O medo do goleiro diante das férias

Autores

  • Célia TOLENTINO

DOI:

https://doi.org/10.36311/1808-8473.2007.v1n4.1384

Resumo

Desafiados pela idéia de analisar uma obra a nós contemporânea, colocamos em foco o filme de Cao Hamburger, O ano que meus pais saíram de férias, lançado em 2006. Falando dos anos mais tensos da nossa história recente, o filme põe em questão a relação entre a ditadura militar e a vitória do Brasil na Copa do Mundo de 1970. O tema já foi explorado em outros filmes sob a perspectiva da denúncia, particularmente, nos anos de abertura política, recolocando em debate os temas banidos da imprensa pela ação da censura. Lembre-se, por exemplo, de Pra frente, Brasil, filme de Roberto Farias de 1982. Nesta obra, futebol, censura, tortura e equívocos estão no centro da trama numa narrativa impactante que busca justamente dar uma sacudida na cabeça do espectador ou arrancar cumplicidade daqueles que viveram em primeiro ou terceiro grau a perseguição política dos anos de chumbo. Mas o filme de Cao Hamburger assume uma outra perspectiva: a situação política brasileira é vista a partir do olhar de uma criança de 12 anos tornando a denúncia uma questão candente mas delicada. Mauro, o garoto que vê seus pais ?saírem de férias? ? metáfora familiar para a clandestinidade ou fuga ? não entenderá tudo que se passa na vida política do país mas, perceberá os não ditos, as frases suspeitas e os atos inexplicados dos adultos na medida em que nos mostra o agravamento da situação política brasileira concomitantemente ao uso da paixão nacional pelo futebol como cortina de fumaça para os atos violentos contra os críticos do regime totalitário.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads