PARRELA Ivana Denise. Documentos Arquivísticos como Base para a
Construção da Memória Institucional: uma revisão de literatura nas teses brasileiras entre 2009 e 2018.
Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023, e023024. DOI:
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Fonte: elaborado pelas autoras.
Nas leituras realizadas foram percebidos alguns aspectos que se repetiam através das
discussões feitas pelos autores selecionados. Assim, também foi possível classificar quais aspectos
da memória cada texto mais se aproximava. Sendo assim, no quadro 5 é feita uma categorização
em dois níveis. O primeiro deles é em qual abordagem sobre memória cada autor se enquadra que,
neste caso, esta dividida em três perspectivas: formação da memória nacional, contribuições
sociais para a memória de grupos ou pessoas e a memória empresarial.
O segundo nível apresenta, de forma resumida, quais são as principais discussões
levantadas dentro de cada abordagem da memória. Essas discussões também foram apresentadas
de forma resumida no referencia teórico deste trabalho. Com isso, as discussões que envolvem a
análise das teses selecionadas vão circundar as questões de disputa e poder; controle de narrativa;
perspectiva unilateral do Estado na construção da memória nacional; a importância da preservação
dos documentos arquivísticos para a preservação da memória individual e de grupos; uso dos
documentos arquivísticos como diferencial competitivo, entre outros, como pode ser observado no
quadro 5, abaixo.
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SILVA, Daniele Augusta dos Santos; PARRELA Ivana Denise. Documentos Arquivísticos como Base para a
Construção da Memória Institucional: uma revisão de literatura nas teses brasileiras entre 2009 e 2018.
Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023, e023024. DOI:
10.36311/1981-1640.2023.v17.e023024.
Quadro 5 - Principais pontos sobre memória discutidos nas teses
Tema
Autores
Memória
Empresarial
Barbosa (2015);
Molina (2013);
Vitoriano (2011).
Contribuições
sociais para a
memória de
grupos ou
pessoas
Barros (2012);
Costa (2015);
Gonçalves (2016);
Sousa (2018).
Formação da
Memória
Nacional
Constante (2018);
Cordeiro (2013);
Molina (2018);
Nharreluga (2014);
Souza (2014);
Victor (2012);
Watanabe (2012);
Zatta (2016).
Fonte: elaborado pelas autoras.
O quadro 5 buscou facilitar a compreensão das análises feitas abaixo, ao compilar os
principais assuntos que foram encontrados nas leituras dos textos selecionados. Além disso,
demonstrar em quais pontos a pesquisa sobre a memória institucional, a partir dos documentos
arquivísticos, avançaram entre os anos de 2009 e 2018, por meio das pesquisas de pós-graduação
nas áreas de ciência da informação, história e comunicação. Através desse esquema é possível
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10.36311/1981-1640.2023.v17.e023024.
perceber quais os pontos conflituosos da memória são abordados e até onde o trabalho com os
documentos arquivísticos contribuem para essas narrativas, uma vez preservados.
3 Construção da memória a partir dos documentos arquivísticos
Antes de dar início a análise de dados, ao delimitar o recorte do objeto foram deixados de
lado seis trabalhos que valem ser destacados por abordarem questões memoriais, são as pesquisas
de Costa (1997), Aguiar (2018), Viana (2015), Neto (2013), Silva (2015) e Parrela (2009)
(orientadora deste trabalho) que mesmo dentro do recorte temporal, a autora não identificou seu
trabalho como um trabalho de memória institucional. É relevante ressaltar esses trabalhos pelas
discussões que eles apresentam a respeito do trato com os documentos arquivísticos em relação ao
processo de construção da memória, contudo, não contemplam especificamente o recorte
selecionado aqui.
Serão observadas abordagens distintas sobre a construção da memória, por exemplo a
composição de uma memória nacional de um grupo social de pessoas como parte de uma memória
nacional, de entidades privadas, e ainda reflexões sobre a manipulação da memória, o seu uso
como um instrumento de poder, a dualidade entre memória e esquecimento, a importância do
tratamento documental como base para a sua criação entre outros tópicos.
Vale lembrar que os documentos arquivísticos são a base para a realização de todas as
pesquisas selecionadas. E, ainda, quando passada a temporalidade jurídico-administrativa que
carregam a partir de sua produção, os documentos, podem servir a partir de seus usos secundários,
para pesquisas, uso social, escrita da história e construção da memória.
Le Goff (1990) discorre sobre os elementos necessários para a composição de uma
memória nacional, elegendo símbolos que serão utilizados para compor esta memória. Seguindo
essa direção, a composição deve abarcar todos os traços característicos de um povo e não refletir
somente a história administrativa de um país, porque deve contemplar tanto a história do Estado
quanto das empresas privadas, dos diferentes tipos de povos, movimentos culturais, artísticos,
sociais, religiosos dentre outros.
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10.36311/1981-1640.2023.v17.e023024.
Nessa direção, de certa forma, todos os trabalhos selecionados nesse recorte apontam para
a construção de uma memória nacional, uma vez que todos refletem essas características que a
compõe. Contudo, algumas pesquisas incidem diretamente a esse tema quando outras fazem
recortes mais específicos. Com isso, os trabalhos serão analisados em três grupos: àqueles que
desenvolvem questões ligadas à memória nacional diretamente, a memória de social de grupos ou
indivíduos e a memória de instituições privadas (empresas).
A maior parte desse recorte contempla trabalhos que estudam elementos que compõe a
memória nacional. Nesse âmbito, temos os trabalhos de Watanabe (2011) e Souza (2014) que irão
estudar aspectos de manifestação religiosa, a partir dos registros documentais produzidos por dois
grupos específicos, ao passo que o primeiro analisa a construção da história do protestantismo
brasileiro, ressaltando uma mudança na narrativa criada ao longo da história do movimento, no
intuito de reforçar preceitos e crenças através da memória, utilizando-a como um instrumento de
poder para transmitir os valores idealizados. Souza (2014) estuda a memória do Centro
Audiovisual Evangélico (cave) em seu trabalho, a autora foca nos processos de construção da
memória da instituição. Fazendo uma revisão sobre a história da organização, Souza retrata as
dificuldades para a sua realização e as lacunas encontradas nos documentos, tendo que lançar mão
de técnicas complementares como a história oral para consumar o proposto. Além disso, é
interessante ressaltar que mesmo este sendo um trabalho da área de comunicação a autora trouxe
ao texto a importância da utilização dos documentos arquivísticos para a composição da memória,
assim como a importância do tratamento documental.
Constante (2018), por sua vez, propõe a composição da memória da Universidade Federal
de Santa Maria através de um jornal produzido na instituição. É interessante a abordagem feita
pela autora, que utiliza de outros tipos de documentos para verificar e amarrar a narrativa contida
ao jornal, analisando sobre o seu contexto social de produção, ressaltando a relevância desse tipo
documental uma vez que são imbuídos de posicionamento crítico, político, social entre outros.
Apesar de reafirmar o espaço das instituições públicas de ensino superior dentro da memória
nacional, a autora se debruça mais no papel social que elas têm na sociedade, levando a discussão
de seu trabalho para um lugar crítico, utilizando a memória como um instrumento de reafirmação
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do papel da Universidade como agente transformador de uma comunidade, a partir do que foi
possível analisar através da produção dos jornais que foram veiculados na Universidade
anteriormente.
Ainda ligado à construção da memória nacional outros três trabalhos estudam tais questões,
contudo Zatta (2016), Nharreluga (2014) e Cordeiro (2013) retratam particularidades ligadas à
manipulação da memória oficial e sua utilização como um instrumento de poder e disputa, ao longo
de sua elaboração. Nos três casos, os autores salientam o processo de construção memorial a partir
do esquecimento seletivo, quando as instituições adotam posturas que visam suprimir determinado
fatos de sua história, mesmo que estes estejam registrados nos documentos, abordando o
esquecimento como um mecanismo programado na concepção da narrativa desejada. Os três
trabalhos apresentam a manipulação da memória ligados a ideologia pregada pelas instituições
estudadas, sendo que Zatta (2016) analisa o caso do Exército Brasileiro, Nharreluga (2014) o da
mudança estrutural do Estado em Moçambique e Cordeiro (2013) o da construção memorial do
poder legislativo em Montes Claros.
Apesar de diferentes esferas de poder estas pesquisas se debruçaram a investigar pontos
importantes para o debate sobre a construção da memória ao retratarem as questões de disputa e
poder ligadas à construção memorial. Quando os três casos estudados descrevem os métodos
utilizados ressaltam o uso da dualidade entre memória e esquecimento para elaborar uma narrativa
que atenda aos interesses ideológicos da instituição, e ainda conseguem reafirmar a estabilidade e
autoridade diante de um contexto social.
Ainda nessa direção, a pesquisa de Victor (2012) investiga o uso da memória como
instrumento de poder para cunho político. Na tese é estudado o integralismo no Brasil e como as
ações memoriais podem ser utilizadas para transformar a opinião pública, diminuindo as
representações negativas de um determinado objeto. O autor ainda discute a importância da
imprensa como um agente chave na influência de um contexto social, como um ponto de
intervenção da opinião pública. Molina (2018), por sua vez, traz uma abordagem sobre as políticas
públicas necessárias para a preservação do patrimônio documental, consequentemente mantendo
os subsídios para o desenvolvimento da memória nacional. A autora pesquisa o caso do Pró-
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Documento, programa criado para a preservação de acervos institucionais privados, parte
integrante da memória nacional, que, por vezes, é negligenciada em função do caráter privado
desses documentos, ficando a cargo dos titulares sua destinação.
Seguindo essa mesma direção, outros três trabalhos contribuem para a discussão sobre
arquivos privados, sendo eles o de Barbosa (2015), Vitoriano (2011) e Molina (2013), pois
completam as reflexões sobre o campo empresarial. As três autoras apresentam aspectos diferentes
ao tratar sobre os arquivos empresariais. Vitoriano (2011) aborda um trabalho essencial para a
construção da memória institucional, o tratamento dos documentos arquivísticos para que seja
possível contar uma história empresarial, mas, antes de tudo é necessário que existam subsídios
suficientes para fazê-la e, para isso, é fundamental a gestão de documentos. Molina (2013), por
sua vez, pontua a importância da utilização dos documentos produzidos de maneira estratégica,
como alicerce para a construção da memória institucional. Barbosa (2011) direciona sua
pesquisa para a construção da memória institucional como um diferencial agregador à imagem da
instituição, acrescentando diferencial mercadológico à marca.
Por último, as contribuições de Sousa (2018), Barros (2012), Costa (2015) e Gonçalves
(2016) abordam as contribuições sociais feita por grupos ou pessoas para a construção da memória
nacional. Com isso, Sousa (2018) trabalha com o estudo de caso de um grupo de música de câmara,
e em sua pesquisa a autora ressalta a importância social da memória na preservação de aspectos
culturais de determinados grupos sociais. Além disso, ela apresenta a necessidade do tratamento
dos documentos arquivísticos, em especial os arquivos técnicos por se tratar de um acervo de
documentos musicais, como partituras entre outros. Barros (2012) estuda o movimento literário
Modernismo no Brasil a partir dos documentos produzidos por Joaquim Inojosa. Esse estudo
ressalta a contribuição dos arquivos pessoais para a memória social, também, aborda uma
discussão interessante sobre separação entre a vida pública e a privada ao retratar a vida do escritor.
Costa (2015), por sua vez, estuda a importância da fotografia para os conjuntos documentais,
podendo ser utilizada como integrante do patrimônio documental de uma instituição, além de
destacar o cuidado que se deve ter ao trabalhar com esse tipo de documento. Por último, Gonçalves
(2015) também estuda o uso da fotografia na vida dos indivíduos e como ela pode ser utilizada
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Construção da Memória Institucional: uma revisão de literatura nas teses brasileiras entre 2009 e 2018.
Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023, e023024. DOI:
10.36311/1981-1640.2023.v17.e023024.
para a construção da memória, salientando como a fotografia pode refletir um contexto social em
que os sujeitos estão inseridos. A autora propõe a construção da memória de um indivíduo a partir
da fotoautobiografia, pontuando o lugar em que um sujeito está inserido em um contexto social,
conservando essas características através da fotografia.
Posto isso, essa análise buscou compilar os principais argumentos levantados pelos
trabalhos contemplados nesse estudo sob o viés da construção da memória a partir do uso de
documentos arquivísticos. Foi percebido, ao longo das leituras, a relevância dos documentos
arquivísticos para a construção destes processos memórias, uma vez que todas as pesquisas os têm
como fonte primária. Além disso, é concebida uma estreita ligação dos documentos de arquivo
com os processos de formação memorial estudados, ao passo que sem a preservação documental
todas essas partes da memória do país seriam apagadas.
5 Considerações Finais
Considerando os objetivos dessa pesquisa, de revisar a produção bibliográfica brasileira a
respeito da construção da memória institucional a partir de documentos arquivísticos, foram
selecionados, no banco de teses da Capes, 15 publicações desenvolvidas entre os anos de 2009 e
2018, incluindo as pesquisas da área de ciência da informação, história e comunicação, buscando
contemplar a interdisciplinaridade do tema.
Esse estudo se desenvolveu a partir de um trabalho de conclusão de curso visando
compreender o papel do documento arquivístico dentro do processo de estruturação da memória
institucional. Através do escopo analisado foi possível identificar o uso dos documentos
arquivísticos sendo fundamentais para a construção da memória, não somente a caráter ilustrativo.
Ainda, acredita-se que a expansão dos estudos arquivísticos, por todas as regiões do país,
propiciaram uma ampliação e regularidade no uso dos documentos em outras áreas do
conhecimento, iniciando uma discussão interdisciplinar embasada em documentos arquivísticos.
Entretanto, ainda é preciso ir além estendendo esse uso a mais áreas do conhecimento.
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Construção da Memória Institucional: uma revisão de literatura nas teses brasileiras entre 2009 e 2018.
Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023, e023024. DOI:
10.36311/1981-1640.2023.v17.e023024.
Os principais argumentos levantados nessa revisão se voltaram para os usos da memória
como um instrumento de poder, a manipulação da memória em função de fatores ideológicos
institucionais, a dualidade entre memória e esquecimento, tendo este último como uma ferramenta
de manipulação. Outro argumento recorrente foi a disputa da memória em função de um discurso
oficial, ressaltando aspectos sociais, culturais e políticos que envolvidos na construção da memória
institucional.
Os aspectos sociais, culturais e políticos também foram abordados de maneira recorrente,
indicando a importância da memória para as mais diversas camadas da sociedade. Acarretando a
necessidade de políticas públicas para a preservação do patrimônio documental, ponto basilar para
a construção memorial.
Seguindo com a discussão, outros pontos evidenciados giram em torno da gestão dos
documentos arquivísticos, não no âmbito público, mas também no privado. E ainda, deve-se
salientar a importância do acesso aos documentos arquivísticos através da difusão. Para isso, é
fundamental o trabalho das instituições arquivísticas como espaço de fomento a novas pesquisas
pela disponibilização dos acervos, sem esquecer da importância da descrição arquivística para esse
cenário, propiciando o entendimento do contexto de produção e recuperação tanto dos documentos
quanto da informação. Ainda que estudos sobre memória institucional continuam sendo feitos, é
incipiente a discussão apresentada, necessitando de mais pesquisas sobre o tema, principalmente
em organizações privadas.
Em todos os textos fica claro ao leitor o cuidado que os autores tiveram com o trato dos
documentos arquivísticos ao estruturarem suas pesquisas. A importância que os documentos têm
para a pesquisa científica e social. Eles são essenciais para que a memória seja construída e
preservada. Também vale destacar a necessidade do tratamento documental em larga escala em
todas as instâncias, seja na esfera pública ou privada (física e jurídica), pois a preservação do
patrimônio documental é uma das saídas para a construção de um processo memorial mais
representativo.
Isto posto, é imprescindível que essa discussão se amplie para outras áreas do
conhecimento e reforce a importância do tratamento dos documentos arquivísticos. Para que ocorra
21
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Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023, e023024. DOI:
10.36311/1981-1640.2023.v17.e023024.
ampliação no número de estudos que utilizam os documentos como base de pesquisa aumentem é
vital que as instituições, tanto públicas quanto privadas, façam a gestão documental e difusão dos
seus acervos. O que pode acarretar o aumento da periodicidade na qual as instituições fazem a
gestão de seus acervos por serem cobradas por pesquisadores, de diversas áreas do conhecimento,
requisitando o acesso aos conjuntos documentais por entendê-los como fundamentais para embasar
seus trabalhos, proporcionando um cenário melhor de conservação do patrimônio documental
brasileiro, estimulado e defendido por potenciais usuários para a pesquisa.
Notes
(1) RUEDA, V. M. da S; FREITAS, A. de; VALLS, V. M. Memória Institucional: uma revisão de literatura.
CRB-8 Digital, São Paulo, v. 4, n. 1, p. 78-89, abr. 2011
(2) Tese que não foi possível obter acesso: Costa, R. P. F. A história do arquivo geral da Universidade Federal
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Recived: 13/05/2021 - Acepted: 12/05/2023