256
presença física do educador. Por exemplo, para Gramsci, é necessário que haja um indivíduo guiando outro
a aprender, sem perder de vista a realidade do indivíduo e seu desenvolvimento/
Partindo disso, nota-se que, durante o ensino remoto, foi necessário que tanto os professores
repensassem os lugares que vêm ocupando no processo educacional e como vêm exercendo tal papel,
quanto os alunos repensassem seu papel e a dinâmica do processo educacional. Neste contexto, nota-se que
as dificuldades enfrentadas, tanto por alunos quanto por professores, têm como raiz a concepção que estes
possuem sobre o conhecimento e o processo educacional. Tal concepção é baseada na noção de que deve
haver um indivíduo detentor de todo o saber, em especial aquele chamado científico (visto que é o
priorizado e valorizado pela sociedade), que deve passar esse saber para os indivíduos que não possuem
conhecimento, baseando-se somente no que a sociedade espera que aquele indivíduo aprenda naquele
momento e não no que o indivíduo deseja aprender. Com isso, percebe-se que é preciso que haja uma
mudança no entendimento do conceito de aprendizagem, bem como na ideia de que há somente um
conhecimento válido e necessário (científico), para que, assim, seja possível solucionar os problemas
existentes no processo educacional brasileiro superando as dificuldades que vieram à tona com a pandemia,
e, consequentemente, na sociedade. Cabe o adendo de que, desde a época de Gramsci, há a necessidade de
se realizar tais mudanças, tanto que o autor escreve sobre formas de reformular o processo educacional para
que o mesmo seja mais efetivo e abranja a todos os indivíduos da sociedade.
Logo, nota-se que o presente trabalho objetivou, por meio de uma revisão bibliográfica, realizar
uma discussão acerca da perspectiva de mediação pedagógica nas propostas de Gramsci, tendo em vista os
desafios do ensino por meio de recursos tecnológicos e virtuais. Com a realização deste, conclui-se que o
autor citado ao longo do texto tem muito a contribuir no pensamento e prática da mediação na práxis
pedagógica, bem como em outras questões que envolvem o contexto escolar e, por consequência, sobre
questões sociais, visto que é mediante a educação que se modifica a sociedade.
Além disso, cumpre salientar que, embora Gramsci, tenha escrito suas obras em contextos
histórico-sociais distintos dos que nos encontramos, suas ideias ainda se fazem atuais e relevantes, em
especial, diante do cenário político brasileiro, que gera novas versões do fascismo como solução para a
crise estrutural que anula, consequentemente, a essência constitutiva do ser humano. Por fim, nota-se,
também, que há necessidade de mais estudos sobre a mediação na práxis pedagógica durante o período
pandémico, visto que, até o momento os únicos dados que se tem são de experiências particulares e, em
especial, na área da pedagogia. Ademais, há, também, a possibilidade de se realizar estudos sobre como
esta questão ficará no período pós-pandémico já que esta situação é inédita e, certamente, trará
consequências, positivas e/ou negativas, para os alunos e, consequentemente, para os educadores e a práxis
pedagógica como um todo, sendo a mediação, neste contexto, um dos conceitos mais importantes e que
mais sofrerá modificações.