Seguindo as pistas de Antonio Cândido

Autores

  • Célia Tolentino

DOI:

https://doi.org/10.36311/1808-8473.2003.v1n1.1331

Resumo

Há um ano publiquei um livro discutindo o pensamento social brasileiro através de uma análise sobre rural no cinema nacional. A partir de então e cada vez mais os meus alunos do curso de Ciências Sociais solicitavam orientações para a realização de suas pesquisas com objetos correlatos. Ora o cinema, ora a televisão, ora a literatura ou ainda o teatro e também a música. Ou seja, as assim chamadas “manifestações de cultura” pareciam estar na ordem do dia do interesse coletivo. E foi por esta razão que propus a formação de um grupo de estudos. Seria uma forma de orientação conjunta, de debater os temas e os autores com os quais trabalhei na minha própria investigação. Entretanto, ao iniciarmos a leitura do livro O personagem de ficção, uma coletânea de textos sobre o personagem no cinema, no teatro e na literatura, uma observação de Antonio Candido sobre Fogo Morto chamou a nossa atenção. Neste texto, ao falar da verossimilhança no romance, o autor observa a importância dos diversos elementos na sua composição, ressaltando que os instrumentos de trabalho e os objetos contribuem para a composição magistral dos personagens principais desta obra de José Lins do Rego. Decidimos ler Fogo Morto para conferir tais pistas e então outras questões nos provocaram. Lá estava o agreste canavieiro com a sua decadência, as suas relações sociais de mando, rebeldia e subserviência dando concretude às nossas discussões teóricas sobre o coronelismo, sobre a construção subjetiva da consciência ou não consciência de classe, sobre a vida privada do homem pobre livre à beira do latifúndio. O narrador trazia elementos curiosos, interessantes e revoltantes sobre um tempo pregresso que muito formou a consciência nacional e ainda hoje reverbera apesar da nossa pretensa pós- modernidade.

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