Resumo
Há milênios, a humanidade vem-se perguntando sobre a natureza do tempo. Das mais remotas civilizações até a atualidade, o tempo tem sido objeto de curioso fascínio e contemplação. Porém, sua existência social, não obstante sua intangibilidade, torna-se cada vez mais presente em nossos dias. Cumprir prazo, cronometrar tarefas, delimitar durações; a vida cotidiana nos exige, progressivamente, uma aceleração das atividades que desempenhamos aliada à racionalização e fragmentação do próprio devir. Vários autores contemporâneos, como Elias, dedicaram-se a investigar sua natureza social. Contudo, conceberam-na, abstratamente, como uma convenção simbólica de aferição e ordenamento dos acontecimentos, desconsiderando os processos que o levam a assumir seu caráter de dominação no seio da sociedade burguesa. Assim, este artigo procura estabelecer um resgate ontológico do tempo ante à função que exerce no interior do modo de produção capitalista, cujo atual contexto neoliberal subjuga-nos aos ininterruptos ritmos laborais da acumulação.
Submetido em: 04/04/2020
Aceito em: 24/08/2020
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