Aprendizados discentes sobre eletrônica digital
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, v.7, n.1, p. 67-90, Jan/Jun., 2021
e aprendizagem com as mencionadas características não é mais suficiente para
garantir o desenvolvimento pleno dos alunos. Nesse contexto, Freire (1982), ao
falar em “educação bancária,” cita que os educadores transformam seus educandos
em vasilhas que deveriam ser enchidas de conteúdos como se fossem depósitos.
Para se contrapor a esse modelo de depositar conteúdos nos estudantes para
tê-los de volta exatamente como foram depositados (FREIRE, 1982), é necessária
outra educação, em que os usos de metodologias e de recursos didáticos tornem o
aluno participante ativo no processo de ensino e aprendizagem. Refletindo nesse
sentido, percebe-se a possibilidade de tornar mais dinâmica a sala de aula, a qual
deve ser coerente com as ações desenvolvidas pelo mundo moderno. Assim, tem-se
o reconhecimento de que as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação
(TDIC) podem exercer um papel fundamental nessa ação.
De acordo com Valente (2018), alguns docentes estão dinamizando
a sala de aula usando recursos tecnológicos, esse processo é chamado de
Metodologias Ativas para o ensino e aprendizagem. Além disso, o educador precisa
utilizar múltiplos espaços de interação, incluindo o espaço digital, para que seja
fortalecido o conhecimento por parte dos alunos. Percebe-se, portanto, que o uso
das TDIC traz muitos benefícios para o aluno da atualidade, pois os aprendizes
podem, por exemplo, utilizar softwares de simulação para o aprimoramento das
aulas práticas em articulação com a teoria nos diversos conteúdos das disciplinas.
Assim, dificuldades estruturais como a falta de laboratórios didáticos
especializados com determinados componentes, podem, às vezes, ser supridas com
a substituição por simuladores que exibam simulações animadas, fazendo com que
haja mais significados atribuídos pelos estudantes no processo de aquisição do
conhecimento. Vale ressaltar que o uso de aplicativos em aulas práticas deve ter
uma orientação pedagógica consistente, pois não se quer apenas o resultado do
processamento a ser realizado, mas a construção do conhecimento pelo aprendiz,
a partir da simulação (VALENTE, FREIRE e ALMEIDA, 2011).
Nesse ponto de vista, o uso de softwares de simulação, em aulas práticas
de laboratório, se faz necessário, pois os alunos podem integrar teoria e prática em
um estudo simulado para a construção de um conhecimento consolidado. Para
Valente, Freire, Almeida (2011) devemos estimular a interação dos alunos com as
novas tecnologias, utilizando softwares para isso. Assim, levanta-se a hipótese de
que o uso desses recursos, em aulas práticas da disciplina de Eletrônica Digital, por
exemplo, se torna não só necessário, mas relevante dentro do processo de ensino
e aprendizado dos alunos, sobretudo em tempos de pandemia da Covid-19,
quando o aluno não pode estar no laboratório presencialmente. Outro ponto
importante que justifica essa hipótese é a possibilidade de o uso da simulação,
por meio de softwares, suprir a falta de um laboratório especializado para práticas
da disciplina na instituição de ensino, o que torna necessária a procura de outros
meios para que o aluno possa compreender os conteúdos sobre eletrônica digital.