O início da escolarização no município de Garça/SP
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.4, n.2, p. 69-84, Jul./Dez., 2018
família abastada pertencente a oligarquia cafeeira, montou comitiva própria para
desbravar o local no qual entendeu como sendo apropriado para se fazer o centro
de uma cidade, futuro município de Garça, e promover a cafeicultura. Cumpriu o
seu propósito inicial formando um patrimônio denominado Labienópolis. Tanto
a família do Sr. Labieno quanto ele eram vinculados ao Partido Democrata.
O Sr. Cel. Antônio Carvalho de Barros, também adquiriu terras nes-
sa região em local oposto do Sr. Labieno, iniciou a cafeicultura, construiu resi-
dências e, posteriormente, loteou parte das terras, formando assim um pequeno
vilarejo conhecido como Barrarópolis. O Sr. Cel. Antônio Carvalho de Barros
era vinculado ao Partido Republicano Progressista, o mesmo do candidato à pre-
sidência, Sr. Julio Prestes.
Mesmo com as diferenças políticas, os dois foram responsáveis pela
construção da linha férrea que foi definida para percorrer entre as duas proprie-
dades, facilitando assim a produção cafeicultora dos dois fazendeiros. O local por
onde passava a linha férrea foi doado pelo Sr. Labieno, em um possível acordo
entre os dois.
Num outro local da mesma região, concomitante a posse das terras pelo
Sr. Labieno e Cel. Joaquim, o Sr. Carlos Ferrari, imigrante italiano, trabalhou
como colono em uma fazenda próximo de onde seria a cidade de Garça e, após
economizar dinheiro conseguiu adquirir terras que foram vendidas, formando
assim um outro Patrimônio, que ficou conhecido como Ferrarópolis e, viria ser
o centro da cidade, pois os lotes foram vendidos a preços menores numa disputa
com as vendas dos terrenos do Sr. Labieno.
A linha férrea dividia os dois patrimônios Labienópolis e Ferrarópolis/
Barrarópolis, marcando assim a constituição da sociedade garcence. Visto a cida-
de se constituir no bairro Ferrarópolis, acima da linha férrea, as pessoas considera-
das de uma “elite”, construíam lá as suas residências. Os lugares públicos também
foram construídos acima da linha férrea, como o Fórum, a Prefeitura, a Câmara
e as primeiras escolas.
Na memória coletiva e no senso comum, a história do município se
pauta na disputa entre Carlos Ferrari e Labieno. No entanto, acima da linha tam-
bém estava a família Barros, que se instituía com interesses políticos.
A atuação e intenção política do Cel. Joaquim possibilitou a construção
das primeiras escolas. O Cel. Joaquim apoiava o candidato paulista a presidência,
Sr. Julio Prestes, na eleição de 1930. Em 1929, o Cel Joaquim cedeu um terreno
à Prefeitura Municipal para construir a primeira escola, o “Grupo Escolar das
Escolas Reunidas de Garça-Julio Prestes”.
O Grupo escolar funcionou neste local de 1929 a 1940, quando o mes-
mo Cel. Joaquim Barros cedeu um outro local situado na avenida de sua resi-