Revista Aurora, v. 17, 2024. Fluxo Contínuo
https://doi.org/10.36311/1982-8004.2024.v17.e024001
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conforme Hobsbawm (1992, p.203), “o êxodo rural em direção às cidades, a migração
entre regiões ..., o cruzamento de oceanos e a penetração em zonas de fronteiras, todo este
fluxo de homens e mulheres movendo-se em todas as direções ”.
No entanto, a grande concentração de pessoas nas cidades vai aumentando em
paralelo com o surgimento de novos empreendimentos capitalistas, fazendo com que uma
nova configuração social se estabelecesse com base nas fábricas, empregadores e
proletários, ou seja, o desenvolvimento industrial caminhou a passos longos e apresentou
um crescimento extraordinário no número de trabalhadores em atividade nas principais
fábricas da Alemanha e França, alcançando em cada uma delas a média aproximada de
12 mil postos de trabalho nos primeiros anos da década de 1870.
Com isso, os pensadores das mais diferentes áreas científicas, e, em especial da
Sociologia, se propuseram a compreender o que realmente estava acontecendo.
A ideia de progresso, em geral associada ao Iluminismo, se constituía
de dois ramos distintos, porém relacionados entre si. Em primeiro lugar,
havia as variações sobre o tema do aperfeiçoamento humano como
fenômeno essencialmente cultural e político, a ascensão da razão e da
liberdade. Em segundo, uma espécie de materialismo que representava
a história como estágios na evolução dos “modos de subsistência”, e,
especificamente, o amadurecimento da “sociedade comercial”, o último
estágio e o mais perfeito. Os dois ramos se uniram por uma concepção
de progresso técnico no qual o desenvolvimento da mente humana se
manifestava no aperfeiçoamento das técnicas de provisão da
subsistência material, não apenas o aperfeiçoamento dos instrumentos
de produção, mas acima de tudo uma divisão de trabalho cada vez mais
refinada, entre cidade e campo, entre as profissões especializadas e, por
fim, no interior do próprio local de trabalho. Essas melhorias materiais
foram acompanhadas, no plano cultural, por uma racionalidade
crescente, pelo declínio da superstição e, no plano político, pelo avanço
da liberdade (Wood, 2010, p. 129).
Neste sentido, Max Weber (1864-1920), responsável pela Sociologia
compreensiva, é considerado um dos principais intelectuais do contexto social do final do
século XIX e início do XX. No entanto, mesmo compartilhando dos ideais de razão e
liberdade, ele via o progresso capitalista de maneira ambígua, isso se tornou possível por
meio do conceito de tipos ideais, uma vez que, embora proporcionasse prosperidade
material em conjunto com a liberdade e democracia liberal, gerava um processo de