Avaliação em larga escala, o senso comum, críticas e poderações
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, v.5, n.2, p. 139-156, Jul./Dez., 2019
camente verificavam nas crianças o nível de maturidade para a aprendizagem da
leitura e da escrita:
Partindo desse pressuposto, Lourenço Filho acreditava que era a partir da aferição das
potencialidades individuais dos alunos que havia a possibilidade da distribuição das
crianças em turmas, as quais eram classificadas conforme o desempenho intelectual apre-
sentado por seus integrantes. Os Testes ABC foram um instrumento essencial para esse
trabalho. ( SILVA e SCHELBAUER, 2007, p. 125).
Acreditamos que uma das explicações para haver poucos livros de his-
tória da educação sobre as avaliações em larga escala talvez repouse no fato de que
elas começaram a ser realizadas no Brasil como fruto da Constituição de 1988 e a
partir de ações governamentais na década de 90, principalmente após a:
[...] Conferência de Educação para Todos (1990), realizada em Jomtien na Tailândia,
que em decorrência, resultou no Plano Decenal de Educação para Todos (1993-2003)
do país. Esse encontro contou com a presença de 155 países, dentre eles, os classificados
como E-9 – Brasil, Bangladesh, Egito, China, Indonésia, Índia, México, Paquistão e
Nigéria - os nove países considerados com a pior educação do mundo. ( RUBINI, 2017,
p. 17, grifo nosso).
Desde então, o Brasil vem realizando todos os procedimentos legais
com aprovação de leis, ou seja, com a legitima aprovação do Congresso Nacional,
que vem validando leis que se inspiraram nas orientações do acordo, mas, como
se vê abaixo, que nada aconteceu instantaneamente:
No entanto, somente a partir de 1995, foram criados instrumentos que viabilizaram o
cumprimento e até mesmo a superação das metas definidas pelo Plano Decenal. Passo
importante nesta direção foi dado com a Emenda Constitucional nº 14, que explicitou
as responsabilidades educacionais da União, Estados e Municípios e instituiu o Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério
(Fundef). Com isso, a universalização do ensino obrigatório tornou-se, de fato, priorida-
de absoluta da política educacional. ( MEC/INEP, 2000, p. 11)
Apesar de que existem críticas que o Brasil cria suas leis conforme
orientações de agências internacionais, a Conferência de Educação para Todos
(1990), realizada em Jomtien na Tailândia é um marco na história mundial da
busca da melhoria da educação, percebe-se que as leis e ações brasileiras foram
uma resposta à calamitosa posição do país no “E-9 – Brasil, Bangladesh, Egito,
China, Indonésia, Índia, México, Paquistão e Nigéria - os nove países conside-
rados com a pior educação do mundo” ( RUBINI, 2017, p. 17), ações nas quais
o Brasil criou importantes programas como o FUNDEF e a universalização do
ensino obrigatório, entre outros.
Em um documento que analisou as ações tomadas a partir da Con-
ferência de Educação para Todos (1990), realizada em Jomtien na Tailândia, o
educador Moacir Gadotti, Diretor do Instituto Paulo Freire e professor da Uni-