MOREIRA, A. G. L.; MOREIRA, R. T.
Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, v.7, n.1, p. 55-66, Jan/Jun., 2021
efetivamente para a diminuição da saída do estudante antes da conclusão do curso
(FEITOSA, 2016). Logo, a evasão pode ter como origem causas internas à unidade
escolar, como: desinteresse, desconhecimento dos cursos, defasagem educacional
do Ensino Fundamental e/ou Médio com relação aos pré-requisitos, fracasso
escolar, currículo inadequado, professor com metodologias conservadoras, acesso
ao curso superior, entre alguns dos fatores determinantes.
Além disso, o professor também possui papel relevante na manutenção
do aluno durante o curso. Caso o docente não respeite as especificidades de cada
curso, pode propiciar a frustração ao aluno em relação ao curso e levar ao abandono
ou evasão. Para reverter esta situação, uma boa gestão da equipe pedagógica e dos
coordenadores de curso pode identificar precocemente este problema, intervir,
orientando docentes e alunos, e evitar a perda no processo e melhorar a qualidade
da educação (YOKOTA, 2015).
Por outro lado, pode-se medir a evasão escolar através do contingente
de alunos que tendo iniciado seus estudos em um curso específico, em um sistema
de ensino ou Instituições de Ensino Superior (IES), não teve êxito em obter
o certificado ao fim de um número de anos estipulado. Com isso, o desafio é
possibilitar a permanência e o sucesso do discente no banco escolar e consiga
dominar o conhecimento de forma crítica, expressando suas ideias, tornando-
se um cidadão que enfrente os desafios da sociedade em que vive participando
ativamente da democracia e contribuindo culturalmente, politicamente e
socialmente sendo um agente transformador no contexto em que está inserido
(MARIANO, 2012).
A preocupação com a evasão escolar já era demonstrada em uma das
afirmações de Paulo Freire (2003), a qual chamava de “expulsão da escola”,
refletindo sobre o papel da sociedade e da ideologia dominante:
A luta hoje tão atual contra os alarmantes índices de reprovação que gera a
expulsão de escandaloso número de crianças de nossas escolas, fenômeno
que a ingenuidade ou a malícia de muitos educadores e educadoras chama
de evasão escolar, dentro do capítulo do não menos ingênuo ou malicioso
conceito de fracasso escolar. No fundo, esses conceitos todos são expressões da
ideologia dominante que leva a instâncias de poder, antes mesmo de certificar-
se das verdadeiras causas do chamado “fracasso escolar”, a imputar a culpa aos
educandos. Eles é que são responsáveis por sua deficiência de aprendizagem. O
sistema, nunca. É sempre assim, os pobres e miseráveis são os culpados por seu
estado precário. São preguiçosos, incapazes. (FREIRE, 2003, p. 125)
Assim, nas sociedades capitalistas, a educação tem estado a serviço
da manutenção dos privilégios de classe. A ideologia liberal, que dá sustentação
ao sistema capitalista, coloca a questão em termos de diferenças individuais,
atribuindo ao próprio indivíduo o seu sucesso ou fracasso social e escolar,
omitindo os condicionantes de ordem social, histórica, política e econômica