A formação docente e discente
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.5, n.1, p. 83-90, Jan./Jun., 2019
e alunos enxergam além do óbvio e conseguem não só a interdisciplinaridade,
como a multidisciplinaridade.
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O ALUNO E O SEU APRENDIZADO NA ESCOLA TÉCNICA
A objetividade do ensino técnico não pode e não é apenas para o tra-
balho, vai além disso, de pensar não só a partir da formação exigida ou até a for-
mação exigida. Ela não se restringe a isso, vai mais além, atingindo as questões da
ética, cidadania, da formação interdisciplinar, omnilateralidade, e até mesmo da
integração social na contemporaneidade.
O homem se apropria da sua essência omnilateral de uma maneira omnilateral, portanto,
como um homem total. Cada uma das suas relações humanas com o mundo, ver, ouvir,
cheirar, degustar, sentir, pensar, intuir, perceber, querer, ser ativo, amar, enfim todos os
órgãos da sua individualidade, assim como os órgãos que são imediatamente em sua
forma como órgãos comunitários, são no seu comportamento objetivo ou no seu com-
portamento para com o objeto a apropriação do mesmo, a apropriação da efetividade
humana [...] (MARX, 2004, p. 108)
O termo omnilateral, no ensino técnico e ensino médio integrado ao
técnico pode, de certa forma, ser interpretado como a competência a ser desen-
volvida no aluno, a formação dele como profissional e como sujeito no mundo;
seja para si, para o mundo do trabalho ou apenas para o vestibular, exige a com-
pletude do ser, e não a unilateralidade, aquilo que só representa uma faceta do ser
humano, destacando suas fragilidades e aquilo que ele tem de mais falho. A om-
nilateralidade permite um conhecimento amplo do mundo, mas não raso de suas
especificidades, uma vez que, ao dominar sua área o aluno passa a ter uma maior
compreensão que permite a relação entre as várias partes com o todo. É possível
afirmarmos que a proposta interdisciplinar poderia ilustrar isso.
A aprendizagem, como mencionado, precisa ser significativa, mas antes
disso o aluno precisa entender o papel dele na sociedade, conseguir ver-se nela,
compreendendo o mundo como um todo e compreendendo as especificidades
de todos que nele habitam. Diante disso tudo, a palavra “disciplinar” se torna
minúscula, pois além dos conteúdos, das habilidades, das competências, das bases
tecnológicas que o aluno precisa absorver, e primeiramente, existe o “aluno”, que
precisa pensar fora de uma disciplina e também inserido nela, para que não seja
disciplinado, e sim, orientado, instigado, preenchido. Dito, historicamente,
A verdade sobre o methodo de ensino, então se impõe. A cooperação do professor, na
realização dos fins educativos, é sugerir atividades, com que os educandos se formem, se
habilitem e aprendam, Ora, a capacidade humana de conhecer se exerce no contacto da
intelligencia, que percebe, com as cousas que vai conhecer, isto é, na intuição constante
em analyses. Logo, é pela instituição analytica que se há de modelar a cooperação educa-
dora do mestre. (DORIA, 1923, p. 47).