Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.3, n.2, p. 63-76, Jul./Dez., 2017
centralidade do trabalho, a sociedade pós-industrial, sociedade do conhecimento, a
empregabilidade, laborabilidade, Pedagogia das Competências, etc.”
O autor afirma ainda que o desemprego é um problema social e político
fundamental na atualidade e que o cenário visível é preocupante. Na medida em
que há a configuração do capitalismo com as políticas neoliberais, por um lado,
e a hegemonia da produção voltada para hipertrofia do capital especulativo, do
capital morto, ou seja, da ciência e tecnologia, eventualmente, coloca-nos numa
situação em que encontramos “A desestabilização dos trabalhadores estáveis e esta
desestabilização ocorre através da intensidade de exploração e permanente ameaça
de perda de emprego.” Além disso, mesmo no caso daqueles que estão empregados,
vemos instalar a “insegurança no trabalho, trabalho flexível, trabalho temporário,
etc.”Ao mesmo tempo, como resultado destas transformações, constatamos o
crescente aumento dos excluídos, que não podem ser integrados no mundo da
produção (FRIGOTTO, 2001, p.8).
Alonso (2005) também observa que na sociedade atual ultratecnológica,
postos de trabalho (escassos, insuficientes, em degradação) pelos quais os
indivíduos têm que competir sozinhos são vistos como consequência secundária e,
por outro lado, como visto nos discursos e plataformas neoconservadoras, há hoje
“[...] a insustentabilidade da ‘sobrecarga’ de demandas dos cidadãos sobre
o
Estado.” Neste contexto, podemos ver no coletivo o imaginário que os vêem
como responsáveis por esta situação, criando uma nova forma de discriminação.
Como Alonso (2005, p. 54) expõe, a crise da cidadania de trabalho
é reforçada pela transformação das bases sociais do trabalho da sociedade,
entre os quais a individualização radical das condições de trabalho (incluindo
os tecnológicos) e a institucionalização da responsabilidade social. Como
argumenta o autor, os pactos sociais (macrocorporatistas) foram substituídos por
microcorporativismo assimétrico em que as elites funcionais do novo capitalismo
tentam preservar seu status de hegemonia ideológica e econômica, deslocando a
insegurança e incerteza para todos os indivíduos frágeis (que são muitos) expostos
à desregulamentação, agora submetidos diariamente a todas as ansiedades, tensões
e desequilíbrios provocados pela economia global.
Devemos considerar também, como o autor, que o Estado de Bem-estar
tem sofrido revisão substancial, das políticas de bem-estar e de redistribuição.
A eficiência econômica e rentabilidade comercial têm vindo a ser visto como o
centro absoluto de de posição social, e trabalho é como um valor secundário e
alternativo que deve se adaptar às exigências tecnológicas para apoiar o crescimento
econômico (ALONSO, 2005).
O autor assinala que a sociedade neoliberal tem fragmentado sujeitos
sociais, a coesão social básica está em ruínas e, assim, também a base da ação
distributiva. Por conseguinte, a formação de laços sociais tem sido fragmentada
e diversificou-se, sendo altamente estruturada em torno de círculos (virtuais ou