3
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447-780 X - https://doi.org/10.33027/2447-780X.2016.v2.n1.02.p3
POLÍTICAS PÚBLICAS, PESSOAS IDOSAS, EDUCAÇÃO E ENVELHECIMENTO:
O CASO DE PORTUGAL NUM CONTEXTO GLOBAL
Esmeraldina Maria Costa Veloso
Doutora Esmeraldina Maria Costa Veloso. Universidade do Minho UMinho Braga
Portugal. Docente do Departamento de Ciências Sociais da Educação Instituto de
Educação Investigadora do Centro de Investigação em Educação Universidade do
Minho. Doutora em Educação. Endereço: Universidade do Minho, Instituto de Educação
(IE), Campus de Gualtar, 4710-057 Braga, Portugal eveloso@ie.uminho.pt
Maria Custódia Jorge Rocha
Doutora Maria Custódia Jorge Rocha. Universidade do Minho UMinho Braga
Portugal. Docente do Departamento de Ciências Sociais da Educação Instituto de
Educação Investigadora do Centro de Investigação em Educação Universidade do
Minho. Doutora em Educação. Endereço: Universidade do Minho, Instituto de Educação
(IE), Campus de Gualtar, 4710-057 Braga, Portugal mcrocha@ie.uminho.pt
RESUMO
Este trabalho reúne uma série de contributos, alguns dos quais patentes em outros
trabalhos de nossa autoria, que nos permitem discutir a ideia de que nas sociedades
ocidentais, com as devidas particularidades que são devidas a Portugal, se tem vindo a
afirmar orientações políticas públicas sociais e educativas que em muito se apoiam em
lógicas produtivistas e economicistas. A análise das políticas públicas que aqui fazemos,
documentalmente apoiada, atende às diversas maneiras como os Estados (desdeos inícios
dos anos 70 do século XX até inícios do século XXI) têm perspectivado as pessoas idosas,
o direito à educação e o envelhecimento. Mostra-se como as políticas públicas formuladas
a nível internacional, e na União Europeia, se reproduzem em Portugal, sobretudo quando
se trata de assumir compromissos com a sustentabilidade do sistema de segurança social
e com a eficiência económica. De permeio, a educação de pessoas adultas, visto que a
educação de pessoas idosas é esquecida, adquire formas de aprendizagem ao longo da
vida e de literacia. Nesta sequência, apontam-se os efeitos mais visíveis das orientações
políticas e analisam-se os constrangimentos que advêm da ausência de formulação de
uma política pública, global, integrada para as pessoas idosas em Portugal. Também aqui
se desvelamos vários significados de que se reveste a noção deenvelhecimento, um
envelhecimento que,politica e estrategicamente, se quer ativo e, sobretudo, produtivo,e
que se coaduna mais comlógicas de supressão de implicações fiscaisdo que com lógicas
de inclusão efectiva das pessoas idosas em formas de cidadania plena.
Palavras-Chave: Políticas Públicas, Educação, Pessoas Idosas, Envelhecimento.
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
PUBLIC POLICY, THE ELDERLY, EDUCATION AND AGING:
THE PORTUGAL CASE IN A GLOBAL CONTEXT
ABSTRACT
This work brings together a number of contributions, some of which already found in
other works of our own, that allow us to discuss the idea that in Western societies, with
particularities that are dueto Portugal, has been claiming public policy guidelines social
and educational which greatlyrely on productivist an deconomisticlogic. The analysis of
public policies we are doing here, documentary supported, meets the divers eways in
which states (since the early 70s of the twentieth century other early twenty-first century)
have perspective the elderly, the right to education and aging. It shows how public policies
drawn up at international level, and the European Union, breed in Portugal, especially
when it comes to engage with the sustainability of the social security system and
economic efficiency. In between, the adult education, as the education of older people is
forgotten, acquires form so learning throughout life and literacy. Subsequently, point up
the most visible effect so t he policy and analyze the constraints arising from the absence
of formulation of public policy, global, integrated for the elderly in Portugal. Also here
they un veil various meanings that it takes the concept of aging, aging that policy and
strategically, whether active, especially productive, and are more consistent with logics
suppression tax implications than logics effective inclusion o folder persons in full citizen
ship forms.
Keywords: Public Policy, Education, Elderly, Aging.
CONTEXTUALIZAÇÃO PESSOAS IDOSAS EM PORTUGAL
Em muitos países do mundo, e concretamente em Portugal, temos vindo a assistir
a um envelhecimento da população, resultante de uma reduzida natalidade e do declínio
da mortalidade, um processo que se tem vindo a designar como “dupla base do
envelhecimento da população idosa.” (ESTEVES, 1993, p. 175).
Segundo os censos portugueses, em 2011, a população residente contava com10
555 853 indivíduos, mais 199 736 que em 2001, sendo a proporção de mulheres (52,1%)
superior à dos homens (47,9%). A população portuguesa com 65 e mais anos contemplava
1874.209 pessoas. Desta população, 58,2% era constituída por mulheres. Numa década,
a relação de feminilidade passou de 107,1 para 109,2 mulheres por cada
4
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
100 homens, tendo-se verificado, simultaneamente, uma diminuição do número de
mulheres nos grupos etários mais jovens: -5,0% no grupo etário dos menores de 15 anos
e -22,4% no grupo etário dos 15 aos 24 anos. Nos restantes grupos etários ocorreu um
aumento do número de mulheres: dos 25 aos 64 anos (6,1% de aumento), com 65 e
mais anos de idade (19,1% de aumento), com 75 e mais anos (37,6% de aumento). Assim,
a proporção de mulheres aumenta à medida que a idade avança: As mulheres
representam 54% da população de 65 a 69 anos e representam 67% da população com
mais de 85 anos. Isto é, cerca de 2 terços das pessoas com 85 e mais anos são mulheres.
Dito de outra forma, o índice de envelhecimento foi mais acentuado nas mulheres, tendo
passado de 121,8 para 152,7 mulheres idosas, por cada 100 jovens, entre 2001 e 2011
(CNE, 2012; OFAP, 2012; INE, 2012; CIG, 2012).
O maior número de mulheres nos grupos etários mais elevados é consequência da
sua maior longevidade: a esperança de vida à nascença das mulheres é de 82 anos, e a
dos homens é de 76, fazendo com “que a velhice seja essencialmente uma velhice no
feminino.” (FERNANDES, 2001, p. 2). Contudo, mais anos de vida não significam
necessariamente mais anos de vida com qualidade: os anos a mais que as mulheres vivem
são, muitas vezes, anos de solidão, de pobreza, de doença ou incapacidade. Associado
ao índice de envelhecimento está o índice de isolamento: As mulheres representam
63,8% da população que vive só, proporção que sobe para 77,1% na faixa etária dos 65 e
mais anos. O risco de pobreza é superior para as mulheres, sobretudo para as mais velhas,
bem como a taxa de privação material. As doenças do aparelho circulatório são a sua
principal causa de morte (CNE, 2012; OFAP, 2012; INE, 2012; CIG, 2012).
Em termos de educação formal, Portugal, no início do século XXI, apresenta uma
evolução considerável tendo em conta os membros da União Europeia e ultrapassa,
até,muitos outros países. Efetivamente, a população que possui oensino superior quase
duplicou, passando de 674 094 pessoas (2001), que detinham o ensino superior completo,
para as 1.262.449 (2011). Deste total, 61% são mulheres, representando 14% da
população feminina. Uma análise da evolução das qualificações por sexo (género)
põe em evidência habilitações mais elevadas para as mulheres do que para os homens
5
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
nos escalões etários mais jovens (dos 15 aos 44 anos), mas também mostra uma alteração
no mesmo sentido no escalão etário dos 45 aos 64 anos. Em 2000, as mulheres mais
velhas (a partir dos 45 anos) ainda tinham menos qualificação do que os homens, sendo
que a maioria do escalão de 65 e mais anos não tinha mesmo qualquer certificação
formal. Cruzando a variável género com a variável idade, pode dizer-se que existem mais
mulheres sem escolaridade (as mais idosas), mas também mais mulheres com ensino
superior (adultas 36,3%) (CNE, 2012; OFAP, 2012; INE, 2012; CIG, 2012).
As consequências deste fenómeno de envelhecimento populacional têm sido
amplamente difundidas e debatidas em diferentes campos como, entre outros, o
académico e o político, dando particular destaque a muito referenciada sustentabilidade
financeira da segurança social, concretamente, dos sistemas de reforma. Toda esta
situação vai originando mudanças a vários níveis, como, por exemplo, nos critérios de
acesso à reforma/aposentadoria e, em consequência, e também por via de outros
condicionalismos, nas vivências das pessoas idosas.
A velhice como uma categoria social ou como uma categoria de ação política
(LENOIR, 1979, 1996), o ser idoso como condição social e como problema sociológico
(ESTEVES, 1993), as pessoas idosas e o seu direito à educação (VELOSO, 2007, 2011), as
éticas e as lógicas do envelhecimento ativo/produtivo (ROCHA, 2009, 2015), a pragmática
e ideologia do envelhecimento ativo (CABRAL, 2013) constituem problemáticas
sociológicas cuja análise apresenta um historial recente e nem sempre colocado em
confronto.
No ponto seguinte deste trabalho faz-se uma breve análise das políticas públicas
sociais dirigidas para as pessoas idosas, dando contaalgumas medidas que foram sendo
desenvolvidas num contexto demográfico envelhecido como o é o de Portugal.
1 POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS PARA AS PESSOAS IDOSAS
Em Portugal, foi somente na década de 70 do século XX que se procedeu à
generalização dos sistemas de reforma. Este processo originou um denominador comum
a todas as pessoas a partir de uma certa idade: ser reformado, estar na idade da
6
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
reforma. Antes dageneralização dos sistemas de reforma, não havia qualquer medida de
ação política pública dirigida especificamente para o grupo social das pessoas mais velhas.
Durante o século XIX, o apoio aos mais velhos que necessitassem de ajuda era prestado
essencialmente na esfera doméstica, e, quando não havia rede familiar, ou não tinham
rendimentos que suportassem a sua sobrevivência e o pagamento de cuidados, eram
integrados em instituições asilares (GUILLEMARD, 1980). Esta velhice invísivel, bem
característica do Estado Liberal, propicia uma imagem de velhice a que se associam
representaçõessociais depreciativas tais como decrepitude, degenerescência, pobreza e
incapacidade física.
Nos primeiros anos da segunda metade do século XX, na maior parte dos países
ocidentais, de uma noção de velhice invisível foi-se paulatinamente passando para uma
noção de velhice identificada e, daí, para uma noção de velhice inativa e pensionada
(GUILLEMARD, 1980).
Em Portugal, no período ditatorial, as pessoas idosas que não tinham família, ou
outras redes de suporte, eram colocadas em asilos. A ideia de uma política específica
para as pessoas idosas, e os contornos específicos de que esta política se deveria
revestir, foram discutidos em Portugal, em 1969, no Seminário “Política para as Pessoas
Idosas”, sob coordenação de Paul Paillat (FERNANDES, 1997). No entanto, foi em
função da declaração política inscrita na Constituição da República de 1976,
concretamente no seu artigo n. 72, dedicado à política de terceira idade, que se
procedeu a uma nova gestão da velhice, defendendo-se, explicitamente, uma política de
integração dos idosos na comunidade e a sua manutenção no domicílio (VELOSO, 2007).
Uma intenção de intervenção no programa do I Governo Constitucional (Agosto de
1976), promovendo medidas que se inserem nesta nova política de manutenção dos
idosos no domicílio reforça o teor da Constituição. A mudança mais visível dessa nova
gestão reverte para um processo de implantação de medidas concretas traduzidas pelo
surgimento dos equipamentos sociais: apoio ao domicílio, construção de centros de dia,
centros de convívio, transformação dos asilos em lares de idosos (VELOSO, 2011).
A partir dos anos 90 do século XX, as influências da União Europeia fizeram-se
sentir na área específica da política para os idosos e, após uma dinâmica de intercâmbio
7
8
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
entre diferentes projectos nacionais e europeus, promovidos pelo Primeiro Programa
Comunitário de Apoio às Pessoas Idosas (1991-1993) (CONSELHO EUROPEU, 1992), surge,
por parte dos Ministérios da Saúde e do Emprego e da Segurança Social (PORTUGAL,
1994), o PAII Programa de Apoio Integrado a Idosos. No âmbito deste Programa, ao
longo das suas diferentes edições, foram desenvolvidos alguns projetos, tais como passes
para a terceira idade, serviço de telealarme, serviço de apoio domiciliário, centro de apoio
a dependentes, formação de recursos humanos, saúde e termalismo e turismo sénior,
tendo sido estes dois últimos geridos pelo INATEL, mas financiados pelo PAII (VELOSO,
2011).
No início do século XXI, a influência da União Europeia ganha novos contornos com
a denominada Estratégia de Lisboa (CONSELHO EUROPEU DE LISBOA, 2000) cujo intuito
era o de que a economia europeia se tornasse a mais competitiva do mundo, baseada no
conhecimento e no crescimento sustentável, promovendo a coesão social. Assim, ao
mesmo tempo em que se promove uma política estratégica de manutenção dos
trabalhadores mais velhos no mercado de trabalho, delineia-se o objetivo de promover a
coesão social. Esta política estratégica é reforçada no Conselho Europeu de Nice (2000).
Do teor discursivo dos documentos provindos do Conselho Europeu destacam-se
duas orientações fundamentais. Por um lado, as orientações que posteriormente
enformam os Planos Nacionais de Ação para a Inclusão, delineados de acordo com as
orientações da União Europeia para todos os Estados membros e consubstanciando-se
em várias medidas para erradicar situações de pobreza, de exclusão social, abrangendo
toda a população e, em particular, as pessoas idosas e, por outro lado, as orientações que
sustentam a conhecida Estratégia Nacional de Envelhecimento Ativocuja base de
formulação advém de políticas formuladas no âmbito de assuntos relacionados com o
emprego e não com a educação (VELOSO, 2011; ROCHA, 2015).
A União Europeia prontamente reconheceu que o envelhecimento populacional
característico dos seus diferentes Estados membros era um entrave para atingir os
objetivos de Lisboa, originando reduzida mão de obra ativa e criando dificuldades na
sustentabilidade dos sistemas de reforma. Para tentar ultrapassar estes obstáculos, o
9
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
Conselho Europeu (2001), em Estocolmo, definiu o objetivo de que, em 2010, metade
da população entre os 55 e 64 anos permanecesse ativa. O Conselho Europeu (2002),
em Barcelona, voltou a reforçar esta meta, defendendo que deveriam ser acrescentados
mais cinco anos para se ter acesso à reforma.
Em Portugal, em 2001, foi criado o Plano Nacional para a Inclusão (PNAI), sendo
bianual. O PNAI passou a englobar o Programa de Apoio Integrado ao Idoso (PAII) e, desde
1994, continuou a promover diferentes projetos como os mencionados anteriormente.
Para além disto, também se registaram alterações no acesso à reforma, tais como a idade
de acesso à reforma e as regras de cálculo das pensões. Passa-se a ter em conta o
aumento da esperança média de vida e obtêm-se um cálculo traduzido no chamado fator
de sustentabilidade. Assim, “em nome da sustentabilidade financeira, passa-se a legislar
ao longo de 2006 e 2007 no sentido de penalizar quem antecipa a reforma e de bonificar
quem adia o acesso à pensão por velhice.” (CARDOSO et al., 2012, p. 622).
Para compreendermos o que se passou com a política dirigida às pessoas mais
velhas, a partir de 2011, devemos sinalizar a crise financeira que se deu nos EUA em 2008,
influenciando a economia dos países europeus, e, em particular,a de Portugal.
Em 2011, ainda com o governo do primeiro-ministro José Socrates, Portugal foi
alvo de uma intervenção da denominada Troika (formada por três elementos
representandoa Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário
Internacional). Assim se propagaram políticas e medidas condicionadas, ou pelo menos
assim politicamente legitimadas, pelo acordo que Portugal fez com a Troika, um acordo
que se plasma no Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (PORTUGAL, 2011) e
que foi executado durante os três anos seguintes, com o primeiro-ministro Passos
Coelho, “para restabelecer a confiança dos mercados financeiros internacionais e
promover a competitividade e o crescimento económico sustentável.” (PORTUGAL,
2011). Num contexto de crise, a necessidade de equilibrar as finanças públicas fez-se,
assim, de entre outros meios, sobretudo através do corte da despesa pública, abrangendo
os salários do setor público e as pensões de reforma.
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
Também ao nível da União Europeia, a partir de 2010, o combate à crise está
patente na Agenda Europa 2020 (COMISSÃO EUROPEIA, 2010) que substitui a Estratégia
de Lisboa (2000-2010). Ou seja, pelas novas orientações da União Europeia para o espaço
temporal 2020 preconiza-se um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo, pois a
Europa enfrenta níveis de pobreza e exclusão social bastante elevados. Na Agenda 2020,
também chamada Estratégia 2020, foram estabelecidos cinco grandes objetivos
considerados como fundamentais para o sucesso europeu de luta contra a crise
económica. O primeiro objectivo está relacionado com os trabalhadores mais velhos,
defendendo que a “taxa de emprego da população com idade entre os 20 e os 64 anos
deve aumentar para, pelo menos, 75%, contra os actuais 69%, nomeadamente através de
uma maior participação das mulheres e dos trabalhadores idosos, bem como integração
dos migrantes na população activa.” (COMISSÃO EUROPEIA, 2010). Assim, continua a
verificar-se a preocupação, expressa na Estratégia de Lisboa (2000), em manter os
trabalhadores mais velhos mais tempo no mercado de trabalho.
Em Portugal, a interpretação do Programa de Ajustamento Económico e
Financeiro (PORTUGAL, 2011) fez com que para além dos cortes nos salários e pensões,
também se verificasse a suspensão das normas que regulam a antecipação da idade de
acesso à pensão de velhice, mantendo-se somente a possiblidade de acesso à reforma
antecipada nos casos de desemprego involuntário de longa duração, através do Decreto-
Lei n.º 85-A/2012 de 5 de Abril.
Contudo, a partir de 1 de janeiro de 2016, foram repostas as regras de atualização
do valor das pensões do regime de protecção social convergente, do regime geral da
Segurança Social e do valor do Complemento Solidário de Idosos, através do Decreto-Lei
n.º 254-B/2015, de 31 de Dezembro.Também passou a ser possível ter acesso à reforma
antecipada, a partir de 2015, pelo Decreto-Lei n.º 8/2015, embora com penalização de
0,5% por cada mês em falta para a idade da reforma, sendo também necessário juntar o
fator de sustentabilidade, o que reduz ainda mais o valor final da reforma.
Justificando a sustentabilidade do sistema de segurança social, também se
verificou, através do Decreto-Lei n.º 167-E/2013, de 31 de Dezembro, que houve
10
11
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
alterações ao regime júridico das pensões de invalidez e velhice do regime geral da
segurança social, mudando, entre outros aspetos, a fórmula de cálculo do fator de
sustentabilidade e a forma de determinação da idade normal de acesso à pensão de
velhice. Actualmente (2016), a idade da reforma situa-se nos 66 anos e 2 meses, estando
prevista para 2017 a idade de 66 anos e 3 meses, tendo em conta a atualização realizada
ao fator de sustentabilidade, através da Portaria n.º 67/2016, de 1 de abril.
Em Portugal, em 2016, no que diz respeito às medidas dirigidas para as pessoas
idosas, ao nível da ação social, constatámos que alguns dos antigos programas
anteriormente desenvolvidos se encontram encerrados, como é o caso do Programa de
Apoio Integrado ao Idoso(PAII), que tinha sido iniciado em 1994, o Programa de
Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES), o Programa de Apoio ao
Investimento em Equipamentos Sociais (PAIES), oPrograma de Apoio ao Investimento a
Respostas Sociais (POPH), o Programa de Apoio à Iniciativa Privada Social (PAIPS), a
Medida de Apoio à Segurança dos Equipamentos Sociais (MASES) e o Programa Conforto
Habitacional para pessoas Idosas (PCHI). De notar, que a quase totalidade destes
programas, com a exceção do PAII e do PCHI, se destinava a financiamento de obras, para
melhorar as instalações ou para construção de raiz, e com o objetivo de expandir a oferta
de lugares em equipamentos sociais, que abrangiam também a população idosa,
revelando que anteriormente houve investimento ao nível das respostas sociais. Resta
saber se esse esforço foi ao encontro às necessidades da população, e, em especial, da
população idosa.
Verifica-se que, atualmente, as respostas em vigor para a população idosa
continuam a englobar os equipamentos sociais, como o Serviço de Apoio Domiciliário
(SAD), o Centro de Convívio, o Centro de Dia, o Centro de Noite, o Acolhimento Familiar,
Estruturas Residenciais e Centro de Férias e Lazer
1
. Para além disto, continua a existir a
Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RCNCCI), que entre outra população,
também se dirige às pessoas idosas.A política pública social está dirigida com particular
ênfase para os mais idosos e com alguma dependência, facultando respostas
1
http://www.seg-social.pt/idosos
12
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
que contribuam para lhes permitir continuar a viver na sua residência, embora havendo
também respostas para os que não possam ou queiram viver, sendo questionável
se são suficientes as respostas existentes para as diversas carências de muitas pessoas
idosas.
Além do mais, também se continua verificar a não existência de uma política
pública global para as pessoas idosas, em que não sejam só contempladas as situações de
carência e de dependência, mas igualmente outros direitos, como o direito à educação e
à cultura (VELOSO, 2011).
Num contexto de envelhecimento ativo/produtivo, a inexistência de uma política
educativa pública para as pessoas idosas obriga a que, também neste trabalho, se discuta
e problematize o direito à educação em consonância com o campo mais vasto da política
de educação de adultos e dos seus efeitos mais visíveis em termos educativos (ROCHA;
SILVA, 2015).
2 POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCATIVAS PARA AS PESSOAS ADULTAS IDOSAS
O Banco Mundial foi criado em 1944 num contexto de pós-Segunda Guerra
Mundial e de reestruturação capitalista. A Declaração Universal dos Direitos do Homem
data de 1948. O direito à educação e, nomeadamente o direito à educação por parte das
pessoas idosas, estão genericamente formulados nesta declaração de princípios, havendo
comprometimento por parte de muitos países entre os quais Portugal em respeitar,
de modo absoluto, os direitos humanos. Data de 1963 o documento do Banco Mundial
sobre Policies in the Field of Education (WORLD BANK, 1963). Da análise das políticas e da
formulação de critérios deste contexto de reestruturação capitalista emerge uma
conceção estreita de educação, uma educação que esteja na base “do processo de
desenvolvimento” da economia: “A eficácia e a produtividade da administração
governamental, a força do trabalho industrial, o sistema comercial e a agricultura, tudo
está dependente de soluções educativas adequadas e apropriadas” (WORLD BANK, 1963,
apud BASTOS, 2014).
13
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
A I Conferência Internacionalde Educação de Adultos I CONFINTEA realizou-se
cinco anos depois da criação do Banco Mundial, em 1949, na Dinamarca, sob o título
Educação de Adultos. A II CONFINTEA aconteceu em Montreal, Canadá, em agosto de
1960, sob o título A Educação de Adultos em um Mundo Mutável. A III CONFINTEA reuniu-
se em Tóquio, no Japão, em 1972, sob o título sugestivo A educação de adultos no
contexto da educação ao longo da vida. Fala-se, aqui, de um “sistema funcional de
educação permanente.” (AZEVEDO, 2010).
O “movimento da educação permanente” reflete-se em Portugal, nos anos 50 e
60 do século XX, num contexto de “crise mundial da educação”. Nos finais dos anos 70 e
inícios dos anos 80 do século XX, o projeto da educação permanente afirmou-se no nosso
país, muito em acordo com a ação prosseguida pelas instâncias internacionais nos inícios
dos anos 70 (CANÁRIO, 2000, p. 87) e antes deles.
Data de 1971 o documento do Banco Mundial Education Sector Working Paper
(WORLD BANK, 1971), no qual se esboçame se publicitam os primeiros critérios para
financiamentos na área da educação. Tratam-se de critérios de teor economicista que,
aliás, se refletem no documento que, em 1974, emana do Banco Mundial (WORLD
BANK, 1974). Num documento posterior (WORLD BANK, 1980) os critérios de
financiamento de ordem economicista, constando em primeira ordem, são assistidos
por critérios de desenvolvimento de uma educação permanente mais abrangente que
permitisse o acesso ao mercado de trabalho (BASTOS, 2014).
Em Portugal, nos anos 70, o debate sobre a educação de pessoas adultas decorreu
em função de orientações internacionais, como as do Banco Mundial, e que se vão
reafirmandoem vários relatórios Learning tobe (COMISSÃO FAURE, 1972); Recurrent
education: a strategy for life-longlearning (OCDE, 1973); Recommendation on the
Development of Adult Education (UNESCO, 1976); Introduction to Life Learning (UNESCO,
1979).
Por influência e/ou por iniciativas nacionais, nos anos 70 do século XX, em
Portugal, vigora uma dimensão heurística da educação de pessoas adultas, uma dimensão
“que enfatiza, por oposição a uma lógica de acumulação de conhecimentos,
14
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
um processo de ‘aprender a ser’”, o que “representa um ponto de viragem no
pensamento sobre a educação.” (CANÁRIO, 2000, p. 87).
Após a Revolução de 1974, em Portugal, pode sublinhar-se a existência de
iniciativas reveladoras do interesse governamental em relação à educação de adultos. Em
1976, a Constituição da República Portuguesa (PORTUGAL, 1976) estabeleceu no Art.
n. 73 que todos, genericamente, têm direito à educação. A Direção Geral de Educação
Permanente (criada em 1972), entre 1975 e 1976, claramente influenciada pela proposta
de educação permanente preconizada pela UNESCO (e pelo Banco Mundial) dinamizou
uma política pública inovadora que procurou dar resposta às necessidades educativas dos
adultos em Portugal, integrando-os de forma participativa nas suas démarches (CANÁRIO,
2000). Trata-se de uma década em que:
Procurava-se partir do que os adultos possuíam (e não do que lhes
faltava), nomeadamente acultura popular, o saber, o saber dizer, o
saber fazer, saberes estes que seriam posteriormente articulados com
aescola e o trabalho, através de iniciativas de formação profissional e da
educação popular (MELO & BENAVENTE,1978 apud GUIMARÃES, 2009,
p. 1).
Nos finais dos anos 70, o Plano Nacional de Alfabetização e Educação de Base
dos Adultosdo Ministério da Educação (Portugal, 1979) contempla objectivos como os
de reduzir o analfabetismo e expandir o acesso dos adultos à escolaridade obrigatória,
bem como articular estas acções de educação de base de adultos com a educação
popular e a formação profissional (CANÁRIO, 2000).
Também em termos específicos de educação de pessoas idosas, o período
compreendido entre 1976 e 1985 é um período considerado de mudança em Portugal,
uma mudança que se deu não por via da conceção de uma política pública, global,
integrada para as pessoas idosas, mas em função da emergência das Universidades da
Terceira Idade (VELOSO, 2007).
Veja-se que, desde 1976, a educação das pessoas idosas tem vindo a ser
ministrada “no que se apelida de Universidades da Terceira Idade (ou Universidade Sénior
ou, então, Academia Sénior) [e onde] se propõe um programa […] destinado aos
15
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
maiores de cinquenta anos com base em atividades preferencialmente de carácter não
formal e informal.” Saliente-se aqui que “a característica mais particular é que no caso de
Portugal não foi o Estado (tal como no caso de Espanha e de outros países) quem tomou
a iniciativa de criar estes espaços de formação, mas sim a própria comunidade e os
próprios utentes.” (OSÓRIO, 2007, p. 25). Fica aqui então exposta a mudança que realça
a importância das comunidades na emergência da educação de pessoas idosas em
Portugal.
Voltando a falar de educação de pessoas adultas, realce-se que as tendências
que nos anos 70 do século XX potenciavam esta educação para novos horizontes, para
além da escola, para lá das competências e das performances laborais, em suma, para lá
da performatividade, começaram a ser travadas ao longo dos anos 80, com reforço nos
primeiros anos de 90 do século XX e maior expressão no início do século XXI.
Faz sentido relembrar que, sobretudo a partir dos anos 90:
A educação permanente ou ao longo da vida foi sujeita a um
profundo processo de ressignificação, abandonando seus ideais
críticos e de transformação, e até mesmo uma boa parte de seus
compromissos social-democratas quanto à igualdade de
oportunidades e a uma conceção não elitista de educação,
desenvolvidos no contexto de democracias capitalistas liberais
que, historicamente, consagraram um papel de intervenção para
o Estado na educação pública (LIMA, 2016, p. 18).
É que já não se trata de “aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver
em comum e aprender a ser”, como a UNESCO (1996) discursivamente o chegou a
preconizar. Agora, vista como literacia (UNESCO, 2013),
[…] a aprendizagem ao longo davida e seus derivados pós-pedagógicos
(empregabilidade, empreendedorismo, flexibilidade, inovação, entre
outros) fixaram-se pragmaticamente em torno das celebradas virtudes
do ‘aprender para ganhar’ e do ‘conhecer para competir’ (Lima, 2012),
consideradas centrais nas chamadas ‘sociedades do conhecimento e da
aprendizagem. (LIMA, 2016, p. 18).
16
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
Em Portugal, tal como em contexto global, também se regista uma frenagem das
tendências abrangentes da educação de adultos e uma mudança de orientação logo a
partir da Lei de Bases do Sistema Educativo (PORTUGAL, 1986). Pois:
Ao contrário das políticas anteriores que tinham acentuado dimensões
abrangentes do direito à educação, a Lei de Bases restringiu o campo da
educação de adultos e sugeriu uma concepção ténue de cidadania,
baseada na transmissão de conhecimentos de cariz disciplinar e de
saberes adquiridos em contexto de sala de aula. Negava-se por essa via
o papel central que a educação de adultos poderia assumir nos esforços
de modernização e desenvolvimento do país (GUIMARÃES, 2009, p. 2).
Posto isto, vale aqui a pena voltar ao contexto internacional e ao finais dos anos
80 e relembrar que na análise e debate que se fez em Paris sobre O Desenvolvimento de
Educação de Adultos: aspectos e tendências, na IV Conferência Internacionalde Educação
de Adultos IV CONFINTEA (UNESCO, 1985) ressaiu o reconhecimento positivo do
“direito a aprender” pese embora a sua subordinação ao “aspecto econômico e de
empregabilidade do papel da educação.” (AZEVEDO, 2010).
E mesmo que nos anos 90 do século XX, muito especialmente no Relatório
Educação Um Tesouro a Descobrir (UNESCO, 1996), se tenha anunciado o regresso da
educação ao longo da vida ao assumir-se quatro pilares fundamentais da educação:
aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a viver juntos aprender a viver com os
outros; aprender a ser, o certo é que a educação ao longo da vida, em Portugal, não
mais se conformou com as iniciativas pioneiras e inovadoras dos anos 70 assentes em
processos de educação-participação-ação.
Se assim aconteceu em termos de educação de pessoas adultas, quanto à
educação das pessoas adultas idosas pouco se sabe. Em Portugal, a primeira conferência
subordinada ao tema A Sociologia do Envelhecimento somente foi proferida em 1993,
tendo sido organizada pelo Núcleo de Assistência Psicológica e Formação de Adultos da
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (ESTEVES,
1993, p. 170) o que revela o surgimento tardio desta área de investigação
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
no nosso país. E quanto a medidas educativas concretas para a educação das pessoas
adultas idosas no nosso país e em contexto internacional?
O facto de as Nações Unidas terem proclamado o ano de 1999 como o Ano
Internacional das Pessoas Idosas fez (re)canalizar a atenção de governos e investigadores
para a abordagem da problemática do envelhecimento. É aqui de salientar que a
Organização das Nações Unidas tem convenções específicas para todos os públicos,
menos para as pessoas idosas, uma questão de ética política que somente em 2008
mereceu atenção com a Proposta de Convenção sobre os Direitos da Pessoa Idosa(ONU,
2008). Veja-se também que foi somente em 1982 que se realizou em Viena a I Assembleia
Mundial sobre o Envelhecimento. As Nações Unidas evidenciaram, aqui, tal como na II
Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento, realizada em Madrid em 2002, o interesse
da comunidade internacional pelo progressivo envelhecimento da população,
especialmente nos países desenvolvidos.
A II Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento, em 2002, contou com a
apresentação do documento Envelhecimento Saudável Uma Política de Saúde da OMS
Organização Mundial de Saúde (2002/2005), organização vinculada à ONU, no qual se
refere que “Cabe aos profissionais da saúde liderarem os desafios do envelhecimento
saudável para que os idosos sejam um recurso cada vez mais valioso para suas famílias,
comunidades e para o país.” A Organização Mundial de Saúde deu assim continuidade
às propostas apresentadas na Conferência Latino-americana sobre Envelhecimento, em
Brasília, cujo documento final é a Declaração sobre Envelhecimento e Saúde (1996), mais
conhecida como Declaração de Brasília (OMS, 1996).
Foi somente em 16 de dezembro de 1991que a ONU elaborou os Princípios das
Nações Unidas para o Idoso (ONU, 1991, Resolução 46/91). No Relatório Educação Um
Tesouro a Descobrir (UNESCO, 1996, p 36) apresenta-se um “quadro global” sobre o
envelhecimento da população, alertando-se para o facto de que o envelhecimento “[...]
não deixará de se refletir nasformas e no nível de vida, assim como no financiamento
das despesas coletivas.” Contudo, num texto em que se preconiza o aprender ao longo da
vida nada se estipula em termos de orientações políticas educativas para as pessoas
idosas.
17
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
Assim, dos princípios de cariz mais humanizantes, nomeadamente dos que foram
discutidos em Hamburgo na V Conferência Internacionalde Educação de Adultos V
CONFINTEA (1997), foi reconhecido que “os adultos mais velhos têm muito a oferecer
ao desenvolvimentoda sociedade. Portanto, é importante que eles tenham a mesma
oportunidade de aprender que os mais jovens. Suas habilidades devem ser reconhecidas,
respeitadas e utilizadas.” (ONU, 2002) de onde ressai de um conceito de educação de
adultos que passa a englobar uma multiplicidade de processos formais e informais de
educação contínua ao longo da vida, rapidamente se passa às propostas de “participação
ativa dos idosos na sociedade e no desenvolvimento económico através da sua inserção
no mercado de trabalho” Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento (ONU,
2002).
A identificação de Portugal com a ação prosseguida pelas instâncias internacionais
em termos de educação de adultos nos anos 70 do século XX (CANÁRIO, 2000), dilui-se
nos anos 80 e 90 do mesmo século ou, melhor dizendo, afirma-se com formas de
ressignificação ou ressemantização do que se entende por educação de adultos (LIMA,
2007, 2012, 2016; GUIMARÃES, 2011).
É com o Programa Operacional de Desenvolvimento da Educação de Adultos
(1989), financiado pela Comunidade Europeia (PRODEP I), e num quadro de
modernização económica, que se impôs a exigência de proporcionar o cumprimento da
escolaridade obrigatória e atribuir uma formação profissional de nível 1. Dupla
certificação. Era necessário promover a qualificação de mão-de-obra, tendo sido
desenvolvidas políticas públicas para a formação (escolarizada e obrigatória) de pessoas
adultas.
Em Portugal, a partir dos anos 90 do século XX, fruto de orientações europeias,
começa a enfatizar-se, por oposição a uma lógica educativa, uma lógica de acumulação
de conhecimentos e um processo de “aprender a ter” em detrimento de um processo
de ‘aprender a ser’. A ideia de “oportunidade de aprender” e a de que “as habilidades
devem ser reconhecidas, respeitadas e utilizadas”, que ressai da V CONFINTEA (1997),
transforma-se, em Portugal, num processo de Reconhecimento, Validação e Certificação
de Competências, “um processo de qualificação orientado para o emprego [que]
18
19
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
permite reconhecer, validar e certificar competências adquiridas ao longo da vida e em
diferentes contextos”, um processo com o qual se operou à transladação do campo da
educação de adultos para o campo da aprendizagem ao longo da vida e para o campo da
formação (profissional). Trata-se aqui de uma formação que até pode ter favorecido a
construção de identidades aprendentes, num contexto de crise, mas que não cumpriu
com os seus principais propósitos: favorecer a economia através da formação para o
trabalho (ROCHA; SILVA, 2015).
Em meados dos anos 90 do século XX, o compromisso da aprendizagem ao longo
da vida com os novos imperativos da economiaainda é, contudo, um compromisso não
totalmente assumido, quer por parte das instâncias internacionais, quer por parte da
União Europeia, quer por parte da agenda política nacional, podendo descrever-se este
processo como derivando de “uma política de transição” onde se denota “a
ressemantização de modos de pensar e de agir de raiz emancipatória, reflexiva e
problematizadora subordinada a princípios de gestão de recursos humanos”
(GUIMARÃES, 2011, p. 484).
Convirá aqui recordar que assim acontece nos anos 90 e posteriores, apesar de
nos anos 70 ter surgido uma vontade política para valorizar a educação de adultos. Fica
assim documentado o que nos anos 70 foi possível fazer no âmbito de um grupo de
trabalho liderado por Alberto Melo para se pensar numa proposta de educação de adultos
e de todo o seu processo de organização e coordenação:
Tratava-se de tirar partido das condições históricas que se vivia e
dinamizar estratégias de auto-educação e auto-gestão de organizações
locais, na produção de conhecimento relevante para as pessoas. Neste
processo de democratização, o desenvolvimento surgia da participação
dos próprios adultos. É uma achega, embora pequena, ao
estabelecimento de tal comunicação entre todos, daquela troca entre
o que uns sabem e outros querem saber, que queremos seja a educação
permanente (MELO e BENAVENTE, 1978, p. 128).
Foi apenas em 1999, com a publicação de um estudo de construção de um
modelo institucional de Agência Nacional de Educação e Formação de Adultos (ANEFA),
que o campo da educação de adultos começou a ganhar fôlego. Convirá, contudo,
20
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
também recordar que os primeiros documentos que propõem ao governo uma política
pública de educação de adultos falam de uma ANEA Agência Nacional de Educação de
Adultos; “a formação vem depois” (LIMA, 2008, p. 4).
A formação vem depois e vem em força. Entre 1995 e 2002, sob responsabilidade
da Agência Nacional para a Educação e Formação de Adultos ANEFA, posteriormente
extinta, cuja missão inicial era a de “pensar” e “criar” em Portugal uma educação e
formação de adultos que traduzisse as ligações que deveriam existir entre a educação, a
formação e o emprego, avançou-se com um conjunto de propostas consubstanciadas no
Programa para o Desenvolvimento e Expansão da Educação e Formação de Adultos,
S@ber +, justificado pelos decisores políticos como sendo relevante vista a necessidade
de, perante a omnipresença das novas tecnologias, se aumentar as competências e a
qualificação dos adultos e, simultaneamente, se favorecer a competitividade
organizacional.
Nos finais dos anos 90 do século XX, se atendermos às orientações da União
Europeia, podemos detetar os contornos de uma estratégia política dual em termos de
educação/formação de pessoas adultas: um interesse renovado pela educação entendida
como um processo continuado ao longo da existência humana aprendizagem ao longo
da vida/educação permanente e, simultaneamenteum entendimento da aprendizagem
ao longo da vida como um processo comprometido com o incremento da
competitividade econômica (ANTUNES, 2008).
No início do século XX, o teor do Plano Nacional de Emprego Estratégia Nacional
do Envelhecimento Activo (2003-2006, s.p.) consubstancia-se numa exigência de
compromissos vários:
O Governo Português assume para 2005 os seguintescompromissos,
potenciando em simultâneo, o crescimento do emprego altamente
qualificado: a taxa de emprego global se situe num nível superior ao
da meta estabelecida pela Cimeira deEstocolmo para esse ano (67%);a
taxa de emprego das mulheres e a dos trabalhadores mais idosos se
situem acima das metasdefinidas para 2010 na Cimeira de Lisboa,
respetivamente 60% e 50%.
21
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
De entre os compromissos, não consta um único compromisso com a educação.
As assimetrias devem-se a muitos factores, mas não se devem à educação. Veja-se:
As assimetrias regionais atualmente existentes são, em larga medida,
determinadas pelos respetivos tecidos produtivos, sistemas de
emprego, pelas dotações de infraestruturas e equipamentos sociais e,
ainda, pelas características demográficas da população residente e
ativa.(idem,s.p.)
Assim se configura uma ausência de orientações políticas públicas atinentes à
educação de adultos num plano nacional de emprego (2003-2006), mesmo que o
propósito mor, à altura, fosse o de fortalecer o mercado do trabalho através da formação.
Quando não ausentes de documentos de suporte relevante, ou quando imbuídas de
formas de ressemantização ou ressignificação (LIMA, 2007), “as orientações políticas
respeitantes à educação de adultos têm revelado um carácter descontínuo e intermitente
e têm originado um desenvolvimento fragmentado deste sector educativo em Portugal
(LIMA, 2005). Em Portugal, tem vindo a custar perceber-se que “o nosso problema é
educativo”, pois “não temos retaguarda educativa” e que “se o problema é a falta de
retaguarda educativa, a formação profissional certamente não o colmatará.” (LIMA, 2008,
p. 2).
Sem educação de retaguarda, em 2005, a prioridade política é a de “Qualificar
Portugal”. Esta prioridade inscreveu-se no teor do Programa do Ministério da Educação
e Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social através da designada Iniciativa Novas
Oportunidades (PORTUGAL, 2005). Esta Iniciativa, considerada “uma oportunidade nova
para os jovens; uma nova oportunidade para os adultos”, retomou as principais ofertas
do Programa S@ber+(+competências, +qualificação, +competitividade) e a elas
acrescentou a prioridade explícita de “qualificar para o emprego”, “formar para o
trabalho”.
Em 2007 é apresentado, por parte dos Ministérios da Educação, do Trabalho e da
Solidariedade Social, o relatório Iniciativa Novas Oportunidades: Dois Anos em Balanço
(Portugal, 2007). Aqui se constata que a participação dos adultos (em termos de inscrição)
nesta iniciativa se traduziu nos seguintes números: No Ensino Básico: 36% das
22
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
pessoas na franja 35-44 anos; 22% das pessoas entre 45 e 54 anos de idade; 6% para
aquelas entre 55 e 64 anos e 1% das pessoas com 65 ou mais anos de idade. No Ensino
Secundário: 29% das pessoas na franja 35-44 anos; 17% das pessoas entre 45 e 54 anos
de idade; 3% para aquelas entre 55 e 64 anos e nenhum registo (0%) para as pessoas com
65 ou mais anos de idade. Assim, a participação na Iniciativa Novas Oportunidades
diminuiu à medida que se foi avançando na idade dos adultos, sendo praticamente nula
no contingente das pessoas idosas. Em termos de educação pública, não houve novas
oportunidades para as pessoas idosas em Portugal (VELOSO, 2011).
No início do século XXI, as ofertas formativas ficam sob responsabilidade da
Agência Nacional para a Qualificação (ANQ). Nas orientações da União Europeia e nas
orientações internacionaissão reforçados os contornos de uma aprendizagem ao longo
da vida comprometida com o incremento da competitividade económica. Estes contornos
encontram-se bem delimitados no Marco de Ação de Belém da UNESCO (2010). Este
Marco de Açãoreproduz as orientações políticas da VI Conferência Internacional sobre
Educação de Adultos VI CONFINTEA, organizada pela UNESCO (2009), onde se
manifestou “a opção política por um conceito de educação de adultos estreito, ou nem
sequer nomeado” (LIMA, 2010). A “ressemantização” da educação de adultos e a sua
identificação com “aprendizagens ao longo da vida para trabalhar” é de teor dominante
nos trabalhos da CONFINTEA VI mesmo que o seu programa contenha o sedutor título:
Vivendo e aprendendo para um futuro viável: o poder da aprendizagem e da educação de adultos
(UNESCO, 2009).
As repercussões chegam a Portugal. No documento da Agência Nacional para a
Qualificação (2010) Linhas Orientadoras para o futuro da Iniciativa Novas
Oportunidades apresentam-se as metas gerais para o período 2011-2015 em termos
de “educação de adultos”: Visto que, em 2010, a população dos 15 aos 64 anos de idade
apresentava um indicador de 7,89 anos de escolarização, esperava-se que, durante o
período 2011-2015, se aumentasse em 2,5 anos a escolaridade média da população
portuguesa. Os 15 aos 64 anos de idade da população são tomados aqui de uma forma
genérica, sem especificação concreta a parâmetros diferenciadores de idade e sem
23
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
projeções específicas para as pessoas com mais de 65 anos que, pelo aumento da idade
de reforma, se encontrarão ainda a trabalhar.
Em Portugal, em 2011-2012, reafirma-se a crise da/na educação. A Iniciativa
Novas Oportunidades permanecia em vigor quando no Relatório Estratégico do Quadro
de Referência Estratégico Nacional (Portugal/QREN, 2012) se apontam “debilidades na
formação, nomeadamente ao nível da orientação e acompanhamento de jovens e
pessoas adultas, que impedem a supressão das necessidades do tecido produtivo.”
Assim, mesmo depois de se ter denunciado que “a formação não gera emprego”
(COIMBRA, 2007, p. 140) e que nem a economia do conhecimento, nem a produtividade,
nem a competitividade, nem a empregabilidade fornecem ao cidadão uma razão para
aprender e, especialmente, para daí fazer depender os seus projetos futuros (COIMBRA,
2007, p. 140), em tempos de crise, a agenda política nacional pretendia superar as
necessidades do tecido produtivo e da economia através da formação e pretendia,
também, manter as pessoas idosas mais tempo no mercado de trabalho, mesmo que sem
formação ou com formação de “reciclagem”.
Na defesa que fazemos de uma educação ao longo da vida, é com agrado que
vemos que no Seminário Internacional de Educação ao Longo da Vida e Balanço
Intermediário da VI CONFINTEA Brasil+6 (2016) mesmo que não se consiga responder à
questão colocada; “Quando, afinal, haverá uma verdadeira políticapública de educação
de adultos, no contexto de uma educação permanente ouao longo da vida?” (LIMA, 2016,
p. 18) se tenha, contudo a preocupação de apresentar “subsídios para a construção de
uma proposta de nova arquitetura da Política de Educação de Jovens, Adultos e Idosos ao
Longo da Vida” com o propósito mor de se poder “inspirar alternativas para a edificação
uma nova arquitetura pedagógica para Educação de Jovens, Adultos e Idosos no Brasil.”
(QUEIROZ, 2016, p. 51). E para Portugal? Quando?
3 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ENVELHECIMENTO ATIVO/PRODUTIVO
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
A ausência de uma “retaguarda educativa” (LIMA, 2008) e a ausência de uma
políticapública, global e integrada para a educação das pessoas idosas (VELOSO, 2011) é
particularmente questionável na Era do Envelhecimento (1975 2075) (OMS, 2007).
O envelhecimento reveste-se de vários sentidos. Em Portugal, como dissemos,
as orientações advindas das instituições internacionais constituem uma fonte de
influência importante da política nacional num grande número de sectores, incluindo o
das políticas públicas sociais e educativas para as pessoas idosas. O mesmo acontece com
as políticas do envelhecimento (ROCHA, 2015).
Nos finais do século XX, início do século XXI, se uma vez mais tivermos em conta
este período, a tónica é colocada no envelhecimento ativo sendo este perspectivado
como:
[...] uma transição mais flexível em termos de trabalho-aposentadoria
a capacidade das pessoas, enquanto ficam mais velhas, para levar uma
vida produtiva na sociedade e economia [o que] implica um elevado
grau de flexibilidade na forma como indivíduos e famílias optam por
passar seu tempo ao longo da vida no trabalho, na aprendizagem, no
lazer e no cuidar do outro. (OCDE, 1998).
Independentemente das formas como as pessoas optam por passar o seu tempo
ao longo da vida, ficam doravante as políticas sociais dirigidas às pessoas idosas sob
dependência de critérios económicos e fiscais. E mesmo que a Organização Mundial de
Saúde no documento Envelhecimento ativo: uma política de saúde (OMS, 2002), tenha
delineado o processo de envelhecimento enquanto envelhecimento ativo assente em três
pilares básicos efundamentais: saúde, participação e segurança, essa noção é, contudo,
diluída quando esta mesma organização adverte que o problema do envelhecimento, a
nível mundial, constitui um dado essencial para economistas e atuários que fazem
previsões sobre as implicações financeiras das políticas de aposentadorias e pensões.”
(OMS, 2002).
Estes mesmos critérios são, no mesmo ano, explicitados no Plano de Acção
Internacional para o Envelhecimento (ONU, 2002) que contempla propostas
internacionais e nacionais (incluindo as de Portugal) que defendem a “participação
24
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
activa dos idosos na sociedade e no desenvolvimento económico através da sua inserção
no mercado de trabalho.” (ONU, 2002).
Os contornos delimitadores de um envelhecimento ativo (OMS, 1996, 2002; OCDE,
1998) rapidamente e, por vezes em consentaneidade, recaem na defesa de um
envelhecimento produtivo (OCDE, 2001; ONU, 2002; WORLD BANK, 1999, 2005, 2011,
2015). Em nível da União Europeia o mesmo acontece.
No início do século XXI, em Portugal, respeitam-se as diretrizes da Estratégia de
Lisboa (2000) e as diretrizes do Conselho Europeu de Nice (2000) através de programas
que derivam do Plano Nacional de Emprego Estratégia Nacional do Envelhecimento
Activo (2003-2006). E mesmo que em 2005 surja uma versão traduzida em português do
documento Envelhecimento ativo: uma política de saúde (OMS,2002), a ênfase política
nacional é colocada nos domínios da acção social e da saúde e, sobretudo, no domínio do
fortalecimento de uma estratégia nacional do envelhecimento ativo através do emprego
tal como recomendado pelo Banco Mundial (WORLD BANK, 2005).
Doravante, a começar pelo Banco Mundial, a educação é vista como uma
estratégia para o emprego. Nos documentos do Banco Mundial vai-se repetindo a
expressão Education Sector Strategy (WORLD BANK, 1999, 2005; vão-se delimitando as
novas oportunidades de uma Aprendizagem para Todos a processar-se “dentro e fora
da escola, desde o jardim-escola até ao mercado de trabalho.” (WORLD BANK, 2011, cit.
por Bastos, 2014). A estratégia do Banco Mundial, a que não podemos chamar nova
estratégia, mas sim estratégia política renovada, que se plasma no documento Learning
for All: Investing in People´s Knowledge and Skills to Promote Development - World Bank
Group Education Strategy 2020 (WORLD BANK, 2011), conforma-se com um “processo de
construção de legitimidade do Banco Mundial no sentido de impor suas políticas
educacionais de cariz neoliberal em toda a periferias capitalista.” (BASTOS, 2014).
Uma expressão máxima de neoliberalismo surge em 2015 por parte do Banco
Mundial, uma expressão que nos mereceria uma análise mais aprofundada não fossem
os limites deste texto. Fica o trecho (a ser discutido) e fica a certeza de que as despesas
e as implicações fiscais do envelhecimentonão resultam de investimentos públicos na
educação de pessoas idosas.
25
26
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
Contudo, excluimos a educação da definição de despesas relacionadas
com a idade. Por quê? Não está claro como as necessidades com a
educação possam aumentar, mas é provável que haja uma maior
demanda na área da aprendizagem ao longo da vida, incluindo a área
da educação pública de crianças e que o envelhecimento produtivo
possa aumentar a necessidade de investimentos públicos (WORLD
BANK GROUP, 2015).
Em Portugal, num contexto de crise troikiana (2012-2013-2014), e antes dela, as
orientações políticas transnacionais fazem-se sentir. É em 2012 que se replica o programa
de ação Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações
(PORTUGAL, 2012), assim se reafirmando, uma década mais tarde, os objectivos do Ano
Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre as Gerações (1992). O objetivo
subjacente a este programa de ação é o de “sensibilizar a opinião pública para o valor do
envelhecimento ativo e das suas diversas dimensões […] superando estereótipos e
eliminando obstáculos, em especial quanto à empregabilidade.” (PORTUGAL, 2012).
No contexto de crise troikiana, pese embora a existência das Universidades para
a Terceira Idade e de outras instâncias de educação não formal, pode dizer-se que em
Portugal continuou a verificar-se a inexistência de uma política geral e integrada de
educação de adultos capaz de englobar as pessoas idosas e atender ao processo de
envelhecimento humano tido na sua transversalidade.
Atualmente em Portugal, a educação de pessoas adultas (não idosas) sustentada
pelo Estado cinge-se à promoção de ações favorecedoras da educação formal e da
formação profissional sobretudo sob forma de modalidades EJA/EFA principalmente
dirigidas aos jovens adultos e aos adultos em idade ativa, excluindo as pessoas mais idosas
ainda que muitas delas se encontrem em idade ativa. Em Portugal afirma-se uma
educação de adultos que se pode traduzir em simples aprendizagens ao longo da vida,
uma vez que se trata apenas de uma educação de adultos de teor escolarizante.
[...] que limita sua função social à qualificação para o mercado de
trabalho, deixando de lado aspetos que incluem o desenvolvimento
27
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
pessoal e social dos sujeitos, marginalizando os idosos não produtivos
para o mercado. A escolarização se volta para a relação educação-
trabalho, numa visão pragmática, e muitas vezes, frustrante, de
empregabilidade, de maneira que a escola é esvaziada da promoção
humana, sua função primeira, bem como da produção e socialização
de conhecimentos que interfiram na qualidade de vida. (GUIMARÃES,
2009, p. 38).
Em Portugal, no que se refere à educação/formação de pessoas idosas pouco se
sabe a não ser que estas constituem um grande contingente de pessoas analfabetas. O
que se sabe,e o que se pode deduzir desta análise, é que, tal como em contexto
internacional, de uma preocupação inicial para com os Direitos da Pessoa Idosa, e, logo
de seguida, para como envelhecimento, se passou a uma preocupação política para com
o envelhecimento ativo/produtivo, uma preocupação política estratégica que se afasta de
um dos princípios fundamentais inscritos na Declaração Universal dos Direitos do Homem
(1948, Artigo 26º, ponto 2):
A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e
aoreforço dos direitos do homem [leia-se direitos humanos] e das
liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância
e a amizade entre todas as nações etodos os grupos raciais ou religiosos,
bem como o desenvolvimento dasatividades das Nações Unidas para a
manutenção da paz.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pese embora o progressivo envelhecimento da população, pensamos que se
devem questionar todos os cortes que por via de diversos meios, e a pretexto de crises
financeiras e fiscais, se têm feito sentir sobre os direitos sociais e educativos das pessoas
idosas. Da mesma forma se devem questionar todos os propósitos políticos que vão no
sentido de prolongar a actividade profissional para reduzir custos com a segurança social
e para aumentar a produtividade e a competitividade económica sem retorno em termos
de qualidade de vida.
28
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
O envelhecimento activo/produtivo, assentando numa lógica economicista, pode
servir para resolver certos problemas relacionados com a economia: quantas mais
pessoas idosas trabalharem, quantas menos estiverem institucionalizados, quantas mais
se encontrarem nas suas casas a cuidarem dos seus familiares e outros dependentes,
quanto mais as comunidades se envolverem em formas de solidariedade social para
com as pessoas idosas necessitadas, quantas mais formas de voluntariado se
promoverem menores serão os dispêndios dos Estados com estas pessoas.
Se as políticas de envelhecimento ativo/produtivo são eticamente questionáveis
porque se deslocam do âmbito dos direitos humanos para o âmbito dos deveres
económicos das pessoas idosas, da mesma forma se torna questionável uma conceção de
envelhecimento ativo/produtivo que o aloca às lógicas economicistas e que o retira das
lógicas de inclusão efectiva das pessoas idosas em formas de cidadania plena (ROCHA,
2009).
Por isso, defendemos uma concepção de envelhecimento perspetivado na sua
transversalidade e que tenha como suporte práticas de educação que sejam susceptíveis
de alargar o potencial humano das pessoas idosas sem as limitar, simplesmente, ao
desempenho de tarefas de trabalho que, em certos casos, podem constituir autênticas
formas de “violência simbólica” e concreta. Assim acontece quando politicamente se
perspectiva as pessoas idosas como um aglomerado uniforme, somente unidas pelo fator
“idade biológica”. Uma idade biológica que tem vindo a sofrer ressignificações a partir de
uma nova concepção a do envelhecimento ativo/produtivo que a desconsidera ou que
dela faz uma “terceira idade” ou uma “quarta idade”, uma idade sem idade para a
educação mas com idade para o trabalho.
O envelhecimento ativo e o envelhecimento produtivo fazem sentido quando
perspectivados como um envelhecimento digno. Trata-se de um novo paradigma erigido
na base de uma ética política crítica que considera as pessoas idosas como cidadãs de
plenos direitos à educação, à saúde, à participação, à segurança e, caso o possam e o
queiram desenvolver, de pleno direito ao trabalho. Trata-se, em todo o caso, de favorecer
o direito a aprender ao longo da vida, para uma vida digna.
29
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Fátima. Globalização, europeização e especificidade educativa portuguesa: a
estruturação global de uma inovação nacional. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 70,
pp. 101-125, 2004.
ANTUNES, Fátima. Nova Ordem Educacional, Espaço Europeu de Educação e
Aprendizagem ao Longo da Vida. Atores, Processo e Instituições. Coimbra: Almedina.
2008.
AZEVEDO, Neroaldo Pontes. Anais...Os Encaminhamentos e Resoluções da VI
Conferência Internacional de Educação de Adultos CONFINTEA,6,2010. Disponível
em:https://www.senado.gov.br/comissoes/CE/AP/AP20100707_UNESCO_NeroaldoAzev
edo.pdf
BASTOS, Remo M. B. Capitalismo e Crise: O Banco Mundial e a Educação como Aparelho
Ideológico na Periferia Capitalista. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará. Biblioteca
de Ciências Humanas.2014. Disponível
emhttp://www.repositorio.ufc.br/ri/bitstream/riufc/10682/1/2014_dis_rmbbastos.pdf
CABRAL, Manuel Villaverde. Pragmática e Ideologia do Envelhecimento Activo. 2013.
Disponível
emhttp://www.ces.pt/download/1493/PwP_ENV_ACTIVO_CES_MVC_260613.pdf
CANÁRIO, Rui. Educação de adultos: um campo e uma problemática. Lisboa: Educa,
2000.
CARDOSO, Sónia; SANTOS, Maria Helena; BAPTISTA, Maria Isabel; CLEMENTE, Susana.
Estado e políticas sociais sobre a velhice. Análise Social, v. 204, p. 606-630,2012.
COIMBRA, Joaquim Luís. Novas oportunidades na educópolis: ensaios para uma política
de aprendizagem ao longo da vida. In: ConselhoNacional de Educação (Org.). Políticas
deEducação/Formação: Estratégias e Práticas. Portugal. Lisboa: Conselho Nacional de
Educação, p. 119-140, 2007
ESTEVES, A. Joaquim. O Envelhecimento sem (Subterfug) idades: Algumas notas
sociológicas.Separata da Revista FORUM. Braga: Universidade do Minho, Unidade de
Educação de Adultos, 1993.
FERNANDES, Ana Alexandre. Velhice e Sociedade: Demografia, Família e Políticas Sociais
em Portugal. Oeiras: Celta Editores, 1997.
30
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
FERNANDES, Ana Alexandre.Velhice Solidariedades Familiares e Política Social. Itinerário
de pesquisa em torno do aumento da esperança de vida. Sociologia, Porblemas e
Práticas, n. 36, 2001. Disponível em
http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-
65292001000200003.
GUILLEMARD, Anne-Marie. La Vieillesse et l´État. Paris: Presses Universitaires de
France, 1980.
GUIMARÃES, Paula. Políticas públicas de educação de adultos em Portugal: diversos
sentidos para o direito à educação? Rizoma Freiriano, n. 3. p. 1-5, 2009. Disponível em
http://www.rizoma-freireano.org/index.php/politicas-publicas. Acesso em 21 de março
de 2013.
LENOIR, Rémi. L’invention du troisième âge. Constitution du champ des agents de
gestion de la vieillesse. Actes de la Recherche en Sciences Sociales. 26-27, pp. 57-82,1979
LENOIR, Rémi. Objet sociologique et probleme social. In : CHAMPANHE, P., LENOIR, R. ;
MERLLIE, D. L. Pinto (Dir.). Initiation à la Pratique Sociologique. p. 51-100. Paris:
Dunod,1996
LIMA, Licínio Carlos Viana da Silva. A educação de adultos em Portugal (1974-2004). In:
CANÁRIO, Rui; CABRITO, Belmiro. (Org.). Educação e formação de adultos. mutações e
convergências, p. 31-60, Lisboa: EDUCA, 2005.
LIMA, Licínio Carlos Viana da Silva. Educação ao longo da vida. Entre a mão direita e a
mão esquerda de Miró. São Paulo: Cortez,2007.
LIMA, Licínio Carlos Viana da Silva. A Educação de adultos não pode estar entregue ao
mercado: entrevista com Licínio Lima. 2008. Disponível em
http://www.direitodeaprender.com.pt Acesso em: 21 de junho de 2012.
LIMA, Licínio Carlos Viana da Silva. Do FISC para a CONFINTEA VI, Belém do Pará:
Associação o Direito de Aprender, 2010. Disponível em
http://www.direitodeaprender.com.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=
360&Itemid=5 Acesso em: 21 de junho de 2012.
LIMA, Licínio Carlos Viana da Silva. A EJA no contexto de uma educação permanente ou
ao longo da vida: mais humanos e livres, ou apenas mais competitivos e úteis?
Coletânea de Textos CONFINTEA Brasil 6: tema central e oficinas temáticas/ Seminário
Internacional de Educação ao Longo da Vida e Balanço Intermediário da VI CONFINTEA
no Brasil.Brasília. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão, p. 15-25, 2016.
31
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
MELO, Alberto; BENAVENTE, Ana (1978). Educação popular em Portugal (1974-1976).
Lisboa: Livros Horizonte.
OSÓRIO, Agustín Requejo. La formación em la adult eztardía. Revista Portuguesa de
Pedagogia. Ano 41-3, p. 11-32, 2007. Disponível em
http://iduc.uc.pt/index.php/rppedagogia/article/view/1206/654Acesso em 07 de março
de 2013.
QUEIROZ, Arlindo Cavalcanti de. Em busca de nova arquitetura para a Educaçãode
Jovens, Adultos e Idosos no Brasil. Caminhos para uma política nacional de educação
ao longo da vida: ideias para debate. Coletânea de Textos CONFINTEA Brasil+6: Tema
central e oficinas temáticas/ Seminário Internacional de Educação ao Longo da Vida e
Balanço Intermediário da VI CONFINTEA no Brasil. Brasília: Ministério da Educação:
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, pp. 144-
152,2016.
ROCHA, Maria Custódia Jorge. O envelhecimento activo: uma análise à luz de uma ética
educativa crítica. Revista A Terceira Idade v. 20, n. 45, p. 39 - 52.2009.Disponível em
http://hdl.handle.net/1822/10055. Acesso em: 19 de agosto de 2015.
ROCHA, Maria Custódia Jorge. A educação das pessoas idosas e o envelhecimento ativo:
políticas, possibilidades e constrangimentos em Portugal e no Brasil. In: DÁTILO, Gilsenir
Maria Prevelato de Almeida; CORDEIRO, Ana Paula (Org.). Envelhecimento Humano:
Diferentes Olhares. São Paulo, Marília-SP: Cultura Acadêmica, Oficina Universitária, pp.
167-205, 2015.Acesso
em:https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/envelecimento-
humano_ebook.pdf
ROCHA, Maria Custódia Jorge; SILVA, Marta Sofia. Formação de Pessoas Adultas: Uma
Análise em torno da Construção de Identidades Aprendentes em Contexto de Crise.
Investigar em Educação. n. 3 2ª Série. Educação em Tempo de Crise, p. 93-110 2015.
Acesso em; https://ec.europa.eu/epale/sites/epale/files/rochasilva_2015.pdf
VELOSO, Esmeraldina Maria Costa. As universidades da terceira idade em Portugal: Um
contributo para a análise da sua emergência. Revista Portuguesa de Pedagogia. v.41, n.
3, p. 263-284, 2007.
VELOSO, Esmeraldina Maria Costa. Políticas públicas para idosos e o direito à educação
em Portugal. In: Vários (Org.). Educação e formação de adultos. Políticas, práticas e
investigação. Coimbra:Imprensa da Universidade de Coimbra, p. 237-243.2011.
REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS DE NÍVEL INTERNACIONAL
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
V CONFINTEA. DECLARAÇÃO DE HAMBURGO SOBRE EDUCAÇÃO DE ADULTOS V
CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE EDUCAÇÃO DE ADULTOS. 1997. Disponível em
http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001297/129773porb.pdf. Acesso em 15 de
novembro de 2013.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM(1848/1986). Porto: Fundação Eng.
António de Almeida.
OCDE. Recurrent education: a strategy for life-long learning. 1973Disponível em
http://files.eric.ed.gov/fulltext/ED083365.pdf
OCDE ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO.
MaintainingProsperity in anAgeingSociety. 1998. Disponível em
www.oecd.org/dataoecd/21/10/2430300.pdfAcesso em 24 de Abril de 2009.
OCDE ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO.Fiscal
Implications of Ageing:projections of Age-Related Spending.2001. Disponívelem:
http://www.oecd.org/eco/outlook/2085481.pdf. Acesso em: 26 de agosto de 2015.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE(OMS). Anais... Declaração sobre Envelhecimento e
Saúde. Declaração de Brasília OMS, 1996.Seminário Internacional, 1 a 3 de julho de
1996,1996. Disponível em http://www.cies.org.br Acesso em 30 de março de 2009.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE(OMS). Envelhecimento saudável : Uma política de
saúde. 2002. Disponível em
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.pdf. Acesso em 20
de novembro de 2008.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE(OMS).2007. Disponível em http://www.opas.org.br
Acesso em 15 de dezembro de 2007.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU).Plano de Ação Internacional sobre o
Envelhecimento: Resolução 37/51, de 3 de Dezembro de 1982. 1982. Disponível em
http://www.un.org/en/development/devagenda/ageing.shtml. Acesso em 10 de
dezembro de 2007.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Princípios das Nações Unidas para o Idoso:
Resolução 46/91, de 16 de Dezembro. 1991. Disponível em
http://direitoshumanos.gddc.pt/3_15/IIIPAG3_15_1.htm Acesso em 10 de dezembro de
2007.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Plano de Acção Internacional para o
Envelhecimento, 2002. Disponível em www.cicts.uevora.pt/paienv.pdf. Acesso em 27
de outubro de 2008.
32
33
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Proposta de Convenção sobre os Direitos
da Pessoa Idosa.2008. Disponível em
www.ampid.org.br/Docs_ID/Convencoes_ONU_ID.php Acesso em 18 de novembro de
2008.
UNESCO. Recommendation on the Development of Adult Education. 1976. Disponível
em http://www.unesco.org/education/pdf/NAIROB_E.PDF
UNESCO. Educação: um Tesouro a Descobrir.1996. Disponível em
http://ftp.infoeuropa.eurocid.pt/database/000046001-000047000/000046258.pdf
UNESCO. CONFINTEA VI. Vivendo e aprendendo para um futuro viável: o poder da
aprendizagem e da educação de adultos. Brasil: Belém, Pará, Brasil.2009
UNESCO. Marco de Ação de Belém.2010. Disponível em
http://www.unesco.org/fileadmin/MULTIMEDIA/INSTITUTES/UIL/confintea/pdf/workin
g_documents/Belem%20Framework_Final_ptg.pdf
UNESCO. Global Report on Adult Learning and Education.Rethinking Literacy. 2013
http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002224/222407E.pdf
WORLD BANK. Proposed Bank/IDA policies in the field of education.1963. Disponível
em: http://documents.worldbank.org/curated/en/1963/10/16546424/proposed-
bankida-policies-field-education
WORLD BANK.Learning for all: Investing in people´s nowledge and skills to promote
development - World Bank Group Education Strategy 2020. 2011. Disponível em:
http://siteresources.worldbank.org/EDUCATION/Resources/ESSU/463292-
1306181142935/Portguese_Exec_Summary_ESS2020_FINAL.pdf
WORLD BANK. What's next in aging Europe: Aging with grow thin Central Europe and
the Baltics Conference Edition: For Discussion. 2015. Disponível
emhttp://www.worldbank.org/content/dam/Worldbank/Publications/ECA/aging%20eur
ope.pdf. Acesso em 26 de agosto de 2015.
DA UNIÃO EUROPEIA
COMISSÃO EUROPEIA. Uma Europa para todas as idades - promover a prosperidade e a
solidariedade entre as gerações, 1999. Disponível em:
europa.eu/scadplus/leg/pt/cha/c11308.htm. Acesso em 17 de Março de 2009.
34
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
COMISSÃO EUROPEIA. Livro verde: uma nova solidariedade entre gerações face às
mutações demográficas, 2005. Disponível em
www.eurocid.pt/pls/wsd/wsdwcot0.detalhe?p_cot_id=3931&p_est_id=9368 Acesso em
26 de Março de 2009.
COMISSÃO EUROPEIA. Envelhecer bem na sociedade da informação: iniciativa 2010
Plano de acção no domínio tecnologias da informação e das comunicações e
envelhecimento, 2007. Disponível em: europa.eu/scadplus/leg/pt/lvb/l24292.htm
Acesso em: 26 de Outubro de 2008.
COMISSÃO EUROPEIA. Agenda Europa 2020, 2010. Disponível em:
http://ec.europa.eu/europe2020/europe-2020-in-a-nutshell/index_pt.htm
COMISSÃO EUROPEIA.The 2012 Ageing Report: economic and budgetary projections for
the 27 EUA Member States (2010-2060), 2012. Disponível em:
http://ec.europa.eu/economy_finance/publications/european_economy/2012/pdf/ee-
2012-2_en.pdf. Acesso em 26 de agosto de 2015.
COMMISSION D’ÉTUDE DES PROBLEMES DE LA VIEILLESSE. Politique de la Vieillesse.
Rapport de la Commission d’Étude des Problèmes da la Vieillesse. Haut Comité
Consultatif de la Population et de la Famille. La DocumentationFrançaise.1962.
CONSELHO EUROPEU. Primeiro programa comunitário em favor das pessoas idosas
(1991-1993). Decisão 91/49/CEE do Conselho 26 de novembro de 1992, e Ano
europeu das pessoas idosas e da solidariedade entre gerações. Decisão 92/440/CEE do
Conselho 24 de junho de 1992,1992. Disponível em:http://eur-
lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:31992D0440:PT:HTML Acesso em 18
de maio de 2013.
CONSELHO EUROPEU. Relatório de Avaliação na Proposta de Decisão do Conselho
relativa ao Apoio Comunitário a Ações em Favor dos Idoso,.1994. Disponível em: (1994)
eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri...31992D0440:PT. Acesso em 18 de
maio de 2013.
CONSELHO EUROPEU. Agenda social europeia, 2000. Disponível em:
www.consilium.europa.eu/uedocs/cms_data/.../SocialAgenda_PT.pdfAcesso em 18 de
maio de 2013.
CONSELHO EUROPEU DE LISBOA, 2000. Disponível em:
http://www.fd.uc.pt/CI/CEE/pm/LegCE/Conselho%20Extra%20Lx%20-
%20conclusoes.htm. Acesso em 18 de maio de 2013.
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
CONSELHO EUROPEU DE NICE.2000. Disponível em:
http://www.fd.uc.pt/CI/CEE/pm/LegCE/Conselho%20Europeu%20Nice%20-
%20Conclusoes%20da%20presidencia.htm. Acesso em 18 de maio de 2013.
CONSELHO EUROPEU DE ESTOCOLMO. 2001. Disponível em:
http://ftp.infoeuropa.eurocid.pt/files/database/000005001-000010000/000006897.pdf
CONSELHO EUROPEU DE BARCELONA. 2002. Disponível em:
http://www.fd.uc.pt/CI/CEE/pm/LegCE/Conselho%20Europeu%20Barcelona%2015_16-
03-2002.pdf
EUROPEAN NETWORK OF HEADS OF PES (2011).Meeting the challenge of Europe's
aging workforce: the public employment service response. Issues paper adopted during
the 29th meeting of european heads of public employment services. Warsaw, 8th of
December 2011.Disponívelem:
http://ec.europa.eu/social/BlobServlet?docId=7301&langId=en. Acesso em 18 de maio
de 2013.
PARLAMENTO EUROPEU. Resolução sobre a segunda assembleia mundial das Nações
Unidas sobre o envelhecimento (Madrid, 2002).2002. Disponível em:
www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//NONSGML+TA+P5-TA-2002-
0184+0+DOC+PDF+V0//PT. Acesso em 17 de Novembro de 2008.
PARLAMENTO EUROPEU E CONSELHO EUROPEU. Ano europeu do envelhecimento
ativo e da solidariedade entre as gerações: Decisão n.º 940/2011/EU. 2011. Disponível
em: http://www.igfse.pt/upload/docs/2011/Decis%C3%A3o%20n%C2%BA%20940-
2011.pdf. Acesso em 20 de maio de 2013.
DE PORTUGAL
AGÊNCIA NACIONAL PARA A QUALIFICAÇÃO. Linhas orientadoras para o futuro da
iniciativa. Novas oportunidades. 2010. Disponível em:
http://www.anqep.gov.pt/aaaDefault.aspx?f=1&back=1&codigoms=0&codigono=6571A
AAAAAAAAAAAAAAAAAAA&back=1&chave=Balan%u00e7o&tema=all&advance. Acesso
em 20 de março de 2013.
CIG COMISSÃO PARA A CIDADANIA E A IGUALDADE DE GÉNERO/Presidência do
Conselho de Ministros. Igualdade de género em Portugal 2011. 2012. Disponível em:
http://195.23.38.178/cig/portalcig/bo/documentos/Igualdade_Genero_2011.pdf.
Acesso em 16 de fevereiro de 2013.
CNE CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Estado da educação 2011. A Qualificação
dos Portugueses.2012. Disponível em:
35
36
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
http://www.epatv.pt/v2/dados/phocadownload/anolectivo20112012/estado_da_educa
cao_2011.pdf. Acesso em 10 de fevereiro de 2013.
INE INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. Estatísticas no feminino: Ser Mulher em
Portugal, 2001-2011. 2012. Disponível em:
http://www.ine.pt/ngt_server/attachfileu.jsp?look_parentBoui...att... Acesso em 12 de
fevereiro de 2013.
OFAP OBSERVATÓRIO DAS FAMÍLIAS E DAS POLÍTICAS DE FAMÍLIA. Relatório 2011.
2012. Disponível em:
http://www.observatoriofamilias.ics.ul.pt/images/relatrio%20ofap%20versao%20definit
va%20setembro%202012.pdf. Acesso em 10 de fevereiro de 2013.
PLANO NACIONAL DE EMPREGO. Estratégia nacional do envelhecimento activo (2003-
2006). Disponível em:
www.socialgest.pt/_.../ENEA_Estrategia_Nacional_Envelhecimento_... Acesso em 25 de
maio de 2013.
PORTUGAL (1976/2005) ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA Constituição da República
Portuguesa. 2005.Disponível em:
http://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/ConstituicaoRepublicaPortuguesa.aspx
Acesso em 22 de novembro de 2013.
PORTUGAL. Plano nacional de alfabetização e de educação de base dos adultos
(PNAEBA): relatório dentese. Lisboa: Direção Geral da Educação Permanente.1979
PORTUGAL. ASSEMBLÉIA DA REPÚBLICA: Lei-Quadro da Segurança Social Lei n.º
28/84, de 14 de Agosto. 1984. Disponível em:
http://www.igf.minfinancas.pt/Leggeraldocs/LEI_028_84.htm. Acesso em 22 de
novembro de 2013.
PORTUGAL. MINISTÉRIOS DA SAÚDE E DO EMPREGO E DA SEGURANÇA SOCIAL (PAII ).
Programa de apoio integrado a idosos. 1994. Disponível em: http://www4.seg-
social.pt/programa-de-apoio-integrado-a-idosos-paii. Acesso em 22 de novembro de
2013.
PORTUGAL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA
SOLIDARIEDADE SOCIAL. Iniciativa novas oportunidades. 2005. Disponível em:
www.cnel.gov.pt/document/iniciativa_novas_oportunidades.pdf. Acesso em 12 de
fevereiro de 2013.
PORTUGAL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA
SOLIDARIEDADE SOCIAL Iniciativa novas oportunidades: dois anos em balanço. 2007.
37
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, Marília, v.2, n.1, p. 3-37, jan./jun. 2016
ISSN: 2447 780 X
Disponível em: www.oei.es/pdfs/novas_oportunidades2007.pdf. Acesso em 12 de
fevereiro de 2013.
PORTUGAL. Programa de ajustamento económico e financeiro. 2011. Disponível em:
http://www.bportugal.pt/ptpt/estabilidadefinanceira/aestabilidadefinanceirapaef/opro
gramaassistenciafinanceiraportugal/Paginas/inicio.aspx
PORTUGAL. Programa de ação do ano europeu do envelhecimento ativo e da
solidariedade entre gerações. 2012. Disponível em:
europa.eu/ey2012/ajax/BlobServlet?docId=7343&langId=p. Acesso em 25 de maio de
2013.
PORTUGAL/QREN. Relatório estratégico. Lisboa: Observatório do QREN. 2012
Disponível em:
http://ec.europa.eu/regional_policy/sources/how/policy/doc/strategic_report/2012/pt
_strat_report_2012.pdf.
LEGISLAÇÃO PORTUGUESA
Decreto-Lei n.º 85-A/2012 de 5 de Abril.
Decreto-Lei n.º 167-E/2013, de 31 de Dezembro
Decreto-Lei n.º 254-B/2015, de 31 de Dezembro
Decreto-Lei n.º 8/2015, de 14 de Janeiro
Portaria n.º 67/2016, de 1 de abril
Submetido em: 15/02/2016
Aprovado em: 25/07/2016