Recuperação de aprendizagem
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.2, p. 87-102, Jul./Dez., 2016
outras estratégias para promover a aprendizagem, ainda não conquistada pelos
alunos? É especialista em dificuldades de aprendizagem? Tem cursos ou formações
específicas?
Normalmente essas salas são escolhidas nas atribuições de aulas
por vários motivos pessoais do profissional, mas, raramente, por gosto, por
interesse, devido à aptidão técnica e a sensibilidade investigadora do profissional.
Infelizmente não é preciso ter nenhuma especialização para atuar com essas
classes, e também não há até o presente momento nenhuma formação específica
para os professores da recuperação paralela. Frequentam normalmente as reuniões
pedagógicas (Reps) como todos os professores. E quando necessário substitui os
professores que faltam inesperadamente.
E quanto aos alunos, a sua maioria tem buscado a escola como um local
seguro para ficar enquanto a mãe trabalha. E quando um pouco maiores, por
questões sociais como amizade, alimento, para não ter problemas com o conselho
tutelar, para a mãe não perder os programas sociais do governo como bolsa família
e até mesmo por namoricos. Onde estaria o encantamento por estudar? Os alunos
devem vislumbrar sentido na escola e querer aprender a aprender, pois como diria
Cortella (2007, p. 26) “Não nascemos prontos vamos nos fazendo”. Aprender
demanda esforço, lançar-se ao desafio, é preciso resgatar o pensar reflexivo
afetuosamente. Os alunos precisam ser incentivados a buscar o conhecimento
com paixão, mesmo que necessite para isto um esforço, uma dedicação maior.
Paira sobre a sociedade/família atual em que vivemos um momento de incertezas,
de inseguranças, de busca pelo prazer momentâneo em concomitância com uma
lógica capitalista e consumista, em que, ao mesmo tempo em que se avança tanto
em tecnologias e em vários outros sentidos, a sociedade torna-se questionável em
suas atitudes, pois, prega-se o menor esforço e os “bons amores instantâneos” sem
compromisso com a humanização da afetividade. As telas em movimento da TV,
dos computadores etc. são mais interessantes e melhores que os livros estáticos
com letras sem graças. Basta um click e toda a informação está à disposição, é a
velocidade da informação sobrepondo-se à formação, é preciso estar conectado
com tudo ao mesmo tempo em que não se tem atenção em nada. Aquele que não
tem acesso a era digital está fora do planeta.
De fato a evolução da tecnologia é bastante importante e frutífera,
mas, faz-se necessário que a evolução humana a acompanhe, ao contrário,
estaríamos gerando pessoas com dificuldades de aprendizagem. As dificuldades
de aprendizagem não advêm apenas da falta de acesso tecnológico, mas também
por dificuldades em torno das famílias em grupo de risco, por fatores orgânicos,
psiquiátricos, psicológicos, por problemas com a “ensinagem”, por um sistema/
rede de ensino inadequado e, por fim, por políticas públicas preocupadas mais
com a normatização, com estatísticas, com resultados do que com os processos
de ensino e aprendizagem. E, portanto, pouco a recuperação paralela e/ou
atendimento pedagógico podem fazer isoladamente para a aquisição efetiva do