A importância da Educação em Saúde para adolescentes no ambiente escolar
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Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, v.9, n.1, p. 75-86, Jan./Jun., 2023
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA ADOLESCENTES NO
AMBIENTE ESCOLAR.
T
HE IMPORTANCE OF
H
EALTH
E
DUCATION FOR ADOLESCENTS IN THE
SCHOOL ENVIRONMENT
.
Cláudia Érika S. do Nascimento Lima
1
Cristina do Socorro Ribeiro da Costa
2
RESUMO:
A educação em saúde é um dos principais eixos estratégicos para promoção da saúde na
escola, pois permite ao educador fazer intervenções na realidade concreta da vida de cada sujeito,
garantindo assim, a formação integral do aluno. O objetivo deste artigo é descrever a importância da
educação em saúde no ambiente escolar, e verificar quais as principais temáticas que têm sido
abordadas nas escolas no que tange a saúde do adolescente, a partir de uma pesquisa bibliográfica.
Para isso, foi realizado o levantamento bibliográfico na plataforma do Google Acadêmico, a partir
das seguintes palavras-chave: “educação em saúde na escola” e “adolescência”, nesta busca inicial,
foram elencadas aproximadamente 35 produções acadêmicas publicadas nos últimos 05 anos sobre
a temática, deste total foram selecionados 08 artigos para leitura analítica, organização do conteúdo
e análise de material de acordo com os objetivos traçados para construção deste artigo. Concluiu-se
que as escolas tendem a aliar-se aos profissionais da área da saúde na tentativa de diminuir a ocor-
rência de comportamentos de risco utilizando-se das práticas de educação em saúde, visando fazer
prevenção junto aos adolescentes. uma predominância nas produções acadêmicas das práticas
educativas em saúde voltadas para temática sexualidade no ambiente escolar, com foco na prevenção
de comportamentos de risco. Por fim, este estudo nos deixa a reflexão do quão importante é o
fortalecimento do elo entre educação e saúde para favorecer a formação de caráter preventivo dos
educandos.
Palavras-chave:
educação em saúde; escola; adolescência.
1
Técnico Administrativo em Educação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - Cam-
pus Santarém/PA. Graduada em Enfermagem pela Universidade do Estado do Pará (UEPA) - Campus Santa-
rém/PA. Especialista em Docência para Educação Profissional, Científica e Tecnológica pelo Instituto Federal
do Pará, Campus Itaituba/PA. Mestranda em Educação pela UNESP Campus Marília/SP. E-mail: claudia.
erika@unesp.br
2
Técnico Administrativo em Educação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - Cam-
pus Santarém/PA. Licenciada em Letras pela Faculdade de Itaituba FAI. Mestranda em Educação pela UNESP
Campus Marília/SP. E-mail: cristina.costa@unesp.br
http://doi.org/10.36311/2447-780X.2023.n1.p75
LIMA, C. É. S. N.; COSTA, C. S. R.
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ABSTRACT:
Health education is one of the main strategic axes for health promotion at school, as
it allows the educator to make interventions in the concrete reality of each subject’s life, thus guar-
anteeing the integral formation of the student. The objective of this article is to describe the impor-
tance of health education in the school environment, and to verify the main themes that have been
addressed in schools regarding adolescent health, based on bibliographic research. For this, a bib-
liographic survey was carried out on the Google Scholar platform, based on the following keywords:
“health education at school” and “adolescence”, in this initial search, approximately 35 academic
productions published in the last 05 years on the theme, from this total 08 articles were selected for
analytical reading, content organization and material analysis according to the objectives outlined
for the construction of this article. It was concluded that schools tend to ally themselves with health
professionals to reduce the occurrence of risk behaviors using health education practices, aiming at
prevention among adolescents. There is a predominance in academic productions of educational
health practices focused on sexuality in the school environment, focusing on the prevention of risk
behaviors. Finally, this study leaves us with a reflection on how important it is to strengthen the
link between education and health to favor the formation of a preventive character in the students.
Keywords:
Health. Adolescent. School Environment.
INTRODUÇÃO
Atualmente, a temática da saúde na escola recebe importante
atenção da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da UNESCO, o que
destaca sua relevância em âmbito mundial. Considerando esta afirmação e
a importância das ações de saúde na escola foi instituído no Brasil no ano
de 2007, o Programa de Saúde na Escola PSE. O PSE tem como objetivo
constituir um novo desenho da política de educação em saúde, visando
uma formação ampla para a cidadania e promover a articulação de saberes
e a participação de alunos, pais, comunidade escolar e sociedade em geral
ao tratar a saúde e educação de forma integral (CARVALHO, 2015).
Para Ferreira (2008), a educação em saúde é um dos principais eixos
estratégicos para promoção da saúde na escola pois permite ao educador
fazer intervenções na realidade concreta da vida de cada sujeito, buscando
qualidade de vida para o indivíduo. De acordo com a Pesquisa Nacional
de Saúde Escolar PENSE (IBGE, 2021), a escola é o ambiente social no
qual crianças e adolescentes passam a maior parte de suas vidas iniciais, este
espaço deve ser saudável e seguro para o aprendizado e desenvolvimento
do aluno, protegendo-os de situações que representem riscos à sua saúde
física e psicológica. Portanto, é necessário que este ambiente proporcione
interação agradável entre alunos; entre alunos e docentes e entre alunos e
comunidade.
Este artigo em especial, fará uma abordagem sobre a importância
da educação em saúde no ambiente escolar na formação dos adolescentes,
a partir de uma pesquisa bibliográfica. Para a Organização Mundial da
Saúde OMS (2009), adolescente é todo indivíduo que está na faixa etária
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de 10 a 19 anos de idade, e para o Estatuto da Criança e do Adolescente
ECA (BRASIL, 1990) compreende a faixa de idade dos 12 anos até os
18 anos de idade. É possível compreender a adolescência como uma fase de
transição da infância para a vida adulta, durante a qual as experiências
dos
jovens mudam acompanhando a puberdade, mas não assumindo
completamente o papel da vida adulta.
Justifica-se a escolha desta faixa etária para ser abordada no
decorrer deste artigo, devido essa fase da vida possuir relação direta com
a exposição a comportamentos de risco entre os adolescentes, bem como
as
condutas negativas que levam a situações que podem comprometer a
saúde e a qualidade de vida deste público, aqui cabe citar: uso de cigarro,
álcool e outras drogas; uso de produtos derivados do tabaco; condições
relacionadas a saúde sexual e reprodutiva do adolescente; entre outros
(DIAS; GOI, 2021).
Nesse sentido, sobre a inserção dos temas transversais no currículo
das séries de anos finais para os adolescentes inseridos no ambiente escolar,
a Base Nacional Curricular Comum - BNCC (BRASIL, 2017) considera
que:
Nos anos finais, são abordados também temas relacionados à reprodução e à
sexualidade humana, assuntos de grande interesse e relevância social nessa faixa
etária, assim como o relevantes, também, o conhecimento das condições de
saúde, do saneamento básico, da qualidade do ar e das condições nutricionais
da população brasileira. (BRASIL, 2017, p. 325).
Assim, evidencia-se a importância do tema, e reforça-se o quanto
a Educação em Saúde pode contribuir na formação da consciência crítica
do educando, além de possibilitar a aquisição de práticas que visem à
promoção de sua própria saúde e da comunidade na qual encontra-
se inserido (COSTA, 2012). Baseado nisso, foram feitos os seguintes
questionamentos: Qual a importância da educação em saúde no ambiente
escolar? E quais são as principais temáticas que tem sido abordadas nas
escolas no que tange a saúde do adolescente?
Portanto, este artigo tem como objetivo, descrever a importância
da educação em saúde no ambiente escolar e verificar quais as principais
temáticas que tem sido abordadas nas escolas no que tange a saúde do
adolescente a partir de uma pesquisa bibliográfica.
METODOLOGIA
Esta é uma pesquisa do tipo bibliográfica, sua principal vantagem
é permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito
LIMA, C. É. S. N.; COSTA, C. S. R.
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mais ampla do que aquela que ele poderia pesquisar diretamente. Neste
tipo de pesquisa, vale-se de materiais organizados com a finalidade de
perceber o que já foi desenvolvido sobre uma determinada temática que se
pretende avaliar mais densamente (GIL, 2022).
Como fonte de informação para levantamento de material,
utilizou-se o Google Acadêmico, sendo a busca feita a partir das seguintes
palavras-chaves: “educação em saúde na escola” e “adolescência”. Nesta
busca inicial, foram elencadas aproximadamente 35 produções acadêmicas
publicadas no período de 2017 2022, porém, deste total 05 foram
retiradas pelo fato de não representarem o tema em estudo. Das 30
publicações restantes, 05 foram desclassificadas por não possuírem dados
suficientes sobre a revista na qual foi publicado, e as outras 25 produções
foram analisadas através do tema e do resumo, ao concluir-se esta etapa,
foram selecionados desta amostra 08 artigos publicados em periódicos, que
constituem então o objeto de estudo deste artigo.
Durante a seleção, foram inclusas as pesquisas nacionais que
apresentavam alguma abordagem de práticas de educação em saúde dentro
do ambiente escolar e que foram publicadas no período de setembro/2017
a setembro/2022, o recorte desse período justifica-se pelo fato de se buscar
conhecer como tem sido trabalhado o tema em análise nos últimos 05 anos
nas escolas brasileiras.
Foram excluídas pesquisas do tipo: revisão de literatura, artigos
de opinião, resenhas, monografias, dissertações e teses. Sendo assim, foram
avaliados somente artigos publicados em revistas reconhecidas no meio
acadêmico. Posteriormente, com o material devidamente selecionado, foi
realizada a leitura analítica dos artigos, organização do conteúdo e análise
desse material de acordo com os objetivos traçados para construção deste
artigo.
R
ESULTADOS E
D
ISCUSSÃO
Dos 35 periódicos encontrados, 08 foram utilizados efetivamente
para construção deste artigo. No quadro 1 estão apresentados os artigos
devidamente selecionados, com o ano de publicação, o título e os dados
de publicação.
Quadro 1 Artigos
corpus da pesquisa
Ano
Dados da publicação
1
2019
Revista família, ciclos de vida e
saúde no contexto social, vol. 7,
núm. 2, 2019.
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2
2019
Revista de Enfermagem da UFPI
2019; Mai-Jul;8, Spec:70-6.
3
2020
Research, Society and
Development, v. 9, n. 7,
e03973700, 2020.
4
2020
Research, Society and
Development, v. 9, n. 8,
e107985436, 2020.
5
2020
REME Rev. Min. Enfermagem
Portal Regional da BVS 2020;24:e-
1273.
6
2021
Revista Saúde Coletiva, 2021; (11)
N.66.
7
2021
Research, Society and
Development, v. 10, n. 8,
e38810817075, 2021.
8
2022
Revista família, ciclos de vida e
saúde no contexto social, REFACS
(online) Ene/Mar 2022; 10 (1)
Fonte: Elaborado pelas autoras (2022).
Com relação ao ano de publicação, destacou-se o ano de 2020
com 03 artigos publicados, 2019 com 02 artigos e 2021 com 02 artigos,
no ano de 2022 apenas 01 artigo foi publicado atendendo os critérios de
busca desse artigo.
Dentre os 08 artigos analisados na íntegra, constatou-se que
somente duas regiões brasileiras constituíram local de desenvolvimento
dos
estudos, a região nordeste com 05 artigos e sudeste com 03 artigos
publicados. Quanto a predominância da região nordeste e sudeste, esta
pode justificar-se devido ao fato destas regiões serem as que apresentam o
maior percentual, 10,9% e 7,4%, respectivamente, dos casos de gravidez na
adolescência entre adolescentes escolares, e a temática gravidez na
adolescência tem relação direta com as questões referentes a sexualidade.
Quanto a região Norte, esta não aparece como local de realização dos
estudos em análise, porém, representa a terceira região de maior percentual
sobre a ocorrência de gestações precoces, seu percentual corresponde a
7,3% (IBGE, 2021).
Sendo a gravidez na adolescência um problema de saúde pública,
que tem relação direta com a temática da sexualidade, podemos constatar
que é explicita a necessidade da intensificação das práticas de educação em
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saúde voltadas para prevenção e sexualidade com esse grupo de escolares
(CORTEZ e SILVA, 2017). Com base nos apontamentos de Cortez e Silva
(2017), reforça-se a perspectiva de que a adolescência é um período de
rápido desenvolvimento em vários aspectos (pessoal, fisiológico, social e
emocional), e incontestavelmente essa fase da vida do indivíduo possui
relação direta com o aprendizado e experiência quanto a sexualidade
e demais formas de se relacionar, possibilitando assim a construção de
identidade do indivíduo.
Nesse sentido, questões referentes a sexualidade passam a
constituir um ponto importante de discussão no ambiente escolar. Dias e
Goi (2021) relatam que ao mesmo tempo que se faz importante inserir a
temática no meio escolar, é também muito difícil abordar o assunto, seja
por falta de informação da parte dos alunos ou pela resistência encontrada
nos pais ou responsáveis no que diz respeito ao tema.
Sobre o tema, nas Orientações Técnicas Internacionais de
Educação em Sexualidade, a Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura UNESCO (2019) faz o seguinte
apontamento:
Muitos jovens se aproximam à vida adulta enfrentando mensagens conflitan-
tes, negativas e confusas sobre a sexualidade, que muitas vezes são agravadas
pelo constrangimento e pelo silêncio por parte dos adultos, inclusive pais e
professores. Em muitas sociedades, as atitudes e até a legislação reprimem a dis-
cussão da sexualidade e do comportamento sexual. (UNESCO, 2019, p. 12).
Fica claro que é necessário romper algumas barreiras para se
avançar a discussão sobre essa temática tão relevantes para formação dos
jovens, haja vista mais tarde eles virão a ser os adultos da nossa sociedade.
E é com base nesta ideia, que Dias e Goi (2021) afirmam ser nítida a
necessidade de que a educação sexual voltada aos adolescentes e jovens
ocorra, pois esta é uma estratégia eficiente para orientar os jovens quanto
aos modos de prevenção da gravidez precoce, ocorrência de infecções
sexualmente transmissíveis e meios de evitar outros comportamentos de
risco estarão sendo apresentados para esse público.
Portanto, a educação em saúde na escola, surge com o propósito
de capacitar o público pertencente a essa faixa etária para que desenvolvam
autonomia e autocuidado com sua saúde física, mental e emocional, trata-
se de uma maneira hábil de fazer-se prevenção, oportunizando mudanças
de comportamentos, práticas e atitudes para a aquisição de melhores
condições de vida (CORTEZ e SILVA, 2017).
É importante também destacar, que os 08 artigos analisados são
estudos do tipo relato de experiência, ou seja, tratam-se de produções
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de conhecimento baseadas na descrição da vivência acadêmica e/ou
profissional em um dos pilares da formação universitária (ensino, pesquisa
e extensão), onde a característica principal é a descrição da intervenção e a
reflexão crítica (MUSSI; FLORES; ALMEIDA, 2021).
Essa abordagem, nos permitiu perceber que os profissionais da
educação em conjunto com os profissionais de saúde, vem desempenhando
cada dia mais dentro das escolas um trabalho que busca fazer prevenção e
promoção de saúde para o adolescente, de modo que, a escola além de ser
o local onde ocorre o processo de ensino-aprendizagem é também lugar de
formação preventiva quanto aos comportamentos de risco durante a fase
da
adolescência.
Moraes e Vitalle (2021) corroboram com essa ideia ao afirmar
que a parceria entre profissionais da educação e da saúde é fundamental
para promoção de ações em saúde com foco para o público adolescente. O
trecho a seguir aponta para uma reflexão de como deve ser construída essa
relação entre os profissionais:
As parcerias com instituições educacionais são importantes e geralmente as
equipes de saúde o convidadas a ministrar palestras e oficinas aos educan- dos
para tratar de temas como a sexualidade. No entanto, as parcerias devem prever
uma relação mais próxima com a unidade escolar [...] palestras isoladas podem
gerar mais vidas e curiosidades que ficarão latentes se não houver o
compromisso de continuidade dos educadores com os educandos (MORAES;
VITALLE, 2021, p. 52).
A partir desse recorte, percebemos o quão importante é estabelecer
o compromisso entre os profissionais da saúde, escola e comunidade
acadêmica, para que se desenvolva uma relação de confiança entre as
partes. Se como educadores, desenvolvermos atividades voltadas para
promoção a saúde (por exemplo: palestras, oficinas, rodas de conversa,
entre outras) de forma isolada, temos consciência de que são poucas
chances de promover algum impacto na formação dos jovens, justamente
por estar executando sem o compromisso com continuidade no processo
de formação. Uma ação de promoção de saúde ao ser executada de
forma pontual, primeiramente não alcança o objetivo proposto e pode
vir até mesmo gerar mais dúvidas para o jovem, os quais acabam
recorrendo aos seus pares ou a internet para esclarecer suas dúvidas, e
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não aos profissionais ou meios de informação que possuam critério de
segurança.
No quadro 2, apresentam-se os objetivos e as principais temáticas
abordadas nos artigos selecionados:
Quadro 2
Título do Artigo, objetivo e tema abordado
Título do Artigo
Objetivo
Tema abordado
1
Programa saúde na escola:
possibilidades e desafios na
perspectiva da residência
multiprofissional em saúde.
Descrever uma intervenção
com adolescentes em uma
escola pública vinculada ao
Programa Saúde na Escola,
na perspectiva de prevenção
e promoção da saúde.
Bullying.
2
Oficinas educativas como
estratégia de promoção da
saúde do adolescente: relato
de experiência.
Descrever a experiência
de desenvolvimento de
oficinas educativas como
estratégia de promoção da
saúde dos adolescentes.
Gravidez e infecções
sexualmente transmissíveis
(IST) na adolescência.
3
Educação em saúde
na escola: dialogando
sobre sexualidade com
adolescentes.
Descrever a experiência
de profissionais residentes
em uma ação de educação
em saúde sobre a temática
sexualidade atrelada às
mudanças fisiológicas da
puberdade e a percepção
corpórea de adolescentes de
uma escola pública.
Sexualidade
4
Educação em saúde com
adolescentes sexualidade e
prevenção de IST.
Descrever a prática de
promoção da saúde e
educação sexual para os
alunos do ensino médio,
com base no conhecimento
do campo de saúde
coletiva.
Puberdade; métodos
contraceptivos e prevenção
de IST.
5
Percepções de facilitadores
sobre as tecnologias
em saúde utilizadas em
oficinas educativas com
adolescentes.
Conhecer a percepção
de facilitadores sobre
as tecnologias em
saúde utilizadas em
oficinas educativas com
adolescentes.
Sexualidade e afetividade;
combate ao uso de álcool e
drogas e prevenção de IST.
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6
A sexualidade na
adolescência e a
importância da educação
em saúde na escola: relato
de experiência.
Objetiva-se relatar
uma experiência sobre
a importância da
educação em saúde
para conscientização
da sexualidade na
adolescência.
Sexualidade
7
Conhecimento de discentes
do ensino médio, de escola
pública, acerca do Papiloma
Vírus Humano.
Busca compreender
conhecimento de discentes
do ensino médio, de escola
pública, acerca do HPV.
HPV Papiloma Vírus
Humano
8
Estilo de vida: saúde
mental e comportamento
preventivo em adolescentes.
Avaliar a percepção de
saúde mental e da adoção
de comportamento
preventivo em jovens
escolares.
Saúde Mental e uso de
preservativos.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2022).
Com relação aos resultados encontrados, há predominância da
abordagem quanto ao tema Sexualidade, no qual englobamos: uso de
preservativos, combate a IST e métodos contraceptivos. Do total de artigos
revisados, 07 (sete) abordam a temática, sendo que estes foram produto de
ações realizadas com adolescentes no ambiente escolar.
De acordo com Rocha (2009) é na adolescência que a identidade
sexual está se formando, nesta fase ocorrem as mudanças físicas e psicológicas
que levam o adolescente a uma nova relação com o mundo, perde-se a
identidade e o corpo de criança, e ao mesmo tempo este indivíduo se
inclui no mundo com um novo corpo maduro e uma imagem corporal
formada.
Nesta faixa etária é comum a ocorrência de lacunas tanto no
ambiente familiar quanto escolar quando se trata da orientação para
questões referentes a sexualidade, o que pode acarretar problemas futuros
para os adolescentes (ROCHA, 2009). Com base nesta afirmação, é
possível justificar a predominância do tema Sexualidade nas práticas
educativas dentro do ambiente escolar, bem como correlacionar com
outros artigos como o de Marinho e Silva (2017) onde afirma-se que os
temas privilegiados em trabalhos com adolescentes residem em sexualidade,
alimentação e bebidas alcoólicas. Acredita-se que o maior destaque em
torno dessas temáticas ocorra em virtude do maior impacto que acabam
por ocasionar no sujeito adolescente.
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Sobre esse aspecto a UNESCO (2019) nos apresenta como
poderia se dar essa relação do processo de ensino na escola com a educação
integral em sexualidade EIS, conforme trecho a seguir:
A qualidade e o impacto da EIS nas escolas dependem não apenas do processo
de ensino que inclui a capacidade dos docentes, as abordagens pedagógi-
cas empregadas e os materiais didáticos e de aprendizagem utilizados mas
também do ambiente escolar como um todo, que se manifesta por meio do
regimento escolar e de práticas na escola, entre outros aspectos. A EIS é um
componente essencial de uma educação mais ampla, de qualidade e desempe-
nha um papel importante na determinação da saúde e do bem-estar de todos
os estudantes (UNESCO, 2019, p. 13).
Corroborando com os autores acima, a PENSE (IBGE, 2021) faz
a seguinte consideração:
Estudos têm apontado para a importância da escola como um espaço de edu-
cação sexual, considerando que a atividade sexual sem proteção expõe os ado-
lescentes aos riscos à saúde com as infecções sexualmente transmissíveis; assim
como os efeitos da gravidez precoce no processo de desenvolvimento das meni-
nas, que pode resultar ainda na evasão escolar (IBGE, 2021, p. 88).
Fazendo uma reflexão sobre os trechos acima, podemos então
afirmar que a utilização de atividades educativas com foco nas questões
sobre a sexualidade se faz essencial no ambiente escolar, pois além de
possibilitar a promoção da educação em saúde e a troca de saberes, oferece
oportunidade de o educador auxiliar no entendimento de conhecimentos,
tornando comum algo que era considerado estranho pelo indivíduo. Estes
apontamentos nos indicam também que as práticas educativas favorecem
o início da vida sexual de maneira mais responsável e contribuem para
liberdade na decisão quanto a sexualidade, papéis de gênero e reprodução,
bem como serve para combater e prevenir questões que interfiram na saúde
do adolescente (FERREIRA, 2019).
Portanto, no que diz respeito à saúde e mais especificamente a
sexualidade, devemos partir do princípio de que todos tenham o mínimo de
informação necessária, ou seja, de alguma forma a informação deve chegar
para todos, desde que respeite a capacidade e o potencial de entendimento
para o assunto, que todos estamos continuamente construindo nossa
identidade (LIMA, 2014).
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C
ONSIDERAÇÕES
F
INAIS
O ambiente escolar constitui um dos espaços mais importantes
na formação do indivíduo, é nesse espaço que ocorrem as trocas de
conhecimento, informações, ideias e socialização de temas necessários para
o desenvolvimento do aluno. Pode-se inferir através dos dados analisados
nesse estudo, que as escolas tendem a aliar-se aos profissionais da área da
saúde na tentativa de diminuir a ocorrência de comportamentos de risco
utilizando-se das práticas de educação em saúde, ou seja, buscando fazer
prevenção junto aos adolescentes.
Percebeu-se também que o ano de 2020 foi o ano que teve
maior número de artigos publicados, essas produções acadêmicas fazem
referência a ações realizadas no ano de 2019, porém, acreditamos ser
importante fazer uma reflexão sobre o momento de pandemia que nosso
país enfrentava por conta da COVID-19, no cenário pandêmico, grande
número de escolas foram fechadas para atendimento presencial ao público,
diminuindo assim, a ocorrência das atividades de educação em saúde junto
com os alunos no ambiente escolar, e indiretamente potencializando a
ocorrência de comportamentos de risco nesse grupo.
Outro dado relevante, é a preocupação dos profissionais da saúde
atuantes ou ainda em formação, de trabalhar a temática sexualidade com
foco na prevenção dentro do ambiente escolar, principalmente nas regiões
nordeste e sudeste, que atualmente, são onde se apresentam as maiores
taxas de comportamento de risco entre escolares adolescentes. Isso nos leva
a refletir, o quão importante é esse elo entre educação e saúde serem
fortalecidos para favorecer a formação preventiva dos indivíduos.
Por fim, consideramos que essa pesquisa é necessária e relevante
para se identificar os trabalhos desenvolvidos nas áreas de educação e saúde
voltados para adolescência, até porque, foi possível constatar a carência de
publicações referentes as práticas de saúde no ambiente escolar. Por outro
lado, a análise feita através desse material bibliográfico, nos direciona como
pesquisadores para novas formas de compreender e desenvolver práticas de
educação em saúde principalmente, no contexto escolar, favorecendo
assim, a qualidade de vida e formação desses adolescentes.
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Submetido em: 30/10/2022
Aprovado em: 24/05/2023