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Formação para o desenvolvimento humano no ensino superior Artigos/Articles
Formação para o desenvolvimento humano no ensino
superior
Training for human developmenT in higher educaTion
Gabriel Scoparo do Espírito Santo
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resumo: Das diversas pesquisas feitas em educação, poucas buscam modicar áreas de práticas cristalizadas como
a docência no ensino superior fora das licenciaturas. Este trabalho busca mostrar a relevância da atenção a esse
setor, uma vez que o ensino superior atual forma uma geração de prossionais atuantes na gestão e manutenção
da produção no sistema capitalista. Para aqueles que pretendem avançar a sociedade para além do capital,
é imprescindível que as classes intermediárias dos trabalhadores sejam transformadas. Assim, apresentamos a
necessidade da atuação na classe de trabalhadores da Engenharia como exemplo de “mão de obra qualicada
que reproduz a lógica do capital. Em seguida apontamos a possibilidade de atuação nessa classe através dos
cursos de formação prossional, ou seja, preparar a classe para outra forma de atuação. Por m, apontamos a
maneira de modicar essa formação, qual seja, através da didática baseada na Teoria Histórico-Cultural.
palavras-Chave: Educação Desenvolvimental. Ensino Superior. Didática.
abstraCt: Of the various researches done in education, few seek to modify areas of crystallized practices such
as teaching in higher education outside of undergraduate degrees. is paper seeks to show the relevance of
attention to this sector, since the current higher education forms a generation of professionals working in the
management and maintenance of production in the capitalist system. For those who want to advance society
beyond capital, it is essential that the intermediate classes of workers be transformed. us, we present the need
for acting in the engineering worker class as an example of “skilled labor” that reproduces the logic of capital.
en we point out the possibility of acting in this class through vocational training courses, ie preparing the
class for another form of performance. Finally, we point out the way to modify this formation, that is, through
the didactics based on the Historical-Cultural eory.
Keywords: Developmental Education. University education. Didactics.
introdução
A luta por uma sociedade mais justa e por uma vida com sentido além
da acumulação de bens de consumo passa por todas as esferas de atuação do
capital. Na atual sociedade alienante o mundo do trabalho está desconectado do
Mestre em Ensino de Física (PPGE-UNESP/Marília, 2015). Doutorando em Educação (PPGE-UNESP/
Marília). Assistente de Suporte Acadêmico II – Física, no Laboratório de Física da FCE – UNESP/Tupã e pro-
fessor de Física Geral do curso Geral do Curso de Engenharia Civil na Faculdade da Alta Paulista – FAP. Gse.
santo@unesp.br
http://doi.org/10.36311/2447-780X.2019.v5.n1.02.p9
https://doi.org/10.36311/2447-780X.2019.v5n2.05.p51
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mundo da educação, o que representa um obstáculo para atuação daqueles que
se dispõe à mudança. Muitas pesquisas partem da Teoria Histórico-Cultural com
o objetivo de transformar a formação básica e dessa forma buscar a estruturação
de um sistema de ensino com outros pressupostos que não os do capital, para isso
focam principalmente em duas áreas: a alfabetização, a m de preparar as futuras
gerações, e a formação de novos professores nas licenciaturas, possibilitando assim
uma cadeia de transformação.
Um entrave que diversas iniciativas encontram é o de lidar com profes-
sores universitários e outros prossionais que decidem sobre a educação, mas que
nunca tiveram contato com outra forma de educação e não conseguem sequer
separar o diálogo educacional do ideológico. Desta forma a luta não pode car
restrita às gerações futuras porquanto prossionais estão sendo formados neste
momento sem que haja o menor contato com uma visão contra hegemônica.
Uma diculdade para a atuação fora das licenciaturas é a profunda frag-
mentação ocasionada pela lógica de disciplinas que norteiam o ensino brasileiro,
sendo o ensino superior inquestionavelmente estruturado a partir desta divisão.
Apesar de defender a necessidade de mudanças nessa estrutura, buscamos uma
atuação que possibilite avanços apesar desta. O elemento que permeia todas as
disciplinas é a “forma da aula”, ou melhor dizendo, a didática. Nosso trabalho,
portanto, é apontar a necessidade, a possibilidade e a aplicabilidade de uma didá-
tica baseada na Teoria Histórico-Cultural em cursos de formação prossional que
não se restrinjam à formação de professores.
Com relação a necessidade, apresentamos na seção 1 um breve retrato
do controverso papel da classe média que apesar de sofrer um esmagamento inten-
sicado na era digital, continua atuando como defensora do capital como se fosse
proprietária. A possibilidade de atuação, apresentada na seção 2 reside na exibili-
dade da legislação educacional feita para atender os interesses do capital, mas que
pode ser aproveitada para evitar que iniciativas sejam facilmente reprimidas. Por
m a aplicabilidade se mantém no campo da discussão na seção 3 em que alguns
pressupostos metodológicos das didáticas críticas são relacionados aos conteúdos de
cursos de graduação em Engenharia, uma vez que essa área representa perfeitamente
o papel da alienação da mão de obra intelectual na sociedade da informação.
a eduCação das Classes intermediárias do Capital
A divisão de classes feita no capitalismo industrial era binária, proprie-
tários do lado opressor e o proletariado do lado oprimido. Com o avanço das
formas de dominação do capital a gura do proprietário desapareceu, evitando
assim que o trabalhador tenha à quem direcionar sua insatisfação. Embora essa
mudança seja prejudicial à luta de classes não se compara ao efeito da alteração
nas relações de trabalho.
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A classe de trabalhadores não pode mais ser vista apenas como opri-
mida, pois diversos níveis intermediários de atuação transformam proletários em
representantes e defensores do capital, justicando e intensicando as formas de
exploração em troca de acesso a alguns bens de consumo. Diversas classes in-
termediárias foram surgindo ao longo do desenvolvimento do capitalismo, mas
sobretudo com a migração da mão de obra para o setor de prestação de serviços
as formas de contratação e organização em microempresas transformaram classes
unidas em competidores.
Em seu mais recente livro, o professor Ricardo Antunes detalha essas
relações entre trabalhadores e empresas e mostra como a classe média que recebeu
a promessa de ascensão foi enganada, está sendo substituída por computadores ou
máquinas automatizadas e transformada em prestadora de serviços sem nenhuma
forma de proteção trabalhista.
Ao contrário da eliminação completa do trabalho pelo maquinário informacional-di-
gital, estamos presenciando o advento e a expansão monumental do novo proletariado
da era digital, cujos trabalhos, mais ou menos intermitentes, mais ou menos constantes,
ganharam novo impulso com as TICs, que conectam, pelos celulares, as mais distintas
modalidades de trabalho. Portanto, em vez do m do trabalho na era digital, estamos
vivenciando o crescimento exponencial do novo proletariado de serviços, uma variante
global do que se pode denominar escravidão digital. Em pleno século XXI. (ANTUNES,
2018, p. 35).
Vivemos em uma sociedade de informação onde o conhecimento é
escasso. Se considerarmos a realidade brasileira que tem um abismo social entre as
classes, o acesso ao conhecimento além do senso comum é praticamente irrisório.
Para manter esse estado de disparidade sem que haja revoltas se faz necessário o
avanço da dominação ideológica entre os operários.
Os proletários são estimulados a adquirir “formação intelectual” para
sair da condição de recebedores de ordem e passar a compor a “gestão da produ-
ção”. Assim o capital oferece uma ilusão de conhecimento através do aprendizado
de técnicas de execução de procedimentos na produção de bens de consumo. O
trabalhador que domina as técnicas para executar o que o manual dos equipa-
mentos “ensina” percebe-se como mão de obra especializada e deixa de se reco-
nhecer como proletariado para se colocar como intelectual ao lado do patrão na
produção. Assumindo a posição de capataz da empresa, esse técnico responsável
pela produção ganha a possibilidade de ser opressor no chão de fábrica, enquanto
sobre ele deixam de recair ordens, substituídas por metas.
Nesta sociedade em que o “conhecimento prático” é ultravalorizado, o
status de intelectual e os postos de prestígio antes ocupados por cientistas e lóso-
fos passa a ser ocupado por engenheiros e gestores, uma vez que esses contribuem
ativamente para a sociedade, segundo os patrões. Nesse contexto é fundamental
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a atenção ao posicionamento dessa classe de trabalhadores que são formados para
atuar em nome dos patrões e defender os interesses destes.
O cenário apresentado é realmente caótico, de um lado o capital avança
na dominação ideológica de todas as classes de trabalhadores, usando para isso as
instituições de ensino como replicadoras da sua verdade, do outro, inciativas que
buscam transformar a educação em ferramenta de emancipação, mas que man-
tém as práticas enraizadas na cultura hegemônica atual e não conseguem romper
com a lógica da alienação.
Meszàros aponta que a necessidade primária da educação deve ser rom-
per com a lógica do capital.
O que precisa ser confrontado e alterado fundamentalmente é todo o sistema de in-
ternalização, com todas as suas dimensões, visíveis e ocultas. Romper com a lógica do
capital na área da educação equivale, portanto, a substituir as formas onipresentes e
profundamente enraizadas de internalização misticadora por uma alternativa concreta
e abrangente. (MÉSZÁROS, 2008, p. 47).
Nesse trabalho buscamos mostrar a lógica tecnicista atual da formação
prossional no Brasil a m de evidenciar os pontos que permitem alterações a
partir dos professores, sem precisar esperar mudanças de políticas públicas para
começar a ruptura. Isso não signica que novas políticas não devam ser instau-
radas, ao contrário, esperamos que com a atuação de professores para além do
capital essas políticas sejam parte do interesse de pessoas inuentes na sociedade
atual e as mudanças se realizem mais facilmente.
as possibilidades e iniCiativas atuais na engenharia
O Ministério da Educação (MEC) estabelece diretrizes nacionais para
a formação prossional do Engenheiro, o documento trata de diferenciar as áreas
de responsabilidade de cada especialidade e de recomendar disciplinas além do
núcleo básico de engenharia para cada curso de formação. Uma análise simples
do documento mostra que a única intenção é diferenciar os conteúdos especícos
de cada engenharia diferente, esclarecendo em que tipos de empresa podem atuar.
Todos os pers de egresso seguem o roteiro abaixo descrito, com a substituição do
texto sublinhado em cada especialidade e cópia exata do resto:
PERFIL DO EGRESSO
O Engenheiro Agrícola é um prossional de formação generalista, que atua no planeja-
mento, que realiza assessoria, dirige empresas e estuda a viabilidade técnica e econômica
no que se refere à: Automação e Controle de Sistemas Agrícolas; Eletricidade, Energia
e Energização em Sistemas Agrícolas; Estrutura e Edicações Rurais e Agroindustriais;
Hidráulica e Hidrologia; Saneamento e Gestão Ambiental e Resistências dos Materiais.
Coordena e supervisiona equipes de trabalho, realiza estudos de viabilidade técnico-eco-
nômica, executa e scaliza obras e serviços técnicos; e efetua vistorias, perícias e avalia-
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ções, emitindo laudos e pareceres. Em suas atividades, considera a ética, a segurança, a
legislação e os impactos ambientais. (BRASIL, 2014 grifos nossos).
No documento que apresenta as disciplinas que compõe o núcleo co-
mum de todas as engenharias aparecem disciplinas ligadas a questão humana:
§ 1º O núcleo de conteúdos básicos, cerca de 30% da carga horária mínima, versará
sobre os tópicos que seguem:
I - Metodologia Cientíca e Tecnológica;
[...]
XV - Humanidades, Ciências Sociais e Cidadania. (BRASIL, 2002, p. 2)
Esses dois excertos reúnem o que a legislação atual dedica de atenção
a formação ética dos prossionais. É fácil perceber que o objetivo da legislação é
apenas intermediar a disputa entre as diferentes engenharias. A questão da ética
e da cidadania surgem apenas como burocracia, sendo até simbólico que quem
sempre como últimas entre as atribuições e os tópicos.
Por um lado, essa falta de atenção é esperada das instituições governa-
mentais já que não existe um projeto de melhoria da sociedade, apenas a manu-
tenção do frágil “equilíbrio” do status quo. A formação prossional atual não tem
nenhum compromisso com o avanço da humanidade nos indivíduos, objetiva
exclusivamente capacitar ou melhor “qualicar o recurso humano”. Apesar de
parecer óbvio, pouca atenção é dada ao nível de reicação implícita nas ideias de
recurso humano e mão de obra qualicada que usam literalmente a mesma cate-
goria para qualicar objetos e pessoas.
De outro modo, é possível ver que a legislação básica já avançou no
sentido de humanizar as ações dentro da esfera do capital. Como o objetivo das
instituições de ensino é atender as diretrizes governamentais, essa pequena alte-
ração consegue provocar uma reação em cadeia e espalhar a ideia de que uma
atuação ética/humanitária é necessária. Sem esse respaldo, qualquer iniciativa de
luta contra a lógica enraizada no sistema se tornaria ainda mais subversiva, como
muitos ainda veem.
Existem diversas iniciativas espalhadas pelo Brasil que já estão aprovei-
tando esse espaço da legislação e trabalham para uma nova engenharia. No traba-
lho de Cristiano Cordeiro Cruz (2016) são apresentadas muitas dessas iniciativas
divididas em dois grandes grupos: as extensionistas e as curriculares.
As principais ações extensionistas são os Núcleos de Extensão, que em
muitos casos se tornam ou geram diretamente Incubadoras Tecnológicas de Co-
operativas Populares (ITCPs), obviamente essas são as iniciativas mais alinhadas
com o ideal revolucionário já que conseguem reunir todos os aspectos da forma-
ção integral com a atuação na sociedade. A única fragilidade dessa proposta é a
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marginalidade com que a Universidade trata os projetos, dicilmente institucio-
nalizando-os e dando continuidade, caso seus autores iniciais se ausentem.
Outra ação extensionista apresentada é ao Estágio Interdisciplinar de
Vivência em que os alunos passam parte do seu tempo em contato direto com os
trabalhadores, geralmente em parceria com os Movimentos Sociais do Campo.
Apesar de profundamente impactante para os participantes, essa iniciativa é fa-
cultativa aos alunos e tem um alcance muito limitado.
As propostas classicadas como curriculares incidem sobre o ensino
mas podem ser focadas em aspectos diferentes como: metodologia pedagógica;
disciplinas com enfoque Ciência-Tecnologia-Sociedade (CTS); grade curricular
contextualizada e também estágios curriculares de vivência. Destas ações as mais
numerosas são as disciplinas com metodologia pedagógica e enfoque CTS, a cau-
sa é simples para essa maioria, elas dependem apenas da iniciativa do docente
responsável pela disciplina e quando as condições são favoráveis para atuação
em grupos formam-se iniciativas interdisciplinares. A maior diculdade dessas
iniciativas é vencer a barreira da morosidade que mantém o status quo e ainda
conseguir que os alunos tenham contato e atuem socialmente como nas iniciati-
vas extensionistas.
uma outra didátiCa no ensino superior
Uma discussão permanente nas licenciaturas é sobre o equilíbrio entre
o aprendizado do conteúdo especíco de alguma área e o tempo dedica à for-
mação pedagógica. Já nas licenciaturas encontramos diversos defensores da ideia
quem sabe o conteúdo sabe ensinar”, mas o descaso com a dimensão pedagógica
surge mesmo nos outros cursos de graduação, nestes não há nenhuma exigência
de formação pedagógica do docente.
Como exemplo utilizaremos a área da engenharia, um engenheiro cur-
sa disciplinas restritas a sua área de atuação prossional, faz uma pós-graduação
stricto sensu também na engenharia e então está habilitado a dar aulas para um
curso de formação de engenheiros. Ou seja, o que o qualica é o fato de ter feito
uma pesquisa ainda mais especíca em uma determinada área da engenharia e
não uma preparação para a docência. Ressaltamos que essa lógica se aplica a todos
os cursos de graduação no Brasil e muitos no exterior.
Para que uma mudança em larga escala ocorra nesta questão seriam
necessárias mudanças nos critérios estabelecidos pelas agências reguladoras do
ensino como o Ministério de Educação e Cultura (MEC) e a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Infelizmente, não temos
uma estrutura para propor como alternativa à atual. No entanto, podemos pro-
por que a didática utilizada no ensino superior seja voltada ao desenvolvimento
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do aluno de forma integral, preparando-o não para reproduzir técnicas mas para
compreender e transformar uma área do conhecimento humano.
Uma didática que se propõe esse papel é a Aprendizagem Desenvol-
vimental (algumas traduções utilizam Ensino Desenvolvente ou Ensino Desen-
volvimental e ainda outras pequenas variações) apresentada por Repkin e fun-
damentada na psicologia histórico-cultural. O maior expoente dessa vertente da
psicologia foi Leviv Vygotsky, que teve uma vida muito curta mas suciente para
que seu legado fosse seguido por Aleksei Leontiev, Danil El’konin, mais tarde
Vasilii Davydov e muitos outros nos anos que se seguiram.
Essa escola de pensamento entende que o papel da educação não é o
de transmitir conhecimentos acumulados pela sociedade para que o indivíduo os
reproduza, mas através dos conhecimentos acumulados proporcionar o desenvol-
vimento das funções psicológicas superiores, permitindo que o indivíduo adquira
autonomia intelectual, ou seja, tenha capacidade de analisar, reetir e planejar o
próprio estudo.
Na atividade de estudo, o objetivo é bem diferente. Nesse caso, tanto o objetivo como
o resultado não são um produto externo, mas uma mudança dentro de si mesmo como
sujeito da atividade. Em outras palavras, a atividade de estudo deve ser entendida como
atividade para a autotransformação do sujeito. (REPKIN, 2014, p. 88).
Para atingir esse objetivo, a educação desenvolvimental se utiliza do
conhecimento teórico acumulado pela sociedade, de forma a reproduzir no aluno
a capacidade de pensar que avança o conhecimento humano e não apenas a capa-
cidade de executar determinada tarefa mecanicamente.
Considerações Finais
Faz parte do senso comum a crítica de que no mercado de trabalho
não se usa nada” do que se aprende na graduação. Apesar das devidas ressalvas a
essa “impressão”, nota-se um descompasso entre a formação acadêmica estática
e a necessidade constante de transformação da sociedade atual. Infelizmente, a
crítica social adquiriu viés político de disputa por poder e pouco se avançou em
relação a superação dessas diculdades.
A busca por uma sociedade melhor, com menos miséria e mais oportu-
nidade, não passa necessariamente pelo socialismo como muitos, tanto defensores
quanto opositores, fazem parecer. Nesse sentido, acreditamos ser possível aprovei-
tar conhecimentos construídos no período de polarização mundial e aproveitá-los
hoje para corrigir, ou melhorar, aspectos da sociedade que não exigem grandes
revoluções sociais, mas apenas mudanças de perspectivas.
Sinteticamente, esse trabalho busca mostrar a necessidade de mudanças
no olhar sobre os cursos de formação prossional, não com o objetivo de destruir
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tudo que se tem e recomeçar do zero, mas com a perspectiva de aproveitar o
melhor do conhecimento acumulado na sociedade para transformá-la de forma
gradual em uma organização que não precise explorar e oprimir alguns para que
outros possam se desenvolver como humanos.
reFerênCias
ANTUNES, Ricardo. O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital.
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Recebido: 29/03/2019
Aceito: 12/07/2019