Do socialismo revolucionário ao reformismo centrista
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Palavras-chave

Esquerda
Partido
Eleição
Conservadorismo

Como Citar

CARVALHO, G. A. B. Do socialismo revolucionário ao reformismo centrista: o partido dos trabalhadores e a adequação ao discurso dominante (1994-2002). Revista Aurora, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 52–79, 2017. DOI: 10.36311/1982-8004.2016.v9n2.05.p52. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/aurora/article/view/7046. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

O presente artigo tem o desafio de discutir a ambivalente relação entre chegada ao poder através de concessões aos setores conservadores da sociedade, prenunciada na chamada “carta ao povo brasileiro” e o discurso da disputa pelo poder baseado no argumento da busca por ganhos sociais relevantes, na qual parte da esquerda brasileira se encontra imersa desde a vitória do Partido dos Trabalhadores em 2002 na eleição presidencial no Brasil. Apresentamos aqui os atores e os principais acontecimentos que dão embasamento para a discussão proposta. Para dar fundamentação teórica, analisamos o caso à luz da teoria marxiana, buscando viabilizar reflexões a respeito da seguinte questão: alguns setores da esquerda brasileira, ao não realizarem rupturas estruturais no sistema de poder no país, tornaram o reformismo social e econômico uma forma conservadora de busca do poder, articulando o arrefecimento das tensões entre as classes? Concluímos que o reformismo proposto é um mecanismo de não abandono completo das propostas de busca por justiça social, no entanto, é a renúncia de qualquer possibilidade de mudanças estruturais, seja nos valores, na ordem ou na própria estrutura de dominação.

https://doi.org/10.36311/1982-8004.2016.v9n2.05.p52
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