Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 38-62, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 – 780 X
Onde conseguiu essa camisa [que dá acesso ao camarote] seu negro?,
questionou o suposto chefe de produção, de prenome Marcos, ao
advogado, após barrá-lo na entrada do local. Após o episódio, Oliveira
foi empurrado e ameaçado, além de ter passado mal devido ao
aumento da pressão. “A gente se bate por aí e você vai ver!”, disse o
agressor. O caso foi protocolado no CDCN
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, onde foi realizada uma
reunião ontem (16) à tarde com representantes da Defensoria Pública
(DP), Ordem dos Advogados do Brasil – Bahia (OAB-BA), Sepromi e
Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social
(SJDHDS). (Fonte:
TV do Servidor público, 2015). [...]
A primeira
sessão que oficializou os trabalhos da Comissão de Direitos Humanos
e Segurança Pública da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) em 2015
debateu nesta terça-feira (24) o caso do advogado Leandro Oliveira,
vítima de racismo pela produção e segurança do camarote Planeta
Band, durante carnaval em Salvador. O fato aconteceu na sexta-feira
(13) quando Oliveira foi impedido de entrar nas dependências do
camarote, mesmo portando ingresso e camisa que garantiam o acesso
à festa. O colegiado, presidido pelo deputado Marcelino Galo (PT),
aprovou a realização de uma audiência pública conjunta com a
Comissão Especial de Promoção da Igualdade para debater o tema
racismo e violência no carnaval. Além disso, a comissão enviará um
expediente para solicitar esclarecimento das autoridades sobre a
apuração das denuncias apresentadas por Oliveira. Galo alerta para
que o caso não fique impune. “Salvador é a maior cidade negra fora
da África e os negros tem uma participação definitiva na cultura e na
construção do carnaval. Vamos dar encaminhamento a este caso e
combater de forma mais efetiva para que este ato não fique impune”,
ressalta o deputado petista. No depoimento de 22 minutos, Leandro
Oliveira relatou aos deputados que os seguranças do camarote lhe
abordaram de maneira seletiva e questionaram aonde ele teria
consigo a camisa. “Você conseguiu com quem essa camisa nego? Essa
camisa é só para convidado”. O advogado, que é negro, afirmou ainda
que apenas ele fora abordado pelos seguranças. Ante o crime de
racismo, Oliveira procurou autoridades policiais no circuito Dodô para
registrar a ocorrência, mas não obteve êxito. “A omissão frente ao
racismo no Estado é explícita. Estou vindo nesta casa, pois acredito
nessa comissão e na justiça”, observou Leandro, que
também procurou entidades ligadas aos Direitos Humanos, como o
Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra, Observatório
Racial e a Comissão de Ética e Direitos Humanos da OAB. (BRASIL 247,
2015).
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Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN).
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