Revista Aurora, v. 17, 2024. Fluxo Contínuo
https://doi.org/10.36311/1982-8004.2024.v17.e024006
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ou por forma constitucional. Já o controle objetivo, opondo-se ao controle subjetivo e
defendido pelo autor como o ideal, envolveria a maximização do profissionalismo militar,
visando anular a sua participação política ao servir, tão somente, como instrumento de
poder ao Estado. Também há uma preocupação acerca do comprometimento da
efetividade militar na presença de partidarismos.
Janowitz (1967), outro autor de grande relevância para as relações civis-militares,
reforça que, além dos atributos que garantem a especialidade do militar, a sua coexistência
com a sociedade civil está condicionada aos princípios de hierarquia, disciplina e
obediência, garantindo, assim, a institucionalidade das Forças Armadas, já que os civis
não são armados.
Em consonância com Janowitz, Huntington (1996) também disserta sobre o
conceito de ética ou mentalidade militar, classificando-a como realista e conservadora.
A ética militar enfatiza a imutabilidade, a irracionalidade, a fraqueza e
a maldade da natureza humana. Proclama a supremacia da sociedade
sobre o indivíduo e a importância da ordem, da hierarquia e da divisão
de funções. Salienta a continuidade e o valor da história. Aceita o
Estado-nação como a forma mais alta de organização política e
reconhece a constante probabilidade de guerra entre países. Destaca a
importância do poder nas relações internacionais e adverte contra os
perigos à segurança do Estado. Sustenta que a segurança do Estado
depende da criação e da manutenção de Forças Armadas fortes.
Preconiza a limitação estatal com relação aos interesses imediatos do
Estado, a restrição de compromissos exagerados e taxa de indesejáveis
políticas belicosas e aventureirar. Considera a guerra como um
instrumento da política, que os militares são servidores do governante
e que o controle civil é essencial ao profissionalismo militar. Exalta a
obediência como a maior das virtudes do militar. Desse modo, a ética
militar é pessimista, coletivista, historicamente influenciada, orientada
para o poder, nacionalista, militarista, pacifista e instrumentalista em
sua visão da profissão militar (Huntington, 1996, p. 96-97).
No entanto, na obra O Soldado Profissional: um estudo social e político, Janowitz
(1967) diverge de Huntington quanto ao papel apolítico das Forças Armadas, sugerindo
que, com a profissionalização e o respeito aos valores e às instituições civis, os militares
devem integrar a sociedade, aderindo um pensamento mais pragmático. O autor
argumenta que as Forças Armadas são um reflexo da sociedade em que estão inseridas e
não deixam de guiar-se politicamente, principalmente quando ascendem na hierarquia
militar.