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internacionais, é uma característica particular capitalista e, diante desse desenvolvimento,
o primeiro país a despontar no mundo foi a Inglaterra. Esse monopólio inglês, porém, foi
se enfraquecendo diante de outros Estados capitalistas ainda no século XIX. Sobre o
desdobramento desse enfraquecimento e surgimento de outros monopólios, Lenin aponta
que:
No limiar do século XX, assistimos à formação de monopólios de outro gênero:
primeiro, uniões monopolistas de capitalistas em todos os países de capitalismo
desenvolvido; segundo, situação monopolista de uns poucos países
riquíssimos, nos quais a acumulação de capital tinha alcançado proporções
gigantescas. Constituiu-se um enorme ‘excedente de capital’ nos países
avançados. (Lenin, 2012, p. 93)
Assim, Lenin nos evidencia um ponto fundamental, para a compreensão das
motivações para a partilha do mundo e, posterior e consequentemente, da primeira guerra
mundial: a questão do excedente de capital e a necessidade de exportação do mesmo.
Segundo Lenin.
Naturalmente, se o capitalismo pudesse desenvolver a agricultura, que hoje em
dia se encontra em toda a parte enormemente atrasada em relação à indústria;
se pudesse elevar o nível de vida das massas populares, que continuam
marcadas - apesar do vertiginoso progresso da técnica - por uma vida de
subalimentação e de miséria, não haveria motivo para falar de um excedente
de capital. Este é o ‘argumento’ que os críticos pequenos burgueses do
capitalismo esgrimem sem parar. Mas então o capitalismo deixaria de ser
capitalismo, pois o desenvolvimento desigual e a subalimentação das massas
são as condições e as premissas básicas e inevitáveis deste modo de produção.
Enquanto o capitalismo for capitalismo, o excedente de capital não é
consagrado à elevação do nível de vida das massas do país, pois isso
significa a diminuição dos lucros dos capitalistas, mas ao aumento desses
lucros através da exportação de capitais para o estrangeiro, para os países
atrasados. Nestes, o lucro é em geral elevado, pois os capitais são escassos, o
preço da terra e os salários, relativamente baixos, e as matérias-primas, baratas.
A possibilidade da exportação de capitais é determinada pelo fato de uma série
de países atrasados já terem sido incorporados na circulação do capitalismo
mundial; terem sido aí construídas as principais ferrovias ou estarem
asseguradas as condições elementares para o desenvolvimento da indústria etc.
(LENIN, 2012, p. 94, grifo nosso)
Assim, podemos perceber que o contexto mundial da época, relacionado a
natureza capitalista do capitalismo, significava a crescente exportação de capital para “o
estrangeiro”. Lenin aponta também que esses países atrasados ao serem incorporados à