SOBRE O AUTOR E O ROMANCE FOGO MORTO
DOI:
https://doi.org/10.36311/1808-8473.2003.v1n1.1335Resumo
José Lins do Rego Cavalcanti nasceu em 03 de junho de 1901, no Engenho Corredor, no município de Pilar, no agreste Paraibano. Formou-se em Direito pela Faculdade do Recife, mas sobreviveu como jornalista, passando parte da sua vida no Rio de Janeiro. Faleceu em 1957.
Publicado em 1943, Fogo Morto é o décimo romance do autor, considerado o mais fecundo escritor do chamado regionalismo nordestino dos anos 30. A obra encerra o ciclo da cana de açúcar, tal como ele mesmo designara, seguindo Menino de Engenho (1932), Doidinho (1933) e Bangüê (1934). De feição realista, o romance procura transpor a superfície das coisas na intenção de revelar o processo de mudanças sociais por que passa o Nordeste brasileiro num período que vai desde o Segundo Reinado, incluindo a Revolução Praieira e a abolição, até as primeiras décadas do século XX. A crise do sistema açucareiro, antes baseado na mão de obra escrava, compõe o pano de fundo de Fogo Morto. Ao declínio econômico segue o desajuste da vida social, das relações e das subjetividades. O "fogo morto", expressão com que, no Nordeste, designam-se os engenhos inativos, parece tomar conta de todos os aspectos da vida e o sentimento de decadência perpassa cada página. Para alguns críticos, o autor produziria, neste romance, um detalhado levantamento da vida social e psicológica dos engenhos da Paraíba e, portanto, Fogo Morto além do alto valor estético traria também um interessante valor documental.