8 Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.3, n.1, p.7-10, Jan./Jun., 2017
acadêmico e na produção do conhecimento. Tangenciados por distintos eixos
teóricos metodológicos, os artigos que compõem esse dossiê reavivaram o sentido
do que signica ser “mulher” em diferentes circunstâncias históricas, desaando
as noções a-históricas e essencialista de mulher.
Por que retomar a “interseccionalidade”, nesse caso? Pela riqueza e
sosticação analítica que ela pode proporcionar? Pelas distintas experiências de
mulheres que a cada momento e situações evidenciam sujeitos performáticos em
suas práticas e identidades?
Entendemos que pensamento moderno ilustrado redigiu uma pauta de
diretrizes e normas de pensar o Outro, quase sempre abstrato, sem corporicações.
Com o advento do pós-estruturalismo nos anos 90, a teoria do discurso, a
desconstrução, a psicanálise, a análise dos processos sociais, a teoria queer e a
crítica pós-colonial, constatamos que há diferentes feminismos para além de uma
concepção teórica homogênea do Norte.
Tornou-se urgencial com os relevantes estudos autobiográcos
e empíricos, levar em conta que os movimentos sociais, os feminismos, os
sujeitos, a violência das relações de gênero são produzidos em relações históricas
contingências e sempre podem ser contestados nos múltiplos posicionamentos.
É nesse contexto, o conceito de “agência” é substancialmente importante
ao ser recongurado com as novas teorias de subjetividades que aoram e fornecem
subsídios e compreensão da vida psíquica e emocional e das relações sociais.
As(os) autores presentes desse dossiê, que são colaboradores e trouxeram
para o campo das discussões a análise de distintos objetos, que tangenciam e
entrecruzam com a temática “Mulher e Gênero” reetidas, em um primeiro
bloco, com o papel da mulher, das mulheres, da violência e das relações de
gênero e classe, tais como : o papel da mulher enquanto chefe de família e mãe,
fornecedora da dinâmica das relações familiares em circunstâncias vulneráveis;
a prática arbitrária e ilegal do uso de algemas em mulheres detentas durante o
parto, apesar da presença de uma legislação e jurisprudência contra esse ato de
violência; o papel da mulher numa sociedade de classes, situando a discussão
de que a subalternidade feminina é ideológica, construída por um pensamento
que valoriza o que pode se tornar propriedade; as mulheres vítimas de violência
doméstica, quase sempre inseridas em um processo vitimizatório, que mesmo
diante da Lei Maria da Penha sofre o que denomina-se de culpabilização; a
violência de gênero e a cultura do estupro vivenciadas no espaço universitário
situando a urgência de garantir efetivamente a inclusão social, de gênero e racial
na vida acadêmica diante dos inúmeros enfrentamentos e os conitos. Em um
segundo momento, dois artigos que investem no campo da literatura e das relações
internacionais, reintroduzindo a discussão dos sujeitos e de categorias que fogem
da normatização dos gêneros e se ancoram em visões sexistas que colocam como
prerrogativas de verdade um discurso monolítico e monopolizador.