40 Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, v.8, p.39-58, Edição Especial 2, 2022.
BEZERRA, C. S.
of black and racialized women, besides having a historical root in the tense ethnic-racial, gender,
and sexuality relations that exist in society, acquire in the academic space perverse mechanisms that
impact the health, creativity, training, full development, and permanence of these bodies in the
university. As these are delicate, complex, and strong narratives, the condentiality and anonymity
of the research interlocutors will be guaranteed, and no institution or person will be identied. e
methodology used to analyze this complex phenomenon is anchored in the articulation between
academia and social movements, making use of the production of black and decolonial feminists
(CRENSHAW, 2002; DAVIS, 2016; hooks, 2019; VIGOYA, 2009 and 2016; CARNEIRO, 1996
and 2005; GONZALES, 2019 and 2020, NASCIMENTO, 2007 and 2019; COLLINS, 2016;
LORDE, 1984; KILOMBA, 2019, ANZALDÚA, 1998 and 2016 and SPIVAK, 2010), congruent
with the “claim” methodology proposed by Sara Ahmed (2018 and 2021).
Keywords: Gender, sexuality, sexual violence, gender violence, human rights.
APresentAção
O objetivo principal deste artigo é apresentar a relevância do tema
da violência de gênero no ambiente universitário, pontuando as possibilidades
de análise a partir da interseccionalidade e dos marcadores sociais da diferença.
Trata-se de um recorte dos dados preliminares da pesquisa de Pós-Doutoramento
intitulada “Violência de gênero no ambiente acadêmico: um estudo comparativo
entre Brasil e Chile” que se encontra em andamento no Departamento de
Antropologia da FFLCH-USP, sob a supervisão da Profª Drª Heloisa Buarque
de Almeida.
O tema da violência de gênero no ambiente acadêmico tem ganhado
uma visibilidade notável nos últimos anos, não só no Brasil, como em vários
países
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. Diversas hipóteses são aventadas e as análises e pesquisas sobre esse tema
vão produzindo uma conuência de constatações que nos apontam possibilidades
de caminhos e de perspectivas teórico-metodológicas que nos permitam produzir
ações e encaminhamentos que ao mesmo tempo articulem o ensino, a pesquisa
e a extensão nas universidades, e concebam políticas institucionais ecazes
para combater o racismo institucional, a violência de gênero, o preconceito e a
discriminação existentes contra alguns corpos que circulam no espaço acadêmico,
onde antes não eram visibilizados e compreendidos como produtores de
conhecimento.
O sexismo, o machismo, a lgbttifobia, o capacitismo, o elitismo e o
racismo, vão se articulando e interseccionando, compondo o cenário de um
ambiente que para além de reproduzir os problemas e desigualdades estruturais da
sociedade contemporânea, operam na reatualização de estereótipos que articulam
os diferentes marcadores sociais da diferença para praticar a violência e a exclusão
que revelam padrões e mecanismos especícos criados e agenciados nesse espaço.
(AKAZAWA, 2018; ARAÚJO, 2017; ELIÁS, 2018; CRUZ, 2018; GAMA, 2016; HIRSCH, 2017; INS-
TITUTO AVON, 2015; KRAKAUER, 2016; NASH, 2015a e 2015b; VILLEGAS, 2017; BELLINI, 2018;
BATTY, 2017; UNICAMP, 2018, USP MULHERES, 2018 e ZAVOS, 2018)