A TEORIA POLÍTICA DE MAQUIAVEL: O POSTULADO DA MATERIALIDADE DA AÇÃO

Autores

  • Marcone Costa Cerqueira Doutorando em Filosofia no Programa de Pós-Graduação em filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

DOI:

https://doi.org/10.36311/1984-8900.2016.v8.n19.05.p54

Palavras-chave:

Maquiavel, Humanismo cívico, Santo Agostinho, Teoria da vontade, Ação política

Resumo

Nosso artigo aborda a intrínseca relação entre ética e política no pensamento maquiaveliano, articulando-o a uma contraposição à tradição ético-político presente na teoria política agostiniana, e como superação desta, na forma como ainda se via presente no humanismo cívico italiano. A hipótese teórica de nossa abordagem guia-se pela relação entre o formal (intencionalidade - querer) e o concreto (materialidade - agir) da ação política. Tal relação entre o formal e o concreto da ação política será analisada, a partir de três eixos: o antropológico (do fim homem), o epistemológico (do fim da lei) e o político (do fim da ação). Partindo desta análise da ação política pretendemos demonstrar que o pensamento maquiaveliano pode ser tomado como inaugurador de uma concepção moderna (e realista) do agir político por superar, em termos viscerais, a predominância formal presente na construção ético-político agostiniana - dominante no medievo e ainda percebida no humanismo cívico italiano - assentando novas bases para a materialidade da ação no contexto político.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGOSTINHO. Confissões; De magistro = Do mestre. Tradução de J. Oliveira Santos, S.J., e A. Ambrósio de Pina, S.J. 2 ed. São Paulo: Abril cultural, 1980 (Os pensadores).

______. A cidade de Deus: (contra os pagãos). Tradução de Oscar Paes Leme. São Paulo: Editora das Américas, 1961. 3 volumes.

AMES, José Luiz. Maquiavel: a lógica da ação política. Cascavel: Edunioeste, 2002.

BIGNOTTO, N. Maquiavel republicano. São Paulo: Loyola, 1991.

______A antropologia negativa de Maquiavel. Analytica, Rio de Janeiro, 2008. Vol 12, nº2, p. 77-100.

COSTA, M. R. N. A dialética das “duas cidades em A cidade de Deus de santo Agostinho: dualismo ontológico-cosmológico-maniqueísta ou ético-moral-escatológico-cristão?, In: COSTA, Marcos N.; De BONI, Luis A. (0rg.). A ética medieval face aos desafios da contemporaneidade. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.

_______. Introdução ao pensamento ético-político de santo Agostinho. São Paulo: Loyola, 2009.

GARIN, E. L’umanesimo italiano: filosofia e vita civile nel rinascimento. Bari: Gius. Laterza & Figli, 1952.

GILSON, E. Introdução ao estudo de santo Agostinho. Tradução de Cristiane Negreiros Abbud Ayoub. São Paulo: Discurso Editorial; Paulus. 2006.

GUKOVSKJ, M A. Giovanni Pico dela Mirandola: uomo del Medievo o del Rinascimento? In: ISTITUTO NAZIONALE DI STUDI SUL RINASCIMENTO. L’opera e Il pensiero di Giovanni Pico della Mirandola nella storia dell’Umanesimo. Convegno Internazionale. Firenze: Istituto Nazionale di studi sul Rinascimento, 1965. Vol. II (Comunicazioni)

HASLAM, J. A necessidade é a maior virtude: o pensamento realista nas relações internacionais desde Maquiavel. Tradução de Waldéa Barcellos. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

ISTITUTO NAZIONALE DI STUDI SUL RINASCIMENTO. L’opera e Il pensiero di Giovanni Pico della Mirandola nella storia dell’Umanesimo. Convegno Internazionale. Firenze: Istituto Nazionale di studi sul Rinascimento, 1965. Vol. I (relazioni).

______. L’opera e Il pensiero di Giovanni Pico della Mirandola nella storia dell’Umanesimo. Convegno Internazionale. Firenze: Istituto Nazionale di studi sul Rinascimento, 1965. Vol. II (comunicazioni).

KRISTELLER, P O. Ocho filósofos del renacimiento italiano. Traducción de María Martínez Peñaloza. Madrid: Fondo de Cultura Económica, 1996.

MACHIAVELLI, N. Tutte le opere: storiche, politiche e letterarie. A cura di Alessandro Capata. Roma: Grandi Tascabili Economici Newton, 1998.

PICO DELLA MIRANDOLA, G. De hominis dignitate – Heptaplus – De Ente et Uno.A cura de Eugenio Garin. Firenze: Vallecchi Editore, 1942.

PINZANI, A. Ghirlande di fiori e catene di ferro: istituzioni e virtù politiche in Machiavelli, Hobbes, Rousseau e Kant. Firenze: Le Lettere, 2006.

SALUTATI, C. De nobilitate legum et medicinae. Firenze: Vallecchi Editore, 1947.

SARANYANA, J-I. A filosofia medieval: das origens patrísticas à escolástica barroca. Tradução de Fernando Salles. São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência “Raimundo Lúlio”, 2006.

SAVONAROLA, G. Prediche e scritti. Milano: Ulrico Hoepli, 1930.

SÉNÈQUE. Des bienfaits. Tradução de François Préchac. 3.ed. Paris: Les Belles Letres, 1972.

TARANTO, D. Le renouveau humaniste italien: vie active ou vie contemplative? In: CAILLÉ, Alain et al. Histoire raisonnée de la philosophie morale et politique: le bonheur et l’utile. Paris: Éditions La Découverte, 2001.

VETÖ, M. O nascimento da vontade. Tradução de Álvaro Lorencini. São Leopoldo: Unisinos, 2005.

Downloads

Publicado

2018-03-14