Resumo
Este trabalho tem a proposta de tecer uma problematização acerca do conceito de família patriarcal, utilizado por Gilberto Freyre em Casa-grande e Senzala e que possui enorme relevância em sua teoria de formação do povo brasileiro. Nesse sentido, entendemos que esta posição é homogênea, reducionista e não pode ser capaz de incorporar todas as dinâmicas domiciliares e formações familiares ao longo da história do Brasil. Em face deste modelo ideal e ilusório – no sentido da totalidade – propomos confrontá-lo com as narrativas de assombração do município de Caldas em virtude de mostrarem arranjos de família que extrapolam esse molde discursivo de uma classe dominante. Para tanto, nos debruçamos sobre a metodologia da história oral como forma de obter dados etnográficos significativos sobre a memória local que atravessam essa temática, presente na mentalidade brasileira e que na contemporaneidade vem ganhando ênfase nos discursos do atual governo brasileiro.
Submetido em: 15/08/2019.
Revisado em: 22/09/2019.
Aceito em: 23/09/2019.
Referências
ALBERTI, Verena. Manual de História Oral. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2005.
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. 2ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
BOAS, Franz. Antropologia Cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
COMAROFF, J & COMAROFF, J. Etnografia e imaginação histórica. In: Proa – Revista de Antropologia e Arte [on-line]. Ano 02, vol.01, n. 02, 2010.
CARAM, Bernardo. Ideologia de gênero é coisa do capeta, diz Bolsonaro na Marcha para Jesus. Folha de São Paulo, 10, ago. 2019. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/08/ideologia-de-genero-e-coisa-do-capeta-diz-bolsonaro-na-marcha-para-jesus.shtml> Acessado em: 12/08/2019.
CORRÊA, Mariza. Repensando a família patriarcal brasileira. In: ARANTES, Antonio Augusto [et al.] Colcha de retalhos: estudos sobre a família no Brasil. 3ª ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1994, pp. 15-42.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. 7ª ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande e senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 51. ed. São Paulo: Global, 2006.
GEERTZ, Clifford: A interpretação das culturas, Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1989.
GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012.
HOBSBAWM, Eric J. A Era do Capital. 15 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2012.
HOFBAUER, Andreas. Antropologia e Pós-Colonialismo: focando as castas na Índia. In: ILHA – Revista de Antropologia, v. 19, n. 2, p. 37-71, 2017.
MATOS, Raimundo José da Cunha. Corografia histórica da Província de Minas Gerais (1837). Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1981.
MOURA, M. M. A antropologia cultural no seu nascimento. In: Revista USP, n. 69, p. 123-134, 2006.
NOVAIS, Fernando. Condições de privacidade na colônia. In: NOVAIS, Fernando (coord.). História da vida privada no Brasil. Cotidiano e vida na América Portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, v. 1, p.13-39.
PETROCILO, João Gabriel Carlos. Corregedoria investiga PM por retirar corintiano que xingou Bolsonaro: Folha de São Paulo, 09, ago. 2019. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2019/08/corregedoria-investiga-pm-por-retirar-corintiano-que-xingou-bolsonaro.shtml> Acessado em: 11/08/2019.
PIMENTA, Reynaldo. O povoamento do planalto da Pedra Branca – Caldas e região. São Paulo: Rumograf, 1998. Obra póstuma.
POSTER, Mark. Teoria crítica da família. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979.
RAMOS, Alcida.R. “Ethnology Brazilian Style”. Universidade de Brasília: trabalhos em Ciências Sociais. Série Antropologia, 1990.
WILLIAMS, Raymond. Marxism and Literature. London: Oxford University Press, 1977.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2019 Revista Aurora