MOLINARI, A. C.; LIMA, A. C. B.; GIROTT, C. G. G. S.; RUSSO, D. A.; OLIVEIRA, R. M. G.; FRANCO, S. A. P.
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.4, n.1, p. 65-78, Jan./Jun., 2018
dução do objeto, no feudalismo, para mero reprodutor de fragmentos do fazer,
alienando-se, dessa forma, no capitalismo.
O trabalho educativo não está isento das interferências da história e da
alienação do fazer docente, aliás, constitui-se como alicerce para a luta de clas- ses
e a transformação da realidade e formação do sujeito crítico (MARX, 2011;
GRAMSCI, 1979; MÉSZÁROS, 2007; SAVIANI, 2011). Para que a instituição
escolar, mais especificamente o educador, oportunize a formação humana é preci-
so o trabalho com os conceitos de conteúdo e forma, de maneira que os docentes
possam abdicar do papel de transmissores do saber, para o de mediadores do co-
nhecimento. A função de mediador transcende o ensino metódico e reprodutivo,
ele leva o estudante a ascender continuamente o conhecimento, pois permite ao
aluno partir de um patamar de conhecimentos e chegar a outro pela síntese, al-
cançando maior entendimento, e por conseguinte, o fará sucessivamente em sua
vida, ganhando autonomia na condição de ser social, pois passa a compreender
a dinâmica do conhecimento, que é histórico e social, ou seja, modifica-se de
acordo com as necessidades da sociedade em determinado momento histórico
(VIGOTSKI, 2010; MARTINS, 2011).
Assim como o conhecimento, o conteúdo e a forma também não são
estanques. Eles inter-relacionam-se na constituição do objeto, fato ou fenômeno.
Pode-se considerar que o conteúdo é distinto do significado de essência, pois a
essência é inerte, estável, no entanto, o conteúdo é dinâmico, mutável. Pode-se
considerar que o conteúdo é formado pelo principal e por uma estrutura, não
fragmentada, mas em constante interação com o principal, sendo as partes: o
principal - o elemento fundamental, e a forma - a estrutura, a ponte estabelecida
para o entendimento do conteúdo. Portanto, essas partes são indissociáveis para a
compreensão do objeto, entretanto sofrem a dinâmica da transformação que ora se
manifesta em uma ou em outra parte. Assim sendo, define-se como especifici- dade
para o conteúdo a capacidade de “refletir o conjunto dos processos próprios à
coisa”, e da forma, o “refletir o laço entre os elementos”, ou seja o conteúdo seria o
conhecimento em si, e a forma, a maneira como transformá-lo em conhecimen-
to
para si (CHEPTULIN, 2004, p. 254) – processo fundamental na ação educa-
tiva
desenvolvente que leve cada sujeito a adquirir para si as qualidades humanas.
Na visão de Lefebvre (1991), o movimento do pensamento a princípio é
abstrato e indetermina o conteúdo, considerando-o como o nada, pois ainda não
está configurado em suas concepções que buscam na tentativa de compreensão da
totalidade estabelecer um conteúdo e uma forma ao objeto, fato ou fenômeno.
Na contradição do ser em relação ao nada abstrato, que não foi estabelecido no
pensamento, está a necessidade de um conteúdo, da materialidade, introduzindo
o novo, o desconhecido. Na análise do novo ao pensamento, o conteúdo adquire
aspectos, qualidades, quantidade em um processo que envolve as contradições
presentes e dão movimento ao conhecimento do ser, o sujeito constitui o novo.
Assim, a contradição não exclui o desconhecido, mas o incorpora, no qual cada