A demanda por transparência e a política internacional na era da informação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36311/1982-8004.2014.v7n2.3851

Palavras-chave:

Transparência, Segredos de Estado, Política Internacional, Meios de Comunicação

Resumo

Desde o início da Idade Moderna, o segredo é elemento muito importante das relações internacionais. A condição de desconfiança generalizada e a rivalidade entre os governos bem como o interesse dos governantes em conduzir a política externade seus Estados de forma autônoma e exclusiva levaram à consolidação de um forte código de sigilo em torno de suas relações. Não obstante, desde o surgimento da imprensa, principalmente com a consolidação dos jornais modernos, no século XVII, à tendência do poder ao segredo passou a se contrapor o princípio da publicidade. Já nas últimas décadas, a demanda pela abertura da política internacional tem se expandido, alcançando escala sem precedentes, sendo o caso Wikileaks uma de suas expressões de maior repercussão. Este artigo propõe analisar o histórico dilema e a complexa tensão entre segredo e transparência nas relações internacionais. Com atenção especial ao caso norte-americano, busca-se identificar de que forma os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação condicionaram a evolução dessa tensão ao longo da história, de modo a melhor compreender sua configuração contemporânea.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ruan Sales de Paula Pinheiro, Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Bacharel em Relações Internacionais e Bolsista de mestrado do CNPq pelo PPGCS/UNESP. (ruan.sales7@gmail.com)

Heloisa Pait, Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Doutora em Sociologia pela New School for Social Research, de Nova York, e professora da Universidade Estadual Paulista – UNESP. (heloisa.pait@gmail.com)

Referências

ALBERTS, D.; PAPP, D. (Eds). The Information age anthology: National Security Implications of the Information Age. Vol. 2. Washington, D.C.: Center for Advanced Concepts and Technology, 2000.

BERRIDGE, G. R. diplomacy Theory and Practice. 2a ed. Houndmills: Palgrave, 2002.

BLANTON, T.S. National Security and Open Government in the United States: Beyond the Bal- ancing Test. In: National Security and Open Government: Striking the Right Balance. New York: Campbell Public Affairs Institute, 2003, p. 33-73.

BOBBIO, N. O Futuro da democracia: Uma defesa das regras do jogo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.

_____. Democracia e sistema internacional. In: BOBBIO, N. O futuro da democracia – uma defesa das regras do jogo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000, p. 187-207.

_____. Estado, Governo, Sociedade: para uma Teoria Geral da Política. 14a ed. São Paulo: Paz e Terra S/A, 2007.

BURT, R.; ROBISON, O. Reinventing diplomacy in the Information age. CSIS Report: Washing- ton, 1998.

CANETTI, E. Massa e Poder. 2a ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 290-296. CARR, E. H. vinte anos de crise: 1919-1939. Brasília: UNB, 2001.

CASTELLS, M. a sociedade em rede. 7a ed. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

_____. The New Public Sphere: Global Civil Society, Communication Networks, and Global Gover- nance. The aNNalS of the american academy of Political and Social Science, v. 616, n. 1, 2008, p. 78-93.

CEPIK, M. Espionagem e democracia. Rio de Janeiro: Editora FGVOL, 2003. CHESTERTON, G. K. The Real Secret Diplomacy. The North american Review, v. 207, n. 749, 1918, p. 505-515.

DOYLE, K. The End of Secrecy: U.S. National Security and the Imperative for Openness. world Policy Journal, v. 16, n. 1, 1999.

FINEL, B.; LORD, K. (Eds). Power and conflict in the age of Transparency. New York: Palgrave, 2000.

FRIEDRICH, C. J. The Pathology of Politics: Violence, Betrayal, Corruption, Secrecy and Propa- ganda. New York: Harper & Row, 1972, p. 175-233.

GRANT, R. The democratisation of diplomacy: Negotiating with the Internet, Discussions Papers in Diplomacy, Clingendael, 2005.

HABERMAS, J. Mudança estrutural da esfera pública: investigações quanto a uma categoria da sociedade burguesa. 2a ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.

HOLZNER, B. The transparency syndrome in global change: A sociological concept paper. Review of International Studies, v. 69, 2002, p. 152-162.

KANT, I. Para a Paz Perpetua. Rianxo: Instituto Galego de Estudos de Segurança Internacional e da Paz, 2006.

KEANE, J. Global civil society? Cambridge: Cambridge University Press, 2003.

KEOHANE, R.; NYE, J. Power and Interdependence In the information age. Foreign affairs, v. 77, n. 5, 1998, p. 81-94.

KISSINGER, H. diplomacia. 3a ed. Lisboa: Gradiva, 2007.

LOW, A. M. The Vice of Secret Diplomacy. The North american Review, v. 207, n. 747, 1918, p. 209-220.

McLUHAN, M. Os meios de comunicação como extensões do homem. 12a ed. São Paulo: Cultrix, 2002.

MITZEN, J. Reading Habermas in Anarchy: Multilateral Diplomacy and Global Public Spheres. american Political Science Review, v. 99, n. 3, 2005, p. 401-417.

NYE, J. O paradoxo do poder americano. São Paulo: Ed. da UNESP, 2002.

_____. cooperação e conflito nas relações internacionais. São Paulo: Editora Gente, 2009.

PALLITTO, R.; WEAVER, W. Presidential Secrecy and the law. Baltimore: Johns Hopkins UP, 2007.

OGP. declaração de governo aberto. Set. 2011. Disponível em: <http://www.opengovpartnership. org/sites/www.opengovpartnership.org/files/page_files/Declaracao_de_Governo_Aberto.pdf>. Aces- sado em 09/07/2014.

PISTONE, S. Razão de Estado. In: BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G.. dicionário de política. Brasília: Ed. da Universidade de Brasília, 1999, p. 1066-1073.

ROBERTS, A. A Partial Revolution: The Diplomatic Ethos and Transparency in Intergovernmental Organizations. Public administration Review, v. 64, n. 4, 2004, p. 410-424.

_____. Blacked Out: Government Secrecy in the Information Age. Cambridge: Cambridge UP, 2004.

ROMANO, R. Sigilo Jornalístico e Segredo de Estado. Revista da FacEd, n. 9, 2005. Disponív- el em: <http://www.portalseer.ufba.br/index.php/rfaced/article/viewArticle/2694>. Acessado em 01/05/2011.

SHAPIRO, J.; SIEGEL, D. Is this Paper Dangerous? Balancing Secrecy and Openness in Counterter- rorism. Security Studies, v. 19, n. 1, 2010, p. 66-98.

SIMMEL, G. The Sociology of Secret and of Secret Societies. The american Journal of Sociology, v. 9, n. 4, 1906, p. 441-498.

STIGLITZ, J. E. On liberty, the Right to Know, and Public discourse: The Role of Transparency in Public Life. Oxford: Oxford Amnesty Lecture, 1999.

THOMPSON, J. B. a Mídia e a Modernidade: Uma Teoria Social da Mídia. 4a ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

VOLKMER, I. The Global Network Society and the Global Public Sphere. Journal of development, v. 46, n. 1, 2003, p. 9-16.

WEBER, M. Economia e Sociedade. 2a ed. Brasília: UNB, 1999.

WRISTON, W. Bits, Bites and Diplomacy. In: ALBERTS, D.; PAPP, D.l (Ed.). The Information age anthology: National Security Implications of the Information Age. Vol. 2. Washington, D.C.: Center for Advanced Concepts and Technology, 2000, p. 61-75.5

Downloads

Publicado

2014-07-18

Como Citar

PINHEIRO, R. S. de P.; PAIT, H. A demanda por transparência e a política internacional na era da informação. Revista Aurora, [S. l.], v. 7, n. 2, p. 65–78, 2014. DOI: 10.36311/1982-8004.2014.v7n2.3851. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/aurora/article/view/3851. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Miscelânea