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A marca do centenário é a enorme dificuldade em dar continuidade a essa luta
histórica, que enfrentou outros momentos dramáticos, mas marca também o momento do
empenho de na contribuição para a reorganização da classe operária no embate contra as
forças mais reacionárias da vida brasileira que se encastelaram no poder. A luta pela
democracia e pelo socialismo é mais atual que nunca.
Nesta direção, a Revista Práxis e Hegemonia Popular, periódico da International
Gramsci Society Brasil (IGS-Brasil), publica neste número o dossiê intitulado “Gramsci,
intelectuais e partidos políticos no Brasil”, que tem por objetivo narrar a contribuição
de Antonio Gramsci para a interpretação do Brasil e sua incidência nos movimentos e
partidos políticos.
O presente dossiê traz 7 (sete) artigos com abordagem sobre a influência dos
escritos de Gramsci no marxismo brasileiro e na organização das classes e grupos sociais
subalternos. O artigo que abre o presente dossiê é Gramsci no Brasil: notas sobre um
encontro memorável na senda da relação entre educação e política, de Anita Helena
Schlesener. A autora traz um relato, a partir de suas memórias, sobre a recepção do
pensamento de Gramsci no Brasil e como seus escritos podem ser lidos por perspectivas
diferentes, o que, de acordo com Schlesener, “acentua a riqueza de seus escritos”.
Em Gramsci no Brasil: revolução passiva e tradutibilidade, Marília Gabriella
Machado e Marcos Del Roio analisam a categoria revolução passiva de Antonio Gramsci
desenvolvida nos Cadernos do cárcere, apresentando como essa categoria é traduzida no
Brasil e como Luiz Werneck Vianna se debruça sobre a realidade brasileira apropriando-
se dessa categoria gramsciana. Machado e Del Roio analisam duas obras de Vianna –
Liberalismo e sindicato no Brasil (1976) e A revolução passiva: iberismo e americanismo
no Brasil (2004) – demonstrando como o autor faz a tradutibilidade da categoria
gramsciana revolução passiva para a realidade brasileira.
Luciana Aliaga traz em seu artigo, Gramsci no MST: a teoria em movimento,
elementos de reflexão sobre a organização política do MST à luz do pensamento de
gramsciano, sobretudo relativos à organização das classes subalternas. A autora traz um
breve panorama da organização no campo nas décadas de 1960 e 1970, contextualiza a
difusão de Gramsci no Brasil e analisa “os elementos da organização do MST que podem