A relação entre currículo e o ideário republicano no final do Século XIX
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.5, n.1, p. 143-156, Jan./Jun., 2019
2.2 MODELOS PEDAGÓGICOS ESTRANGEIROS
Nessa virada de século (XIX – XX), o Brasil utilizou-se da matriz ame-
ricana para pensar as questões curriculares, entre outras questões pedagógicas
envolvidas nesse processo. John Dewey, por exemplo, foi um grande expoente
utilizado pelos dirigentes da instrução pública brasileira para nortear as diretrizes
pedagógicas da época.
Caetano de Campos contratou, para dirigir cada uma das seções da
Escola-Modelo de São Paulo, as Professoras Maria Guilhermina Loureiro de An-
drade e Marcia Browne, que haviam se formado nos Estados Unidos:
Para dirigir cada uma das seções da Escola-Modelo, Caetano de Campos buscou pro-
fissionais cujo requisito principal fosse o domínio dos novos métodos de ensino. Para
tanto foram contratadas as professoras Maria Guilhermina Loureiro de Andrade e Mar-
cia Browne. Ambas indicadas pelo professor Lane, diretor da Escola Americana, tinham
formação nos Estados Unidos. Os esforços despendidos por Caetano de Campos para a
contratação das duas professoras, conforme descreve João Lourenço Rodrigues (1930),
denotam, por um lado, a crença no valor do método e, por outro, a consagração da
influência americana nesse primeiro período de reforma da instrução pública no Estado
de São Paulo. (SOUZA, 1998, p. 40-41).
Na cidade de Piracicaba, por exemplo, localizada no interior do estado
de São Paulo, missionários protestantes americanos vieram, a convite dos Moraes
Barros (família de políticos de prestígio e de poder local, da qual fez parte o Presi-
dente Prudente de Moraes) instalar um colégio para meninas, atuando assim em
uma das esferas da educação daquele município (no âmbito da educação privada e
confessional). De acordo com Vieira, Nery e Aguiar (2015, p. 143), as relações
estabelecidas entre os irmãos Manoel e Prudente de Moraes (políticos de vertente
republicana) e o reverendo Newman, de origem norte-americana, propiciaram a
instalação do primeiro colégio de origem metodista na cidade, em 1879, denomi-
nado Colégio Newman, que contava com dez alunas. Esse colégio, entretanto, teve
vida curta (1879-1880). Todavia, foi ele o precursor do Colégio Piracicabano,
instalado no município dois anos depois.
As exposições escolares ocorriam na América do Norte e na Europa e
profissionais brasileiros eram enviados ao exterior com o intuito de trazer as ino-
vações no campo educacional para o nosso país. Tanto materiais quanto métodos
eram importados. Já se começava a pensar um currículo de viés moderno, baseado
no que as dinâmicas pedagógicas estrangeiras teriam de melhor.
O Professor Paulo Bourroul, docente da Escola Normal de São Paulo,
foi um exemplo desses profissionais que se dirigiram à Europa, para adquirir ma-
teriais e se apropriar de modelos pedagógicos. Segundo Pestana (2011, p. 54), ele
viajou para a França e adquiriu, em 1883, os Laboratórios de Química e Física e
também livros para a biblioteca daquele estabelecimento de ensino.