Sobrevivências e Violência de Gênero no Espaço
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.3, n.1, p. 97-106, Jan./Jun., 2017
Os ativismos dos “coletivos”
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emergem com medidas e alternativas
para enfrentar e todo tipo de exclusão de minorias e estereótipos de desigualdade.
A Universidade e comunidade acadêmica estão sensíveis aos conflitos e tensões
que se colocam em nosso cotidiano.
Porem até o presente momento sentimos que há a urgência de rever o
colonialismo jurídico presente em nossas instituições e que recentemente vem sido
denunciado pelas tendências do feminismo acadêmico e contemporâneo frente aos
estudos pós-coloniais (ADELMAN, 2009; PISCITELLI, 2002), principalmente
as
narrativas femininas de subalternização (BIDASSECA, 2011)
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.
A nossa proposta é atentar para os sujeitos racializados, sexualizados
e
colonizados e os espaços desses sujeitos em diferentes discursos. É evidente que há
uma
historicidade a ser buscada e analisada. Situações de agressões, estupro não
nasceram de uma tabula rasa, mas evidenciam uma longa permanência de
práticas de abuso, de violência de gênero, como do descaso e, principalmente a
impunidade dos agressores, mesmo com a Lei Maria da Penha(2006) que tornou
crime todo ato de violência contra as mulheres.
Superamos os anos 50 , onde o crime sexual era conhecido por
“curra”
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, quando praticado por mais de um agressor,? Esse topo de noticia eram
populares dos jornais do Rio de Janeiro
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, que exploravam aqueles casos com
manchetes sensacionalistas.
Sendo carioca e estudante do curso ginasial na época, vivenciei um
dos casos emblemáticos de minha juventude: o assassinato de Aída Curi
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,
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Identificamos nos campus da UNESP ( Bauru, Botucatu e Marília) os seguintes coletivos: Abre Alas ( criado
em 2014; Coletivo Prisma, espaço para a população LGBT; Coletivo Negro KIMPA “ todos os negros e negras,
não brancas/branco”; FEB PRIDE , luta em prol da causa LGBT na Engenharia- Bauru) ; Genis ( em 2013
em Botucatu)
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BIDASSECA, Karina “Mujeres blancas buscando salvar a mujeres color café”: desigualdad, colonialismo jurí-
dico y feminismo postcolonial. Andamios. Revista de Investigación Social, vol. 8, núm. 17, sep-dic., 2011, pp.
61-89. Nesse artigo autora investe na teoria das vozes . Ressalta um aspecto que há continuos intentos de algunas
voces feministas de silenciar a las mujeres de color/no blancas o bien, de hablar por ellas.
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S
egundo a interpretação de juristas
:
“A questão mais complicada e diz respeito à situação da ‘curra’, na qual
dois (ou mais) agentes revezam-se na prática da conjunção carnal ou de outro ato libidinoso contra a mesma
vítima. Exemplificadamente, enquanto um homem segura a mulher o outro com ela mantém conjunção car-
nal, e vice-versa. Nesse caso, cada um dos sujeitos deve ser responsabilizado por dois crimes de estupro, pois
são
autores diretos das penetrações próprias e coautores das penetrações alheias. http://leonardocastro2.jus-
brasil.com.br/artigos/121943503/legislacao-comentada-artigo-213-do-cp-estupro. Acesso em março de 2015
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A Noite , jornal que agitava o cotidiano carioca (1911- 1957). Diário da Noite, que chegou a ter 200 mil
exemplares, de caráter sensacionalista de crimes, roubos , assassinatos dos subúrbios do Rio de Janeiro. Perten-
cia a Assis Chautebriand ( 1929-1964).
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Aida Curi , filha de família de sírios, foi assassinada em 14 de Julho de 1958 , por dois jovens ao ser
conduzida ao Edifício Rio Nobre, na Avenida Atlântica, nº 3.888, no bairro de Copacabana, Rio de Janeiro.
Um deles Ronaldo Guilherme de Souza Castro, natural do Espírito Santo, era estudando no Rio de Janeiro, de 19
anos, com pinta de galã de cinema francês o outro Cássio Murilo Ferreira, menor de idade (17 anos), entea- do de
um coronel do DOPS e síndico do prédio. Tinha sido expulso do Ginásio do Alferes por comportamento
indigno.
Havia um terceiro . o porteiro do prédio que assistiu o ato de violação da vitima. O CRUZEIRO. O